Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Síto Ingá

Neste último final de semana, dias 23 e 24 de Novembro de 2013, é bom citar o ano pois está acabando muito rápido, fomos até São Roque, perto de São Paulo para a festa de final de ano da família muito querida Fachini.

Na verdade foi um final de semana maravilhoso mas ainda assim, foi uma verdadeira saga!

Tudo começou na sexta-feira quando fomos ao Banco para assinar o contrato de financiamento do apartamento que o Conrado, meu filho mais velho comprou. Este é um motivo de muita felicidade, pois trata-se da realização de um filho e, ainda, a maravilhosa possibilidade de tomar um café na casa do filho, o que sem dúvida significa que algo está dando certo pois ele está tomando seus caminhos. Quanta felicidade, filho, essa sensação me trás. Mas não tenho do que reclamar pois todos os 3 são pessoas maravilhosas e que estão construindo suas vidas.

Foi bom que pudemos encontrar o Con e o Gui neste mesmo dia, pois todos tiveram que assinar os documentos para a transferência.

Em seguida saímos para São Paulo, devia ser umas 15:30h da tarde. Vale frisar que eu não estava com o coração em paz, algo me dizia que era melhor eu ficar em Curitiba, festejar a aquisição do Con à noite e quem sabe visitar a feira que estava tendo no Parque Barigui, seguindo para São Roque sómente na amanhã seguinte. Mas como não aprendi ainda a ler as minhas intuições, acabamos saíndo na sexta-feira mesmo.

Não deu nega, a estrada estava molhada durante o trecho todo e depois de rodarmos cerca de 80km, num trecho da serra onde as pistas se separam, encontramos o trânsito parado. Como estávamos de moto fomos seguindo pelos corredores até que chegarmos na frente. Falei para um cara que estava parado ali no acostamento, sob a garoa que caia:
- Vou passar.
Ele me perguntou:
- Mas você tem coragem?
Já fiquei preocupado!
- Porque?
- Por que a pista está cheia de óleo lubrificante que vazou destes motores que caíram do caminhão.
 


Caraca!!!! Tinham muitos pacotes de plástico verde. Quer dizer que dentro de cada um tinha um motor, que depois descobri que eram 12 palets de aço com 6 motores Fiat 1.0 e 1.8 cada um, ou seja, 72 motores caídos na região mais a esquerda da pista, como a curva era para a direita, com uma boa sobrelevação, o óleo lubrificante dos motores rachados havia escorrido sobre a pista toda.

Desci da moto e fui dar uma olhada para reconhecer o local e ver o que dava para fazer e vi que estava muito liso o chão. Tinha um Bob Cat recolhendo os motores e ele patinava muito sobre a pista. Tinha um guincho do tipo plataforma, também da Concessionária, parado no local e o trator ia colocando os motores sobre ele. Era um trabalho muito artesanal e que não me parecia ter muito profissionalismo.

Na minha andança falei com o motorista do caminhão que disse ter desviado de um carro, etc... contou uma estória que com certeza era uma invenção, para se livrar da culpa de estar em excesso de velocidade. Ele contou que havia prendido todos os palets dos motores, que ficaram muito bem encaixados, com fitas de segurança e que o último teria se soltado caindo e os demais foram atrás. O caminhão não havia batido em local algum.

Filho da mãe!!!! O cara dirige irresponsavelmente e acaba prejudicando uma quantidade enorme de pessoas., pois o engarrafamento deve ter chegado a mais de 10km de extensão depois de mais de 3 horas de interrupção completa do trânsito. Mas na verdade não sei o que aconteceu de fato.

Vi um rapaz que chegou logo depois de nós e passou pelo acostamento do lado de baixo da pista. Fique com vontade de ir atrás dele, mas quando vi o óleo e a Bê na minha garupa, não tive coragem. Fiquei com receito de acabar tendo um problema mais sério, com uma derrapagem devido ao óleo retido nos pneus. Bem, como dizia meu pai: "- Quem tem pressa vai mais devagar."

Quando vi que os motores que estavam sendo colocados sobre o guincho iriam acabar esparramando óleo por todo o caminho até onde fosse, fui falar com o responsável da Concessionária. Ele me disse que iria resolver e não fez nada.
Fui falar com o funcionário da fiscalização da ANTT, que estava ali também acompanhando os serviços. Disse a ele que os motores derramando óleo por todo o caminho por onde passasse iria acabar provocando outros acidentes e que isso é uma questão muito séria, que estaria colocando em risco a vida das pessoas. Ele disse que iria dar um jeito. Foi falar com os trabalhadores da Concessionária, eeee, Nada!

