Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Ushuaia - Dia 03/01/2013

Trajeto percorrido entre Punta Arenas e Puerto Natales - Distrância 243 km.
O Hotel Condor de Plata, onde ficamos, era bem mais ou menos. O interessante é que no café da manhã encontramos com um senhor, com cerca de 70 anos, viajando sozinho numa Honda que não conheço o modelo. O interessante é que quando passamos pelo Posto em Rio Grande, ele estava lá e veio conversar comigo pedindo adesivo do meu grupo de motociclista do Brasil. O que mais chamava a atenção nele era a ansiedade, pois ele era muito agitado.

Ele me mostrou que havia quebrado o alforge esquerdo devido às pedras do caminho de rípio na volta de Ushuaia, nos contou ainda que ele veio a 90 por hora no rípio e que no asfalto ele veio a 160. Disse para ele que eu não andava mais nessas velocidades devidos aos perigos de acidente. Ele não quis nem saber.

Moto do Senhor de Buenos Aires.

Nós (eu e a moto, hehe) em frente ao Hotel.
Assim que saímos do Hotel o nosso companheiro de Hotel saiu em pé na moto, todo animado e se mandou em direção a Puerto Natales, dissemos a ele que nós iríamos passear um pouco por Punta Arenas e depois seguiríamos para lá também. Ele seguiu todo animado pelos caminhos dele.


Cenas de Punta Arenas. Pelas roupas dá para ver que estava frio.

Centro da cidade.
O centro da cidade é bonito e tem muito movimento, eu não esperava tanto em uma região tão erma como aquela. O povo parece bem vestido e bem agasalhado, pois estava muito frio. Nos disseram que estava quente, pois no inverno faz até 35 abaixo de zero. Eu já estava achando os 6ºC maravilhosos. Na verdade depois de alguns dias no frio a gente acaba se acostumando, mas é claro que estávamos bem agasalhados também.


Buchinhos na praça.
Na cidade existem algumas avenidas muito largas. As pistas são normais, mas os jardins entre as pistas tem cerca de 50m de largura, com jardins razoavelmente bem arrumados.

Porto.
O balseo que sai de Porvenir devia chegar neste porto, caso tivéssemos encarado aqueles 100 km de rípio desconhecido, possivelmente teríamos chegado aqui. O tempo da travessia é de 3 horas neste trecho, o preço provavelmente seria muito maior também e os horários só Deus sabe quais são, pois vimos na internet que os horários são muito variáveis, sendo que quando as condições do mar não estão favoráveis, o que acontece com muita frequência, as viagens são suspensas.

Demos umas boas voltas pela cidade, entretanto acabamos não indo visitar o cemitério nesta vez. Acho que até mesmo porque estávamos meio impressionados ainda com o ocorrido em Pysandu e o clima não nos animava muito a irmos para lá. Sugeri, a Bê falou que não estava a fim de ir ao cemitério e eu imediatamente concordei com ela.



Hotel que não encontramos na noite anterior.
De maneira geral achei a cidade muito bonita, embora não tenhamos visto nada que sugerisse que deveríamos algum dia voltar para lá, só se for para conhecer Porvenir e cruzar para Punta Arenas por lá.

Avenida Costaneira.
Avenida costaneira em Punta Arenas.

A beleza da cidade é singular.

Mercado Municipal onde almoçamos.

Praça central da Avenida Pres. Salvador Allende.
Lá também tem fábrica da Coca-Cola

A caminho do Mercado para almoçar.
Chegamos no Mercado Municipal, que tem, como todos os lugares naquela região, portas duplas de acesso, devido ao rigoroso frio do inverno. É um Mercado muito simples, que tem diversas peixarias e algumas lojas de lembranças, papelarias, roupas e bijuterias. No andar de cima se encontram os restaurantes que ali se chamam Cocineria.

Como só tinha salada de centolla, pedimos uma salada de contolla de entrada e uma sopa de mariscos. Achei que poderia não ser muito boa a sopa, mas ali teríamos que comer algo assim.

No Mercado Municipal a salada de Centolla foi fantástica.
Ao final a salada de contolla estava simplesmente fantástica e a sopa de mariscos estava mais ou menos, tanto que nem eu nem a Bê conseguimos comer tudo. Ela comeu a metade e eu um pouco mais da metade, pois era muito forte.

Restaurante onde almoçamos no Mercado Municipal na "Cocineria Donde Inez" - Recomendo
Sopa de Mariscos. Não tinha como não lembrar do Zani e da Pat. Tinha?
Depois do almoço pegamos a moto, que havíamos estacionado em um posto logo ao lado do Mercado, enchemos o tanque, até a boca, seguimos em direção a Puerto Natales, que seria através do mesmo caminho que havíamos vindo até o posto do Seu Luís, só que ao invés de virarmos à direita no cruzamento do posto dele seguiríamos em frente.

