Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

San Pedro de Atacama I

CERVAGENS EM SAN PEDRO DE ATACAMA 
2023 - 2024

PARTICIPANTES:

Luiz Bianchi: Road Glide Ultra 2018 - Preta

Bernadete: Road Glide Special 2018 - Vermelha

Walter: BMW GS 1250 2022 - Branca

Alfredo: BMW GS 1250 2023 - Azul e Prata

Período: 25/12/2023 até 09/01/2024

O Walter e a Maria Ângela, são companheiros frequentes em nossos anos novos. Passamos muitas viradas de ano juntos, tendo em vista, que quando nossas crianças eram ainda pequenas, decidimos aproximar nosso filhos, para que pudéssemos dar a eles uma visa próxima dos primos, assim como nós mesmos havíamos tido em nossa infância. 

Essa sempre foi uma decisão acertada, tanto que produziu excelentes efeitos, e nossos filhos puderam desfrutar dos prazeres das relações familiares entre primos. Primeiro, quando eles eram pequenos, passávamos o réveillon em Guaratuba e, mais recentemente, depois que eles cresceram e eu vendi o apartamento de Guaratuba, passamos a ter novas opções que vieram com a moto. Eu e a Bê começamos a viajar de moto em 2009 e, não muito depois, o Walter também comprou uma moto e manifestou que gostaria de fazer passeios de final de ano junto conosco. 

Assim, desde então, sempre que possível, compartilhamos dos caminhos. Já fomo ao Uruguai, a Aracaju, à Argentina por 2 vezes, além de outros destinos. 

Sempre com muito respeito e compreensão, realizamos nossas viagens de forma absolutamente prazeirosa. Claro que os perrengues fizeram parte de algumas delas, mas a gente vai superando as dificuldades do caminho. 

Grandes companheiros. Agora, agregamos mais um casal de amigos que também se mostraram maravilhosa companhia.

Obrigado a todos por terem compartilhado de experiências tão importantes em nossas vidas.

Local de Encontro

Passaríamos a noite de Natal junto às nossas famílias e, no dia seguinte, pela manhã, partiríamos para o ponto de encontro, que seria no Hotel em Cascavel. Assim deveríamos pegar pouco trânsito, já que no dia de Natal a tendência é de que haveriam poucos veículos na estrada. 

Eu e a Bê saímos de Florianópolis no dia 20/12 e passamos o Natal em Curitiba. Dia 25/12/23 partimos pela manhã em direção a Cascavel, nosso ponto de encontro.

Walter e Alfredo, saíram de Boituva também dia 25/12/23, com destino ao ponto de encontro que seria no Hotel em Cascavel - PR.

CHECK LIST

Documentação:

• Moto em nome do viajante e, se for o caso, autorização do agente Financeiro para viajar ao exterior com a moto;
• Documento de propriedade do veículo referente a 2019;
• A questão dos Seguros: Claro que aqui estou colocando aquelas informações que eu conheço, cada um deverá pesquisar por conta própria, junto a seus corretores, evitando problemas posteriores. Estou passando as informações conforme eu faço.
• Seguro da Moto, onde conste a remoção do veículo sem limite de distância para toda a América Latina ou, ao menos, para os países por onde circularemos;
• Fazer um seguro saúde (Seguro Viagem) pessoal que cubra possíveis necessidades durante a viagem nos países onde passaremos. Normalmente pensamos somente em acidentes, entretanto a vida continua e permanecemos à mercê de quaisquer problemas como: crise do nervo ciático, hérnia de disco, diarreia, caxumba, infarto, pneumonia, apendicite, amigdalite, pedra nos rins, etc., etc., etc. Para tanto, precisamos estar segurados e tranquilos; Muito cuidado que o seguro de cobrir acidentes com veículo próprio (moto). A maioria não cobre, solicitando o bilhete de embarque ou passagem para abertura do sinistro, mesmo com os corretores dizendo que cobre, precisaremos muita atenção para esse assunto.
• Carta verde do veículo (equivalente ao nosso DPVAT para os Países do Mercosul (no caso Argentina);
• SOAPEX - Seguro Obrigatório de Acidentes Pessoais para Veículos Estrangeiros, exigido no Chile. Obtido pela Internet junto à Magallanes Seguradora ou à HDI, vale a pena fazer contato com seu corretor, pois algumas seguradoras fornecem daqui. O mais fácil é entrar no site da HDI e comprar diretamente, imprimindo a Apólice. O SOAPEX também pode ser comprado na fronteira, mas sempre tem o risco de não ter alguém vendendo no dia e o preço poderá ser maior;
• Passaporte ou Carteira de Identidade (Não valem os documentos de classe, CREA, OAB, etc. que no Brasil substituem a CI mas no Mercosul não). Eu e a Bê preferimos Passaporte sempre, pois facilita com a eliminação do VISA que é substituído pelo carimbo do Passaporte;
• Carteira de Habilitação válida (verificar a data da validade). Eu gosto de levar a PID (Permissão Internacional para Dirigir) que pode ser exigida no Chile, que não pertence ao Mercosul;
• CI deve ter menos de 10 anos da data de expedição (a foto tem que ser parecida com a pessoa hoje)
• Vacinas – não são necessárias, mas se tiver é bom levar a Carteira de Vacinação Internacional.

Equipamentos:

• Caneta para preenchimento de documentos na fronteira
• Celular e carregador para comunicação nas redes Wi-Fi e/ou rede móvel (para quem tem Claro o Pacote América Latina custa 12 x R$9,90 – ou compra de chips locais);
• Máquina fotográfica e/ou filmadora
• Computador
• Colete reflexivo. Obrigatório nas rodovias Argentinas. Pode ser adquirido nos postos de gasolina na Argentina mesmo, mas se tiver é bom levar.
• Comunicador e o carregador (se for o caso)
• GPS com mapas atualizados.
• Quem não tiver GPS pode baixar no Celular o software MAPS.ME e baixar os mapas dos locais onde passaremos. Ele funciona Off Line em todos os locais (eu já instalei o meu). Esse software funciona no modo Avião do Celular inclusive, não necessitando de nenhuma conexão com a Internet. Lembrar que o Waze funciona sem internet, mas se perder o caminho ele simplesmente não consegue recalcular a rota.

