Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

domingo, 22 de julho de 2012

URUGUAI NO INVERNO. COISA BOA!


 

Período: 11/07 a 22/07/2012

Participantes:


·         Electra Ultra Glide Vermelha: Bianchi e Bernadete (BEB);

·         Heritage Classic Amarela e Preta: Daniel e Ana Paula;

·         Heritage Custon Azul: Lauro e Edite.

O que levar:


Bem este assunto já está ultrapassado, mas levamos: Documentos (passaportes – isso é fundamental), remédios de uso contínuo e relaxante muscular, cânfora para massagem e relaxamento, duas calças, 5 camisetas, cuecas e pares de meias (fomos lavando pelo caminho), segunda pele, polar, jaqueta de couro, impermeáveis para chuva (nem serviu pra nada, graças a Deus), roupas de banho, chinelos, sandália, vestidos, bermuda, estes últimos itens para as Termas de Dayman.

 O que aconteceu?


É o jeito pessoal. Como fazer para saber como é andar de moto no frio? Nós encontramos um jeito bastante criativo e inovador. Fomos de moto para o Uruguai no inverno! Simples. Hehehe

Tudo começou com uma idéia meio maluca. Confesso que a idéia de passar frio me assustou um pouco e tive a idéia de que poderia vir a ser mais interessante irmos para a região Centro-oeste do país do que irmos ao Uruguai. Punta Del Este, Montevideo, etc.

Bem, novamente, para onde a gente vai acaba importando menos que as maravilhosas reuniões com os amigos para tomar vinho e conversar sobre a viagem. Na verdade a gente acaba conversando sobre tudo e muito pouco sobre a viagem o que resulta na necessidade de se encontrar novamente e tudo se repete e desta vez não foi exceção.

Como o pessoal é muito bacana o estresse acaba ficando muito pequeno no que concerne às discussões. Ou seja, somos Harleyros, ou melhor, o que importa é podermos rodar, se vamos para o norte ou para o sul faz pouca diferença, talvez a maior diferença fique por conta da qualidade e principalmente o preço do vinho. Ah, sim! Quase me esqueci! E do que vai acompanhar o vinho.

Bem, passamos os planos por Bonito, Brasília, Belo Horizonte, Punta Del Este, Montevideo, Buenos Aires (essa o pessoal não apoiou depois do que vivemos lá em Janeiro deste ano), incluindo as Termas de Dayman em Salto e o Chop do Pinguim em Ribeirão Preto (que deve ser escrito com C maiúsculo mesmo, pois é do Pinguim de Ribeirão). Foi meio maluco assim mesmo.

Depois de algumas idas e vindas, resolvemos, graças a Deus, que iríamos para o Uruguai. Incluímos e tiramos Colonia de Sacramento, já que acabamos de passar por lá agora no início do ano e, embora o lugar realmente mereça várias voltas, preferimos consumir nossos dias em outros locais com um pouco mais de tempo para passear e conhecer os atrativos por eles oferecidos. Ao final ficou da seguinte forma o programa da viagem:

Data
Origem
Destino
 km
11/07/2012
Curitiba
Porto Alegre
701
12/07/2012
Porto Alegre
Punta Del Diablo
566
13/07/2012
Punta Del Diablo
Punta del Este
190
14/07/2012
Punta del Este
Punta del Este
15/07/2012
Punta del Este
Punta del Este
16/07/2012
Punta del Este
Montevideo
136
17/07/2012
Montevideo
Montevideo
18/07/2012
Montevideo
Salto
490
19/07/2012
Salto
Salto
20/07/2012
Salto
São Miguel da Missões
558
21/07/2012
São Miguel da Missões
Bento Gonçalves
432
22/07/2012
Bento Gonçalves
Curitiba
598
 
TOTAL
 
  3.671

Este foi o nosso trajeto, saindo e retornando de Curitiba.

Teríamos somente 3.671 km para rodarmos, entretanto esta quantidade ao final acabou se alterando para um pouco mais. Mas, como disse o Daniel, estávamos de férias para passear e curtir o trajeto e a estrada sem pressa. Foi muito bom, pois ficamos alguns dias em cada local o que nos possibilitou desfrutar e conhecer um pouco melhor os locais por onde passamos, além de tempo para nos recuperarmos dos imprevistos e olha que desta vez foram vários.

Dia 11/07 – Quarta-Feira


Marcamos de sair muito cedo, o local de encontro era no primeiro posto Shell localizado após o cruzamento com o Contorno Leste, em São José dos Pinhais, pela BR-376, junto da passarela de pedestres. Devíamos nos encontrar lá no local às 6:30 da matina.

Quando chegamos lá, exatamente às 6:30, o Lauro e a Edite já haviam chegado. Como ninguém tinha tomado café da manhã, entramos na loja do posto para comer alguma coisa. Desta vez o Daniel e a Ana Paula foram os últimos a dar as caras. Sacaneamos um pouco eles por isso. Tomamos o nosso café da manhã conversando e com a alegria que permeia estes momentos de saída para viagem. Tem algo da materialização dos sonhos que vão se acumulando ao longo dos meses de preparo da viagem e uma expectativa muito grande que se acumula e neste momento começa a fluir. Algo assim, difícil de explicar.

Moral da história é que saímos do posto umas 7:15, ou seja, apenas 45 minutos atrasados, claro que estes minutos, juntamente com muitos outros minutos que descreverei abaixo, resultaram em atrasos que nos levou a chegar em Porto à noite.

Já na hora de sair do posto notamos que estava garoando, que saco, mais uma coisa para nos atrasar, colocar os impermeáveis, pois estava frio e a pior coisa que poderia nos acontecer seria ter que enfrentar um dia de estradas passando frio com as roupas e, por conseqüência, o corpo molhado, aí seria para matar. Imagina como ficariam os próximos dias com gripe!

De maneira geral a previsão para os primeiros dias era de tempo bom, mas havia tido algumas alterações na previsão de longo prazo. Bem, não tinha problema, enfrentaríamos o que tivéssemos que enfrentar, afinal de contas, não somos mais principiantes e quem gosta de andar de moto sabe que estas coisas fazem parte da festa, como dizem alguns, na alegria e na tristeza, além do que temperam a vida da gente. Aprendi que quando da tudo certo fica meio sem graça, é muito melhor quando acontecem coisas diferentes, aí temos histórias para contar.

Colocamos os impermeáveis e saímos do posto em direção a Florianópolis, realmente estava frio, coisa de 6 a 8 graus, pois o termômetro da Ultra é muito impreciso, ou eu é que não sei ler a temperatura. Aprendi a fazer a conversão de ºF para ºC de forma fácil, para quem quiser saber como eu faço é ler a temperatura em ºF no dial do termômetro da moto (o que não é muito fácil devido à escala), subtrair da leitura 32, dividir o resultado por 2 e somar 10%. É simples, por exemplo, lemos 40ºF, menos 32 da 8, dividido por 2 resulta em 4, mais 10% dá 4,5 ou seja uns 5 ºC. Que coisa simples. Hehehe. Chega de chatice engenheirística.

Saímos do posto com uma garoa fina que molhava, não muito, mas molhava, como vinha chovendo com alguma regularidade nos últimos dias o asfalto estava relativamente limpo de lama e óleo, mas sempre que começa a chover a gente precisa ir com muito cuidado evitando derrapagens, isso vale para carros e motos, os menos cuidadosos acabam rodando na pista, o que não é recomendável quando se viaja de moto por razões óbvias. Heheh.

Descemos um pouco a serra e a garoa acabou desaparecendo em coisa de meia hora, o chão ficou seco e quando chegamos no pé da serra o sol apareceu, você não está lendo errado não! O Sol apareceu mesmo” Embora estivéssemos em Joinville, que muitos chamam de Choinfille ou Chovenville. Mas como estava frio não precisamos tirar as roupas de chuva e seguimos com elas mesmo que ajudam a manter a temperatura do corpo.

Quando paramos para abastecer o Lauro comentou que a moto dele estava vibrando quando passava de 120km/h. Decidimos que manteríamos os 110km/h de velocidade máxima, afinal de contas a estrada estava um tanto movimentada como sempre e velocidade é sempre inimiga da segurança. Assim seguimos, entretanto combinamos de parar em Florianópolis na Floripa HD, concessionária da HD, para ver o balanceamento das rodas da moto do Lauro.

Eu comecei a estranhar que a nossa moto estava balançando muito, e que parecia que a estrada estava ondulada. Como sempre tenho passado por esta estrada a situação era incomum. Quando chegamos em Florianópolis, ainda eram 10:30 da manhã. Entramos por Barreiros e fomos até a loja. Quando subi na guia rebaixada um estalo seco novamente, que eu vinha escutando em situações onde havia algum degrau na pista.

Falei com o Ivan, que trabalha na HD Floripa sobre o barulho, nisso o Daniel balançou com o pé o escapamento da minha moto e disse: “É isso! O escape tá solto!”. Bem, finalmente havíamos encontrado o motivo do barulho. O Ivan chamou o mecânico para apertar o escapamento, ele deitou no chão, ali na calçada mesmo, e apertou o escapamento.

Quanto à moto do Lauro já não foi tão simples pois na loja eles não fazem balanceamento. Teria que desmontar a roda e mandar para outro local, aguardar que fosse, retornasse e ainda os tempos para desmontar e remontar. Era quase horário de almoço e nos informaram que poderia ficar pronto somente de tarde. Depois de alguma conversa e com a gente mostrando que queríamos seguir viagem, nos indicaram um local, onde eles mandam para fazer o serviço e lá fomos nós.

Voltamos pelo mesmo caminho em direção a Barreiros e viramos à esquerda na Av. Atlântica, andamos umas 2 quadras e encontramos o local a nossa direita, em uma esquina. Uma oficina de motos bem instalada e, o mais interessante é que ao lado estava a Churrascaria Riosulense, eu não conhecia, mas foi um achado, creio que seja uma das melhores de Florianópolis. Quando terminamos o almoço a moto do Lauro estava pronta. Já a minha moto, que eu estava contente por ter sido concertada de forma tão simples, ainda não estava me parecendo muito normal, mas seguimos pois eu estava achando que era impressão minha.

Esta é uma lição que aprendi, como a gente anda muito, a moto já está com mais de 50.000km, existe uma boa leitura de integração entre eu e a moto e quando algo está parecendo estranho, a gente deve parar e procurar o que está errado, pois fatalmente deve ter algo errado mesmo! Mas, achei que era o escapamento e que como este já havia sido concertado tudo deveria estar bem, assim seguimos pela BR-101, sentido sul, em direção a Porto Alegre.