Aí chegou o Policial Rodoviário. Parecia um cara muito competente e bem preparado. Não esperei. Fui falar com ele sobre o mesmo assunto que estava me preocupando sobremaneira, pois estávamos sobre 2 rodas, assim como outros 5 ou 6 que já estavam parados ali conosco. O policial entendeu e foi atrás de falar com o pessoal. O caminhão tinha subido um pouco a estrada derramando óleo. Depois que o policial falou com o operador da Concessionária, o cara passou um rádio e, imaginem o que aconteceu? O cara do caminhão voltou. Ou seja, derramou o óleo na ida e na volta e ainda por cima como tinha para onde ir, voltou a subir a estrada para frente.

Que coisa de louco! Que país mais mal preparado para enfrentar problemas. Tudo isso sem falar no meio ambiente, pois todo o óleo lubrificante dos motores estava sendo drenado para o sistema de drenagem pluvial, logo, sendo levado para os rios. Com a ordem do guarda sobre o meu alerta imaginem o que aconteceu? Decidiram jogar todos os motores por cima da mureta da estrada, assim o óleo passaria a vazar diretamente para o vale não precisando passar pelo sistema de drenagem da rodovia. Incrível! Mas ao menos havia a preocupação do guarda em desobstruir a pista para liberar o tráfego novamente.

Nós ali assistindo aquilo tudo. Espalharam cerragem, que veio em um dos caminhões da Concessionária e espalharam sobre o óleo, depois de varrê-lo com um rodo grande para o acostamento do lado interno da curva. Alguns sacos de material calcídico também foram espalhados. Mas como se tratava de óleo lubrificante, que é dos piores para a segurança da pista, tivemos que esperar um caminhão tanque que iria lavar a pista.

Depois de algum tempo, lá veio o caminhão tanque, dava para ver em uma curva distante que se via ao longe. Ele sumiu e fiquei esperando ele reaparecer no alto da curva que dava para ver de onde nós estávamos. Quando ele apareceu, me pareceu que estava um pouco rápido e perto do caminhão de onde os motores haviam caído, sendo que parecia que iria bater nele. Devia ser ilusão de ótica minha. Que nada, ele veio reduzindo muito lentamente a velocidade, passou ao lado do caminhão estacionado e bateu atrás de um carro da própria Concessionária, arremessando ele contra o outro guincho que estava esperando para receber os motores e que depois de eu falar com o guarda não tinha mais função, mas estava parado na frente do carro. O carro bateu no guincho e voltou a bater no caminhão que parou e com as 6 rodas travadas, começo a escorregar para o lado do acostamento, devido à inclinação da sobrelevação da pista. Inacreditável! E nós de moto, com apenas 2 rodas.

Fui conversar com os demais que estavam de moto ali parados esperando, para poder falar sobre os riscos que teríamos na passagem e alguns vários kms à frente, tendo em vista que não sabíamos até onde o guincho anterior havia lavando os motores espalhando óleo pela pista.

Depois do "strike" que o caminhão tanque fez, mais uns 15 minutos se passaram e então ele começou a esguichar água sob pressão para remover a cerragem que havia sido espalhada sobre o óleo para absorvê-lo, bem como o material calcídico. Várias idas e vindas e todo aquele material com o óleo foi escoando para o acostamento. Não precisa ser muito esperto para saber que água não remove óleo, se não tiver nenhum tipo de detergente, mas não tinha detergente nenhum, apenas água.

Após umas 10 passadas do caminhão jogando água, o caminhão saiu de cena e o pessoal voltou com vários sacos de material calcídico novamente. Espalhando por tudo aquele pó branco e nós ali esperando, àquela altura, há mais de 2 horas.