​Para a moto:

• Tyre Repair (Para quem não tem Nerver Flat – vacina) ou o kit reparo com tubos de ar comprimido ou calibrador portátil. Segundo informações da The One o Kit Reparo (minhoca) não funciona no pneu de moto. Algo relativo ao tipo de composto da borracha;
• Chaves básicas (para pequenos reparos), fita silver tape, fita Hellerman (enforca gato), aranha, extensor;
• Manual da Moto;
• Chave e FOB reserva guardados em local diverso daquele de utilização e obviamente fora da moto (eu protejo o contato da pilha do FOB fora de uso com filme plástico para conservar a bateria);
• Certificar-se de que conhece o PIN da sua Moto e de que alterou o mesmo em relação aos 5 últimos dígitos do número do Chassis;
• Verificar estado dos pneus e demais condições das motos. Como faremos uma viagem de aproximadamente 8.000 km, a vida dos pneus não deverá ser superior a 7 ou 8.000 km na saída. Nesse item ainda, verificar a data de validade dos pneus, que está escrito na lateral dos mesmos (validade dos pneus é de 5 anos). Verificar ainda se o pneu não apresenta rachaduras, o que é comum nos pneus Dunlop, originais da HD.
• Para quem quiser, lá no Chile, durante o Evento, costuma ter oficina e venda e colocação de pneus. Parece que neste ano a Concessionária HD de Santiago estará presente no Evento.
• É possível ainda prever uma revisão da moto lá no Chile. Não sei os valores se são maiores ou menores que os nossos. Se alguém tiver interesse seria interessante entrar em contato com a Concessionária de lá.

Roupas para condução:

• Bom Capacete com vedação para ruído e sem passagem de vento pela viseira;
• Bandanas para absorver o suor e proteger o capacete de mau cheiro;
• Roupas de segurança para estrada: calça, jaqueta, luvas – Lembrar que deveremos pegar calor (45ºC) e frio (0ºC);
• Botas adequadas para pilotagem;
• As roupas devem proteger da desidratação intensa do deserto e do Chaco Argentino;
• Lembrar que o vento refresca entretanto desidrata muito rapidamente, o que pode levar a desmaios e consequentes acidentes. Não é possível repor a perda de água bebendo devido à velocidade com que perdemos água no vento com ar quente ou seco;
• Roupas impermeáveis para chuva e frio;
• Luvas normais e para frio;
• Sugestão: Segunda pele; Blusa tipo Polar (à venda na Decatlon); Jaqueta ventilada ou de couro; Impermeável para o frio e chuva;
• Lembrar que as roupas íntimas devem ser confortáveis e de material natural (algodão) para evitar assaduras depois de muitas horas sentado na moto.

Sugestão de Roupas:

• 1 ou 2 Calças jeans (fora aquela de pilotagem)
• 6 Camisetas
• 6 cuecas
• 6 pares de meias
• calção de banho
• bermuda
• Chinelos
• Boné
• Nos dias que estivermos parados utilizaremos os serviços de lavanderia nos Hotéis
Saúde:
• Remédios de uso contínuo (cobrindo todo o período com folga)
• Relaxante muscular
• Gelol, Bengê, etc... ou creme massageador para luxações ou dores normais
• Higiene pessoal
• Protetor Solar
• Toalha compacta
• Cortador de unhas
• Aparelho de barbear
• Kit de primeiros socorros


TRAJETO PLANEJADO

O trajeto foi planejado visando o deslocamento até San Pedro de Atacama e retorno. Para um traçado diferente, entre a ida e a volta, haveria a necessidade de um trajeto mais longo, tínhamos um limite de quilometragem, devido à revisão da moto do Alfredo. que era nova.

MAPA DO TRAÇADO

O Roteiro pode ser obtido através do seguinte link:  Trajeto da Viagem


Mapa do Trajeto

Resumo do Techo e Distâncias


Resumo dos Hoteis e Valores das Despesas

Ao final o valor total por casal foi estimado, considerando que na Argentina existe hoje muita inflação e que pagaríamos todas as despesas em efectivo, como chamam eles os pagamentos em dinheiro. 
Valor para 1 casal em 1 moto = R$ 8.500,00
Valor para 1 casal em 2 motos = R$ 9.750,00
A diferença fica por conta apenas do combustível, calculado da seguinte forma:


PREPARATIVOS PARA A SAÍDA E REGRAS DE SEGURANÇA

Antes de partir para a estrada é prudente que se tome alguns cuidados, visando as dificuldades que possam surgir, além de tentar antever e evitar boa parte das emergências. Assim adotamos alguns cuidados essenciais:

a. Estar sempre preparado para qualquer imprevisto, a qualquer momento durante a viagem, principalmente na pilotagem;
b. Qualquer situação em que a pessoa se encontra em risco é o que eu costumo chamar de "quase acidente". Os quase acidentes um dia acabam dando certo e viram um acidente. Devemos antecipar todas as situações de risco para evitá-los;
c. Como a viagem será muito longa, em muitas horas de pilotagem, teremos que cuidar com a distração, como se num transe ou em alfa. Assim as distâncias entre as motos devem ser maiores que aquelas utilizadas normalmente nos deslocamentos urbanos, eu diria que algo como 2 a 5 segundos seria mais razoável, ou cerca de 70m a 150m, dependendo da estrada e da velocidade;
d. Como em alguns locais da Argentina existem muitos animais soltos, cães, porcos, cavalos, jegues, etc., devemos andar com muito cuidado buscando ver de longe a presença deles, entretanto é bom saber que os Guanacos, Llamas e Vicuñas, se camuflam muito bem na paisagem devido às suas cores;
e. Os motoristas argentinos costumam andar em altas velocidades, aliás, como aqui no Brasil, pois as estradas deles são relativamente desertas, se derem sinal de luz quando ultrapassando reduzir e abrir espaço;
f. Os acostamentos na Argentina são normalmente de rípio, ou seja, se sair em velocidade é tombo na certa;
g. O sinais de pisca para ultrapassagem na Argentina também são diferentes dos nossos. O pisca para a direita quer dizer que vem carros em sentido contrário e o pisca para a esquerda depende de interpretação. Se forem 2 a 3 piscadas significa que pode ultrapassar, mas se o pisca ficar ligado, significa que ele vai sair para a esquerda. Lembrem-se que lá não tem acostamento e as conversões à esquerda se dão diretamente da pista, como nós fazemos quando estamos na cidade;
h. O cruzamento dos Andes deve ocorrer sempre nas horas mais quentes do dia, pois o clima é muito imprevisível e podem ocorrer nevascas a qualquer hora do dia. Riscos com água congelada na pista (black ice) também são grandes se a temperatura estiver próxima de zero graus. Devemos lembrar que em altitudes como as dos Andes, a água congela bem acima de zero graus. Com 3 ou 4ºC já há risco de gelo;
i. Ainda temos que considerar que no interior da Argentina assim como do Chile, não chove com frequência, sendo um clima desértico, de sorte que qualquer água avistada sobre a pista pode representar a perda da aderência e, consequentemente, chão, devido à presença de óleo na pista. Isso já aconteceu comigo e depois de muito avaliar o que me derrubou deduzi que foi algo muito simples. Diferença de carga entre as duas bolsas laterais. O que gera o efeito de compensação no guidão (contra-esterço) mantendo o deslocamento retilíneo, se soltamos a mão do guidão e a moto sai da linha reta seja para a esquerda ou para a direita, significa que existe uma compensação com o guidão. Assim, para passar em poças ou trechos molhados é bom checar se está compensando a diferença de carga, porque se estiver, o risco de queda é grande;
j. Em altitudes superiores a 4000m, é altamente recomendado mascar folhas de coca que são relativamente fáceis de encontrar por lá. Ela atua contra o chamado “mal da altitude". Eu, quando acima de 4500m, tenho enjoo, se não estiver adaptado, se não tomar o chá ou mascar a folha de coca;
k. Cada um de nós deverá ser responsável por si mesmo e pelos demais. Ninguém pode fazer nada pelo piloto a não ser ele próprio. Todo cuidado é fundamental para que ao final tenhamos uma viagem excelente e cheia somente de maravilhosas recordações;
l. Os atritos são normais durante o deslocamento, seja por questões maiores ou por questões menores. Mas deveremos encontrar formas de contornar com educação e tolerância. Acreditem, uma viagem assim longa não é muito fácil de administrar as diferenças interpessoais;
m. Todos devem considerar que eu e a Bê estamos fazendo de bom grado, todo o esforço para propiciar que tenhamos uma excelente experiência juntos, formando laços maiores e melhores. Lembrar que cada um faria um planejamento diferente e talvez muito mais completo ou melhor que o nosso, entretanto esse é o que temos no momento;
n. Uma outra preocupação é o Chaco argentino. Trata-se de uma reta muito longa, 732km, e que é extremamente quente no verão. Tanto que quando passamos por lá no passado, em início de Janeiro, pegamos mais de 50ºC, com jaqueta e calça de couro. Tem que estar o tempo todo muito bem hidratado pois pode ocorrer tonturas ou até mesmo um desmaio e, ainda por cima, todo cuidado é pouco, pois além dos animais soltos na região, ainda temos os inimigos internos, como o sono, o cansaço, o stress e os diferentes desejos de cada um por exemplo;
o. Podemos dormir pelo cansaço, pela monotonia ou pela desidratação. Não nos esqueçamos disso, por favor;
p. No Chaco as viseiras dos capacetes deverão estar completamente fechadas, pois a falsa sensação de frescor cozinha nossos rostos e, quem usa lentes de contato, poderá ter suas lentes ressecadas e desidratadas, ficando sem elas. Devemos nos lembrar dos árabes que utilizam roupas de lã para se proteger do calor do deserto;
q. Jamais tirar a jaqueta para andar de camiseta no Chaco ou no deserto. Além da proteção necessária, ainda tem a desidratação violenta. Nem bebendo água é possível fazer frente à forte desidratação das regiões secas e quentes do Deserto do Atacama (o mais seco do mundo) e do Chaco argentino, se estivermos na moto sem proteção;
r. Como a reta do Chaco argentino tem 732km de extensão, o planejamento da viagem divide o trecho em dois, o primeiro até Presidência Roque Saénz Peña e no dia seguinte, finalizando o trajeto;
s. Este ano de 2023 estamos tendo o fenômeno El Niño e, ao que parece, resulta em temperaturas mais amenas, devido às constantes frente frias. Desta forma, temos a esperança de que não esteja tão quente, mas em compensação poderemos ter mais chuvas ou tempestades;
t. Em contrapartida do menor calor ao longo do Chaco, surge a possibilidade de menores temperaturas no Paso de Jama, quando cruzarmos a Cordilheira dos Andes. Sempre poderemos pegar muito frio lá em cima (estimativa de -3 a 10ºC), portanto, levar roupas apropriadas para enfrentá-lo é necessário, mesmo que nem as utilizemos. Além é claro, da preocupação com as chuvas, que nas altitudes da cordilheira, podem significar neve. O importante para a viagem é estar alerta para qualquer problema que possa vir a ocorrer, antevendo os mesmos e atenuando os seus efeitos;
u. Uma das principais coisas que aprendemos ao longo desses anos de viajantes de longas distâncias, foi que a pressa não ajuda, muito pelo contrário, funciona como um estressante enorme. Logo, vamos com calma e tomando todos os cuidados necessários para curtir o caminho. Devagar, além de se ir ao longe, podemos ver por onde vamos. Esse tem sido o nosso lema e a cada dia estamos mais treinados para viajar de forma segura. Meu velho pai ainda me acompanha e lembro que ele dizia: “Quem tem pressa, vai mais devagar!”;
v. Quando fomos para o Ushuaia, aprendi uma lição importante sobre a resiliência. Se eu quero e gosto de andar de moto, chegar não é meu principal objetivo, andar de moto é! Quando a viagem acabar sentirei saudades de estar lá, naquelas estradas lindas e maravilhosas, logo, manter a calma e a capacidade de curtir são fundamentais ao motociclista de longas distâncias;
x. As paradas não podem ser muito frequentes. Paramos comumente a cada 2 ou 3 horas (dependendo da presença ou não do sono) depois de rodar em média 200km – 250km. Muitas paradas, faz com que a viagem não renda e o cansaço domine. As paradas também não devem ser muito longas, pois no destino teremos tempo para descansar, hidratar-se e comer. Se fazemos 2 paradas em um dia de deslocamento, na terceira, teremos rodado aproximadamente 750km;
y. Finalmente, é possível fazer alguma revisão da moto em Salta.
z. Para completar o alfabeto, é importante levar um drink para brindar as realizações com os companheiros assim que o dia termina. Festejar a vida.

Seguindo todas as regras e recomendações de segurança, teremos sempre viagens tranquilas.

DIA 25/12/2023 - DESLOCAMENTO DE CASA ATÉ CASCAVEL 
BOITUVA - CASCAVEL = 805 km
CURITIBA - CASCAVEL = 500 km

O primeiro dia foi diferenciado para a turma. O Walter com a Mari e o Alfredo com a Luciana saíram de Boituva - SP em direção a Cascavel, seguindo pela rodovia Castelo Branco em direção ao interior, pelo roteiro abaixo:

Trecho percorrido de Boituva - Cascavel - 805 km.

Eu e a Bê saímos de Curitiba em direção ao Oeste, pelo rodovia BR-277, até Cascavel. Embora o tempo estivesse um pouco estranho, acabamos por não pegar chuvas no caminho. Após a nossa chegada, choveu bastante em Cascavel. Tudo deu certinho.

Trecho percorrido de Curitiba - Cascavel - 500 km.


Pessoal de Boituva partindo para Cascavel.

Eles chegaram antes de nós em Cascavel.

Chegamos um pouco mais tarde, mas ainda de dia.

O por do sol esteve magnífico, visto da janela do nosso quarto.

Nós juntos no jantar do dia da chegada no hotel em Days Inn Wyngham Cascavel.

DIA 26/12/2023 - DESLOCAMENTO DE CASCAVEL - POSADAS - 562 km

Alteramos o trajeto do plano original, evitando de passar a fronteira por Foz do Iguaçu, que seria a menor distância. Entretanto os 40km que rodamos a mais, compensam largamente os incômodos de cruzar a fronteira naquela cidade incrivelmente movimentada, com filas enormes e um calor insuportável. Assim alteramos o traçado visando maior comodidade, mesmo que rodando um pouco mais.


Trajeto percorrido no dia 26/12/23. 