A moto continuava estranha, ou seja, balançava muito, como se a estrada estivesse ondulada, mas às vezes ficava normal. Comentei isso várias vezes com a Bê e ela concordou comigo que aquilo era estranho, mas a moto estava estável.
No lobby do Hotel Tulip Inn em Porto Alegre
 
Chegamos a Porto Alegre era mais de 8 horas, sendo que em julho anoitece cedo, lá pelas 5:30 e quando chega umas 6 da tarde já é noite. Fomos até o Hotel Tulip Inn, localizado no Centro Histórico da cidade, onde tínhamos reserva para aquela noite. Descarregamos as motos e fomos ao estacionamento, localizado a uma quadra de distância do hotel, localizada no porão de um prédio. O bom da gente andar de moto, é que acaba conhecendo as garagens dos hotéis, que coisa de louco. O hotel é todo limpo e lindo, mas as garagens são um lixo daqueles que não dá para imaginar, parece obra abandonada, não tem nenhum tipo de acabamento, piso bruto com resto de concreto, sequer com um alisamento.

Primeiro dia com alguns entreveros, mas com a missão cumprida. Estávamos em Porto Alegre afinal de contas. Embora nossa ideia fosse chegar lá antes das 4:30 ou 5 da tarde. Ainda tínhamos chegado a tempo de uma janta com sobrinhos do Daniel e Ana Paula, um sobrinho filho da irmã da Ana e uma sobrinha, filha do irmão da Ana. Foi marcado o jantar numa casa de massas muito boa, onde comemos um macarrão legal. Todo mundo feliz, tomamos um espumante, para festejar o mais importante do dia, que era o Aniversário da Bê.
A turma no Restaurante - Aniversário da Bê - Porto Alegre.
Eu e minha amada em POA no aniversário dela.
A temperatura em Porto Alegre estava boa.
 O melhor dia do ano. Ela estava de aniversário o que tornava tudo muito especial, assim como ela é na minha vida. É, para quem ainda não se tocou, estávamos no dia 11 de julho. Hehe. Foi muito bom porque além de jantarmos com o pessoal da Ana Paula e do Daniel, ainda por cima tivemos um belo jantar com a Bê.

Já no posto, pela manhã, a Edite e a Ana Paula entregaram presentes para ela, ela ficou radiante de felicidade. Eu é que fui dar o presente somente quando passamos a fronteira de volta para o Brasil, um belo perfume que ela estava querendo muito. Antes tarde do que nunca! Afinal de contas os últimos dias foram muito corridos e não tive tempo de ir atrás deste assunto.

Depois do jantar fomos ao hotel de taxi, e aí vimos que um taxi chegou super rápido e o outro demorou muito, no caso o nosso, quando fomos comparar os preços, eles tinham pago R$35,00 e nós R$50,00. Como pode isso acontecer com os taxistas? Que coisa de merda e que taxistas de merda são estes. Parece que tiveram treinamento em Buenos Aires! Deixemos isso de lado e vamos em frente.

Dia 12/07 – Quinta-Feira


Depois de uma noite muito bem dormida o dia prometia, afinal de contas começava a nossa viagem de fato, iríamos cruzar a Reserva do Taim, a fronteira do Uruguai, passar no Forte de Santa Tereza e chegar em Punta Del Diablo para dormir. Muito bom!
Café da Manhã no Tulip Inn em Porto Alegre. Vista do Guaíba ao fundo.

Saída do Hotel em POA.
O dia amanheceu limpo, sem nenhuma nuvem no céu. Tomamos café e fomos buscar as bagagens e as motos no dito estacionamento. Como a moto estava leve, somente eu, sem garupa e sem bagagens, quando dei a volta na quadra, retornando ao hotel, notei que nas irregularidade da pista havia um barulho estranho na suspensão. Verifiquei a pressão da suspensão e vi que estava muito acima das 45 libras que eu havia colocado. Esvaziei até as 45 libras e me lembrei do Josué, mecânico do Célio em Curitiba, que disse que com uma tampa falha o ar vai entrando no sistema, coisa que eu não podia acreditar ser verdade, mas que naquele momento me parecia ser a única explicação. Fiquei muito cabreiro com a situação.
Ponte sobre o Guaíba - Saída de Porto Alegre para o sul.

Carregamos as bagagens nas motos e saímos em direção ao nosso destino. Devia ser umas 9:00h da manhã. Fiquei um pouco surpreso quando o funcionário do hotel, que cuidava da porta e recepcionava os hóspedes e ainda mais alguns outros funcionários quiseram tirar uma foto de recordação junto conosco. Além deles, havia muita gente parada do outro lado da rua olhando as motos, o que nos convence de que não somos tão loucos assim, talvez muita gente não tenha condições ou coragem para mudar a vida que se está acostumado a viver..

Saímos com o GPS direcionado para o nosso destino, Chuí, claro que ao chegar no minhocão que dá acesso à ponte do rio Guaíba eu acabei errando o caminho, pois quando existem várias vias, uma por cima das outras a coisa fica mais complicada para seguir no GPS, além do que as mãos mudam e o mapa não estava muito atualizado.

Acabamos dando uma pequena voltinha, desta vez sem incluir favelatur, mas encontramos o nosso caminho. A ponte sobre o Guaíba sempre impressiona pela sua extensão e toda vez que passo por ela me lembro da piada do gaucho que ao estar se afogando no rio, pois não sabia nadar, disse: - Te cuida Guaíba! Senão te bebo todo! Mas que tal! Macho pra caramba!

A minha moto continuava meio estranha, entretanto nada que chamasse muito a atenção. A estrada estava ótima e o dia também, um céu azul maravilhoso e nenhuma aparência de que poderia vir a chover. Esta situação é estranha, pois somente no inverno é que temos verão por aqui pois no verão faz calor, mas chove muito e tem poucos dias de sol com o céu completamente azul.

A nossa primeira parada foi em Cristal, depois de rodar uma distância de aproximadamente 170km, uma cidade pequena localizada quase no meio do caminho entre Porto Alegre e Pelotas.

Quando eu saí da estrada para entrar no posto, senti uma batida novamente vinda da suspensão traseira. Como eu havia calibrado a suspensão e estava muito acima das 45 libras, resolvi que deveria verificar a calibragem dos pneus também, sei lá, mas vai que também estivesse alta e que esta fosse a causa do barulho. Depois de abastecer fui ao calibrador. Acontece que para calibrar o pneu traseiro da ultra é um pouco complicado devido ao acesso. Pedi ao Lauro que olhasse no calibrador qual a pressão do pneu assim que eu colocasse a mangueira no bico. Regulei o calibrador para 38 libras, que é a pressão para a moto carregada e com garupa, deitei no chão, e encaixei a mangueira. Aí o Lauro me disse que estava com 38 libras. Não é possível! A pressão estava normal.

Mas não era possível, algo tinha que estar errado. Já que eu estava deitado mesmo, e como todo gordo mais velho, depois que a gente chega no chão, antes de se levantar fica se perguntando se não tem mais nada para fazer lá embaixo. Hehehe. E este é o meu caso! Fiquei ali olhando e notei que tinha uma coisa estranha, uma borracha com um pino metálico no meio. Pensei comigo, que será que é isso? Achei que tinha algo fora do lugar. Levantei, pois não dava para ficar morando ali embaixo, embora tenha pensado nisso, retirei o alforge lateral direito e eis que encontrei o motivo do barulho! Que merrrrdaaaaa!!!! A haste do amortecedor tinha quebrado bem na solda com o anel de fixação, ou seja, eu estava viajando desde antes de Florianópolis com apenas um amortecedor e a moto estava estável! Que coisa esta moto.
Descobrindo o porque do barulho que eu escutava na suspensão.


Aí está o amortecedor com a haste quebrada e caído solto.
Detalhe do amortecedor quebrado que me deixou no caminho.

Conclusão, daquele jeito eu não poderia seguir viagem, pois o risco de um acidente seria grande. Liguei para a IESA HD, concessionária da Harley em Porto Alegre. Fui atendido primeiramente pelo responsável pela oficina e pelo almoxarifado de peças, que embora tenha me atendido com muita deferência e educação, me disse que eu teria que levar a moto lá e esperar por 60 dias, pelo menos, para a moto ficar pronta. Como assim? Estou viajando hoje e agora! Esperar 60 dias??? Não era possível que aquilo estava acontecendo. Ele ainda me disse que não havia a peça na Harley Brasil e que teria que fazer o pedido e esperar a importação para depois concertar.

Ah! Meu Deus!

Depois disso liguei para a seguradora para que eles mandassem um guincho para levar a moto e um taxi para levar eu e a Bê, ainda não sabia para onde. Liguei para a The One em Curitiba para ver se eles poderiam me salvar daquela situação. O Lauro e o Daniel ali, vendo o tamanho da cagada! Na The One me disseram que tinha um amortecedor traseiro da Touring. Caramba! Nós estávamos salvos! Nossa viagem estava salva! Agora restava saber como é que poderia fazer juntar todas as partes.

Quando falei em fazer a transferência do valor para pagamento do amortecedor o José Luiz, responsável pelo pós-venda da The One, me disse que apenas poderia mandar a peça depois que tivesse a confirmação do depósito na conta corrente da loja. Eu fiquei muito puto, pois isso demoraria muito. Eu teria que fazer um doc para a conta da The One, no dia seguinte confirmariam o crédito e somente no próximo dia é que colocariam no Sedex 10 para mandar para a IESA em Porto Alegre.

Que saco! Pedi para falar com o Arnaldo, gerente da loja, me informaram que ele estava em Londrina fazendo manutenção nas motos em mutirão. Pedi para falar com o Roger, responsável e dono da loja, me informaram que ele não estava e que não sabiam quando voltaria, pedi o celular dele, não quiseram me dar. Que merda! Liguei para João Luiz Zucoloto, que é o presidente do nosso HOG - Curitiba, para ver se ele tinha o telefone do Roger para eu poder resolver a questão e confesso que já estava me entregando. Aí ele atendeu e me perguntou o que estava acontecendo, pois ele sabia que eu estava viajando com o Lauro e o Daniel.

Expliquei tudo para ele e... Harleyro é Harleyro... e fia da puta é fia da puta... este é harleyro dos bons, irmão pra caramba! Ele disse que estava entrando na The One naquele momento e que ele compraria o amortecedor para mim e pediu que mandasse o nome de uma pessoa e o endereço do local para onde teria que postar o amortecedor. Caraca!!! O problema estava parcialmente resolvido graças a um irmão de coração mesmo! OBRIGADO JOÃO! VOCÊ FOI DEMAIS! Ele ainda levou o amortecedor na loja dos correios que é concessão do Robertinho e este me mandou o SEDEX 10, tudo para acertar depois. OBRIGADO ROBERTINHO!!! E OBRIGADO DALTRO!!! Que levou o João até a loja dos correios do Robertinho. Olha que tive que batalhar para conseguir pagar a minha dívida para eles que caíram do céu e que foram companheiros para ajudar um irmão a resolver uma questão que estava me maltratando.

