Imagens do Fin del Mundo

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Eu estive lá. De frente para a vida!

domingo, 12 de maio de 2013

Dia das Mães



Mais um dia das Mães que se vai.

Não sei bem o que deveria registrar aqui neste blog sobre este dia, mas devido a algum motivo, achei que não deveria deixar passar em branco.

Minha mãe se foi há muitos anos, mais precisamente em setembro de 1989, ou seja, já se vão 24 anos, sendo que já nem se contam mais os meses.
 
Neste dia das mães entretanto fiquei pensando muito nela, até mesmo porque fui ao Cemitério, coloquei, juntamente com meus filhos, um arranjo de flores no túmulo dela e do meu pai.

Talvez por ele ter ido há menos tempo, as minhas memórias são muito mais fáceis sobre as minhas histórias com ele do que com ela, que com certeza, são muito mais representativas e constitutivas, para a minha vida.


Assim fiquei pensando e me lembrando do que ela mais me dizia, como "Vem cá moleque sem vergonha!" ou então "Você está pedindo para apanhar!", tinha ainda o "Pode fazer novamente que não ficou limpo".


Tenho saudades de quando eu e minha irmã ficávamos debulhando ervilhas. Alguém se lembra disso?

Eu ia com ela na feira livre, todos os sábados, primeiramente junto com meu pai, mas depois que fomos crescendo e tirei minha carteira de motorista, eu ia sozinho com ela nas quintas e levávamos algumas sacolas, sendo que ela comprava e eu carregava, quando a sacola enchia eu a levava até o porta-malas do carro e retornava para continuar a ladainha. Normalmente eram 3 ou 4 sacolas que utilizávamos para a feira da semana. O duro não eram as verduras, essas eram muito leves, mas as frutas! Eram dureza para levar.

Depois que chegávamos em casa vinha os serviços adicionais acima. Mas eles começaram quando ainda éramos pequenos, eu devia ter pouco mais de 5 anos, quando aprendi a debulhar milho e tirar feijão e ervilhas das vagens.

Espremer laranja e limão para o suco do almoço, ou ainda apertar cada uma das bolachas de maizena com o garfo para achatar a bolinha e deixar a marca do garfo. Essas bolachinhas eram as nossas preferidas e ela fazia com uma frequência muito boa.

Teve uma época em que a mãe fazia a massa do macarrão em casa. Para isso tinha que preparar a massa, que era passada muitas vezes no cilindro, até que ficava bem fina e então se trocava os cilindros para escolher qual a largura do macarrão e ao passar a massa saia macarrão do outro lado. Dalí ia para a panela cozinhar e comíamos a macarronada, do domingo, pré-misturada com o molho vermelho e a carne moída, servida em uma tigela funda, que tinham algumas flores desenhadas no fundo.

Enquanto tudo isso acontecia meu pai colocava um disco para tocar na vitrola e ficávamos ouvindo Francisco Petrônio, Francisco Alves, Vicente Celestino, etc. e tinha ainda as histórias do filme O Ébrio, que meu pai contava ter ido assistir no cinema quando ainda era um rapaz em Ribeirão Preto, filme que contava exatamente a estória da letra da música, que diga-se de passagem era uma desgraça enorme, que até hoje me lembro, mas vou poupar este Blog disso.

Tinha ainda o nosso cachorrinho Dick, um pequinês muito lindo e bravo que ganhamos quando eu tinha 6 anos e que nos acompanhou por 13 anos, quando em uma manhã, eu estava saindo cedo para ir para a escola e brinquei com ele, como sempre fazia, mas naquele dia ele simplesmente não esboçou reação nenhuma. Esta foi uma grande perda que tivemos, eu pelo menos tive. Ainda por cima, depois que voltei da escola ao meio dia, tive que abrir um buraco no terreno ao lado do muro da nossa casa, para enterrá-lo. Ele nos deu muitas alegrias e até hoje me lembro muito bem dele pois ele deixou muitas lembranças para todos nós.

Nem sei porque estou contando tudo isso, pois parece que não tem nada a ver com a minha mãe, mas, ao final, acho que tem sim, pois a presença da mãe se confunde com a nossa vida, ou com a minha ao menos. Ou seja, parece que tudo aquilo que vivi, tem a ver com a minha relação com a minha mãe e acho que só pode ser isso.
Ou seja, eu teria que contar a história de toda a minha vida para poder falar sobre a minha mãe.
Ao final acho que devo deixar aqui uma reflexão do espírito em homenagem à Ela, à Dona Therezinha.

Ela era uma cozinheira de mão cheia e tinha uma fama grande no meio de quem a conhecia por cozinhar como ninguém, eu tinha que acabar sendo gordinho quando criança mesmo!

Ela gostava de cuidar das roseiras, no jardim de casa. Ela se orgulhava muito de suas roseiras.
Ah sim! Tinha o mais interessante que era um interesse enorme pelas coisas que aconteciam, como por exemplo, quando geava. Ah! Quando geava era um acontecimento, sendo que em Curitiba, naquela época em que a cidade era menor, geava muitos dias por uns 2 ou 3 meses. Ela muitas vezes nos acordava para irmos na janela ver o gelo, em uma noite especialmente fria. Ela punha um copo de água lá fora, só para a gente ver como ele estava congelado na manhã seguinte. Sendo ela de Ribeirão Preto, uma cidade quente que nunca soube o que é geada e nem sequer o que é japona, imagina só como ela ficava.

Ela tinha uma relação muito especial com as coisas da natureza, das flores, das folhas, das estações do ano, das frutas, etc. Um mundo com certeza muito diferente deste em que estamos vivendo hoje em dia, muitas coisas eram diferentes, acho que tudo era mais leve um pouco, menos estressante com certeza.

Ela me ensinou muitas coisas, acho mesmo que me ensinou muito mais do que eu poderia listar aqui, pois tudo o que sei e como penso e como sinto o mundo, de alguma forma ela me passou.

Me orgulho muito de ser filho dela e de ter sido criado por ela, sendo que ela conheceu 2 dos meus 3 filhos, pois a Louise ainda estava em produção quando ela se foi.

Cada dia que passa, me parece que ela se foi cedo demais, pois eu estou com meus 57 anos, ainda neste ano farei 58 e ela tinha 60 quando partiu. Muito cedo mesmo, uma pena, mas Deus sabe o que faz e nós realmente não sabemos o que pedimos, pois se assim aconteceu é porque assim mesmo tinha que ser. Mas, tenho o direito de sentir que ela poderia ter ficado um pouco mais estre nós.

Ela unia fortemente a família, com seu jeito de se relacionar e de conduzir as divergências que sempre existem em todas as famílias. Acho mesmo que ela era "expert" nisso.

Saudades Mãe! Muitas Saudades! Espero poder revê-la um dia lá na casa do Pai, onde possivelmente nos encontraremos um dia, se assim Deus quiser que seja.

Esteja bem e siga protegendo os seus queridos, se for possível.

Com Amor e carinho, de seu filho Luiz.

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