Depois o guarda veio novamente falar comigo, dizendo que quando liberassem o tráfego seria melhor esperar que alguns caminhões passassem, limpando um pouco o óleo poderia ser que ficasse mais seguro para nós passarmos. Ponderamos, mas acho que não. Como não podíamos voltar, seguimos em frente assim que liberaram o trânsito. O Policial ainda arranjou mais uma boa estratégia. Quando liberou o trânsito, foi uma cabrita 650 na frente e eu atrás dela e as demais motos atrás de nós. Muito calmamente, em primeira, sem puxar o cabo, quase em marcha lenta, por cima do pó branco. Quando acabou o trecho da curva, fui mais para perto do caminhão estacionado, pois por algum motivo, para mim parecia que ali estava mais seguro, já que os carros passaram mais à direita espalhando o óleo. Aí um funcionário disse: - Vai pela areia! Vai pela areia! É mais seguro.

Tudo bem. Fomos indo. A garoa simplesmente não parava. Como eu dizia, o Policial colocou os dois caminhões, o guincho que não tinha os motores sobre ele e o caminhão pipa, um em cada pista, para segurar o pessoal durante uns quilômetros, assim evitando que desenvolvessem velocidade, que poderia acabar resultando em outro acidente. Eu segui atrás deles juntamente com os demais por uns 500m, aí eles abriram uma grande brecha entre os 2 caminhões e sinalizaram para que nós de moto, passássemos pelo meio deles, assim fizemos e seguimos a não mais de 40 km/h, por mais de 2km, aí aumentando para 60km/h, mas sempre pela pista da esquerda, pois o guincho devia ter seguido pela pista da direita espalhando óleo pelo caminho.

Depois de uns 10km eu já estava mais tranquilo e confiante. Mas mesmo assim sempre com muito cuidado pois neste dia, especialmente, a bruxa estava mesmo solta. Creio que vimos cerca de 10 acidentes, principalmente com caminhões tombados e caídos para qualquer dos lados da pista, sem discriminação de trechos retos ou curvos.

Claro que anoiteceu logo. Paramos no Petropen (Graal) para jantar e descobri que ali não tem hotel e que somente em Registro mesmo é que tem. Jantamos e fomos em frente na dúvida se dormíamos pelo caminho para seguir no dia seguinte ou se seguíamos direto para o sítio em São Roque, que estava ainda a mais de 200km de distância.

Saímos do Petropen e conversamos sobre o que fazer. Pensei um pouco sobre os avisos que teria para seguir ou não. Aí pensei um pouco e vi que nem sequer queria ter vindo na sexta e ainda por cima, só não tinha ficado no Petropen devido ao fato de não ter hotel ali. Bem, não precisava de mais nenhum sinal. Paramos em Registro no antigo Hotel Estoril Palace, localizado às margens da rodovia, logo depois da ponte sobre o rio em Registro.

Ligamos novamente para o Cláudio para avisá-lo o que havia acontecido e que não chegaríamos mais naquela noite. Já eram 22h quando paramos no hotel, sempre com chuva ao longo do caminho. Quando não chovia, garoava.

Negociamos o preço da diária, tinha estacionamento, pegamos apenas o estritamente necessário na moto, para podermos seguir na manhã seguinte. Dormimos muito bem, o Hotel é simples mas é bom. Tomamos um belo banho, um ótimo café da manhã, falamos com o português que é dono do hotel e estava no salão do café cuidando de tudo, conversei com ele que lembrava das instalações dele que ficavam do outro lado da rodovia após a ponte. Ele contou que estava em Registro a mais de 40 anos e que ficava lá mesmo, que teve um restaurante, churrascaria, posto de combustível, lanchonete, mas que depois teve que mudar para o hotel. O que foi uma decisão acertada pois ali no local, nada mais deu certo mesmo. O Buenos Aires acabou abrindo alguns quilômetros para frente e acabou o movimento naquele trecho da ponte.

Quando nós viajávamos para visitar a família em Ribeirão Preto, passávamos por ali e como íamos pelo menos duas vezes por ano, durante as férias escolares, parávamos lá toda vez. Boas e antigas recordações.

Na manhã seguinte tomamos um café da manhã muito acima do esperado, com muita variedade e qualidade. Nos arrumamos com roupas de chuva e tudo o mais de direito e saímos do hotel às 8h da manhã. Claro que o clima não havia mudado em nada e continuava chovendo ou garoando. A subida da Serra do Cafezal é sempre muito complicada e nesse dia não foi muito diferente, mas ao menos, ficamos parados em muito poucos lugares. Chegamos ao Rodoanel e depois a Raposo Tavares em direção a São Roque.