Neste momento o Daniel e o Lauro vieram falar comigo que eles iriam indo em frente e que depois de arrumar a moto eu e a Bê poderíamos encontrar com eles em Punta Del Este. Tudo bem! Fiquei na porta os vendo eles ligarem as motos e partirem. Na verdade partiu mesmo foi o nosso coração por não poder estar indo junto. Mas tudo bem, as coisas estavam saindo bem até aquele momento. Afinal de contas, Deus sabe o que faz e a gente nunca sabe o que pede e na maior parte das vezes não faz a menor ideia do porque acontecem.
Saída deles do posto em Cristal onde nós ficamos.

Liguei novamente para a IESA em Porto Alegre, depois que eles se foram, para pegar o nome da pessoa e o endereço para a remessa, além de combinar com eles que eu tinha conseguido o amortecedor e que levaria a moto para lá, o amortecedor chegaria na manhã seguinte e eles precisavam arrumar a moto à jato para que a gente pudesse seguir viagem.

Falei com a Sandra, que é a pessoa responsável pelo pós-venda, expliquei para ela a nova situação, eu tinha o amortecedor e teria que combinar o resto dos detalhes. Foi uma coisa de louco o atendimento dela! Ficou tudo combinado e ela se comprometeu a me atender da melhor forma possível. Disse que chegando o amortecedor na manhã a troca seria muito rápida, coisa de 30 minutos.

Mandei os dados para o João via mensagem pelo celular e ele confirmou o recebimento. Bem, agora tudo estava resolvido, tínhamos que esperar pelo guincho e pelo taxi. Decidimos almoçar ali mesmo, pois no posto havia um restaurante razoável. Depois de toda aquela agitação comemos uma sopa de agnoline, ou seria capeleti, o que importa é que estava boa.

Depois do almoço, como o guincho e o taxi estavam demorando, liguei novamente para a Porto Seguro pedindo informação. A atendente entrou em contato com a empresa de guincho e me disse que eles estavam chegando ao posto e que em menos de 5 minutos. Foi o que aconteceu.

O guincho chegou assim que eu paguei a conta. Como a moto funcionava normalmente ele baixou a caçamba do caminhão e eu subi com a moto na plataforma do caminhão. Com muito cuidado já que a plataforma estava cheia de óleo. Depois que coloquei a moto sobre a ponta da plataforma, ele levantou a mesma e já na horizontal, eu toquei a moto até encostar a roda dianteira no guincho.

O João era o dono da empresa, tanto do guincho como do taxi, o motorista dirigia o caminhão e ele o taxi. Achei aquilo ótimo, pois iríamos junto com o guincho. Ele ajudou a prender a moto com as tiras e esticadores. Eu solicitei que prendesse no mata-cachorro, uma tira de cada lado puxando para frente e no mata-gato, atrás, também uma tira de cada lado puxando para trás. Desta forma não tinha como a moto mexer.

Tudo terminado e nós partimos. Primeiro foi o caminhão com a moto e nós ficamos, pois o João tinha que abastecer o carro. Rapidamente alcançamos o caminhão com o nosso Uno Mille modelo novo. Depois de uns 100km ele parou em um posto com uma lanchonete e restaurante muito bom, com loja de conveniência etc., fomos ao banheiro e tomamos um café com cueca-virada, ou grostolli como dizem os italianos. Acho que o Seu João ainda não tinha almoçado, por isso parou lá para comer alguma coisa.

Chegamos na IESA HD às 5 da tarde, aí o pessoal da oficina foi retirar a moto de cima do caminhão e o chefe da oficina, um cara muito bom de serviço, olhou o que tinha acontecido e não acreditou, pois ele nunca tinha ouvido falar de um amortecedor quebrar daquela forma. Como a moto está na garantia eu poderia acionar a mesma, mas aí demoraria um tempo para a Harley Brasil aprovar o serviço. Entretanto, como eu havia comprado o amortecedor teria que ver o assunto depois, quem sabe na The One em Curitiba.

O mais interessante nessa história é ver como Deus escreve certo por linhas tortas. Vejam o que aconteceu. A mais de um ano atrás, quando levei a moto no Célio para colocar os descansos de pé no mata-cachorro da moto, o Josué me disse que eu teria que acionar a garantia pois estava vazando óleo do amortecedor traseiro direito e me mostrou algo que para mim pareceu uma sujeirinha apenas. Eu fui até a The One e reclamei o fato. Eles tiraram uma foto e me disse que não tinha o amortecedor e que veriam com a Harley mas que isso iria demorar algum tempo. Tudo bem, não havia muito problemas em andar com o amortecedor daquele jeito.

Depois de uns 2 meses aproximadamente, chegou o amortecedor na loja e eu levei a minha moto para trocar o amortecedor. Quando eu iria imaginar, que quando a The One recebeu o amortecedor veio um par, eles trocaram apenas o direito, logo, sobrou o outro amortecedor e este outro amortecedor que sobrou era exatamente aquele que estava salvando a minha pele neste momento. Dá para compreender como é que as coisas acontecem em nossas vidas? Que controle temos sobre este tipo de coisa? É complicado entender, alguns dizem que se trata apenas de coincidência, acredito que sim, mas que tem gente que planta tudo errado e as coincidências nunca ajudam, ah! Isso tem sim senhor. Que bom que neste caso pelo menos eu devo ter plantado certo, pois deu um resultado positivo.

Tudo certo. Agora era só esperar pelo dia seguinte. Aproveitamos dar uma olhada na loja e compramos umas camisetas da HD de Porto Alegre, uma  para mim e outra para a Bê. Conhecemos a Sandra do pós-venda, uma pessoa da melhor qualidade que foi muito atenciosa, efetiva e competente conosco! Ficamos de papo com um cara que estava de ultra também, morador de POA e que gosta muito de viajar com a esposa, assim como nós, e ficamos ali trocando experiências que havíamos tido em nossas jornadas.

Depois das compras e de olhar as coisas que tinha na loja, tinha muita coisa do Rio Harley Days. Eu e a Bê fomos ao Rio no ano de 2011 e, francamente, achei uma merda. Tanto que neste ano de 2012 nós nem cogitamos em ir. Uma típica feira comercial, igual a qualquer outra, em um pavilhão. Foi na Marina da Glória, no aterro do Flamengo. O lugar era maravilhoso, tinha tudo para ser fantástico. Mas os caras não sabem organizar um evento para harleyros nos moldes brasileiros, eles ainda pensam que somos norte americanos.

Fomos ver com a Sandra onde poderíamos nos hospedar ali por perto. Estávamos do lado do aeroporto, o Ibis normalmente tem um hotel localizado próximo aos aeroportos. Ligamos para uns 3 ou 4 hotéis por ali e todos lotados. Acabamos ligando para o mesmo Tulip inn do centro que ficamos na noite anterior, como lembraram de nós por causa das motos, nos arranjaram um upgrade legal.

O preço da diária que pegamos com o atendente no telefone era mais alto que aquele que tínhamos pagado, ele me sugeriu que fizesse a reserva pela internet que ficaria mais em conta. Fizemos a reserva e ele nos conseguiu o upgrade da mesma forma. Fomos para a ala nova do hotel, um quarto muito bom e grande onde quase perdi a Bê. Hehehe. Saímos para caminhar um pouco pelo centro histórico. Eu precisava encontrar um caixa eletrônico para sacar dinheiro e ainda de uma farmácia para comprar shampoo e remédio para pressão porque eu tinha pouco.

Quando estávamos voltando para o hotel, meio perdidos em uma cidade que a gente não conhece, encontramos um prédio lindíssimo e muito antigo. Era o Mercado Municipal, foi uma sorte nos depararmos com ele, com a fome que estávamos, pois a gente tinha tomado a sopa no almoço, nós queríamos comer algo. Embora o Mercado estivesse com a ala da bancas fechada, os restaurantes estavam funcionado normalmente no andar de cima do Mercado. Tudo muito bem arrumado e, aparentemente, o Mercado foi reformado recentemente, pois embora fosse um prédio muito antigo estava com ótima apresentação.

Depois de circular por uns 10 restaurantes para conhecer escolhemos um que nos pareceu legal. Pegamos uma mesa do lado de fora do restaurante, na praça interior e nos sentamos. Pedimos um filé à parmeggiana em homenagem ao meu pai que adorava comer este prato, pedimos ainda água e chop. Ficamos ali apreciando a arquitetura do prédio que é realmente impressionante. Aprendemos que os Mercado Municipais de muitos lugares do mundo são muito interessantes e possuem normalmente coisas típicas que só se encontra lá mesmo e não somente no Brasil, o Mercado Municipal de Montevideo e de Santiago, por exemplo, são fantásticos em termos de cozinha e de variedade de produtos. Inclusive no Mercado Municipal de Santiago tem um restaurante que se chama Donde Augusto, onde se come frutos do mar, que é simplesmente o máximo e por um preço mais ou menos bom. Quem for a Santiago tem que arrumar um jeito de ir conhecer o Mercado, é realmente imperdível.

Depois da janta seguimos caminhando até o Hotel que estava bem próximo, coisa de 5 quadras no máximo. No lobby encontramos a cuia de chimarrão, tomamos umas duas cuiadas cada um e subimos para o quarto para dormir.

Abaixo encontram-se algumas fotos que o Daniel e o Lauro tiraram no trecho em que eles seguiram de Cristal a Punta del Diablo e, posteriormente, Punta del Este onde nós nos encontramos um dia depois.
Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí.

Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí.

Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí.


Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí.
Punta del Diablo


Punta del Diablo


Punta del Diablo


Punta del Diablo


Punta del Diablo


Punta del Diablo - Golfinhos passeando pela orla.

Fortaleza de Santa Tereza


O já famoso Parador MAria Esther. Parrilla da melhor qualidade.


Lauro e Edite.

Dia 13/07 – Sexta-Feira


Eu queria levantar cedo para ir para a loja acompanhar o desenrolar dos fatos, mas a Bê disse que queria dormir um pouco mais e acabamos levantando somente às 8:30 da manhã. Tomamos café, juntamos nossas bagagens, fizemos o check out, pegamos um taxi e fomos para a loja. Chegamos lá era 10:30 e a moto estava pronta do lado de fora, na calçada, juntamente com outras tantas motos paradas ali. Fomos conversar com a Sandra e ela nos disse que estava pronta desde as 9 da manhã, pois o amortecedor havia chegado às 9:30 e em menos de meia hora eles trocaram.

Caramba!!!! Vivaaaaa!!! As coisas estavam começando a dar certo e, é claro, isso significava que tínhamos a benção divina para continuarmos nosso trajeto.