Um estaleiro com dois barcos em manutenção.
Seguimos por alguns quilômetros e chegamos ao Seu Luís, podería passar direto, mas para evitar qualquer problema paramos alí novamente para abastecer. Couberam poucos litros mas vimos que tinha um café, extremamente simples ali no posto, que era dele mesmo. Fomos até lá. Na porta de entrada encontramos dois cachorros grandes, que ele gritou de lá da bomba, onde abastecia outro cliente, que podíamos entrar sem medo que eles não mordiam.

A Bê, que morre de medo de cachorros, ficou apreensiva mas vendo que eu passei por cima deles e eles nem deram bola, mal olhando, ela criou coragem e passou por cima deles também. Quando entramos na sala ficamos um tanto impressionados com que vimos. Uma quantidade enorme de quinquilharias de todos os tipos.

Posto do Sr. Luís.

Posto do Sr. Luís e ele.
 Assim que parei a moto em frente à bomba de gasolina ele veio lá de dentro da casa para me atender, noscomprimentamos e perguntei a ele se aquele vente era comum ali. Ele respondeu: - Que vento? Hahaha.

Estava um vento danado, o pior é que era vento de rajada. Aquele que tínhamos pegado lá por perto de Caleta Olívia era um vento forte mas era firme. Este era de rajada.

Aí ele nos explicou que aquele vento não era propriamente de rajada, é que ele ficava no alto e de vez em quando tocava o chão por isso a impressão de ser uma rajada. Disse ainda que não havia jeito de prever nada, que a qualquer momento podia baixar um vento muito forte, assim como cair a temperatura sem nenhum aviso prévio, pois o clima ali era muito instável e imprevisível.

Escutei com atenção a história que ele contou pois quando andamos por terras desconhecidas não adianta darmos uma de experts quando na verdade somos totalmente ignorantes.


Café cheio de quinquilharias.

Sala do Café 

Seu Luís mostrando a Bandeira do Brasil que guardava com orgulho de ter morado aqui.

Muitas e muitas coisas. Impossível contar quantas.

Levei uma surro do netinho dele. 3x0. hehe.
O Sr. Luís disse que ele sempre jogava pebolim com o neto eque quando ele ganhava o neto podia escolher um doce no balcão, mas quando o neto ganhava ele podia escolher um doce, do mesmo jeito, rimos da estória dele.

Cafeteria do Sr. Luís.
O lugar era extremamente simples mas acolhedor. O Sr. Luís parecia ser uma pessoa de muita sensibilidade para tratar com as pessoas. Pedimos um café e a filha dele, depois de algum tempo trouxe uma xícara enorme de café quente.

Fui tomando devagar e conversando com ele que nos costou que havia morado no Brasil e estava de volta ao Chile a cerca de 30 anos. Que havia construído aquela casa com as próprias mão e com a ajuda do filho, que os fortes ventos que ali sopravam não derrubaram a casa ainda porque as mãos de Deus seguravam, mas o principal, foi que a vida ali era muito simples, entretanto, eles viviam focados na felicidade e no relacionamento da família e não correndo como loucos atrás de dinheiro o tempo todo, como havia sido a vida dele no Brasil.

Foi bem interessante a nossa conversa com ele mas não nos demoramos demais e, em pouco tempo, pegamos a estrada novamente.


Ainda teve uma situação inusitada, quando estávamos indo, chegou um momento em que apareceu na frente uma grande quantidade de poeira. Logo pensei que poderia ser uma tormenta daquelas que teríamos que nos esconder sabe Deus onde, mas não era, até mesmo porque os ventos haviam acalmado um pouquinho naqueles últimos quilômetros.

Havia um "gaucho" alertando para uma transporte de cordeiros enorme, sendo que parecia que o chão se movia. Era um transporte de milhares de cabeças de ovelhas. Com a ajuda de uns 10 vaqueiros, se é que podemos chamar assim, e de muitos cachorros, que pelo jeito se alternavam, pois haviam alguns nas caminhonetes descansando e outros que corriam o tempo todo para juntar as ovelhas desgarradas. A Bê não fotografou mas filmou esta situação. Vou ver se consigo colocar o filme aqui.

Logo que saímos do posto nos deparamos com um vento ainda mais forte, as rajadas de 80 km/h aumentaram muito e teve um momento, quando saí de uma curva, protegido por um corte alto dos lados da estrada e terminou a proteção do morro, levamos uma bordoada da esquerda para a direita que quase nos tirou da estrada, nos jogou cerca de 2m para o lado, além dos nossos corpos e, principalmente, nossas cabeças.

