Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Ushuaia - Dia 29/12/2012

Trecho percorrido entre Caleta Olívia e
Rio Gallegos - 696km.
Acordamos pela manhã, mas não muito cedo pois neste dia teríamos apenas uns 700km para rodar, vamos ser honestos, não muito cedo não, era tarde mesmo, quando saímos do hotel com as bagagens já era quase 10:30 da matina, quase hora do almoço. Hehehehe! 

Demos uma voltinha rápida pela cidade, paramos em um posto para encher o tanque. Alí em Caleta Olívia para todo lado que se olha se vê referências ao petróleo, inclusive muitas caminhonetes de empresas de engenharia que devem estar lá trabalhando no setor. Os campos são cortados por oleodutos, normalmente de pequeno diâmetro que conduzem o óleo até reservatórios e dali para algum dos portos que tem na região.

Monumento ao Petroleiro - Agora de dia.
Avenida em Caleta Olívia.
O bom é que ali tem a infraestrutura que a gente necessita, incluindo caixa eletrônico para saque de dinheiro e hotel. Os preços em Caleta Olívia são muito melhores do que em Comodoro Rivadávia onde tudo custa muito caro.

Imagem das estradas na região. A Patagônia Argentina vinha se apresentando desta forma para nós.
Saímos da cidade pelo caminho que o GPS indicou e vimos que em breve haverá um contorno por fora da cidade, que embora tenhamos passado pela rótula onde o mesmo estará se ligando, já asfaltado mas ainda fechado para circulação.

Bomba de poço de petróleo.
A quantidade de bombas para extração de petróleo instaladas ao longo desta região é muito grande, na verdade desde Comodoro Rivadávia até ao sul de Caleta Olivia tem muitos destes pica-paus.


Neste trecho fomos apresentados ao VENTO PATAGÔNICO ao qual eu me refiro em letras garrafais para que seja um pouco mais parecido com ele mesmo. É uma coisa que somente quem já andou por lá sabe do que se trata.

Quando contamos para as pessoas que venta muito lá acabamos tendo retornos do tipo, quando viajamos de tal a tal trecho pegamos um vento muito forte.... Pessoal! Juro por Deus! Tudo que a gente já viu por aqui, incluindo as tempestades, não tem nada a ver com aquele vento de lá. Primeiro devido à persistência e segundo que é muito forte mesmo. Neste primeiro dia até que ele estava fraco, na ordem dos 80 a 100 km/h. Embora não soubéssemos que pegaríamos coisa ainda muito pior.

Incríveis as estradas. Pouco movimento e retas intermináveis. Céu com nuvens mas muito pouca chuva.
Os guanacos são vistos quando muito perto nas margens da rodovia, toda atenção é pouco, pois eles podem cruzar a pista a qualquer momento.

Tem que prestar muito a atenção para ver o guanaco que corria a 60 km/h junto à cerca. Ao final ele saltou a cerca com a maior facilidade.

O caminho e a paisagem são um tanto monótonos. É necessária muita paciência e auto-controle para manter a velocidade, pois para uma viagem muito longa, como esta, 11.600 km, é necessário que se tenha muito controle sobre as condições de segurança devido à forte exposição ao risco esta é uma excelente oportunidade para se treinar a paciência e a capacidade de controlar a impulsividade.

Desta forma mantivemos a linha, ou seja, não ultrapassamos, salvo raras exceções, os 120 km/h, de maneira geral andávamos a 110 km/h.

Ao longo deste caminho continua sempre a presença de guanacos pastando ao lado do caminho e por vezes eles atravessam a pista o que é um perigo enorme. O pior é que eles tem a coloração da paisagem e desta forma a gente consegue vê-los somente quando já estão excessivamente perto.

Nesta parada encontramos o Raul Ciccero, de Buenos Aires. 
Raul Ciccero e eu no posto em que nos encontramos. 
A primeira coisa que aconteceu foi que a autonomia da moto caiu de 420km para 230km. Eu cheguei a pensar que tinha acontecido alguma coisa com a moto, do tipo vazamento de combustível. Mas não era isso não.

A bandeirinha da minha moto quebrou na mola de aço nos primeiros quilômetros de vento, depois de sairmos do posto onde encontramos o Raul, um motociclista de Buenos Aires, que estava viajando sozinho e que estava com uma moto pequena de 250cc. Acabaríamos nos encontrando por várias vezes ao longo dos nossos caminhos.