Perguntei para a Sandra o preço do concerto e ela me disse que não custaria nada. Pode isso? Nada era o preço para trocar o amortecedor. Estes gaúchos realmente são gente muito boa. Ela ainda me disse que ficaria com o amortecedor e se eu precisasse dele para um pedido de garantia, ela encaminharia pelo correio para a The One sem custo. Ela veria como fazer para lançar os custos da remessa, caso necessário, nos custos da HD mesmo.

Ficamos maravilhados com o atendimento e cheguei a me arrepender de não ter comprado mais uma camiseta na loja, já que as camisetas, mesmo sendo caras, a esta altura já estavam ficando baratas.

Colocamos todas as nossas bagagens na moto, me despedi do pessoal, inclusive do chefe de oficina, que infelizmente não me lembro do nome, que, não fosse pela minha dificuldade em lembrar nomes, seria uma heresia, agradecendo muito a todos eles pela atenção e carinho com que nos trataram salvando nosso passeio, o que não tem preço, pois dificilmente a gente consegue uns dias de folga no trabalho para poder fazer uma viagem dessas.

Saímos da loja com a alma em festa. Seguimos pela Av. Sertório, onde está localizada a IESA, e que é a própria avenida que chega na ponte do rio Guaíba por onde teríamos que passar. O motorista do taxi havia nos explicado como teríamos que seguir para pegar a ponte pois, nas proximidades da mesma a avenida tem sentido único e é preciso pegar uma rua paralela. Já estávamos com o tanque cheio, pois antes de calibrar o pneu no dia anterior, eu havia enchido o tanque da moto.
Nossa nova saída de Porto Alegre no dia seguinte pela manhã - Ponte sobre o Guaíba.


A suspensão estava uma maravilha, a moto não ficava mais balançando e estava muito macia. Fomo tocando e depois de algumas horas passamos por Cristal, na frente do posto em que havíamos parado no dia anterior, até buzinei para cumprimentar o pessoal e dar adeus. Seguimos até Pelotas, onde abastecemos pela primeira vez e comemos alguma coisa no próprio posto, passamos a lindíssima Reserva do Taim, claro que em velocidades baixas, pois ali tem muito animal na pista, inclusive capivaras, o que, devo confessar, me traumatizou um bocadito.


Saída de Porto Alegre em direção a Pelotas - Ah! Lembrei da Capivara...
Como eu e Bê estamos muito acostumados a viajar sozinhos, a gente vai no ritmo que nos agrada, sendo que podemos otimizar os abastecimentos eparar apenas a cada 250 a 350km, por vezes chegando perigosamente perto do tanque vazio. Depois de abastecermos em Pelotas seguimos até a fronteira no Chuí e o fiscal da Polícia Uruguaia disse que 25 km à frente teria um posto. Fachou com o que o Daniel havia me comentado pelo telefone. A moto estava com a luz da reserva acesa a alguns quilômetros e o indicador mostrava Lo, que significa baixo, ou seja, tinha menos de 15km de autonomia. Contei com a sorte de ter uma folga neste marcador já que eu não voltaria para abastecer no Chuí. Seguimos em frente em velocidade mais econômica, coisa de 80 a no máximo 100km/h.
Paisagens do caminho no Rio Grande do Sul. Pontes de dar inveja.

Eita nós!!!

Esta paisagem realmente estava demais. A Bê conseguiu registrar magistralmente.

Graças a Deus deu certo, quando eu realmente estava ficando preocupado o posto apareceu e na hora eu pensei: - Que bom. Agora a moto já chega no embalo caso o motor apague. É só apertar a embreagem. Hehehe. Chegando lá vimos que aquele já era um velho conhecido nosso. Comprei uns alfajores para a Bê, enquanto ela foi ao banheiro, e comprei um refrigerante de pomelo rosado, Paso de los Toros, que é dos melhores que existe e é produzido na cidade de mesmo nome, que fica no Uruguai, por onde já passamos diversas vezes, no caminho de Tacuarembó, local onde, dizem o uruguaios, nasceu Carlos Gardel, o rei do tango argentino, quando se vai em direção a Rivera.

Com o tanque cheio, não perdemos muito tempo, pois tínhamos que chegar em Punta Del Este para dormir e nos encontrarmos com os demais no Hotel The SmallEast, onde nós já havíamos ficado da outra vez, localizado bem na praça do farol na Punta e ainda teríamos que jantar no Parador Maria Esther em Rocha, para jantar a deliciosa parrilla uruguaia e comer a melhor morcilla dulce que tem no mundo, ao menos no mundo que eu conheço que tem morcilla dulce.

Passamos pelo trecho da pista que tem um alargamento e serve como pista de pouso, passamos também pela Fortaleza de Santa Tereza e quando chegamos em Rocha o frio já era grande, precisávamos colocar roupas para podermos nos aquecer pois a coisa estava ficando muito preta mesmo!

Paramos na frente do restaurante, pegamos a segunda pele, a polar, as luvas, as meias e entramos no restaurante. Uma delícia de lugar. Com a churrasqueira acessa estava bem quentinho. Parei na frente da churrasqueira para me aquecer por uns momentos antes de ir ao banheiro lavar as mãos e colocar as roupas. Aí sim ficou uma delícia, bem quentinho. Não tem coisa melhor que se aquecer depois que o corpo está muito gelado.

Tinha um casal de brasileiros na mesa ao lado, conversamos um pouco e comemos nossa morcilla dulce e um entrecote mal passado. Ah como é bom!!!
Grande Parador Maria Esther. Comer Morcilha doce e entrecote. Mas bota frio nisso...

Depois de comer, não enrolamos muito pois queríamos pegar a estrada, ainda tínhamos um trecho de uns 90 km para rodar e era noite e a temperatura estava caindo rapidamente. Pelo menos estava uma noite bonita com muitas estrelas no céu. O termômetro da moto estava marcando 4 graus centígrado, depois da conversão que citei acima. Seguimos agasalhados e até que foi bem tranquilo. Quando estávamos chegando em San Carlos, que já fica bem próximo de Maldonado, onde se encontra Punta Del Este, o GPS estava indicando que o caminho mais rápido era contornar a cidade, mas como estava muito frio e era tarde, logo na cidade deveria ter muito pouco movimento, achamos que seria melhor seguir por dentro de San Carlos mesmo. Havíamos passado o balão de acesso à avenida que entraríamos e parei no acostamento para fazer o retorno. Aí é que vi que estava mesmo frio. A umidade começou a condensar no para-brisa da moto e ao mesmo tempo que ia condensando ia congelando, formando cristais. Foi uma visão bem interessante, mostrei para a Bê e ficamos observando um pouco o fenômeno, fizemos a volta e entramos pela cidade.

Dali até Punta foi rápido, coisa de meia hora. Com a ajuda do GPS fomos direto até o hotel. Chegamos fizemos o nosso check in e nos informaram que eles haviam saído para jantar e ainda não tinham retornado. Ficamos por ali esperando um pouco e eles logo chegaram. Foi uma grande festa este nosso reencontro. Contamos como foi o nosso dia e eles contaram sobre Punta Del Diablo, dizendo que tínhamos uma diária grátis lá no hotel de uma próxima vez que fôssemos, claro que teria que ser em período de baixa temporada, que o lugar era bem legal, etc., além, é claro, de termos falado muito do frio que estava fazendo, pois estava ventando um pouco e somando o vento com a baixa temperatura a coisa estava mesmo de congelar.
Depois de tantas turbulências podiamos estar juntos novamente.

Que delícia era poder estar novamente com eles em nossa viagem depois de termos tido tantos sustos e ao final tudo ter dado certo. Afinal havíamos planejado com tanto carinho os detalhes estávamos conseguindo no final fazer com que tudo acabasse bem. Isso nos parecia uma benção divina o que, novamente cito, nos dava a tranquilidade de seguir em frente, pois os sinais eram de que tudo correia bem dali para diante.

Dia 14/07 – Sábado


Tomamos nosso café da manhã e saímos para passear um pouco na tentativa de encontrar a loja da HD em Punta. Vimos o endereço e parecia ficar após a ponte maluca, aquela que fica sobre a foz do rio Maldonado.
Punta del Este - Em frente do Hotel The Smalleast
Praia no lado oceânico de Punta del Este

Passamos pelo monumento ao Afogado, que nome horrível de se dar àquele monumento, somente os dedos para fora da areia, depois seguimos pela praia Brava passando pelas maravilhosas mansões que tem ali ao longo da avenida costaneira.
Monumento ao Afogado, que nome mais ruim

Quando chegamos na ponte cruzamos ela várias vezes, ao menos umas 4 idas e vindas para, somente depois poder prosseguir. A velocidade máxima com a qual consegui passar foi de 80 km/h, mas pensa num “esfria saco”! É muito legal! O que não sei é o que tinha na cabeça o Leonel Viera, que projetou a ponte que recebeu seu nome.
Nós na Loja fechada da HD em Punta - Aberta somente no Verão.
A minha Penélope em frente à loja fechada da HD.

Seguimos a te a loja da HD que infelizmente estava fechada com um papel colado no vidro indicando que a mesma abre somente no período de verão. Ficamos um pouco chateados, mas na verdade não fazia diferença nenhuma, a menos que economizamos algum dinheiro, pois fatalmente compraríamos alguma lembrança ali. Sacamos la foto, que não poderia faltar, já que pelo menos o nome da loja estava lá.

Decidimos seguir em frente, passamos por La Barra, Manantiales, El Chorro, Balneario Buenos Aires, Laguna Del Barro e fomos até a Ponte Laguna Garzón, que vai a lugar nenhum... hehehe. É verdade, acho que eles começaram a construir e pararam no meio, assim ficou. Alí no local opera uma balsa. Chegamos até o porto de embarque e decidimos voltar.
Porto e Balsa na Laguna Garzón

Porto na Laguna Garzón

Na ida passamos paramos para abastecer em José Ignácio, onde há uma ponta, com uma Igreja ao longe que nos chamou a atenção. Voltamos pelo mesmo caminho e decidimos explorar o local. É um pequeno balneário que tem um farol de mesmo nome, muito antigo, a julgar pelos vários faróis que já estiveram ali instalados e hoje encontram-se expostos em uma espécie de museo a céu aberto. Tinham muitos turistas por ali e ventava muito, coisa de 80 km/h e ainda por cima estava muito frio.

