Imagens do Fin del Mundo

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Eu estive lá. De frente para a vida!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ushuaia - Dia 08/01/2013


Trecho percorrido entre El Calafate e Fitz Roy - 863 km.
Na noite anterior ainda tentamos fazer umas contas para ver se não seria possível ficar mais um dia em algum local interessante, talvez em Puerto Madryn, que nos pareceu um lugar maravilhoso, ou ainda na Península Valdez, para ver as pinguineiras, leões marinhos, aves, golfinhos e sabe lá Deus mais o que. Baleias Francas nesta época do ano não haveria.

Mas depois de algumas contas vimos que não daria para subtrair um dia de estrada. Neste momento me caiu a ficha de que realmente estávamos mesmo muito longe de casa, pois teríamos que rodar durante os 6 dias mais de 800 km por dia para chegarmos em Floripa no domingo em um dia em que teríamos que rodar os mesmos 932 km que rodamos na vinda, entre Rivera - UY e Floripa - SC.

Depois de todas estas contas fomos dormir para no dia seguinte iniciar o nosso longo caminho de volta. Nisso tudo tinha algo de bom, iríamos ainda rodar por 6 dias com a nossa moto o que era uma coisa maravilhosa.

A Bê subindo para dormir no Posta Sur.

Arrumando as bagagens no raiar das 10:00h.
Descemos para tomar café as 10 e saímos do hotel, depois de pagar a conta, etc. já eram 11 horas da manhã e ainda passamos pelo Portal da cidade para umas fotos, o que não poderia ter faltado de forma alguma.

El Calafate as 11 da manhã.

Belo Hostal.

Nós no Portal de El Calafate.

Que delícia nós três na foto. Estivemos lá!
Quando entrei com a moto no acesso de terra e pedras para tirar a foto em frente do portal nem me preocupei, pois depois dos 260 km de rípio do caminho do Ushuaia havia até perdido o medo do rípio, mas quando cheguei no ponto em que a moto ficou na foto é que vi que se tratava de brita muito solta e fofa. As rodas começaram a afundar de verdade nas pedras, parei e depois a Bê teve que fazer alguma força para me puxar para trás, pois eu sozinho não conseguia puxar a moto que estava em um buraco aberto pelas próprias rodas.

A caminho de Esperanza.
Quando chegamos em Esperanza tomei o cuidado de encher o tanque até o pescoço pois teria que seguir até a RN-3, 30 km antes de Rio Gallegos e subir por ela em direção a Comandante Luis Piedra Buena, o que daria uma boa esticada e teria que ter gasolina, principalmente porque se ventasse muito, principalmente se fosse de frente, não seria fácil chegar.

Depois de encher o tanque até a boca, fui pagar a gasolina e como já era mais de 1 da tarde resolvemos comer um PF ali no posto mesmo onde havia uma quantidade enorme de pessoas comendo, todos pareciam se funcionários de empresas de petróleo.

Depois do almoço encontramos um senhos de boa idade, uns 65 mais ou menos, que estava viajando sozinho até o Ushuaia, ainda estava descendo, o diferencial é que ele era de Recife. Gente! Recife! É longe pra caramba. Eu que estava ali vindo de Florianópolis já achava que estava longe de casa, imagina ele! Como sempre essas pessoas que andam de moto, em viagens longas, normalmente é gente muito boa e ele não era uma exceção.

No Posto de gasolina em Esperanza junto com o Recifence.
Esta imagem é que nunca cansa, ao menos à mim e à Bê não cansa.
Foi uma boa puxada até chegarmos em Comandante Piedra Buena, onde tinha um posto para abastecimento. A dica do PHD Chico novamente deu certinho, o combustível deu, e, como ele mesmo havia falado, o da Heritage não daria, pois eu cheguei no destino com menos de 2 litros no tanque.

Mas o legal é que neste último posto encontramos o casal de italianos que estavam viajando de Vespa. É isso mesmo, Vespa. Aquela scooter das antigas, que nos anos 60 - 70 tinha a Vespa e a Lambretta aqui no Brasil. Tratava-se do Mário e da Sandra, um casal pra lá de simpático, gente da melhor qualidade. Como diria meu tio Filhinho, gente boa que nem nós, porque melhor do que nós não tem! Hehehe.

