Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

domingo, 17 de novembro de 2013

15 de Novembro de 2013 - URUBICI/SC


EXTRA!  EXTRA! EXTRA!

FELICIDADE!!!!

Depois de um longo ano, contado a partir do acidente que o Lauro e a Edite sofreram na viagem de ida para o Ushuaia juntamente comigo e com a Bê, o Lauro recomprou uma motocicleta. Desta vez uma maravilhosa Ultra Limited da cor preta, idêntica aquela com a qual eu e a Bê viajamos no ano passado.

Seja bem vindo neste seu retorno Lauro e que este casal que tanto amamos seja protegido por Deus em suas andanças pelo mundo, montados em sua nova HD. Que Deus permaneça nos protegendo a todos e para pedir isso é que nesse final de semana com feriado, iniciamos o nosso trajeto passando por Nova Trento, visitando o Santuário da Madre Paulina.

A retomada é sempre muito difícil depois de um acidente como aquele que resultou no aborto da viagem ao Ushuaia, um sonho dessa grandeza, bruscamente interrompido, deixa marcas profundas em nossos corações. No meu e no da Bê, que tivemos e ainda temos lutado para uma superação, que nunca é completa, pois a experiência deixa marcas e essas poderíamos chamar das cicatrizes da vida que permanecem gravadas em algum lugar em nossas almas e encontram-se tão complexamente escondidas que, embora possamos superar a maior parte de seus efeitos, não temos a menor condição de perscrutarmos todos os seus meandros.

Neles as marcas são ainda maiores, mas o que importa é nunca perder o ânimo e a vontade de viver. Como tenho dito muitas vezes aqui neste blog, o nosso briquedo é muito perigoso, por isso precisamos sempre manter todos os nossos sentidos e habilidades a postos para qualquer eventualidade sempre buscando antecipar os fatos para evitar problemas.

Todas as vezes que saímos para uma viagem, seja ela curta ou longa, peço a Deus que cuide da parcela invisível, aquela que não tenho a menor condição de imaginar que possa existir e peço ainda que me dê  habilidade para poder cuidar daquilo que é visível aos meus sentidos, sempre com a ajuda dEle podendo antecipar todas as situações adversas e nos manter, a mim e à minha garupeira Bê, em segurança, bem como aos demais que porventura estejam viajando conosco, pois o prazer supera as tensões que porventura nos acompanham, aprendemos que tomando-se os cuidados necessários, os riscos realmente diminuem bastante, ficando ainda nas mãos de Deus, aquilo que é do invisível e que temos que passar por motivos que desconhecemos.
 
Mas voltando aos fatos, neste feriado o trânsito estava terrível na BR-101, entre Curitiba e Florianópolis, sabíamos disso antecipadamente pois o Luciano veio de ônibus de Curitiba na quinta-feira pela manhã e disse que estava uma confusão enorme no trânsito e que o ônibus acabou se atrasando mais de 2 horas.

A previsão era de tempo bom e nós já havíamos combinado que quando o Lauro comprasse a sua nova moto, a nossa primeira viagem seria para o Santuário da Madre Paulina afim de pedir a benção para as nossas novas andanças. Como a moto nova do Daniel não ficou pronta, pois agora ele comprou uma Triumph Tiger 1200, uma bela cabrita Triunpheira, embora não seja uma Harley, ele e a Ana seguiriam de carro.

Como o trânsito esperado para a BR-101 era dos piores e de carro o Daniel não se animou a descer até Nova Trento, desta forma combinamos, eu e o Lauro, de irmos até lá. O Daniel iria direto para Urubici seguindo pelas estradas vicinais, passando por Tijucas do Sul, Jaraguá do Sul, Pomerode, Blumenau, Rio do Sul, Alfredo Wagner e finalmente chegando na Pousada Trinca Ferro.

O Lauro iria sair de casa às 4:30h da manhã, para evitar o congestionamento, e deveria chegar em Tijucas, entrada para Nova Trento, às 7:30 da manhã. Desta forma, eu e a Bê levantamos muito cedo as 5:30, nos arrumamos e às 7h da matina estávamos em Tijucas, esperando por eles no ponto de encontro combinado.

 
Vale frisar que tudo isso acontecendo conforme havíamos combinado já a cerca de 1 mês e a novidade é que a Cíntia, filha da Bê, estava aqui em casa desde a semana anterior com os dois netinhos maravilhosos. O Lucianinho, que já está com 3 aninhos e o Bernardo que tem quase 2 meses de idade. O Luciano veio para pegá-los e nós acabamos tendo que deixá-los sozinhos aqui em casa, pois estávamos com muita vontade de passear de moto. Estávamos parados feito árvore já a mais de 20 dias, o que para nós é demais mesmo.