Mas para quem passeia tudo é festa mesmo, vimos uns locais interessantes onde se poderia comer, mas decidimos seguir em frente, pois na ida tínhamos visto uma referência a um museu de esculturas e a Ana Paula ficou interessada e é claro que nós também. Voltamos pelo mesmo caminho até a rua que seguia para o Museu. Trata-se da Fundacion Atchugarry, criada por Pablo Atchugarry em 2007 e não tem fins lucrativos. Ela foi criada com o espírito de promover as artes plásticas, a literatura e música além de outras manifestações criativas da humanidade.
Fundacion Atchugarry
Fundacion Atchugarry
Fundacion Atchugarry



Todos nós adoramos o local que tem inúmeras esculturas de uma criatividade realmente impressionante. Encontramos ainda um casal de São Paulo, com o qual o Lauro ficou algum tempo conversando. Ao final o Lauro comentou que eles não poderiam viajar conosco, pois viajam poucos quilômetros por dia, coisa de 400km. Acho que porque estavam com uma GS ou talvez com uma VStrom. Heheheh. De HD a gente vai mais longe! Kkkkkk.

Depois de conhecer vários edifícios com obras de arte em exposição e ainda as oficinas com obras que estavam sendo feitas, embora os artistas não estivessem lá por ser sábado à tarde, foi bem interessante ver aquilo tudo. A arte é uma coisa interessante, pois para mim pelo menos, tem que comunicar algo, e vi muitas obras que me comunicaram diversas emoções o que coloca aquele pessoal em evidência mesmo. São grandes artistas, sem a menor sombra de dúvida.

A moça que estava cuidando do local, nos informou que o local fica à disposição dos artistas que quiserem produzir lá se utilizando da infraestrutura do local, embora ela tenha dito que não tem custo algum para o artista, imagino que quando a obra é comercializada alguma parcela deva ficar para a Fundação senão seria impossível manter aquele local.

Saímos dali já com fome e resolvemos procurar por um restaurante em Punta Del Este mesmo, onde nós havíamos almoçado juntamente com o Luciano e Cíntia da vez anterior em que estivemos lá. Andamos por tudo quanto foi local e não conseguimos achar o tal do “Boca Chica” e fomos em um outro restaurante localizado nas proximidades. Depois é que fui ver que o “Boca Chica” fica mais na ponta ainda, ou seja, depois do Iate Clube e do local dos pescadores. De qualquer forma, este restaurante se mostrou tão bom, ou até melhor que o “Boca Chica” e o principal, tinha o tal do Clericot, que é um tipo de sangria preparado com vinho branco e frutas. Muito bom mesmo, quem for para lá não pode deixar de provar. Como o vinho que vai no Clericot não é lá dos melhores acaba ficando barato.
Almoço em Punta com Clericot e tudo que tínhamos direito

Como somos exagerados, estávamos em festa e com fome acabamos tomando 2. Claro que algumas das meninas ficaram um pouco altas. Comemos muito bem, tanto no que se refere à qualidade como à quantidade. Em Punta é difícil se comer carne, acaba que os restaurante servem mais frutos do mar, por razões óbvias, e são restaurantes com chefs de qualidade internacional com pratos muito bonitos e bons.

Depois do almoço, como a Ana tinha bebido um pouco de mais, eles acabaram preferindo ir para hotel, que estava muito perto, para dormir um pouco, quem conhece o Daniel sabe que ele adora um cochilo depois do almoço, o Lauro, a Edite a Bê e eu resolvemos ir dar uma volta de moto. A princípio resolvemos percorrer o trecho entre Punta Del Este e Punta Ballena.  O vento estava muito forte, se antes do almoço estava a uns 80 m/h, já mais para o final da tarde estava a muito mais. Acho que as rajadas deviam bater os 100 ou 120km/h. Sei lá. Mas olha que era um vento de dar medo e ainda por cima frio pra caramba, naquela tarde estava em torno de 6 ºC, que foi a temperatura de praticamente todos os dias que estivemos lá, embora o tempo estivesse sempre aberto e com sol.
Lauro e Edite em frente ao Cassino Conrad. Mas bota frio nisso.
 
Não chegamos a Punta Ballena, pois eu parei e perguntei para o Lauro o que eles queriam fazer, eles responderam imediatamente que estava ventando de mais e que achavam que seria melhor retornar para o hotel, nossa opinião era exatamente a mesma e voltamos.

Guardamos as motos e fomos para dentro nos aquecermos um pouco. Enquanto a gente papeava sobre o que iríamos comprar para fazer um queijos e vinhos naquela noite a Edite olhou para fora e disse; - Que é aquilo? Que água é aquela lá fora? Estão lavando alguma coisa?

Pois olha que quando fomos ver era uma chuva daquelas, do tipo de chuva de verão, só que sem verão. Despencou um toró e tanto. O interessante é que foi de verão (no frio) mesmo, pois durou não mais de 15 minutos e parou completamente, inclusive apareceram novamente as estrelas no céu. Nos agasalhamos e fomos os 6 até um local para comprar os quitutes.

Primeiro fomos até uma panificadora com mercadinho, mas não gostamos do que encontramos lá e decidimos ir andando mais um pouco até o mercado. Foi uma boa escolha, no mercado encontramos meias de lã, maravilhosas, por coisa de R$3,00 o par, claro que todos nós compramos e foi uma boa mesmo, pois nos dias que viajamos com as meias os nossos pés ficaram bem quentinhos. Compramos duas garrafinhas de Jack Daniels, pequenas mesmo, acho que de 1/3 de litro, que é claro não duraram muito, na verdade nada, pois no dia seguinte à noite as duas estavam secas. A minha eu trouxe para guardar de lembrança e para encher novamente e colocar no cogelador para tomar gelado, conforme dica do meu primo Luiz Augusto.

Compramos 3 garrafas de vinho, queijos, frios e pães. Foi uma noite maravilhosa, ficamos todos ali olhando as fotos, comendo e relembrando os fatos do dia enquanto víamos as fotos.

Decidimos que copiaríamos todas as fotos de todas as máquinas para o meu computador, assim ao final todos teríamos todas as fotos tiradas. Para isso arrumamos as datas e horários das câmaras para que as fotos ficassem na sequência, não funcionou muito bem mas ficou legal. Planejamos nosso dia seguinte e fomos para cama, muito cansados do longo dia e ainda das distâncias percorridas até ali, pois o cansaço é cumulativo e o stress da pane do amortecedor tinha seus efeitos ainda, mas com uma alegria na alma daquelas de dar saudades. Vi uma propagando muito legal da Althemburg com a seguinte frase: - Sonhamos de noite para roncar durante o dia. Muito boa!

Ao final aquele havia sido um primeiro dia nosso no Uruguai e foi de encher o coração de alegria. Depois de tantas dificuldades nos dias anteriores, ao final, tudo estava dando muito certo.

Agradecemos a Deus pela graça recebida!

Dia 15/07 – Domingo


Mais um dia maravilhoso que amanheceu com o céu azul e muito lindo, claro que com os mesmos 4 a 6ºC no termômetro, mas pela manhã tem muito menos vendo.

Tomamos o café, não muito cedo, a Ana Paula estava um pouco de ressaca devido aos vinhos da noite anterior, faz parte, mas nada muito sério. Pegamos as motos e fomos passeando pela linda orla que liga Punta del Este a Punta Ballena, ao longo da praia Mansa, que logo de cara passa em frente ao Cassino Konrad e seguimos passeando. Diferentemente do dia anterior, agora estava uma brisa muito mais amena e o caminho estava lindo, pois mesmo com frio, o dia aberto dá um colorido magnífico a todas as coisas que a gente olha, ficando tudo ainda mais bonito do que já é.

Iglesia Candelaria, na praça do Farol ao lado do Hotel
Chegamos em Punta Bellena e fomos diretamente até as pedras da ponta, onde tem um mirante. De lá a gente vê toda a baia da praia Mansa e ainda da Punta Del Chileno, de onde existe um local chamado Mirador de Ballenas. Sabe-se lá quando tem baleias para serem vista de lá. Nós nunca vimos.
A caminho de Punta Ballena

Punta Ballena

Depois de fotografar e filmar um pouco e das meninas comprarem algumas lembrancinhas nas barracas de artesanatos, onde a Bê achou um ímã de geladeira idêntico ao que a Cintia tinha comprado quando esteve lá e o Lucianinho quebrou, fomos visitar a Casa Pueblo.
Casa Pueblo em Punta Ballena - Idealização de Carlos Vilaró

Estacionamos as motos em frente a entrada, onde o Aníbal, grande amigo do Lauro, estava vendendo fotos da Casa Pueblo vista de cima e que tem a forma do mapa do Brasil. Pagamos os ingressos, visitamos o café, que custava tão caro que eu não tive coragem de tomar, acho que era algo como R$10,00 a xícara. Fomos até a sala de projeção onde fica o tempo todo projetando um filme que conta a vida e obra do Vilaró. Vimos o filme e visitamos o Museu que é formado por muitas salas entremeadas por caminhos e escadas onde encontram-se expostos gravuras, pinturas, esculturas, livros, pensamentos e fotos de Carlos Vilaró. Do lado de fora, acessando as varandas da Casa é possível ver o mar, que na verdade não é o mar mas sim o estuário do Prata. Considera-se que de Punta del Este para o norte, é o mar e para o outro lado é o rio da Prata.
Casa Pueblo












Muito se fala da beleza do por do sol visto dali da Casa Pueblo, tanto que o próprio Carlos Vilaró se refere o tempo todo a ele, dizendo que praticamente, senão toda a sua obra, ali exposta, é fruto deste por do sol ou da força do próprio sol. Infelizmente não foi desta vez que pudemos ficar ali para apreciar esta beleza, afinal de contas algo precisa ficar para trás, sob pena de não termos mais nenhum motivo para retornar e nós queremos retornar, sendo este apenas mais um quitute que permanece a nos chamar de volta.



Saímos de lá já próximo da hora do almoço e decidimos ir conhecer Piriápolis.
Piriápolis - Hotel Cassino

Ah! Piriápolis! Que maravilha de local. Tão cheio de surpresas agradáveis! Tão prazeirosa! Tão exuberante! Há quem diga que foi daquele local que emanaram todas as energias Divinas que findaram por criar toda a vida em nosso mundo e, principalmente, a raça humana e olha que isso é a simples e humilde manifestação da mais pura verdade que todas estas expressões podem, para os menos avisados, parecer exageradas, mas não para os iniciados, para os que conhecem.

Pois afirmo que ainda são muito humildes e vazias estas palavras, afinal de contas o que são as palavras sem AS MÃOS que a mando Divino são capazes de realizar tão maravilhosas obras?

Com este espírito, embora ainda totalmente desconhecido, mas marcado em nossas almas pelo ferro celeste, pois somente nos é dado conhecer os caminhos que trilhamos, ao longo do próprio caminho, nem um segundo antes sequer.