Achar o sítio foi fácil, o difícil foi entrar no mesmo, Tem um trecho de uns 2 km de terra que estavam muito bem cascalhados, o que facilitava a condução, mesmo com toda aquela chuva de dias, mas na entrada do sítio tem uns 500m, com uma subida que estava lisa, até um trilho de pedras, que também estava liso. A moto ia derrapando e dançando. Quando chegamos no alto a Bê perguntou se eu não queria que ela descesse, claro que concordei, Estávamos em frente a casa do caseiro do sítio.

Iniciei a descida, claro que usando apenas os freios traseiros, mas o ABS não parava de destravar a roda pois estava muito liso. Fui pelo canto esquerdo, sempre usando a técnica que aprendi na nossa ida ao Ushuaia, ou seja, dirigindo a moto com o corpo e deixando que a moto derrapasse sem tentar corrigir, o que fatalmente, levaria ao deslizamento da roda dianteira o que significaria um tombo imediato.

No link a seguir dá para ver o filme na página do Facebook:  https://www.facebook.com/photo.php?v=10202687498249743

À minha frente um verdadeiro atoleiro, com areia e barro, aí desci da moto e fui à pé para ver mais de perto como encarar o trecho de uns 20m apenas, mas que confesso que cheguei a pensar em deixar a moto ali mesmo e seguir à pé. Mas como não sou de me mixar para as situações e ainda o problema de segurança que poderia ter em deixar a moto ali, decidi que tinha que seguir em frente. A Bê passou o trecho a pé e foi filmar a minha passagem.  Não caí, mas que a moto dançou, Ah! isso dançou e não foi pouco. Até morreu no meio do caminho, mas fui com todo o cuidado, acompanhando metro a metro, ou centímetro a centímetro, para ser mais franco.

Quando consegui atingir o trilho de concreto após a porteira do sítio e vi que o Cláudio estava vindo à pé pelo caminho para nos receber. Eu estava muito satisfeito com o feito, pois havia conseguido passar o trecho, que não era coisa simples.

Descarregamos a moto, tomamos um banho muito merecido, trocamos de roupas e fomos para a festa de final de ano da família que estava uma delícia. Tinha até mesmo uma foto nossa na árvore de natal assim como dos demais da família. Foi uma delícia de momentos que tivemos depois de tanta estrada complicada que havíamos tido desde o dia anterior. Durante o tempo que estive lá, sempre me vinha a lembrança de que ainda teria que sair dali no dia seguinte, mas não queria pensar nisso.

Aquela família é de pessoas muito especiais que amamos muito e que temos grande satisfação em estarmos juntos. Rimos muito, ouvimos música, conversamos, cantamos, comemos e bebemos um bocado de caipira e de Whisky.

Além de um churrasco muito especial, feito pelo baianinho, que é dos melhores. Tudo muito bom. Vimos Pau Brasil, árvores frutíferas e demais melhorias que foram implementadas no sitio, neste último ano.

Fomos dormir muito tarde, pois até mesmo buraco nós jogamos, em 6 pessoas, formando suas triplas. Nunca tinha jogado assim, mas foi muito bom rever todos os amigos da casa.

Manhã seguinte, ganhamos uma linguiça italiana, daquela apimentada que é uma delícia e meia dúzia de pães italianos de verdade, daquele pré-assado que só o Cláudio mesmo sabe onde comprar. A gente tem que terminar de assar o pão, por 40 minutos e comer esse pão quente com uma senhora casca dura e miolo macio. Muito diferente dos demais pães que dizem ser italianos, dos demais lugares que tentam fabricar cópias desse que é o melhor pão do mundo, na minha opinião. Claro que arranjamos lugar na moto para trazer os pães.

Parou de chover de madrugada e quando levantamos tinha até mesmo sol. Tomamos nosso café da manhã com muita calma, conversamos, ganhamos mais um pão que não foi consumido e juntamos tudo, vestimos todas as roupas, carregamos a moto e chegou a hora de sair dali.

Até a porteira foi tranquilo, mas quando cheguei no local do atoleiro o mesmo estava muito pior que no dia anterior, pois depois de passarem todos os carros que passaram, a coisa ficou mesmo uma meleca danada. Parei a moto e fui dar uma avaliada por onde passar. Passei à pé de lá para cá e daqui para lá. O caseiro do sítio, que é um senhor muito disposto, foi buscar uma enxada para poder dar uma ajeitada no trecho e não tinha muito o que enrolar, o negócio seria encarar e pronto. fui indo pelos caminhos planejados até que consegui passar depois da moto dançar muito. Quando cheguei na subida, vi que a coisa estava ainda mais triste, pois não poderia parar e nem segurar com o pé. Aí sim foi legal. A moto dançando e eu seguindo em cima do cavalo chucro, meio de um lado para o outro, controlando com o corpo a derrapagem, sem acelerar perdendo completamente o controle da moto. Assim cheguei até o topo da subida, novamente em frente a casa do caseiro.