Levantamos cedo, tomamos café da manhã no horário em que este começou a ser servido, carregamos as motos e partimos em direção ao nosso destino do dia, que seria Posadas, já na Argentina. Nosso plano era o de cruzar a fronteira em Barracão, entrando na Argentina via Bernardo de Irigoyen. Mas, acabamos alterando o nosso roteiro e entramos em Santo Antônio do Sudoeste - BR, cruzando para San Antonio - AR, que fica um pouco mais ao norte.

Nossa chegada na fronteira da Argentina em Santo Antonio do Sudoeste.

Paso Internacional Santo Antonio do Sudoeste - San Antonio.

Muito tranquilo passar por esse local. Fomos muito bem atendidos e rapidamente fizemos a migração. Agora o Passaporte não é mais carimbado na entrada da Argentina. Ficamos um pouco ressabiados com a situação, mas depois, entrando no site das Migraciones Argentinas realmente estava cadastrada a nossa entrada. Eles nos informaram que chegaria por e-mail a nossa entrada, mas isso não funciona bem. Recebi o e-mail da minha entrada depois que já havia retornado ao Brasil e os demais, sequer recebi.


Nós no marco fronteiriço na Argentina.

Cervagens de moto pelo mundo. Documentado.

Local onde estacionamos as motos para os trâmites fronteiriços, já na Argentina.

De San Antonio, onde não havia câmbio, descemos pela Ruta 101, pela Argentina até Bernardo de Irigoyen. Vimos que tomamos a decisão correta. A estrada estava maravilhosa e muito rapidamente chegamos ao nosso destino, onde buscamos pela Casa de Câmbio que conhecemos, defronte à Aduana, mas ela estava fechada por não ter Pesos Argentinos. Como a maior nota deles é a de AR$ 2.000, entretanto, normalmente as cédulas são de AR$ 1.000, que valia, naquele dia cerca de R$5,00. Imagina a quantidade de notas que tínhamos que pegar para levar algo como R$1.000,00. Cerca de 200 notas de mil Pesos. 

Paramos em um posto de gasolina que, infelizmente, não pode ser o ACA, pois ele é YPF e não abastece veículos estrangeiros com gasolina Super 95. Nas cidades fronteiriças, o YPF abastece veículos estrangeiros apenas com gasolina Infinia, que é uma gasolina 98 octanas, mas que não funciona bem em nossas motos, aumentando o consumo e aquecendo o motor mais que a 95. Quando em dias muito quentes, acaba prejudicando mais o motor que a gasolina comum.

Na hora do almoço, em El Dorado, passamos pela cidade e seguimos diretamente até churrascaria, que está localizada na Ruta 12. Perguntamos o preço do almoço a um rapaz que estava atendendo. Depois a proprietária, veio nos informar que o preço era maior. Fiquei um pouco indignado, com a intenção deles em ter dois preços diferentes, um para brasileiros e outro para população local. Ela me perguntou quem havia me passado o preço. Depois da minha indignação e ameaça de ir embora para almoçar em outro local, ela acabou mantendo o valor correto. O valor era AR$8.000/pessoa e ela queria cobrar AR$12.000/pessoa, bem malandrinha ela.

Restaurante El Patio onde almoçamos em El Dorado.

Depois do almoço, continuamos descendo pela Ruta 12, na direção sul até chegarmos em Posadas. Nosso hotel, La Mision - Posadas, encontrava-se localizado em uma avenida que era a antiga Ruta 12, ou seja, sobre a própria estrada. 

A avenida era longa e cheia de semáforos, sendo que todos eles estavam fechados. Sincronização perfeita, não pegamos nenhum deles aberto. Quando chegamos a 2 quadras do hotel, decidi sair pela via auxiliar. Acabamos nos dando mal, pois a via auxiliar, a partir da segunda quadra não era asfaltada e no final dela, bem em frente ao nosso hotel, havia uma obra e a via parecia não dar acesso ao hotel. Já estava escuro, pois era final do dia. Depois de virar a moto descemos e fomos dar uma olhada. Havia um caminho para pedestres, acabamos passando por ali com as motos. 

O calor estava intenso. Fizemos check in, trocamos de roupas e fomos direto para a piscina

O Alfredo estava fazendo uma inveja para o filho, tomando um Quilmão.


No final do dia, jantamos no deck da piscina.

Vista noturna, a partir do deck onde jantamos.


DIA 27/12/2023 - DIA EM POSADAS

Na manhã seguinte tomamos nosso café no hotel e depois saímos para passear pela cidade. Posadas é a Capital da Província de Misiones e programamos passar um dia para conhecer a cidade e descansar um pouco, já que era a primeira viagem longa da Luciane e ela precisaria de tempo para se adaptar.

Assim circulamos pela linda Rambla que tem ao longo do rio Paraná. Com espaços que formam um parque linear muito bonito.

A Bê também aproveitou para ir de garupa, possibilitando tirar fotos durante o passeio.

Rolê pela Rambla em Posadas.

Alfredo e Luciane em nosso passeio por Posadas.

Walter e Mari na Rambla em Posadas. Lugar lindíssimo.

Estacionamos as motos diante do Restaurante El Rancho, onde almoçamos.

Estátua em homenagem ao Índio Guarani que vivia na região de Misiones.

Nós no interior do El Rancho.

Esse Restaurante El Rancho é muito bom. Como a moeda deles está desvalorizada, nesse momento é um restaurante de preços acessíveis para nós brasileiros. Comi um bife de chorizo, como sempre faço quando estou por lá, o preço foi da ordem dos AR$8.000,00 o que equivaliam a cerca de R$40,00. Um bife de quase meio quilo, da melhor qualidade. Outros pediram costela, ou assado de tira, como eles chamam, massas e até um risoto de frutos do mar. Todos os pratos estavam uma delícia. É um local para se voltar sempre que estiver pela região.

O risoto da Mari. Cara mais do que boa.

A massa pedida pela Luciane. Maravilhosa também.

Na saída, planamente satisfeitos, tiramos mais uma foto.

Depois do almoço retornamos ao hotel. Após um merecido descanso, fomos para a piscina curtir um pouco do lindo dia, refrescando-nos. Havia um casal de guarda-vidas cuidando do pessoal e conversando com eles, vimos que o rapaz falava muito bem o português. Ele nos contou que morou em Florianópolis por dois anos, trabalhando como salva-vida nas praias. Disse que sentia saudades daqui e, quem sabe um dia, voltaria a morar aqui. A mulher dele manifestou um forte desejo de se mudar, já que a vida na Argentina não tem estado nada fácil para o povo nesse período.

Nosso dia de descanso foi fabuloso. Nos preparando, para rodar no dia seguinte.

Depois da piscina fomos tomar um banho e combinamos de ir conhecer o Cassino que ficava do outro lado da rua. Quem sabe poderíamos jantar no Restaurante do Cassino. O Cassino é bonito mas tem pouca infraestrutura. Mais máquinas eletrônicas mesmo. Jogamos um pouco e gastamos um pouco também. O Alfredo e a Lu acabaram ganhando um dinheiro. Foi um bom momento. Mas preferimos jantar no hotel mesmo.

