Fomos ao apartamento novo, que estamos arrumando e pretendemos nos mudar em breve, fica localizado no Itacorubi em Florianópolis.
Eu estava conversando com o Douglas, prestador de serviços que está colocando gesso, luminárias, etc., conforme projeto que eu a Bê e a Lou havíamos feito e que, graças principalmente à Lou, que desenhou tudo, ficou realmente muito bom. Tanto o gesso como a iluminação. Claro que a Arleni da Dellanno, que projetou os móveis, também ajudou muito.
Mas enquanto tentava acertar com o Douglas os detalhes de algumas diferenças em nossas contas, notei que um passarinho havia sentado sobre o parapeito da sacada do apartamento, vi isso através da janela do escritório. Como me pareceu um periquito australiano, o que não é comum de se ver, pois os mesmos vivem apenas em gaiolas, fui até a janela do escritório e era um periquito australiano de cor azul e asas cinzas.
Imaginei que ele voaria quase que instantaneamente, mas para minha surpresa ele ficou ali parado atento em mim. Me lembrei imediatamente do Olavo, irmão do Cláudio, e comecei a falar com ele, chamando o mesmo por xaim, paxaim, fui esticando um pouco o braço direito para fora da janela com os dedos estendidos, como que oferecendo um poleiro para ele.
A Bê chegou perto e disse que ele não viria, também achava que não mas respondi que ele estava demonstrando uma certa vontade de vir, pois havia dado uns 2 passinhos em minha direção, parece que tinha vontade de ir embora mas se sentia atraído. Eu continuava a falar com ele, quando de repente, ele levantou voo e veio direto pousar no meu dedo. Fiquei muito impressionado e a Bê também não acreditava que aquilo estava acontecendo.
Continuei falando com ele e chamando de Xaim. Quando indiquei o caminho ele foi subindo pelo meu braço e chegou ao ombro, me afastei da janela, achando a todo momento que ele acabaria levantando voo, mas, ao invés disso, ele subiu na minha cabeça. Quando me dirigi para a cozinha, a fim de pegar o interfone para ligar para a portaria em busca saber se alguém no prédio tinha perdido um periquito, ele voou direto para o ombro da Bê e ficou brincando com o cabelo.
O Jackson, eletricista que eu apelidei de João Pequeno, pois tem mais de 2m de altura e é enorme, e o Douglas, gesseiro e coordenador dos trabalhos, não acreditavam no que estavam vendo e eu muito menos, somente tinha visto o Olavo fazer isso uma vez e apelidei ele de São Francisco por causa disso. Na reforma o nosso interfone não está instalado e acabei indo ao elevador para ligar para a portaria, deixando o Xaim com a Bê.
O Xaim no chão do quarto reconhecendo o ambiente. |
De dentro do elevador, liguei para a portaria que me informou que o Sérgio, nosso zelador, estava pelo prédio, mas não sabia onde. Neste meio tempo, a porta do elevador se fechou e começou a subir, quando parou e a porta se abriu dei de cara com o Sérgio. Achei muito engraçado. Contei para ele o ocorrido e ele me disse que uma vizinha do 611 tinha perdido uma caturrita há alguns dias e que devia ser o dela. Fiquei feliz por ter encontrado o lar do bichinho.
Fomos até o apartamento e ele tentou pegar o passarinho, que a Bê tinha colocado dentro de um quarto fechado. Ao invés de pegá-lo acabou deixando o bichinho estressado, arrancando 2 penas da cauda. Ele desistiu quando sugeri que ele fosse buscar a dona, pois a cena estava dantesca e eu com pena do passarinho.
Neste meio tempo, peguei um pote para colocar água para o Xaim, quando estava dentro do quarto, escutei do lado de fora a Bê gritando: - Então é meu! É meu!
Tentei argumentar que nós viajamos muito e que ficamos fora por vários dias, mas o Sérgio que estava ali disse que não tinha problema e que no caso de viajarmos ele cuidaria do Xaim para nós. Pronto aí a coisa realmente ficou irreversível, não tinha jeito, pois da forma como ele tinha me escolhido e eu a ele, não havia como negar a ligação incompreendida entre nós. No mínimo uma benção para a nossa nova morada. Eu estava na verdade tentando escapar da responsabilidade de ter um animal de estimação em casa, que sempre dá trabalho e acabamos nos apegando.
Chegando de volta com a gaiola amarela e branca na grelha da moto. Agora vou ter que comprar um capacete para o Xaim ir passear de moto conosco. Hehe. |
Sob a insistência da Bê, fomos a um Pet que tem ali perto e compramos a única gaiola de metal que tinha, uma amarela com branco, a coincidência é que combina com a moto. Prendi a gaiola na grelha do tour pack, coloquei a comida do bichinho na moto, retornando rapidamente para o apartamento pois o coitadinho do Xaim parecia estar morrendo de fome.
Parece que ele sofreu muito e está quieto. Depois de ser tratado ele não quer mais muita proximidade. Acho que recuperou seus instintos. |
Arrumamos a água e a comidinha nos potes da gaiola e lá fui eu com a gaiolona, portinhola aberta para ver como é que eu iria fazer para ele entrar na gaiola. Abri a porta e a Bê veio atrás de mim. Ele estava em cima de uma caixa de papelão, e ficou atento, notadamente ele viu a gaiola como algo conhecido e ao invés de buscar se afastar ele se interessou vindo para a borda da caixa, mais próxima de mim, eu não tive dúvida e na hora aproximei a portinhola da gaiola dele e, qual foi a minha surpresa, ele pulou no arame da borda e simplesmente entrou na gaiola, indo direto para o pote e se atracou de um jeito incrível na comida. Acho que ele estava realmente morrendo de fome. A Bê já me sacaneou dizendo que realmente era para ser meu, pois ao menos para comer ...
O Xaim no meio da sala, no pote de comida e a Bê. Todos no meio da bagunça e sujeira da reforma. |
Ele está descansando. Afinal, à noite os pássaros ficam com sono. Vamos ver amanhã se ele estará mais animado. |
Pelo jeito passou o dia inteiro próximo ao pote de comida, à noite, quando fomos ao apartamento, ele continuava comendo, ficamos preocupados que ele acabaria passando mal. Depois entendi porque ele ficou tanto tempo no quarto e não fez nenhuma sujeira, o coitado estava sem nada no intestino.
Pronto, hoje temos um animalzinho de estimação, que já é muito amado por mim e pela Bê, pela forma como ele se apresentou e entrou em nossas vidas. Esperamos que possa ficar conosco por muito tempo ainda.
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