Ali achei que a Bê poderia subir na moto, mas disse que não, ela preferia ir à pé até a entrada da estrada principal, cascalhada. Ainda bem que ela optou por isso, pois a descida estava muito lisa e o ABS não parou de acionar para não travar a roda traseira, sendo que acertar o trilho de paralelepípedos foi uma loteria e ainda assim continuou a derrapar para os lados, sendo que após o trecho de trilhos ainda tinha uns bolsões de lama que deram algum trabalho. Quando cheguei no início da estrada fiquei mesmo muito feliz pela vitória. Com os pés cheios de lama, mas com o coração em festa. Agora seria mais fácil um pouco, claro que a estradinha estava molhada e teríamos ainda trechos lisos com a moto dançando um pouco, mas nada que não daria para levar. Lentamente e com muito cuidado, mas nada parecido com este pedaço mais difícil.

Assim foi até que chegamos à estrada vicinal asfaltada, o que realmente foi uma vitória. Chegamos à Raposo novamente e tínhamos a bagatela de 730km para rodar até Florianópolis, não estava chovendo, mas tudo indicava que a qualquer momento poderia começar a cair água novamente e realmente não demorou muito para começar a chover. Ficamos achando muito bom que durante pelo menos 12 horas antes de sairmos do sítio não choveu e já havia sido difícil, imagine se não tivesse parado de chover como teria sido para sair dali!

Chegamos no Rodoanel, saímos pela direita e fomos seguindo até a Regis (116), assim que chegamos lá já estava chovendo novamente. O trecho de pista dupla foi muito tranquilo, mas o trecho de pista simples da Serra do Cafezal foi uma dureza danada. O trecho estava muito movimentado e como todos dirigem mais devagar devido ao trecho ser muito perigoso, não vimos nenhum acidente, mas em compensação, quando chegamos no trecho depois de Registro, a coisa mudou.

Vimos cerca de 20 acidentes ao longo do trecho de volta. Principalmente com caminhões caídos e tombados fora da pista, tiveram também 3 ou 4 carros que estavam capotados, ou no mato ou ainda haviam rodado na pista e parado por perto do acostamento. Mas, o pior é que comecei a ficar com a sensação de que éramos sobreviventes daquela estrada. Todo cuidado era pouco, pois a pista é muito lisa por não estar chovendo muito forte, o que piora sensivelmente a aderência. Duas rodas são 2 rodas. Não dá para bobear e nem para dar uma derrapadinha. Principalmente com garupa que é uma responsabilidade ainda maior.

Paramos no Buenos Aires para almoçar, chegando lá encontramos a Vânia e o marido, que no momento não me recordo o nome. Um casal muito bacana que já estivemos em diversas outras oportunidades juntos. Como eu ainda não tinha estacionado a moto, ele veio ajudar a puxar a moto para trás, para poder encostar. Batemos um papo sobre a estrada que estava muito ruim e na ida eles tinham ficado parados no mesmo acidente do caminhão, que derrubou os motores na estrada.

Eles foram tomar um lanche, ou apenas um café e eu e a Bê almoçamos. Saímos logo depois deles, que estavam de caminhonete e não os encontramos mais ao longo do caminho. Mas quando estávamos chegando em Curitiba encontramos uma Ultra comemorativa dos 110 Anos, na cor em tons de marrom. Passamos por ele que ia relativamente devagar e em seguida ele aumentou a velocidade e veio nos seguindo, o que é normal quando se está viajando sozinho, engatar em alguém para poder aumentar a segurança na viagem e ter alguém por perto que possa atender qualquer imprevisto.

Novamente vale lembrar que qualquer motociclista que tenha alguma responsabilidade, toda vez que sai tem clareza, conscientemente ou não, de que a vida é algo muito delicado e que a qualquer momento podemos nos envolver em uma situação que pode nos tirar a vida. Claro que sem exageros, pois não é bem assim, mas como se fala muito das motocicletas acaba ficando assim. Muitas pessoas morrem em outros tipos de acidentes e aos montes, mas as motos tem a ajuda dos motoboys e eles ajudam muito a levantar as estatísticas. Mas, independente de qualquer coisa o nosso brinquedinho é mesmo perigoso.