Entramos em Piriápolis pela avenida principal, sempre seguindo o GPS que sabe e conhece tudo e que nos levou o tempo todo sem sequer passar pelas favelas, quer dizer, houve uma única exceção, afinal ele acabou sendo superado pelo seu próprio desejo pelo social. Fomos até bem para frente e depois viramos à esquerda e fomos retornando pela orla do Prata. Tudo muito arrumado, com cara de lugar que teve todo o aparelhamento urbano instalado a muito tempo, acho que lá pela década de 50, a julgar pela arquitetura das praças, balaústres, etc.
Beira rio em Piriápolis

Chegamos a um local que nos pareceu mais central, onde havia o Restaurante Terranova, muito movimentado, praticamente lotado, embora já não fosse assim tão cedo, coisa de 3 horas da tarde. Paramos as motos junto ao meio-fio da calçada da praia, atravessamos a rua para irmos ao restaurante.
Restaurante em Piriápolis

Aí começou a manifestação do Divino. Hehehe. Buscamos uma mesa para nós seis e também lugar para colocarmos os capacetes. As meninas foram ao banheiro e a Graziella veio nos trazer o cardápio e ver ser queríamos alguma bebida. O Daniel perguntou algo para ela e ela se curvou para ver e responder. Quando ela se levantou já veio a manifestação de interesse, ela mediu o Lauro que estava atrás dela, um pouco ao lado, dos pés à cabeça, e disse:

- Noooossaaaa!!!! Que lindo!

Desse jeito mesmo. E saiu dali a jato, ligeirinha como sempre se deslocava ali dentro do restaurante. Nós ficamos nos olhando e surpresos com a ousadia da Graziella. Mas, tudo bem, para quem está viajando tudo é alegria, é claro, que tiramos uma casquinha do Lauro, afinal de contas teríamos que valorizar a atitude dela em sua manifestação de espanto com tamanha maravilha.


Em seguida as nossas maravilhosas musas retornaram e a Graziella soube conter a paixão avassaladora que tinha tomado conta dela com o Grande Lauro, pois tão bem se conteve, que até esquecemos do ocorrido.

Comemos muito bem, pois não tem muito como errar se pedir carne mal passada no Uruguai e na Argentina, ou rugoso, como eles dizem, e chegou o momento da sobremesa, aí sim é que foi o momento do ápice. Pedimos a famosa Taça Hispano. Aquele suspense no ambiente até que veio a taça com sorvete e nata e mais um  monte de coisas, pois a estrutura vem com praticamente 40cm de altura. Foi um riso geral, pois somente o Daniel a Bê r eu conhecíamos, quando fomos com o Daniel para Montevidéu em 2010.

Em seis, conseguimos dar conta de quase tudo. Pedimos café a conta e tudo ia se encaminhando para um final apenas feliz. Eis que a Bê teve uma magnífica ideia de tirar uma foto da Graziella conosco, com os três homens. Como eu estava sentado, veio o Daniel à minha direita e o Lauro à esquerda, ficando no meio a Graziella, atrás de mim. A Bê tirou uma foto e achou que não ficou boa e pediu para esperar e tirou outra. Aí sim que foi a coisa. A Graziella apertou, magistralmente, sem que ninguém visse, a bunda dos dois. A minha não é claro, pois eu não afeito a esse tipo de atitude pecaminosa e de baixo calão.
Parece que esta foto foi antes...
E esta depois, ou melhor, durante! Olhem a cara da Graziella!

Pode uma coisa dessas? Os dois ficaram parados. Se fosse eles que tivessem pegado na bunda da garçonete a gente teria visto um verdadeiro escândalo com direito a chamar a polícia e tudo. Mas como foi ela e eles ficaram sem ar, estão até agora tentando entender o que aconteceu.

Diz o Daniel que falou para ela:

 - O que é isso?

Ao que ela respondeu:

 - Fica quieto!

E ele ficou...

No filme dá para ver muito bem a cara da Graziella na primeira e na segunda foto. Veja como evoluiu a expressão da abusadora de meninos inocentes, pois comigo ela não foi louca de fazer isso, ia ver o que ia acontecer!!!

Filme resumo do dia que fizemos à noite no Hotel.
Mesmo assim fomos embora do magnífico restaurante Terranova, que deixou uma marca indelével em nossas vidas e em nossa viagem.

Passamos pelo teleférico que tem na região do Porto, que dá acesso a um morro alto de onde a vista parecia ser muito bonita, mas nós não estávamos a fim de subir. Acho que os dois estavam já exaustos com a experiência anterior.

No caminho de volta o Daniel sugeriu que passássemos pela Fazenda La Pataia. Que é um local afastado, onde fazem o melhor doce de leite do Uruguai, que tem o mesmo nome, e onde é servida uma panqueca com doce de leite. Lá fomos nós, porém sem saber direito onde o local era, aí o GPS não pode ajudar porque o Daniel não lembrava o nome e é claro que o endereço ninguém sabia mesmo.
Fazenda Lapataia


Fazenda Lapataia - Lugar do melhor doce de leite do Uruguai.
Mas o Daniel foi indo na frente e não é que acabou encontrando? Um lugar muito bonito, com infraestrutura para receber turistas e tudo. Um lugar dos mais agradáveis embora tenhamos tido que seguir um bom trecho por estrada de chão, mas com o piso bem firme e não tivemos problemas em seguir com as nossas motos. Principalmente a minha que é uma maravilha na areia...
Fazenda Lapataia - Comendo Panqueca de doce de leite

Fazenda Lapataia

Saímos de lá e fomos comprar um reforço de vinho e outros apoios para a noite. Já que estávamos comendo sem parar. Repetimos a dose de copiar as fotos e gravar tudo no computador, ver as fotos e então começamos a fazer um filme, que ficou muito bom. Com quinze minutos de duração mas que resumiu bem o nosso dia e que encontra-se apresentado anteriormente.

Dia 16/07 – Segunda-Feira


Dia de dar baixa no Hotel The SmallEast e seguir para Montevideo.
Em frente ao Hotel The Smalleast - Farol da plaça ao fundo.

Em frente ao Hotel The Smalleast

Em frente ao Hotel The Smalleast - Farol da plaça ao fundo.

Antes de pegar a estrada, fomos até o Monumento ao Afogado, que já tínhamos passado por lá várias vezes mas ainda não tínhamos parado para sacar las fotos. Dali seguimos pelo caminho das escadarias do céu, que leva a Piriápolis! Ah! Piriápolis, terra de tantos praseres.... chega. Liguei o pisca para entrar em Piriápolis, mas acabamos seguindo em frente. A resistência foi muito grande, teve gente que quase caiu da moto, pois a moto queria seguir pela esquerda. Kkkkkk
Monumento ao Afogado. Nome de mau gosto mas o Monumento é interessante.


Seguimos pelo caminho mais próximo ao mar que podíamos, ao invés de ir direto pela autopista. Mas ao final acabou sendo quase que apenas uma intenção, pois a autopista já fica muito próxima ao mar e boa parte do trajeto foi feita por ela mesmo. Iniciamos pela RN-93 e depois passamos para RN-9 até a RN-8 e por esta até a Capital. A distância de Punta a Montevideo é pequena, 136km, e chegamos rapidamente lá.



Localizei o Hotel Intercity Premium Montevideo no GPS e o erro foi por 100m apenas. Digo isso pois o GPS tem um problema com numeração de ruas, em alguns casos a numeração está invertida, ou seja, começando onde deveria terminar com sentido oposto. Mas era simples de encontrar, pois ficava ao lado da Boulevard General Artigas, uma importante avenida da cidade que se encontra muito perto da Av. Brasil, onde se localiza a loja da HD, avenida esta que nasce em Pocitos, a praia mais badalada da capital e onde os imóveis custam muito caro, para se ter uma ideia um apartamento de 3 quartos não sai por menos de US$400mil e nas outras praias, também na orla com vista para o “mar”, que é rio, por US$200mil. Quase o mesmo preço que em Florianópolis, é só multiplicar por 10 que fica igualzinho.
Loby do Hotel Intercity Premium Montevideo


Praia de Pocitos - Daniel e Ana
Pocitos - Lauro e Edite


Pocitos - Minha querida Bê, parece que estava feliz!

Praia de Pocitos - Lauro

Já comentei com a Bê, bem que poderíamos morar ali, bom, seguro, um povo educado e por um preço de moradia bem em conta. Ainda por cima tem alfajor Punta Ballena – Negro, que a Bê adora de paixão.
Nos instalamos, passamos pela loja da Harley, na Av. Brasil, e fomos passear pela avenida 18 de julho e era dia 16/07, logo, em dois dias seria dia 18, que é o dia da Constituição, o dia em que o país teve sua carta magna após a independência. Estacionamos as motos na Plaza Independência, no centro antigo da cidade e passeamos à pé pela praça, pena que o mausoléu Artigas estava ainda em reforma e não pudemos entrar, ali tem também o Palácio da Presidência da República, onde trabalha o Presidente José Mojica (que tem o nome muito parecido com o do Zé do Caixão, que é José Mujica). Seguimos pelas ruas da cidade antiga e fomos até a praça Constituição onde visitamos a Catedral Metropolitana de Montevideo, passando pela elegante livraria A Puro Verso com seu vitral majestoso.

Palácio da Presidência da República do Uruguai, na Plaça Da Independência.

Praça da Independência - Monumento ao Gen. Artigas.

Agora sei porque a Lê gosta de caretas nas fotos. Acho que é genético. hehehe.

A Bê na Livraria A Puro Verso


Bonita fachada da Taverna La Corte na Cidade Antiga
Estátua da Catedral Metropolitana

Catedral Metropolitana

Catedral Metropolitana - Detalhe do piso de ladrilho hidráulico

Acho que a Ana nunca reparou direito na beleza do Daniel....




Edificio que durante muitos anos foi o mais alto da América Latina

Nós em frente ao Monumento ao Gen. Artigas
Passamos por Pocitos, demos uma bela volta pela orla, seguindo sempre pela avenida costaneira e subimos a Av. Brasil, nossa velha conhecida, para ir até a loja da HD. Chegamos, nos certificamos de que estava aberta, ou seja, não era feriado, pelo menos uma vez não era, pois sempre que fomos ao Uruguai, aproveitando feriados aqui no Brasil lá também era feriado. Na esquina da loja tem um restaurante e fomos lá para comer o famoso chivito, que é um tipo de sanduiche no prato com bife. Acho até que chivito é o nome que eles dão para a carne da res. Explicar mais do que isso não consigo, teria que pesquisar no Dr. Google.
Em frente a loja da HD em Montevideo. Desta vez estava aberta.

Comemos bem e tomamos uma Patrícia, pois no Uruguai a gente tem que tomar uma Patrícia ou uma Norteña, senão é como se nem tivéssemos ido até lá.

Voltamos até a loja e ficamos ali vendo camisetas e outras cositas mas. O Lauro e o Daniel se animaram para comprar uma jaqueta de cordura preta, muito bonita e do mesmo modelo. Achei que ficou legal. O Lauro pegou uma tamanho XL e o Daniel pegou uma tamanho M. Eu vi que tinha uma L na loja, mas em mim não servia.

