Viajar ao Fin del Mundo.
Um sonho que nasceu e foi sendo construído aos poucos, nem saberia dizer exatamente como aconteceu.
Talvez tenha começado logo após a realização da nossa viagem a San Pedro de Atacama, realizada em final de Dezembro de 2009 e início de Janeiro de 2010, quando nasceu o prazer de realizar viagens de longa distância de moto. Quem faz viagens de longa distância sabe que isso é muito diferente de um passeio de final de semana, principalmente quanto às questões relacionadas ao auto-controle, resistência, persistência, capacidade de superar e testar os limites, descobrindo do que cada um realmente cada um é capaz.
Olhar o mapa e traçar o trajeto entre Florianópolis e Ushuaia é um tanto surpreendente. Aparece o trecho no planeta com seus 4.750 km e a partir de Curitiba, 5.050km.
O plano da viagem foi iniciado com um traçado feito por mim e encaminhado para o Lauro e Daniel, pois tínhamos a ideia de irmos em 3 casais, da mesma forma que fomos até Punta del Este e Montevideo em Julho de 2012.
O Daniel e a Ana Paula acabaram não confirmando que iriam junto tendo em vista que somente poderiam sair para a viagem no dia 26 e nós estávamos planejando sair no dia 21 aproveitando 5 importantes dias, tempo quase suficiente para dormir em Rio Gallegos no dia 26, local de onde partiríamos para Ushuaia.
Eu e a Bê estávamos determinados a cumprir com o plano e o Lauro e a Edite, inicialmente também disseram que não daria para eles, pois a Edite não estava querendo passar o Natal longe da família.
Seguimos em frente com a programação do trajeto, nós já havíamos viajado sozinhos para vários lugares, sendo que a maior delas foi a primeira vez que fomos para o Chile de moto e, embora muitas pessoas julguem que é perigoso temos encontrado muita gente, de diversos países do mundo, que viajam sozinhas ou em duas pessoas pela América do Sul.
Aniversário do Ivo, em Curitiba, com muitos mapas. |
Neste dia o Lauro e a Edite já haviam decidido que iriam conosco e o Fernando já havia pensado em ir e desistido pois estava planejando ir com o irmão dele em uma outra data. O Daniel estava planejando ir até Puerto Montt e Puerto Varas, Bariloche, Villa Angostura, ao Vulcão Ozorno, Santiago, Mendoza, etc. em uma viagem pela região dos lagos. Estavamos pensando em como poderíamos nos encontrar para um jantar ou por 1 ou 2 dias. Mas estava difícil de ajustar, mas a esperança sempre continua, pois quando se faz uma viagem longa encontrar pessoas conhecidas pelo caminho é sempre muito agradável.
Praticamente tudo estava organizado mas eu ainda queria saber sobre a condição das estradas que sobem de El Calafate para Ezquel, ou seja, quais as condições da Ruta 40. O mapa que o Daniel apresentou mostrava que o trecho não era asfaltado e seguir por aqueles mais de 600km sobre estradas de rípio não seria nada adequado para as nossas HDs, nem para nós. Na verdade este era um ponto de preocupação desde o início: como nos sairíamos nos 130km de rípio que teríamos que passar para chegar em Ushuaia, entre Cerro Sombrero e San Sebástian, no trecho chileno da Tierra del Fuego.
Ainda tivemos na manhã de quinta-feira, dia 20/12, uma surpresa enorme quando levantamos pela manhã. Havia uma belíssima sexta de café nos esperando que foi enviada de presente de Natal pelos meus filhos, Conrado, Guilherme e Louise. Eles são demais! Foi um excelente presente.
Tínhamos a ideia de sair no dia 20 à tarde, para adiantar um pouco a perna do primeiro dia, dormindo em algum lugar pelo caminho, possivelmente em Torres, entretanto, somente foi possível sair de Floripa no dia seguinte. O Lauro e a Edite saíram de Curitiba às 3:30 da madrugada com o odômetro marcando 35.393km. Nos encontramos às 7:15 da manhã em um posto ALE da BR-101, localizado após o viaduto da entrada principal de Floripa.
Estávamos com o seguinte Plano da Viagem:
O mapa dos locais programados, entretanto este mapa considera a subida pela RN-40. O que foi alterado. |
De maneira geral estaríamos parados 1 dia a cada 3 dias, para possibilitar algum descanso. Confesso que não me agradava o fato de passarmos a véspera de Natal em Viedma, não sei porque achava que deveríamos passar em Puerto Madryn. Mas era muito longe e não conseguiríamos chegar no dia 23. Desta forma, já estava conversando com o pessoal para ver como poderíamos adiantar um pouco mais, ou até mesmo, roda no dia 24 pela manhã e desta forma chegarmos em Puerto Madryn.
De todo o trajeto a parte que me preocupava era o trecho entre J, K e L, ou seja, no mapa a subida está prevista pela RN 40, que é de rípio.
Aí liguei para o PHD Chico, que é um companheirão com muita experiência em viagens longas, ou seja, é um fazedor de chuva, como eles mesmos se denominam, e pedi a ele algumas dicas sobre este trecho. Aí é que ele me deu a dica de subir de Puerto Natales até El Calafate, via Esperanza, que é asfaltado e depois, para subir a Villa Angostura, ao lado de Bariloche, retornar à RN 3, próximo à Rio Gallego, subindo até Comodoro Rivadávia pela 3 e então derivando para Ezquel, etc. indo até Villa Angostura.
Traçado do trecho entre El Calafate e Villa Angostura, passando por Esperanza e descendo até a RN-3 próximo a Rio Gallegos. |
Fizemos ainda uma adequação do trecho superior do Chile, visando incluir as passagens por 2 passos entre a Argentina e o Chile, cruzando os Andes.
Adequação do trecho entre Villa Angostura e o Chile e o retorno à Argentina. |
Check List adaptado:
Baseada no site www.phd-sc.com.br
O pneu dianteiro da lista não foi levado nem foi necessário. Além dos itens acima, acrescentei ainda algumas chaves de boca em polegadas, incluindo a de 5/8" que seria utilizada para uma troca de óleo obrigatório, pois eu antecipei a revisão dos 8.000km para 6.000, colocando o óleo Motul 7100, que roda até 8.000km, logo, pelo meio do caminho, teria que fazer uma troca. Procurar pelo mesmo Motul 7100 ou outro óleo, o mais adequado possível, para fazer a troca.
Estávamos com tudo preparado. Para evitar de levar 2 jaquetas, fui com uma jaqueta que eu o Lauro e o Daniel compramos no Uruguai em Julho/2012, que tem um impermeável removível e tem aberturar para ventilação. Com mais uma segunda pele (ciroula e camiseta de manga longa) e uma polar deveriam ser suficientes para as temperaturas próximas de 0ºC que deveríamos pegar e tínhamos ainda que nos preocuparmos com os 45ºC que também pegaríamos nas proximidades de Buenos Aires.
Linda viagem
ResponderExcluir