Que nada, eles demoraram muito, pois o movimento na BR virou a noite e não deu sossego nem um momento. Eles acabaram chegando às 11:30h da manhã, ou seja, demoraram 7 horas para cobrir um trajeto de cerca de 260km e olha que vieram de moto, passando pelos carros parados através dos corredores. Que treino ele teve que encarar já em sua primeira viagem. Nós ficamos ali no posto parados, conversando e morrendo de sono, pensando que poderíamos ter dormido mais um tanto, tomado café da manhã com o Luciano, Cíntia e netos, etc. O bom foi que conhecemos o Paulo Alexandre, que está morando em Tijucas e que morou muitos anos em Florianópolis, primeiro presidente da Associação de motociclismo de SC e é amigo de muitos dos nossos amigos, por exemplo o Henrique, hoje na FloripaHD e o Assis, entre outros. Interessante os entrelaçamentos dos caminhos.

Mas como sempre, o espírito do motociclismo é muito forte mesmo e nem ligamos de ficar ali esperando por quatro horas e meia e quando eles chegaram foi uma festa enorme. De tanque cheio partimos para Nova Trento, pois não poderíamos perder tempo, tínhamos um longo caminho pela frente.

Almoçamos em um restaurante italiano bem legal, já ao lado do Santuário e seguimos até lá.

A visão da chegada do Santuário da Madre Paulina é surpreendente devido à imponência da Igreja, a sua escadaria, a rampa, o teleférico, que infelizmente não tivemos tempo de ir. Entramos na antiga Igrejinha, localizada em baixo do morro, e nos deparamos com algumas freiras benzendo os fieis que se aproximavam para tal, claro que não tivemos dúvida em nos apresentarmos para tal.

Foi um momento muito especial, cada um de nós teve uma experiência diferente, a Bê contou que a freira a parabenizou pela felicidade que emanava de seu coração e que ela estava no caminho certo, a mim ela benzeu e senti um impulso de fazer o sinal da cruz na testa dela e apor a minha mão sobre sua cabeça. Ela abaixou a cabeça e rezou comigo algumas palavras que simplesmente vieram de algum lugar dentro do meu coração. Foi um momento mágico. Saí da Igreja me sentindo muito leve e sem conseguir entender o que havia acontecido.

Saímos dali e subimos a rampa até a Basílica (se é que é uma Basílica) onde estava iniciando uma Missa. Sentimos vontade de ficar, mas o tempo não permitia, pois já passava das 3h da tarde e ainda estávamos a mais de 300km de Urubici, pois não retornaríamos à BR-101, onde a distância é mais curta e o movimento maior, iríamos via Gaspar, Blumenau, Rio do Sul pelo mesmo caminho que o Daniel havia passado, assim conheceríamos uma estrada muito bonita.

Realmente a estrada é muito bonita, os locais por onde passamos são maravilhosos. Chegamos na pousada já era umas 9h da noite e o trecho da rodovia estadual que liga a BR-282 a Urubici acabou de ser recapada e está absolutamente sem sinalização. Erramos a entrada da pousada e tivemos que encontrar um local para fazer o retorno. A entrada da Pousada Trinca Ferro é de cascalho e em subida com algumas curvas, mas é um trecho curto, coisa de uns 300m. Como a estrada estava em boas condições subimos sem maiores problemas.

Fomos recebidos pelo Daniel e Ana Paula que desceram imediatamente quando escutaram os roncos das motos e pela Iolanda, proprietária da pousada juntamente com o Marcelo seu marido. Foi uma festa geral o nosso encontro. Trecho percorrido, bençãos realizadas, viagem de reestreia do Lauro junto conosco, tudo perfeito.

Descarregamos as motos, estacionamos na garagem coberta que o Marcelo nos indicou e fomos à área do restaurante da pousada para tomarmos um bom vinho e festejarmos a nossa viagem, saber de todos os detalhes do ocorrido no trajeto e essas coisas dos reencontros de amigos de alma limpa.

Jantamos e tomamos 2 garrafas de vinho argentino de muito boa qualidade, Pinot Noi, que o Daniel havia escolhido, uma delícia. O mais interessante do jantar é que tinha um prato chamado entrevero. O Marcelo nos explicou que é um prato típico da serra catarinense e que é feito de uma mistura de carnes, linguiças e bacon com pinhões inteiros. Resumindo, uma delícia!

Quando descemos para os nossos chalés, peguei o Sino Guardião que havia comprado para dar de presente ao Lauro e entreguei a ele. Nem imaginava que ele ficaria tão emocionado com o presente. Foi um momento muito especial. Sei exatamente o que é isso pois eu também esperei por muito tempo para ganhar um e quando o João Zucoloto me presenteou com um também me senti muito honrado e feliz.