O Sr. Luís havia nos contado que há alguns dias atrás tinha dado um vento de 200 km/h na Torre del Paines e que haviam tombado dois ônibus devido ao vento. Eu estava começando a ficar assustado, pois aquele vento era mais do que uma tempestade forte aqui no Brasil. Aquelas do tipo anti-ciclone que sai nos jornais e que destrói tudo por onde passa. Olha, para falar a verdade, vento sul em Florianópolis é bricadeirinha de criança perto daquilo.


Tendo em vista aquela situação, eu tinha que aprender como lidar com aquele vento. Imaginei que eu deveria ir como a água que quando se tenta segurar ela escorre por outros caminhos, assim fui tentando em meio àquela situação incrivelmente forte e extrema, onde o medo começava a tomar conta, pois já imaginava que aquele vento poderia nos jogar fora da estrada mesmo. As rajadas deviam bater fácil os 120 km/h.

Soltei os ombros e o corpo, inclusive o pescoço, não mais se opondo contra o vento, mas deixando que ele passasse. A moto aos poucos foi ficando mais firme e quase não jogava mais, mesmo quando vinham os caminhões em sentido oposto, cobrindo o vento e depois acaba sobrando uma bordoada quando ele sai e se desfaz a barreira.

Falei para a Bê, veja como a moto ficou mais firme, ela concordou e eu expliquei para ela como estava fazendo aquilo, ela concordou comigo que estava funcionando bem. Assim fomos em frente, em meio àquele vento lateral que era muito, mais muito mesmo, pior que o que tínhamos encontrado anteriormente na costa leste.


Quando estávamos indo em direção a Esperanza, por onde passamos visando desvias um trecho de rípio da Ruta 40, nós íamos a 130 km/h e não havia vento quase nenhum. Até brincamos de aris os braços, pois o que batia nas nossas mão era uma brisa de 20 km/h no máximo e olha que a pior parte do vento já havia passado, pois foi acalmando um pouco.


Ao longo do caminho encontramos muitas flores parecidas com alfazemas, mas não sei qual o nome. Acho que ali o povo gosta muito delas, pois em Punta Arenas também havia muitos locais com estas flores, tanto nos jardins públicos como nas casas e agora, assim, ao longo da estrada.


Finalmente em Puerto Natales. Um lugar muito bonito e aconchegante. Buscamos por um hotel e rapidamente encontramos um na frente do mar, que alí dá de frente para os fiords. Do porto de Puerto Natales sai um barco que vai para Puerto Montt, muito mais ao norte e me lembrei do relato do Albuquerque em seu livro, quando ele dá adeus ao caminho que pretendia passar tendo em vista que embarcaram dali para Puerto Montt.

Mas 4 dias era mais do que o que teríamos para subir até aquele lugar. Teríamos que ir mais rápido com a nossa moto, mesmo retornando que retornando até Rio Gallegos para subir pela RN-3.

Estátua em Homenagem a Alberto de Algustin. Um padre explorador.

Nós na orla em frente ao Hotel.
Hotel de Conteineres onde tentamos jantar e já estava fechado. 

Paisagem inacreditavelmente linda.

Estava frio. Pode crer que estava muito frio no entardecer. E ventando.

Meu amor estava muito feliz!

Mas era muito feliz mesmo!

Tomamos e brindamos um Pisco Sour.
Depois de rodarmos um pouco e comprarmos algumas lembranças, além é claro de dar entrada no hotel, marcar o nosso passeio para o dia seguinte até Torres del Paine, receber um não no restaurante do hotel de conteineres localizado ali ao lado e passear pela praça da cidade, entramos no Restaurant Los Pioneros onde fomos muito bem atendidos e servidos. Comemos a mesma entrada de centolla de Punta Arenas e um peixe da prato principal.

A coisa era boa mesmo!
A gente não nota como é tarde porque o dia é extremamente longo nesta época do ano, pois assim como em Ushuaia, meia noite ainda é dia embora o sol não esteja mais visível, assim quando fomos ao restaurante do hotel e nos avisaram que estava fechado, vimos que eram quase 11 horas da noite.
Foto tirada às 23:00h em Puerto Natales - Chile
Saímos muito felizes depois da janta, que não foi cara, e seguimos pela orla até nosso hotel que estava a 2 quadras dali pela orla mesmo. Vimos ainda que o porto ficava logo ali ao lado e que nem sequer havia restrição de acesso ao mesmo, realmente um local muito tranquilo e seguro.

Restaurante onde jantamos.


Fachada do hotel onde ficamos.

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