Muito bem, depois acabou que o Lauro achou que ficou muito grande para ele a jaqueta e que iria trocar pela L. Eu achei a ideia de fazermos um grupo com as mesmas jaquetas legal, já que estávamos viajando juntos e que aquela poderia ser uma boa lembrança da viagem. Fiquei com a jaqueta XL do Lauro, que me serviu muito bem e na manhã seguinte fomos até a loja novamente para eu comprar a jaqueta L para ele. Assim formamos um trio de jaquetas idênticas.

Saíndo do centro fomos até o Punta Carretas Shopping para ver se o Lauro e a Edite conseguiam regular a máquina fotográfica deles que estava tirando apenas fotos em preto e branco e ninguém conseguia arrumar. Passeamos pelo belo shopping e fomos jantar na praça de alimentação, onde graças a Deus eu encontrei uma parrilla que servia morcilla Dulce e entrecote! Que beleza! Não perdemos a janta afinal das contas.

Chega de saracutiar, voltamos para o hotel e cama.

Dia 17/07 – Terça-Feira


Primeira coisa que fizemos foi ir novamente até a loja da HD para comprar a jaqueta do Lauro, já que a dele tinha ficado comigo, realmente tinha uma tamanho L que serviu direitinho nele. Assim formamos o grupo completo com as jaquetas idênticas. Estava muito frio e a jaqueta veio com um forro impermeável, desta forma ficou melhor que a de couro, pois quando está frio põe 2ª pele, polar e a jaqueta com o impermeável e pode fazer 0º que não tem problema, no calor é só tirar o impermeável de dentro e ela fica bem fresquinha.

Saímos dali e fomos em busca de protetor para colocar nos manetes das motos do Daniel e do Lauro, pois o frio era grande e o vento batendo direto nas mãos, já que a Heritage não tem proteção para as mãos, fica difícil de aguentar, pois o tempo todo a maior reclamação deles era com o frio nas mãos. Acabamos encontrando em uma lojinha de bicicletas, pois em uma loja especializada em multimarcas de motos, que tinha de tudo, não tinha.

O Daniel comprou uma amarela e o Lauro uma azul, em ambos os casos combinado com a cor das motos, uma boiolice! kkkk. Fácil de instalar e barato. Ficaram parecendo dois motoboys com aquelas proteções para as mãos, mas o que importa é que dali para frente eles estavam com as mãos devidamente protegidas. Como a minha luva estava funcionando bem eu não precisei recorrer àquela indecência. Se bem que nos dias de maior frio mesmo tive que colocar uma luva de segunda pele por baixo dela para tocar em frente.
Os protetores de manete para enfrentar o frio que estava judiando
Voltamos para o Hotel para esperar pelo ônibus que nos levaria para o cititour em Montevideo. Aproveitaríamos a tarde para conhecer todos os maiores pontos turísticos da cidade sendo que alguns de nós nunca tinham ido para lá.

Foi muito bom o passeio, mais ou menos o mesmo que já tínhamos feito alguns anos atrás, quando fomos somente com o Daniel. Foi bem legal. Acho que o Lauro a Edite e a Ana Paula ainda não conheciam.
Viajar tem isso de bom: tudo é alegria. Deveríamos viver sempre assim.
 



Passamos com o ônibus pelo Mercado Municipal e vimos que tínhamos estado ali bem perto mas que não sabíamos disso, pois poderíamos ter aproveitado para almoçar lá, a fama do local é muito grande.
Edifício do Parlamento - Projeto italiano ao estilo italiano. Todo decorado em mármore

Detalhe da torre do Parlamento com estátuas de mármore sustentando o coroamento

Ao final do passeio, solicitamos ao guia que nos deixasse na Feira de Artesanato que queriamos conhecer, na verdade é famosa mas não tem grandes coisas não. Acabamos achando um quebra-cabeças muito legal para o Lucianinho que por si só valeu a pena ter ido. Saímos então cainhando pela rua para jantar no Bar Hispano. Acontece que fomos para o lado errado, estávamos indo em direção ao Porto, embora Montevideo seja uma cidade segura, proximidade de porto não é lugar seguro para ninguém, em nenhum lugar do mundo, quanto mais para turistas. Somente quando um transeunte falou que deveríamos guardar as máquinas fotográficas, pois era perigoso andar com elas no pescoço à noite naquele lugar é que nos tocamos que algo estava muito errado.

Retornamos as 4 ou 5 quadras que tínhamos caminhado no sentido errado, com meu pé que estava uma maravilha, pois até hoje o danado ainda não está bom, mas acabamos finalmente chegando ao Hispano. Um bom bar/restaurante, mas achei que aquela região é meio sinistra à noite.
Bar Hispano - Comemos pizza quadrada com Patrícia
Bar Hispano, o outro lado da foto acima. hehe.
Comemos pizza quadrada. Uma especialidade da casa, na hora da sobremesa ninguém topou a taça hispano! Hehehehe. Porque será? A coisa mais estranha foi que a Bê não quis tirar fotos nossas com a garçonete, não sei o que aconteceu. A garçonete era muito simpática, novinha, bonita... acho que ficaram traumatizadas, mas ali não era Piriápolis... Kkkkk

Na hora de ir embora, pedimos ao caixa que chamasse dois taxis para nós, enquanto esperávamos lá fora vimos que a coisa é meio baixa mesmo naquela região, ou melhor, é um lugar onde a gente se sente meio despido. Tanto que chegou um primeiro e o segundo demorou um pouco, não nos sentimos seguros o suficiente para ficar ali fora esperando e entramos novamente no Hispano para aguardar lá dentro.

Dia 18/07 – Quarta-Feira


Este era o dia do grande feriado nacional deles, assim como é para nós o 7 de Setembro. Tanto que a principal avenida de Montevideo, que nasce na Praça da Independência, local do Palácio do Governo Federal e do Mausoléo do Gen. Artigas, se chama Av. 18 de Julho. Tudo fechado e nós saímos depois do café da manhã com o GPS apontando para Salto, Termas de Dayman, onde iríamos nos hospedar na Posada Siglo XIX. As termas naqueles dias frios seriam uma maravilha.

Nem fazíamos ideia das aventuras que teríamos que viver ainda neste que foi um dia dos mais atribulados de nossa viagem.

O nosso trajeto seria sair pela RN-1, que liga Montevideo a Colonia Del Sacramento, e seguir para o norte na RN-3, seguindo por esta até Salto, na verdade um pouco antes de Salto entraríamos à direta nas Termas de Dayman até a Posada Siglo XIX. Tínhamos um trajeto de 490km para rodar em um dia maravilhoso, novamente com o céu de um azul anil maravilhoso. Fomos tranquilos a uma velocidade de 110km/h na maior calma, pois tinha muito pouco movimento nas estradas, aliás como sempre é quando se anda no Uruguai.

Quando estávamos a uns 300m do viaduto que sai para a RN-3 quando o Daniel me ultrapassou, ligou o pisca e foi para o acostamento. O Lauro e eu seguimos ele e estacionamos. Ele nos contou que estava sem freio traseiro. Eu perguntei se por acaso ele não havia ficado com o pé encostado no pedal do freio pois quando esquenta o mesmo para de funcionar mesmo. Disse ele que não.

Bem, vimos que tinha uma casa à frente que seria mais seguro encostarmos ali do ficar no acostamento que é muito perigoso.

Entramos naquele largo e paramos as motos. Descemos e o Daniel disse que tinha um barulho diferente, realmente quando ele passou em ponto morto a gente pode ouvir o barulho. A experiência que eu tinha tido anteriormente, quando o amortecedor da minha moto estava quebrado, me dizia que qualquer coisa que pareça estranha na moto deve ser olhada de perto, pois realmente indica que algo deve estar errado mesmo.
Em frente à oficina com problemas no freio da moto do Daniel



Se o carro ficou pequeno com essas duas imagina se fosse o Marião e Paulão?

Então, pensando nisso, pedi que ele parasse ali para a gente poder olhar de perto o sistema de freio traseiro, o freio dianteiro estava funcionando normalmente.

- Primeiro encostei a mão no disco de freio e vi que o mesmo estava frio, logo, não era calor excessivo;

- Checamos o volume de óleo no burrinho do freio e percorremos as mangueiras para ver se tinha algum vazamento, nada também, tudo seco e limpo;

- Quando olhamos as pinças do freio, tinha apenas uma pastilha, a do lado interno do disco. No lado externo faltava uma pastilha e não tinha nenhum pino segurando esta pastilha, que já se encontrava meio levantada em relação ao ponto por onde o pino deveria estar passando para segurar o sistema montado.
Para nossa sorte, ali tinha uma oficina mecânica, descobrimos depois que naquela casa moravam os donos de uma pequena transportadora, com um escritório, também muito pequeno, onde o mecânico era um rapaz de uns 18 ou 19 anos, se tanto, pois me parecia ser menor de idade, com ele estava um outro rapazinho que devia ter menos de 15 anos, com uma bicicleta, ambos estavam sujos de graxa como se fossem mecânicos experientes e levavam a coisa muito a sério. Bem interessante.

Pegamos a pastilha que havia sobrado no local e mostramos para ele perguntando se tinha algum modelo semelhante àquele para que pudéssemos adaptar no local. Ele pegou na mão, olhou, olhou e respondeu, como esta não tenho não. Mas não tem jeito de ajustar algo para a gente seguir viagem? Ele respondeu que não.

Rodas sem a pastilha não dava, pois as pinças não ficam recuadas e acabam encostando no disco, o que, com certeza, estragaria tudo em poucos quilômetros. O Daniel teve a ideia de pedir para tirar fora o sistema do freio e prender o mesmo no Chassis da moto com alguns lacres de plástico e voltar para Montevideo para arrumar no dia seguinte.

Bem resolvemos ligar para a loja da HD pois tem sempre um guarda que fica lá cuidando do local, quem sabe não tinha alguém fazendo um serão... sei lá! O que não dá é para ficar parado sem fazer nada. Falamos com a dona do local e ela, que estava no escritório fazendo alguma atualização de controle, autorizou que utilizássemos o telefone dela para ligar para Montevideo e ainda por cima, nos autorizou a usar o computador dela para ver no Google qual o número do telefone.

Ligamos e realmente o guarda atendeu e nos disse que estava fechado e que somente no dia seguinte teria alguém lá para atender. Insisti muito com ele para nos vender um disco de freio e nada. Pedi o telefone do gerente ou de alguém da loja. Nada. Ele disse que não poderia dar, mas que iria nos ajudar. Ligaria para o gerente, pois não tinha autorização para passar o número e nos daria um retorno. Passei o número da li e ficamos esperando, enquanto o garoto desmontava o sistema de freios para prender no chassis.