Abaixo apresento um texto explicativo do Sino Guardião, retirado do Blog do Tropeiro do Asfalto, que faço questão de citar aqui por ter sido o local onde encontrei a versão mais completa dessa história ou seria estória?


"Sino Guardião
O Sino Guardião protege os motociclistas contra os maus espíritos que vagam pelas estradas e por vezes os acompanham em suas viagens.
Estes espíritos, além de pegar carona em passeios de moto, também gostam de criar o caos de diversas formas, lâmpadas queimadas, pneus furados e parafusos soltos são apenas uma pequena amostra dos problemas que eles causam em suas brincadeiras e jogos.
O presentear de um sino guardião a um motociclista forja uma corrente de proteção contra os males causados por estes espíritos. Com o sino preso a sua motocicleta, o motociclista sempre fará viagens sabendo que encontrará amizade em quem possa confiar e numa Força Maior a lhe proteger.

A Lenda
Muitos anos atrás, numa noite fria de dezembro, um velho motociclista percorria uma estrada sinuosa em sua moto voltando de uma viagem com os alforjes cheios de brinquedos e outras lembrancinhas para as crianças de um orfanato que ele ajudava.
Enquanto rodava ao longo daquela noite, refletia no fundo do seu pensamento o quanto ele tinha sido feliz na vida, na sua moto que não perdia o brilho aos seus olhos e o acompanhava a percorrer as estradas, nunca o decepcionando nos muitos anos que rodaram juntos.

A alguns quilômetros, num trecho deserto, vagavam uma legião de espíritos demoníacos, estes espíritos são aqueles que sempre deixam os obstáculos como um sapato, tijolos, placas e pedaços de pneus velhos na estrada, e também criam os buracos, tão temidos pelos motociclistas, para causar acidentes, tendo assim motivos para se divertirem com os acidentes frutos de seus atos de maldade.
Numa curva logo à frente os espíritos criaram uma armadilha numa emboscada, fazendo o motociclista cair, saindo do asfalto, a derrapar para fora da estrada. Ao dar por si viu a moto sobre sua perna e ao seu alcance um de seus alforjes que tinha se soltado. Incapaz de se mover, os espíritos demoníacos foram em sua direção assombrando-o. Ele começou a atirar tudo o que estava ao seu alcance, incluído a bagagem do alforje, numa tentativa frustrada de espantar os espíritos que o atormentavam. Finalmente, sem nada mais para jogar e apenas um pequeno sino, ele começou a tocar-lo na esperança de afugentar os espíritos.

Ali bem perto, cerca de meio quilômetro de distância, acampados a beira da estrada, estavam dois outros motociclistas sentados em volta de uma fogueira, falando sobre sua viagem de dia, e a sensação de liberdade do vento soprando em seus rostos ao rodar pelas estradas. Na quietude do ar da noite eles ouviram o que parecia a eles como sinos de igreja, ao procurar encontraram o estradeiro acidentado a margem da estrada com os espíritos a atormentá-lo. Ungidos pela força que une a irmandade motociclista eles repreenderam os espíritos, que fugiram de volta às sombras refugiando-se na escuridão da noite. Agradecendo aos dois motociclistas, o estradeiro ofereceu pagá-los pela sua ajuda, mas como todos os verdadeiros motociclistas fazem, eles se recusaram a aceitar qualquer tipo de pagamento. Para não deixar uma boa ação passar despercebida, o estradeiro cortou dois pedaços de couro das franjas de seus alforjes e amarrou um sino para cada um. Ele então os colocou em cada uma das motos dos motociclistas, bem próximo do chão. Cansado, o velho estradeiro disse aos dois viajantes que, com os sinos colocados em suas motos, eles estariam protegidos contra os maus espíritos das estradas e que, se em apuros, bastaria tocar o sino para um motociclista companheiro vir em seu auxílio. 
A Tradição

Esta história do estradeiro e os maus espíritos das estradas, com o passar dos anos, deu origem a tradição do sino guardião.

Os maus espíritos das estradas são afugentados e capturados pelo Sino Guardião, que funciona como amuleto, protegendo os motociclistas com o seu toque e força da irmandade motociclista. É possível comprar um "sino guardião" e a sua energia irá funcionar, mas se o sino é dado a sua força é dobrada, e se sabe que em algum lugar se tem alguém que ora ou poderá cuidar de você."
Amigos motociclistas e companheiros, conhecidos ou não, mas principalmente vocês dois, Lauro e Daniel, sempre estarei rezando para que Deus os proteja e acompanhe ao longo dos caminhos e estarei presente para ajudar no que for possível. Podem contar comigo! Somos todos irmãos, neste caminho da vida.
Na manhã do dia que partimos o Daniel ajudou a instalar o Sino Guardião na motocicleta do Lauro que agora sim está completa para as grandes jornadas que se apresentarão pela frente.