A inclinação da moto é para compensar o vento lateral, é só reparar que ainda estamos na reta.
São muitos os lagos que não deságuam nem recebem contribuição de rios, o que é muito estranho para o nosso padrão. Assim as águas das raras chuvas diluem o sal da terra nos lagos e depois de milhões de anos perdendo água apenas por evaporação, o lago vai ficando salgado e acaba se transformando em uma salina. Não encontramos nada parecido com o Grande Salar que vimos no norte da Argentina no caminho do Paso de Jama, com cerca de 40km de comprimento, mas o fenômeno de formação é o mesmo.

A imagem dessas estradas é simplesmente maravilhosa. Gosto muito delas.
Não me enjoei nem por um minuto.

Lago da região que perde água apenas por evaporação com o aparecimento de sal.
Que maravilha de caminho...

Este era um dia importante para a realização do nosso sonho. Eu gostaria de saber quantos quilos, ou metros, ou sei lá o que tinha o nosso sonho. Não era algo pequeno ou leve não. Pois estava sendo capaz de transformar e deformar o meio para que pudéssemos realizá-lo.

Estavamos quase chegando em Rio Gallegos. Este seria a nossa última parada pois dali, sairíamos no dia seguinte em direção a Ushuaia, ou melhor, ao Fin del Mundo, pois é lá onde a América do Sul acaba, junto ao Canal de Beagle. Lugar por onde navegou o comandante de mesmo nome com a esquadra que levou Charles Darwin por sua famosa viagem através das Américas e que resultou na publicação do estudo "A Evolução das Espécies". Também é conhecido como Cabo Horn.

Como se não bastasse isso, no dia seguinte cruzaríamos o Estreito de Magalhães. Incrível! Nós cruzaríamos o Estreito por onde o famoso navegador Magalhães navegou em 1520 em sua circum navegação, cruzando o extremo sul da América do Sul continental. Fica localizado entre o continente e a Terra del Fuego, ilha onde se localiza Ushuaia. Wow!!! Pensar nisso era uma emoção que não consigo descrever aqui. Me faltam palavras e qualificação para isso. Acho que até para sentir me faltava algo, talvez não tenha conseguido absorver toda aquela emoção. Foi demais.

Estávamos chegando.
Mas lá estávamos, chegando em Rio Gallegos.





Em Rio Gallegos não abrimos mão de um vinho caseiro. Da família. kkkkkk.

Chegando em Rio Gallegos fomos buscar um hotel. Já no caminho de entrada da cidade, que diga-se de passagem, não é pequena, passamos em frente a um hotel razoável e paramos para perguntar se tinha vaga e para ver qual o preço, mas não ficamos. Fomos em frente até o centro da cidade onde vimos que tinha uma boa oferta da hotéis.

Passeando pelas ruas próximas ao centro passamos em frente a uma parrilla chamada Chino. Paramos, pois estava cheio de gente e se via um belo buffet e uma parrilla ao fundo. Simples mas muito aconchegante. Como pode ser visto na foto.


Depois da janta saímos do Chino e era noite, eram 11:40. Quando chegamos era 9:40 e ainda estava muito claro. Quanto mais para o sul íamos mais o dia era longo, amanhecendo mais cedo e anoitecendo mais tarde.

Fomos a um Apart hotel grande e antigo, localizado na avenida principal, de frente para a praça central, mas o preço da diária era muito alto. Entretanto quando saímos do restaurante eu havia visto um hotelzinho que me pareceu muito simpático e busquei no GPS um hotel naquela direção. Pensei ter encontrado mas era um hotel muito chique. Perguntamos o valor da diária e saímos correndo, coisa incompatível com a nossa intenção.

Voltei à churrascaria para fazer o mesmo caminho que haviamos feito anteriormente e encontramos o hotel que eu havia visto. A Bê foi perguntar o valor da diária e era na faixa dos U$100,00. Decidimos ficar por ali mesmo. O Hotel era muito melhor do que nós esperávamos. Quarto excelente, banheiro muito bom, garagem fechada, em resumo tudo o que precisávamos. Foi um grande acerto.


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