A Bê na área de café do Cassino.

Nós todos com a ganhadora do grande prêmio. O Cassino teve prejuízo naquela noite.

No hotel comi novamente o meu bife de chourizo, que na Argentina, é sempre maravilhoso, acompanhado de uma salada. Acho que os argentinos são mais magros que nós brasileiros, por comerem mais carne com salada somente. Sem arroz, feijão e outros carboidratos. Se bem que batata frita eles comem bem também. Os demais carboidratos são bons, como a batata doce, p.e. 



DIA 28/12/2023 - DESLOCAMENTO DE POSADAS - PRESIDENCIA ROQUE SAENZ PEÑA - 504 km

Trajeto que percorremos no dia 28/12 entre Posadas e Roque Saenz Peña.

Dia de rodar novamente. Tomamos café da manhã na primeira hora em que foi servido e saímos. Já estávamos praticamente na beira da estrada. Na noite anterior, eu havia ido até o posto para encher o tanque da minha moto e da moto da Bê. As BMW's não precisariam completar o tanque, pois elas são modelo Adventure e têm um tanque de quase 30 l.

 Partimos para a estrada, com objetivo de uma parada em um posto YPF, em Ituzaingó, para lanche e abastecimento. Depois passaríamos em Resistência, onde eu receberia um aluguel, com um inquilino meu, seguindo até Presidencia Roque Saenz Peña. 

Tirando o calor a viagem foi excelente. A surpresa de ver que Resistência está se tornando uma cidade melhor a cada ano, foi muito boa. Ainda mais, o Chaco de maneira geral, tem evoluído muito nos últimos anos. Lembro que da primeira vez que passamos por lá, em 2009, aquela região era muito abandonada e não tinha praticamente atividade econômica visível, a menos dos reflorestamentos e das fábricas de móveis rústicos. Agora a situação está muito melhor, eles estão expandindo as fronteiras agrícolas e hoje, no Chaco, se vê muito girassol, milho e até mesmo soja, dentre outras.

No Cahco sempre temos que seguir com cuidado. Embora as retas sejam intermináveis e a vontade de ir rápido seja muito grande, temos que cuidar com animais soltos. Esse foi outro ponto que mudou, pois vimos animais soltos, somente depois de Monte Quemado. Antes daquele ponto, havia muito poucos animais.

Chegamos em Roque Saenz Peña ainda muito cedo e o calor estava de matar. Fomos até o quarto e voltamos até a piscina. Pedimos algumas cervejas e uma empanadas argentinas, que foram servidas na borda da piscina. Nos refrescamos e nos divertimos à beça. Brincando e relaxando depois de mais um dia de sucesso e já bem longe de casa.

Arte no Lobby do Hotel Gualok.


Piscina do Hotel Gualok, que está precisando de reformas.

A Bê na piscina. O calor era 43ºC. Não estava fácil.

Nada como uma piscina num dia de 45ºC.

Eu, Alfredo e Walter nos refrescando e tomando cerveja Quillmes.

A Bê e a Mari curtindo as obras de arte na entrada do Hotel Gualok.

Depois da piscina, subimos para tomar um banho e fomos à pé, caminhando até o Restaurante Raices, localizado a umas 4 quadras do hotel. Um Restaurante relativamente simples mas de excelente qualidade. Um bife de chorizo da melhor qualidade, alto e mal passado. Todos os pratos estavam absolutamente saborosos, inclusive a sobremesa que foi panqueca de doce de leite. Os argentinos são especialistas em doce de leita e aquele estava maravilhoso também.

Nosso Restaurante da janta. Maravilhoso. Super recomendo.

Nós todos no Restaurante Raices.

Na churrasqueira do Raices. Muito Top!

Isso merecia um retorno de fds, só para uma carninha.

As meninas.

Nós, os meninos. 

Depois da janta, que foi das melhores, retornamos caminhando e passamos em um comércio de frios e vinhos, onde pudemos ver uma grande quantidade de queijos e frios de excente qualidade além de vinhos ótimos que estamos especialmente baratos. O Cordero con Piel de Lobo, da Casa Mosquita Muerta, estava custando em torno de AR$ 4.000,00, ou seja, R$20,00, nos restaurantes dos hotéis. Ou seja, sempre preferíamos tomar vinho para acompanhar os nossos jantares.

É claro que todos os dias, depois do nosso dia de deslocamento, tinha um shot de Jack Daniels, ao menos enquanto durou o estoque. Eu havia levado um litro e o Walter havia levado uma garrafa grande de bolso. 

Estávamos cansados, mas felizes. Tudo estava funcionando a contento e nossos deslocamentos estavam sendo seguros e sem surpresas. Todos estavam suportando bem o cansaço, inclusive a Lu, que nunca tinha feito uma viagem longa e estava muito preocupada, antes do início, devido ao medo de não suportar o cansaço ou dores quaisquer.

No dia seguinte teríamos uma distância um pouco maior a percorrer, levantaríamos cedo e partiríamos logo após o café.

DIA 29/12/2023 - DESLOCAMENTO DE PRESID. ROQUE SAENZ PEÑA - SALTA - 650 km

Depois de uma noite com muitas chuvas, durante praticamente toda a noite, tivemos tempestades tropicais. O que era um pouco incomum. Pensamos, melhor que chova agora e que durante o dia a situação esteja melhor para nós pegarmos a estrada.

Trajeto do dia 29/12 onde cobriríamos as grandes retas do Chaco.

Dia de cruzar o Chaco argentino, que é sempre uma surpresa, devido aos animais soltos e principalmente, devido às temperaturas e a preocupação de nos mantermos hidratados, evitando problemas desagradáveis, como enjôos e diarréia, principalmente na região de Monte Quemado, Pampa del Infierno e Pampa de Los Guanacos. Mas estávamos preparados para tal.

Logo pela manhã, quando saímos do hotel, nos deslocávamos para a RN-16, que é a estrada que cruza o Chaco, comentei com a Bê no comunicador, que as nuvens à nossa frente, que vinham do sul, pareciam ser uma cadeia de montanhas. Ela me respondeu que não pareciam, eram uma cadeia de montanhas. Eu disse a ela que não poderiam ser, pois aquela região é absolutamente plana e que não se vê montanha alguma no horizonte, para onde quer se olhe. Ela não se convenceu de que não era. Eu disse que era uma tempestade que estava vindo e que, se tivéssemos sorte, poderíamos escapar dela, pois estávamos indo para noroeste e, quem sabe, ela não poderia ficar para trás.

Que nada, enquanto nos deslocávamos fomo vendo que ela foi se aproximando e começou a ventar, indicando que haveria de fato uma tormenta. Comecei a procurar lugar para nos escondermos, nem tanto da chuva, mas sim das coisas que  vento costuma trazer e que podem causar acidentes para nós que somos motociclistas.