No dia seguinte o Daniel, conseguiu com o Marcelo uma Blazer, para que pudéssemos todos ir no mesmo carro. Lá fomos nós seis com o Titanic (apelido do carro), sendo que a Ana foi no maleiro, sentada sobre um pelego macio. Todos nós nos oferecemos para ir lá atrás no lugar da Ana mas ela não abriu mão. Gente nova, sabe como é.... hehe.

Fomos em direção a Urubici com o carrão, em bom estado de conservação, mas que dos 6 cilindros devia ter somente 4 funcionando e ainda por cima a GNV. Passamos por Urubici indo direto para o Morro da Igreja, pela estrada que agora encontra-se totalmente asfaltada. Descobrimos que a partir da próxima segunda-feira o acesso ao parque será permitido somente com uma autorização fornecida na Administração, localizada na cidade. Uma burocracia a mais para visitar o local.

O tempo estava fechado mas possibilitou que víssemos a pedra furada e a paisagem que é simplesmente maravilhosa! Para essas horas temos a Ana que é a nossa representante da natureza, pois a mesma adora uma paisagem natural do tipo cânion, vales profundos e demais formações geológicas. Lugares de muita paz! Onde se pode recarregar as baterias da alma e entrar em contato com a nossa pequenez.
 

Seguimos em frente pela mesma estrada em direção à Serra do Corvo Branco, da qual já havíamos ouvido muito falar mas que não conhecíamos.

A estrada segue um bom trecho de asfalto, depois por uma estrada encascalhada de qualidade razoável até que chega ao ponto da Serra do Corvo Branco, de uma beleza simplesmente indescritível.

Coisa mesmo de dar medo! Cortes de altura enorme e muito íngremes, em uma região de paredões de rocha altíssimos seguido de um trecho de estrada em caracol que desce muitos metros em um vai e vem realmente excêntrico.

Não sei quem nem em quais condições um projeto como aquele foi construído, mas é de uma beleza diferenciada e que valeu muito a pena ter ido até lá para conhecer.


Nesse dia não almoçamos, pois o café da manhã havia sido forte. Retornamos à pousada para o café da tarde depois das 4h da tarde. Tomamos um café e nos reunimos para tratarmos de nossa viagem de final de ano.



Conversamos muito e traçamos alguns mapas, calculamos quando cada um iria sair para a viagem e onde poderíamos nos encontrar ao longo dos caminhos.


Tudo regado a cerveja e que acabou numa mesa de sinuca, num jogo que ninguém entendeu direito as regras, entre o Lauro o Daniel e eu. Nos divertimos com aquilo até o jantar, risoto de truta defumada, arroz branco, frango assado, saladas, salpicão, uma delícia. É claro que não poderia faltar mais algumas garrafas de vinho para acompanhar a conversa.

Combinamos de sair na manhã de domingo após o café, tendo em vista que o caminho deles para Curitiba seria relativamente longo, mais de 400 km. Combinamos que eu e a Bê poderíamos seguir com eles até Blumenau para depois nos separarmos, seguindo pelo mesmo caminho que havíamos vindo no dia anterior.

Acontece que a distância da pousada até a nossa casa era de 155km, na manhã seguinte decidimos que seguiríamos com eles somente até a bifurcação de Alfredo Wagner e seguiríamos direto pela BR-282 até Floripa mesmo. Afinal de contas estávamos cansados e poderíamos chegar antes do meio dia em casa. Realmente acabamos chegando às 11:30h. Uma delícia de viagem com pouco movimento nas estradas e nenhum problema nem susto. Maravilha!

Eles acabaram demorando um pouco mais que o normal para chegarem em Curitiba, mas 6:30 da tarde estavam em casa sãos e salvos, o que para uma viagem de mais de 400km de distância por estradas vicinais é perfeitamente normal e de ótimo rendimento.

O que vale um registro de protesto é que embora nós brasileiros estejamos pagando nossos impostos, pois o governo não nos dá opção, acabamos não recebendo em troca a infraestrutura que deveríamos ter. Desta forma os feriados estão ficando cada dia piores, pois há muitos anos não se realiza investimentos do estado que só pensa em atender aos poucos interesses dos amigos da côrte. Estou imaginando como ficará este trânsito com a proximidade do verão. A BR-101 ficará simplesmente intransitável.

Abraços e até a próxima.

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