Viramos direto pelo Contorno não entrando em Curitiba, embora quiséssemos passar para dar uma olhadinha nos nossos netinhos, mas não deu certo devido ao horário, pois já passava das 5h da tarde e ainda tínhamos um bom trecho até Florianópolis.

Como havíamos abastecido em Registro, precisaria parar em um posto para encher o tanque e poder seguir direto até nosso destino final. Quando chegamos à primeira praça de pedágio, o nosso acompanhante se adiantou na cabine, pagou o pedágio para nós e comentou de pararmos em um posto para conversar um pouco. Considerando que a placa da moto dele iniciava com a letra D, logo foi comprada em São Paulo, mas a placa era de Fortaleza, no Ceará, ou seja, o cara devia estar vindo de longe mesmo.

A moto do Sérgio, ele, eu e a Bê. No posto.

Paramos em um posto para conversar e encher o tanque. Ele realmente era de Fortaleza, o nome dele é Sérgio e estava indo para o encontro de Punta del Este. Que legal. A gente queria muito poder ter ido também, mas não deu certo. Trabalho  é trabalho e quase nunca nos dá uma trégua como essa. Como ele estava indo para Itajaí, dormir naquele dia, para depois seguir para Floripa pois iria sair juntamente com o pessoal do HOG de Floripa para Punta, junto com nossos amigos Zunino e demais companheiros de Floripa.



Nossa querida descansando um pouquinho no
restaurante de gasolina. Hehehee.
Foi uma boa conversa, mas como ele deveria estar em Florianópolis no dia seguinte, combinamos de jantarmos juntos na terça-feira. Passei o meu telefone para ele e ele ficou de ligar para combinarmos. A conversa foi muito boa e o Sérgio é um cara muito conversador e simpático. Gente boa como todo cara que anda por aí de HD, conhecendo o mundo. Seguimos juntos até Itajaí, e então ele entrou e nós seguimos em frente.

O Sérgio, eu e a Bê. Juntos no posto da BR-101.
Chegamos em casa molhados, somente por fora, graças a Deus, mas não por falta de chuva.


Poucas vezes viajamos com uma chuva como essa que tivemos que encarar nesta viagem. Depois que saímos do posto a coisa realmente ficou preta. Em Joinville a chuva era muito forte, mas a pista parecia limpa e a moto vinha firme, nada a ver com a BR-116, tanto que conseguíamos manter a velocidade em 80 a 110km/h ao longo do trecho. Claro que nas curvas da serra viemos mais devagar, na casa dos 60 a 80. Chegamos a lembrar daquela vinda do Uruguai junto com o Daniel, acho que na Páscoa de 2010, quando viemos de Jaguarão a Curitiba sob uma chuva muito forte e sem nem sequer um minuto de trégua. Mas dessa vez até que tinha uns pequenos trechos de garoa.  Quando chegamos em Floripa estava garoando.

Foi um fim de semana dos melhores, principalmente pelo prazer de estar acompanhado da Bê e de amigos da melhor qualidade apesar de tanta chuva, mas ao menos andamos de moto. Isso sim é que ajuda muito na satisfação. Ao menos na nossa.

Brindando com refrigerante mesmo no Ostradamus.

As meninas que nos levam muito longe.




A moto do Sérgio.




Realmente o Sérgio ligou na terça-feira, dizendo que estava hospedado no Íbis e marcamos de nos encontrar as 20:30h na frente do hotel dele, para irmos jantar. Acabamos indo no Ostradamus, no Ribeirão da Ilha, que é uma região muito bonita da Ilha de Santa Catarina.

Foi uma noite maravilhosa, pois rimos muito e contamos e escutamos muita história. O mais interessante é que ele me lembrou muito do Juarez, meu querido primo que não tenho visto com a mesma frequência com que gostaria, mas fazer o que? A vida acaba sendo assim mesmo. Os caminhos podem distanciar, mas estamos sempre próximos, ao menos no coração. Certo Juarez?

Depois que saímos de lá ainda fomos na praça mirante da ponte velha que está muito bonita, toda iluminada para o Natal.








Abraços pessoal.

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