Quando a chuva começou a cair, graças a Deus os ventos não estavam tão fortes a ponto de nos causar danos. Entretanto, uma pista que tem pouco movimento e por onde transitam muitos caminhões, fatalmente acaba acumulando óleo espalhado em alguns locais. Considerando que não tinha curvas, era relativamente seguro prosseguir.

Rodamos pouco mais de 38km, estávamos passando por uma localidade muito pequena, chamada Avia Terai, onde a estrada faz uma alça para desviar o povoado, em uma curva muito leve para a esquerda, senti minha moto dar uma leve balançada, do tipo deslizar na pista, mas como tenho pneu de carro atrás, minha moto firmou, pois a área de contato com a pista é muito maior. Logo em seguida, ouvi a Bê no comunicador dizendo: "Outra vez não!" Quando olhei pelo retrovisor, vi que ela e a moto estavam deslizando no chão. Fiz o retorno imediatamente e voltei ao local.

Graças a Deus ela estava bem e não tinha nenhuma dor ou machucado. A moto estava caída no mato e apenas a alguns metros da pista. Eu e o Walter, levantamos a moto e a trouxemos para o acostamento. Do outro lado da estrada, tinha um movimento em torno de uma ambulância, que parecia estar em uma marginal de terra e que, devido à chuva, parecia ter atolado.

Tudo estava certo, fora os estragos da moto, mas a Bê deu pela falta do telefone celular, que estava guardado dentro do porta luvas da moto, que havia sido completamente destruído na queda. Saímos buscando pelo celular dela. Eu andei até o ponto onde ela havia escorregado na curva e então vi que a ambulância também havia escorregado no óleo e depois de rodar na pista acabou entrando mato a dentro, para o lado de dentro da curva, ou seja, para a esquerda. A Bê havia escorregado e seguido para o lado direito. Logo em seguida o Walter gritou que havia encontrado o celular da Bê dentro de uma poça de água. Funcionando e em perfeito estado.

A Ambulância que estava fora de lugar.

O pessoal estava tentando ajudar a retirá-la de lá.



A moto da Bê ficou bem danificada. A carenagem soltou completamente.

Prendi a carenagem com alguns extensores.

Do outro lado ficou ainda pior.

Depois do acidente, dei uma volta com a moto dela e vi que parecia estar andando. Assim seria possível remover a moto daquele ponto que era extremamente perigoso, pois com aquele óleo na pista algum outro veículo poderia nos atingir onde estávamos. A Bê se animou a ir pilotando a moto, mesmo que com o guidão solto, até o posto em Pampa del Infierno. Era um trecho de 43km, aproximadamente. 

O guidão estava se movendo para frente e para trás. Propus que ela levasse a minha moto e eu levaria a dela. Mas ela achou melhor não, pois estava acostumada com a moto dela. Assim fomos bem lentamente e atentos para a possibilidade de aparecerem novos defeitos comprometendo a segurança. Deu tudo certo e chegamos ao nosso destino bem tranquilamente.

No posto, comemos e bebemos muita água, enchemos o tanque das demais motos e, principalmente, a Bê pode ir se acalmando e deixando o estresse para trás. O trauma de uma queda na estrada não é pequeno. Ela ter seguido pilotando a moto avariada, pelos 43km até chegar àquele posto, foi algo realmente memorável. Muito homem, que se diz motociclista, afinaria. Ela é realmente uma moto-viajante de peso. Por isso tenho tranquilidade em viajar sozinho com ela. Se fosse fraca não teria como seguir em frente depois de qualquer dificuldade, mas ela não se entrega facilmente.

Vendo se era possível apertar o guidão, depois de chegar no posto, em Pampa del Infierno.

Colocando a moto no guincho.

O guincho que levou a moto.

Depois de acionarmos o seguro da Tokio, em menos de 1 hora o guincho apareceu. O atendimento foi excelente. Carregar a moto no guincho deu trabalho. O freio dianteiro da moto não mantinha a moto freada. O manete do freio dianteiro ia baixando rapidamente e eu não conseguia manter a moto parada sobre a rampa inclinada. Mesmo que o freio não falhasse, a roda dianteira deslizava para baixo e eu não conseguia segurar com o freio traseiro. Depois de alguma luta, com a ajuda do Walter e do Alfredo, conseguimos manter a moto sobre a plataforma molhada e o motorista acionou o sistema, levantando a rampa e colocando tudo na horizontal. Em seguida prendeu a moto e partiu para Resistência ou Corrientes, onde ficava a garagem da empresa RemolCar, guardando a moto e aguardando pela liberação e autorizações para transporte. 

A partir de Pampa del Infierno, estava chovendo pouco, colocamos as bagagens da Bê dentro do Tour Pack da minha moto e passamos algumas coisas, que estavam no dentro do baú, para a grelha sobre ele e seguimos adiante. Rodamos mais 188km para chegar em Monte Quemado, em um hotel onde já havíamos nos hospedado há anos. No local tem um bom restaurante. Na frente do hotel, tem as bandeiras da foto abaixo.

Bandeiras defronte ao Hotel em Monte Quemado.

Hotel em Monte Quemado (foto obtida no Google Earth).

Por consequência de toda essa situação, tivemos que cancelar nossa reserva em Salta naquele mesmo dia, o que significava que teríamos grande possibilidade de termos que pagar a diária. Liguei para o Hotel Posada del Sol e contei o que havia ocorrido, informando que não poderíamos chegar em Salta naquele dia. O atendente me instruiu a cancelar a reserva no Booking, onde havia sido feita, solicitando que não fosse cobrada a diária. Ele me disse que receberia a solicitação e cancelariam a cobrança. Ficamos muito felizes pela compeenção e consideração deles.

O Hotel Posada del Sol, merece todo o meu respeito e no futuro, sempre que possível, me hospedarei lá. Além de ficar ao lado do escritório do Western Union, me fez essa gentileza. Virei fã!

Eu e a Bê tomando um Jack e fumando um charuto.

Depois de tudo que havia acontecido, eu e a Bê pegamos o Jack e um charuto e ficamos lá fora sentados curtindo e relaxando um pouco enquanto agradecíamos a Deus pelo ocorrido e pelas consequências pífias.Na sequência a Bê acabou secando a garrafa de Jack, praticamente sozinha. Ficou bem alta. Mas estava feliz, afinal tínhamos muito o que comemorar. Ela se safou de muito estrago.

Nós comemorando o sucesso depois dos perrengues que passamos.

Jantamos milanesas argentinas com fritas. Diversos motociclistas foram chegando ao hotel para passarem a noite. Inclusive creio que seja uma opção mais em conta e que atende bem, quando comparada ao custo do Hotel Gualok em Presidencia Roque Sarenz Peña. Um deles comentou que mais 4 motos cairam no mesmo local pelo mesmo motivo. 