Conversamos com eles que falam bem o espanhol e soubemos que eles vieram da Itália para Santiago em Outubro e que a Vespa chegou no porto de Valparaíso em Novembro. Eles pegaram a Vespa, arrumaram as bagagens e começaram uma viagem de 17.000 km que realizariam pela America Latina até Maio/2013, retornando para a Itália sem entrar no Brasil, como quase todos que encontramos pelo caminho. Não sei porque isso acontece, ninguém entra no Brasil.

A velocidade máxima deles era algo como 70 km/h e a média é de 50 km/h. Incrível! Nos deram um cartão deles sendo que eles mantem um blog sobre as viagens deles, assim como a gente faz. O endereço é: http://www.marioesandrainviaggio.it/ entrem e deem uma olhada, é muito interessante.

A Vespa estava já com 170.000 km, já fez o motor algumas vezes mas eles adoram fazer grandes viagens com Vespa. Não trocam de moto porque é com ela mesmo que eles gostam de andar, já estão acostumados e tem a abordagem que todos fazem por causa da Vespa e isso também é uma parte importante da viagem, pois aproxima as pessoas o que fica ainda melhor na viagem.

A Sandra e o Mário e eu junto com a Vespa deles. Simplesmente linda.
Saímos dali muito impressionados com a Sandra e o Mário. E depois dizem que nós somos loucos de fazermos essas nossas viagens, o que dizer de tantas pessoas que encontramos pelo caminho? Não sei o que dizer. Gente indo até o Ushuaia à pé? O que dizer disso? Outros indo de bicicleta? Cara, é muito longe, só mesmo quem foi pode ter uma idéia do que eu estou dizendo quando falo muito longe. É coisa de louco. Parece que não vai chegar nunca, é preciso ter muito autocontrole para não ir a 180 km/h pois a paisagem não muda. Eu mesmo tive que me controlar muito para manter velocidades baixas, entre 100 e 120 pois não tem movimento e os trechos são muito retos e longos.

Ainda mais, eles nos disseram que haviam dormido em um Hostal muito legal em Fitz Roy e que indicavam para nós ficarmos lá pois haviam sido bem atendidos. Mesmo assim o preço era alto, mas não teríamos opção melhor que aquela. Gostamos da idéia e como a distância era boa para nós seguimos em frente e realmente encontramos o local e dormimos ali, foi uma boa noite que passamos. Mas não teve jeito, acabamos pagando US$ 100,00.

Salinas pelos caminhos.
Ao longo do caminho continuamos a encontrar lagos que não possuem rios nem entrando nem saindo deles. Ou seja, quando chove, o que é raro ali, a água se acumula e depois vai evaporando, desta forma a água sai por evaporação e o sal fica. Depois que a água atinge o limite de solubilidade para o sal aí começa a sobrar e como faz muitos milênios que isso vem acontecendo, já juntou muito sal.

A Bê e suas obras de arte. 

Outra obra de arte.
O entardecer neste dia foi mágico. As fotos douradas abaixo foram tiradas sem nenhum tipo de filtro, eram fotos normais com a máquina normal. Ficaram douradas por conta própria mesmo.

Ao longo de todo o caminho tínhamos que cuidar com os guanacos, pois o tempo todo eles por vezes apareciam em grupos grandes de 10 até uns 20 ou até mais. Esse é um dos principais motivos pelos quais é necessário cuidar da velocidade, pois se um deles cruza a pista não tem como passar por cima, o impacto é mesmo na altura do peito. Até mesmo de carro a coisa é perigosa, imagina de moto.

E essa então? O que dizer?
Chegamos em Fitz Roy, que é na verdade um cruzamento apenas, de onde sai uma estrada de rípio que vai para o oeste, localizamos o hostal que os italianos haviam nos indicado e ficamos por alí mesmo. Foi boa a nossa estada.

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