Imagens do Fin del Mundo

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Eu estive lá. De frente para a vida!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ushuaia - Dia 02/01/2013

Trecho percorrido no dia - Distância de 620 km.
Neta madrugada, tomei o cuidado de registrar uma foto com a claridade no céu no momento mais escuro da noite. A foto não ficou muito boa devido ao vidro, mas dá para ver.

Claridade no céu à 1 da manhã.
No dia seguinte saímos pela manhã em direção oposta àquela que tomamos para chegar ali. Havia uma certa tristeza em sair daquele lugar, nem tanto pelo lugar mas mais pelo que significava para nós estarmos lá.


Saímos sem chuva, mas ao longo da serrinha já muito próximo de Ushuaia começou a chover e paramos no acostamento para vestir as roupas de chuva. Enquanto terminávamos de colocar as roupas passou a família de Campineiros e parou para ver se precisávamos de alguma ajuda. Viram que estava tudo bem e acabaram indo junto conosco quase até Rio Grande.

Imagino que o cara ficou de saco cheio porque nós íamos devagar a 100 por hora mais ou menos devido ao fato do chão estar molhado e um pouco liso.

Finalmente ele me passou e seguiu em frente, acabamos encontrando eles novamente na Aduana da Argentina e do Chile também.



Depois que colocamos as roupas de chuva não deu mais nem para tirar fotos pois não parou de chover. Passamos por Rio Grande com chuva. Entramos na cidade e fomos até o posto YPF onde havíamos parado na ida onde enchi o tanque, mas nem me preocupei em encher o tanque até a boca, do tipo super cheio, como eu sempre fazia.

Comemos alguma coisa no posto, sanduíche e café e seguimos em frente para San Sebastián onde pegaríamos a Aduana Argentino, aí uns 10km de rípio e a Aduana do Chile e aí então os demais 120km sem pavimento.

A chuva não parava e não parou ao longo de todo o trecho e graças a Deus não tivemos nenhum incidente. Desta vez seguimos sozinhos pela estrada sem companhia o que me mantinha ainda mais alerta. A minha técnica para dirigir no rípio estava funcionando muito bem e desta vez evitei passar em poças como aquela que nos deu um banho de sujeira.

Quando terminou o rípio novamente foi uma festa, só desta vez a festa era definitiva, não teríamos que voltar. Quando passamos pelo entroncamento que seguia para Porvenir chegamos a ponderar sobre a possibilidade de seguir para lá, entretanto devido ao fato de estarmos sozinhos, de não conhecermos as condições do caminho e de estar chovendo, decidimos seguir pelo caminho conhecido. O que foi uma decisão correta já que deu certo.

Quando finalmente chegamos em Cerro Sombrero fui direto até o posto para abastecer e o posto estava fechado. O senhor que havia nos atendido alí não estava. Fomos ao banheiro do posto, bati nas janelas, pois as luzes estavam acesas dentro do escritório do posto, mas se podia ver pelos vidros que não havia ninguém lá dentro.

Que fazer, seguimos em frente, mas não sem antes namorar muito o hotel que tem próximo ao posto, na entrada da cidade e que parece ser de muito boa qualidade. Haviam vários 4x4 e várias motos estacionadas ali.

Chegamos na fila do Balseo, como eles chamam, e encontramos um casal de moto, era uma big trail, parecida com a VStrom. O casal tinha pouca idade, na faixa dos 25 anos, e estavam vindo da California - USA. Gozado, quando falo para meus amigos que gostamos de viajar, todos me chamam de louco, porém, quando estamos viajando, encontramos muitas pessoas fazendo coisas muito mais ousadas do que as que fazemos. Não acho que sejamos loucos não.

Ele era tcheco e ela argentina sendo que os dois moravam na Nova Zelândia. Haviam ido até os USA de avião, compraram a moto lá, desceram até Ushuaia pela RN-40 e estavam subindo pela RN-3 em direção a Buenos Aires, onde visitariam a família dela e iriam de volta para a Nova Zelândia.

Nos contaram que sofreram muito na 40, entre Ezquel e El Calafate devido às condições da estrada. Pior que o rípio, que a moto deles encarava bem, pegaram lama devido à chuva e segundo ele a lama enrolou nos pneus e impediu a moto de andar, sendo que acabaram ficando presos em local isolado por 1 dia e meio. Dormiram em uma barraca que estavam levando com eles, sem comida e sem água.

Disseram ainda que haviam caído 2 tombos e que ela estava com o pé doído e que quando chegassem em Bs. As. ela iria procurar um médico. Que dureza. Mas, assim como nós, estavam muito felizes. Isso é o que eu mais gosto no ser motociclista, é o sorriso que nos acompanha dentro do capacete, senão não vale a pena, seria melhor ir de avião ou de carro. hehehe.