Hora de replanejar a viagem. Decidimos seguir diretamente para Purmamarca no dia seguinte, onde já tínhamos reservas para o dia seguinte. Assim, mantivemos a reserva que já tínhamos lá e no dia seguinte seguiríamos os 480km. Ao final de tudo, fomos dormir. 

DIA 30/12/2023 - DESLOCAMENTO DE MONTE QUEMADO - PURMAMARCA - 480 km


Trecho percorrido no dia. Monte Quemado - Purmamarca - 480km

Após um dia, cheio de dificuldades, partimos para seguir em nosso planejamento, daí para frente, tudo passaria a dar muito certo. Essa era a nossa esperança, tantas viagens já realizadas anteriormente sem nunca ter tido tantas dores de cabeça.

Planejamos sair cedo, logo depois do café da manhã. Mas, a Bê começou a ter problemas intestinais. Nem café da manhã ela desceu para tomar. Estava indo direto ao banheiro. Com certeza pela descompressão do estresse do anterior e, principalmente, devido ao Jack que ela tinha tomado na noite anterior. Preparei um soro caseiro, com água, açúcar e sal e ela foi tomando aos poucos. Rapidamente se recuperou. 

Cerca de 1 hora depois, pudemos finalmente sair do hotel e pegar a estrada. Agora, a minha moto estava muito mais pesada e eu tinha que me atentar para isso. Afinal freios e estabilidade estavam bem alterados em relação ao que normalmente estava habituado. Estávamos agora com os 450kg da moto, mais uns 200kg de passageiros e cerca de 50kg de bagagens e ferramentas, uns 700kg se deslocando, algo que exige cuidados, pois esse é o peso de um carro sobre duas rodas.

Como tudo tem pontos positivos e negativos, a partir daquele momento, com a Bê na garupa, passaríamos a ter uma maior produção de imagens.

Essa paisagem é apaixonante.

A imagem do nosso retrovisor eram as 2 BMW.


Aparição dos Andes no horizonte, ainda nas retas do Chaco.

Cada vez chegando mais perto.

No final da RN-16, viramos à direita na RN-34, subindo em direção ao Norte. Nesse trevo reconhecemos um local onde no passado paramos para comer uma empanada e ninguém teve coragem de comer, devido às aparentes falta de higiene. Eu, vendo que tinham muitos caminhões parados no local, criei coragem e pedi uma. Estava uma delícia. Dessa vez, só não parei, por achar que as pessoas realmente não se animariam a provar a empanada. 

Seguimos em direção a Salta e Jujuy. Eu pretendia parar em um posto que tem no cruzamento da RN-34 com a RN-9, em General Güemes. Assim fizemos. Quando parei no posto e enchi o tanque da moto, vi que a luz do ABS estava acesa no painel, indicando que algo não estava bem. Repassei os erros e vi a indicação de que a velocidade da roda traseira estava variando. Muito estranho isso, mas, quando tive problemas com um rolamento, há muito anos, esse era o erro que aparecia. Resetei o erro para ver se sumia. Que nada. A luz permanecia acesa.

Margeando o rio Grande, entre Jujuy e Purmamarca.

Parados na pista, em uma das muitas barreira policiais.

Belezas do caminho. Um memorial.

Casal de brasileiros, que conhecemos no Hotel em Monte Quemado.



Mais rios que escoam as águas do degelo. Eles não tem leito estabilizado.

A paisagem que em Jujuy é verde, rapidamente vai mudando.

Vai mudando rapidamente sem que a gente se dê conta.

Mudando...

Cada vez mais...

No trevo da RN-9 entrando para a RN-52, em direção ao Paso de Jama.


Chegando na derivação da RN-9 para a RN-52. A caminho de Purmamarca.


Quando chegamos em Purmamarca, nos fundos do nosso hotel.

Quando chegamos em Purmamarca, entramos no Hotel Samaywasi e tinha uma descida de cascalho. Quando cheguei a um portão aberto com alguns chalés em fase de acabamento, entrei ali e estacionei a moto. Depois vimos que teria que dar a volta e subir até a entrada do Hotel, que ficava uns 200m adiante.

Depois de fazer o checkin desci novamente à pé para buscar a moto e levar até o outro estacionamento, descarregando as bagagens. Foi quando notei que simplesmente não tinha freio traseiro. O ABS ficava ativado o tempo todo, não me permitindo frear. O dianteiro freava, mas também ficava trepidando, devido à ação do ABS. 

Minha moto no estacionamento do hotel, com o rolamento traseiro estourado.

Vista do Hotel Sumaywasi, onde ficamos. Muito bom!

Entrei em contato com o Grupo de WhatsApp "Harleyros América do Sul". A Daya, que é a mentora do grupo, me informou que haviam 2 conhecidos em Salta que poderiam me ajudar. Ela teve a iniciativa de falar com eles e me passou o contato da Garage Haciendo Caminos, do Alejandro e do Dario, sendo mecânicos, poderiam me ajudar. Entrei em contato com o Dario e ele me disse que estavam de férias, afinal era 30/12, tudo seria mais difícil. 

De qualquer forma ele me explicou algumas coisas: 
1. Verificar se tinha pastilhas de freio;
2. Verificar se tinha fluido de freio;
3. Verificar se havia folga na roda traseira da moto. Levantando a moto e balançando a mesma;
4. Se fosse confirmado que não se tratava de rolamento, poderia retirar o fusível do ABS, desativando-o;
5. Caso o rolamento estivesse com folga, eu não poderia rodar, sob pena de um acidente.

Bem, o Walter pegou um tronco de escora de eucalipto, que tinha na pousada, devido à construção que estavam fazendo e enfiamos ele sob o lado traseiro do quadro da moto. O Alfredo segurou do outro lado para não tombar e eu fui balançar a roda, na esperança de que ela estivesse bem firme. Que nada. Quando empurrada lateralmente, a roda tinha um jogo, com uma boa folga, fazendo o barulho característico. 

Nós nos entreolhamos e vimos que realmente não teria como seguir com a moto. Abaixamos ela e a manobrei para colocar em canto do estacionamento. Que sacanagem! O que fazer? As 2 BMW estavam rodando numa boa e as 2 HD's, por um ou outro motivo, haviam falhado. Somente as BMW's chegariam a San Pedro de Atacama. Que tristeza.

Como não tínhamos muito o que fazer, descemos até a cidade de Purmamarca com as motos, onde pretendíamos comprar algumas lembranças e aqueles que não conheciam o local poderiam se surpreender com o que se encontra alí naquele local remoto e que tem apenas raízes históricas.

Walter e a Mari. Ao fundo as motos estacionadas.

Aproveitei para comprar umas tortillas de choclo com recheio.

Eu e a Bê em frente a Igreja de Purmamarca.

É nóix! Na praça central da cidade.

A belezas na feirinha de artesanatos da praça de Purmamarca.

Alfredo e a Luciane na praça em Purmamarca. Pensa num cara feliz de estar nessa viagem.

Feirinha de artesanato que rodeia a praça central.

A Bê indo jantar. Caminho atrás do nosso Hotel.