Embarcamos, vi que tinha que pagar a travessia ali dentro do ferry mesmo, em uma portinha onde tinha um guichê. Falei com o atendente sobre postos de gasolina e ele me explicou que haviam 2 no meu caminho. Meu GPS mostrava a mesma coisa, sendo que um estava a cerca de 50km e o outro no entrocamento da rodovia em que eu estava e a que liga Punta Arenas a Puerto Natales.

Seguimos em frente, eu mantinha a velocidade máxima em 110 visando economizar a gasolina pois poderíamos vir a ter problemas e não queria isso. Quando chegamos ao pequeno posto de atendimento, localizado ao lado esquerdo da estrada, entramos por uma estrada de rípio, por uns 300m e não tinha ninguém. O posto estava fechado, na verdade, parecia abandonado.

Não tinha nada mais por ali, resolvi que deveríamos seguir até o outro posto, o problema é que para chegar neste outro a autonomia estava curta. Graças a Deus não tinha muito vento. Sem ter alternativa, seguimos, só que agora a uma velocidade ainda menor, 80 em 6ª e depois 60 a 70 em 5ª, pois a autonomia foi acabando muito mais rápido que a distância que íamos percorrendo. A coisa estava mesmo preta. Me arrapendi de não ter colocado gasolina até na tampa do tanque em Rio Grande, mas não tinha o que fazer, fomos indo com muita calma.

Quando estávamos a cerca de 5km de distância, o odômetro marcando Lo, já ha muito tempo, eis que para ajudar, aparece uma placa de obras e desvio. Caraca! Tudo para ajudar. Saímos para o desvio, estava ficando escuro, a chuva apertou muito e a gasolina acbando mesmo. Já estava pensando como seguiria à pé até o posto para pegar combustível, se iríamos eu e a Bê, teríamos que deixar a moto, ou quem sabe alguém poderia nos ajudar. Bem, não estavam passando muitos carros por nós.

A distância até o posto estava diminuindo e eu mantinha o giro da moto na casa do 1200 a 1300rpm. O rípio estava uma porcaria, a chuva muito forte, achei que tinha tudo para dar errado. Mas como quem nunca desiste acaba chegando à vitória, chegamos no posto do Sr. Luis. Este era o nome do senhor que atendia na bomba. Creio que não se pode chamar de posto. Uma bomba descoberta num lugar que tem somente a casa onde ele mora com um filho casado e o neto, segundo ele construída por ele e o filho mesmo.

Enchi o tanque, desta vez até o topo, coloquei 22,45 litros sendo que o manual indica que no tanque cabem 22,72 litros. Com certeza passamos muito perto de ficar no caminho, mas fomos protegidos por Deus que foi empurrando a moto.


Conversamos com o Seu Luís já morou no Brasil há cerca de 20 anos, mas acabou voltando ao Chile devido à mulher e se instalou ali naquele lugar e ficou. Disse que gostava muito do Brasil mas que hoje ele preferia a vida simples daquele lugar. Perguntei se as obras e o desvio iam muito longe ele disse que tinha acabado, naquela nova estrada já era toda de asfalto.

Como chovia muito e cobertura de nuvens era muito grande, havia anoitecido. Até que eu já estava achando que o clima naquela região o tempo não assim tão instável, pois aquele dia, praticamente inteiro, havia chovido e ainda estava chovendo.

Estávamos seguindo novamente na direção sul e rodamos com tranquilidade pela estrada com pouco movimento e bem conservada. Chegamos em Punta Arenas sem almoço e sem janta, pois havíamos parado em Rio Grande para comer um sanduíche e não tínhamos comido mais nada.

Rodamos um pouco atrás de hotéis, o GPS nos indicou que haviam alguns agrupados na região da orla. Paramos em dois Hostals, o primeiro não tinha mais vagas e no segundo não tinha garagem e parecia ser muito simples. Acabamos encontrando um hotel muito bonito, que não tinha vagas e um muito mais simples que tinha. Havia uma moto parada em frente o portão de entrada do hotel, que parecia ser uma garagem mas não era.

A atendente disse que havia vaga, o preço era bom, estávamos cansados e decidimos ficar por ali mesmo para simplificar. Era só para dormir mesmo. No dia seguinte iríamos passear por Punta Arenas, almoçar por ali, em algum lugar interessante e pela tarde partiríamos para Puerto Natales. Conforme indicação do PHD Chico, gostaria de conhecer o Cemitério que é muito grande.


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