A famosa humita, que não deixa de ser uma pamonha diferente.

Um fetuccine com camarões.

A Mari pediu um Capeleti eu acho.

Eu como sempre, pedi um bife de chourizo. Mas era pequeno.

A Bê pediu um estofado de Llama. Muito bom esse prato.

DIA 30/12/2023 - DESLOCAMENTO DE PURMAMARCA - SAN PEDRO DE ATACAMA -  412 km

Trecho percorrido de Purmamarca a San Pedro. 

Eu e o Walter, fomos até o aeroporto de Jujuy e voltamos. 2 x 95km

Quando Levantamos na manhã seguinte, ainda havia um sério problema a resolver. Como eu e a Bê faríamos para continuar a viagem? Não poderia prosseguir com a minha moto, com rolamento estragado.

Aí tivemos a ideia de alugar um carro. Já que na Argentina os custos não são tão altos, poderia me arriscar. Consultei as locadoras existentes no aeroporto de Jujuy, que estava a cerca de 100km de distância. O Walter topou me levar e logo após o café da manhã, partimos. Eu fui na garupa dele, que é um excelente piloto. Fomos bem tranquilos.

As meninas e o Alfredo ficaram passeando por Purmamarca e pela região do Hotel, enquanto a gente ia buscar o carro.

Nossas meninas na feirinha.

Imagens do exterior do nosso Hotel.

Imagens do exterior do nosso Hotel.

A Mari na porteira da cerca das cabras.

A Bê e a Mari. Duas lindas.

Elas se divertiram enquanto eu e o Walter fomos buscar um carro.


O Alfredo documentando a natureza especial do lugar.


Meu amor documentando a paisagem.

O Alfredo e a natureza estranha de Purmamarca.

Alguém lembrando que era véspera de ano novo.

Chegando no aeroporto, não encontramos facilmente uma locadora. Embora houvesse umas 6 ou 7 locadoras no aeroporto, como não havia pousos naquele horário e sendo véspera de ano novo, nada estava aberto. Conversei com uma senhora que recebia os pagamentos do estacionamento e ela me disse que o rapaz da Localiza estava por ali. 

Ela pegou seu telefone e mandou uma mensagem para o rapaz. Quando ele chegou, consultei sobre o valor de um Toyota Etios. Disse que iríamos até o Chile e que teria que ter autorização para cruzar a fronteira. Por sorte ele tinha um carro que poderia cruzar, mas precisaria de uma autorização de Buenos Aires para tal.  

Depois de algumas idas e vindas, o aluguel não poderia ser pago em dinheiro, então ele me mandou um link para pagamento no PagFácil. Eu já havia visto o PagFácil, nas mesmas lojas que operavam com o Western Union. Tudo certo. Mas para passar com o carro para o Chile, teria uma taxa adicional de US$ 150,00, uma paulada. Paguei com o cartão. Depois de mais de 1 hora, conseguimos sair do aeroporto, eu com o carro e o Walter com a moto dele.

Ótimo. Retornamos rapidamente até nosso hotel em Purmamarca para pegar a bagagens e os demais e imediatamente sair para cruzar o Paso de Jama, pois já era tarde, umas 14:00 horas e o dia estava avançando. Cruzar os Andes em horários inadequados pode ser perigoso devido às baixas temperaturas.

Depois de muito tempo, eu e o Walter chegamos com o carro alugado.

Eu e a Bê no marco mais alto da estrada em Jujuy.

Nós todos no Marco do ponto mais alto da rodovia em Jujuy.

A estrada serpenteando pelo deserto.

Chegando nas Salinas Grandes - Argentina.

A paisagem da chegada às Salinas Grandes.
As paisagens são incríveis.

Alfredo e Luciane nas Salinas Grandes. São (5 x 45)km de sal.

Alfredo e Lu com a Llama de sal.

Algumas montanhas ainda continham neve nas altitudes maiores.
Pastos Chicos, onde almoçamos uma comida rápida para seguir.

Vista do lado de fora do restaurante e pousada Pastos Chicos.




Posto de gasolina onde abastecemos em Susques (Pastos Chicos).

Um guanaco selvagem. Esse não é domesticável.

Sem palavras!

Bandeiras no Paso de Jama.

Essa a Bê caprichou.

Walter e Mari, sofrendo com o sol muito claro da altitude (cerca de 4.500m)


Entretanto, algumas das dificuldades que devemos evitar, quando cruzamos os Andes, não foram respeitadas. Devemos cruzar as altitudes, sempre nos horários mais quentes do dia, mesmo nos dias mais quentes do verão, tendo em vista que o clima, acima dos 4.000 de altitude, pode mudar de uma hora para a outra, sem aviso prévio. Bastando entrar uma frente fria para que tudo mude.

Como tivemos que ir buscar o carro, o Walter e o Alfredo acabaram atrasando a saída de Purmamarca o que resultou em chegarmos em San Pedro, mesmo que sem perder muito tempo na travessia, para fotos etc. Eles acabaram pegando temperaturas de 3ºC, nos pontos mais altos. Ainda que as temperaturas não baixaram de 0ºC, não é fácil encarar essa temperatura de moto, com roupas não totalmente adequadas para tal. 

Alfredo seguindo seu caminho feliz..

As paisagens são inacreditáveis.


Foto do por do sol, no alto da cordilheira. Mais tarde. o vermelho vinha do chão, mas não tiramos foto.

O anoitecer foi diferente. Como estávamos em local muito alto, o vermelho do horizonte ficou abaixo do nosso horizonte. Uma paisagem difícil de compreender. Demoramos para ver que era o céu e não uma queimada acontecendo no chão. A pricípio pensei que houvesse uma queimada, mas com o tempo, vimos que o céu vermelho sangue era do por do sol, cujo horizonte, se encontrava mais de 2000m abaixo de nós. 

Nós 3 que estávamos no carro tivemos uma experiência magnífica em ver aquele por do sol, que não estava no céu, como à frente havia um desnível enorme, o vermelhão estava abaixo do do nível da estrada. Uma experiência no mínimo fantástica que tivemos.

Nosso local de ceia de Ano Novo. Simples mas bem agradável.

Distribuíram marcaras e chapéus par a gente festejar.

Todo mundo bonito!

Na frente do Restaurante para ver os fogos. E teve!



O Walter estava acusando o cansaço de ter pegado 3ºC na travessia.

Só alegria e o ano terminando em grande estilo.

Feliz Ano Novo - Feliz 2024!

FELIZ ANO NOVO DE 2024!

2 comentários:

  1. Viagem maravilhosa ! Realmente eu estava muito feliz ! Obrigado meus amigos pela oportunidade ! Jamais esquecerei estes momentos, logo acrescentaremos mais memoriais como estas !

    ResponderExcluir
  2. Viagem maravilhosa , obrigado por me incluir nela ! Lembranças que ficarão guardadas para sempre no meu coração! Pronto para as próximas!!!

    ResponderExcluir