Passadas meia hora, mais ou menos, não me contive e liguei novamente para a loja, o guarda falou que o telefone do gerente não havia atendido e que ligaria mais tarde. Caramba! A coisa estava se complicando.

O mecânico acabou o serviço, que ficou muito bom, o alforge foi recolocado no local, e pegamos a estrada rumo a Montevideo novamente, havíamos andado cerca de 90km até ali. Fizemos o retorno no viaduto e retornamos todos. Bem, nada a fazer a não ser ir voltando lentamente, o Daniel usando somente o freio dianteiro, então havíamos pensado em almoçar em um restaurante que havíamos visto na outra pista há alguns quilômetros dali.

Quando passamos na frente do restaurante vimos que tinha uma 883 parada na frente. O local estava fechado mas o Harleyro estava lá fumando um cigarro. Depois tem gente que é contra o fumo, eu não sou, pois se o cara não fumasse ele não estaria parado ali fumando!

O nome dele era Ricardo, explicamos para ele a nossa situação e ele disse que conhecia um mecânico muito bom, chamado Alejandro e que podia ser que estivesse trabalhando no feriado, pois o cara gosta mesmo é de mexer com Harleys. Ligou para o tal do Alejandro e o cara pediu para levar a moto lá na oficina que ele daria uma olhada. Neste momento o milagre já era tamanho que eu comecei a ficar preocupado com a nossa segurança. O Ricardo pediu que nós o seguíssemos pois iria conosco até a oficina.
Nós seguindo o Ricardo retornando para Montevideo

Nós seguindo o Ricardo retornando para Montevideo

Gente finíssima!!!! O cara era um Harleyro mesmo. Assim a gente vai vendo que esta é uma irmandade muito forte, daquelas que imagino fazer inveja até mesmo para Masson.

Depois de alguns quilômetros ele parou em um posto, o que eu achei ótimo, pois estava apertado para ir ao banheiro e para minha sorte ele também estava. Aproveitamos para colocar gasolina e seguimos em frente seguindo o Ricardo.
Mesinha de roda no bar da oficina

Detalhes da decoração da oficina

Eu, Ana Paula, Mecânico (esqueci o nome), Daniel  e o Alejandro

Uma das motos entre a muitas do lugar
Que satisfação a gente ter tido uma solução. Só Harleyro mesmo para ajudar numa hora dessas

Nós parados em frente a oficina aguardando o concerto juntamente com o Ricardo

A oficina ficava localizada a meia quadra do Edifício do Parlamento, que é um prédio maravilhoso, o Alejandro e um mecânico estavam lá trabalhando. Logo na entrada tem uma sala que foi transformada em alguma coisa parecida com um bar ou um ambiente de convívio. Com camisetas penduradas e presas ao teto, demarcando festividades e encontros dos quais participaram. Bem legal o lugar.
Um lugar muito personalizado a oficina

Saímos lá para fora e falamos com o Ricardo sobre a gente ir almoçar em algum lugar e trazer algo para o Daniel e Ana para eles comerem também, já que o concerto demoraria algum tempo.

Assim fizemos, fomos pelas ruas abandonadas da cidade, onde praticamente todos os locais estavam fechados, mas o Ricardo sabia de um local que deveria estar funcionando e para nossa sorte estava mesmo aberto.

Para variar todos comemos chivito, que era muito bom e tomamos uma cerveja para festejar o encontrar o Ricardo na estrada e ainda por cima o Alejandro estar disposto a concertar a moto do Daniel em um dia de feriado nacional. Brindamos muito a isso, bem como agradecemos ao muito ao Ricardo e o mínimo que poderíamos fazer era pagar o almoço para ele, já que não tinha como pagar por qualquer outra coisa para ele.
Comendo o Chivito com o Ricardo num dos poucos restaurantes abertos no feriado

A característica interessante da moto dele, uma 883, é que a placa era na verdade um adesivo colado sobre o para-choque traseiro. Perguntei se aquilo não era proibido e ele me disse que devia ser, mas que até aquele momento a polícia ainda não tinha enchido o saco dele, então ele continuava usando. Interessante como eles não se apegam tanto a estas bobagens que no Brasil tem uma super importância enquanto buracos e engarrafamentos nas estradas não recebem a menos consideração do nosso governo.

Pedimos pizza para levar para o Daniel e Ana com refrigerante e retornamos. Ficamos ainda algum tempo ainda esperando. Saímos de lá, depois de muito agradecer pela disposição de todos em nos ajudar, anotamos os telefones deles para qualquer outra necessidade futura, quando estivéssemos de passagem novamente pelo Uruguai e o Daniel falou que cobraram apenas o equivalente a R$250,00 pelo concerto, sendo que depois me explicou que não tinham o parafuso que servisse na moto do Daniel e que tiveram que levar o pino em um torneiro que também resolveu ajudar, a 30km de distância, retornaram com o pino para prender as pastilhas do sistema. Na verdade foi este pino que caiu e que possibilitou que a pastilha se perdesse.

Coisa impressionante, pois todos nós estávamos maravilhados com o ocorrido, mostrando que a gente realmente nunca pode se entregar, ou seja, Deus ajuda a quem se mexe e mostra que merece de fato uma ajuda. Assim como sucedeu comigo, na questão do amortecedor aconteceu com o Daniel.

Saímos novamente de Montevideu já era umas 4:30 da tarde e tínhamos os mesmos 490km para rodar, ou seja, umas 6 horas de estrada pela frente o que nos apontava que deveríamos chegar em Salto lá pelas 11 da noite. Beleza! Nenhum problema, encararíamos o caminho sem tristeza pois havíamos presenciado um verdadeiro milagre, as 3 motos estavam em plena forma e nós, é claro, também.
Entardecendo e nós no caminho. Estava esfriando.

Passamos pelo local onde havíamos parado com o problema, demos uma buzinada para cumprimentar quem sequer vimos e saímos pela direita pegando a RN-3. Fomos parar em Trinidad, quando já era noite, umas 7 ou 8 da noite e estava frio. Como eu e a Bê estávamos sentindo um frio danado na Ultra, parei em um posto, que depois vimos que em outra oportunidade já havíamos passado, achando que eles estariam morrendo de frio, já que na moto deles o vento é muito maior que na nossa.
O pôr do sol ficou maravilhoso. A caminho de Salto.

Que nada, eles estavam em estado de graça e não reclamaram de frio. Eu havia inclusive sugerido que a gente procurasse um hotelzinho por ali mesmo e que na manhã seguinte poderíamos sair cedo, assim evitaríamos de viajar à noite e os consequentes perigos deste fato. Que nada, o pessoal estava mesmo muito corajoso e disseram que prefeririam continuar e dormir em Salto mesmo. Ok! Juro que fiquei impressionado com a disposição deles. Colocamos as luvas com segunda pele e galocha para proteger os pés do frio, pois estava fazendo cerca de 3ºC mais ou menos.

Enchemos o tanque e fomos em frente. Com aquela parada poderíamos tocar direto até as Termas de Dayman, pois já tínhamos rodado aproximadamente a metade do percurso e poderíamos tentar tocar direto dali até o nosso destino.

Assim fomos indo, até que tinha algum movimento, mais que o normal, o que não quer dizer que seja parecido com o que conhecemos no Brasil, é muito menos. Passamos por vários locais muito interessantes, inclusive com restaurantes que eram muito convidativos, sendo que em um deles, em um lugarejo chamado Young, quase que parei mesmo para jantar, mas resisti heroicamente e seguimos em frente.

De fato chegamos em Salto em torno do horário previsto, mas todo o local estava muito deserto e confesso que esperava reconhecer o local, o que não aconteceu, acabamos chegando por um ponto que eu não sabia que existia e me perdi. O GPS da moto funcionava mas o GPS da minha cabeça não estava funcionando, ou porque tinha congelado ou porque aconteceu uma inversão no mapa mental e eu não conseguia achar mais nada. Acabei pegando o caminho de Salto e quando chegamos no balão onde, no carnaval, havíamos parado em um posto, é que foi possível para mim reconhecer onde estava, aí foi fácil, passamos pela churrascaria El Rancho, primeira à esquerda e primeira à direita, pronto, lá estava a Posada.
Entrada do El Rancho em Termas de Dayman em Salto. Chegamos sãos e salvos, Graças a Deus.

Estacionamos as motos na entrada, pelo lado de dentro da cerca viva e estacionamos as belezas sobre a grama do jardim interno, conforme orientado por um funcionário, que nos informou que não tinha problemas pois eles estavam executando obras ali no local. Levamos as bagagens aos quartos e resolvemos ir até El Rancho para jantar.

Fomos caminhando, radiantes por tudo ter dado tão certo naquele dia atribulado e que finalmente havíamos chegado em nosso destino final e não era meia noite ainda. Hahahaha! Que alegria! Muito para festejar e tomar um bom vinho era o que queríamos. De preferência um Tannat para festejar o Uruguai.

A churrascaria já estava quase fechando mas entramos e tomamos sopa, ninguém estava animado para comer churrasco naquele horário, até mesmo porque ali não tinha o famoso entrecote uruguayo, também acabei tomando uma sopa de agnoline maravilhosa e leve, acompanhada de Tannat, pão e água. Ehhhh!!!! Vida boa!

Teríamos o dia todo para curtir aquelas piscinas e ficar só lagarteando. Um frio do cão, mas com água a 49ºC ia ser uma delícia, na piscina coberta ou mesmo nas que ficam ao ar livre.

Dia 19/07 – Quinta-Feira


O sentimento de missão cumprida é realmente dos melhores que a gente pode ter. Tanto que estávamos todos com uma sensação de plenitude que podia ser lida no olhar de qualquer um de nós. Muito melhor estarmos ali desfrutando do que estarmos, naquele mesmo momento, ainda por chegar. De alguma forma, eu estava sorvendo o prazer de na noite anterior o pessoal não ter topado dormir no caminho, como eu havia sugerido, pois aquela decisão estava mudando aquele dia, aquele momento.

Ficamos hospedados no mesmo quarto que da outra vez, uma coincidência incrível. Os demais ficaram em quartos contíguos aos nossos, de maneira que ficamos todos juntos.

Na manhã, quando descemos para o café da manhã, quase às 10 da manhã quando o salão do café seria fechado, passamos pela grande piscina coberta e havia um forte nevoeiro lá dentro. Acho que isso tem algo à ver com o enchimento das piscinas, pois quando saímos do café já não estava mais desta forma. Passamos pelo interior da área da piscina e ouvimos algumas poucas pessoas que estava ali, mas não pudemos ver absolutamente ninguém, a visibilidade lá dentro, mesmo com a luz do dia, que estava ensolarado, não era mais que 4 a 5m. Até comentei com a Bê que se poderia fazer qualquer coisa ali naquela piscina, desde que não se fizesse barulho.... hehehehe.
Café da manhã no Siglo XIX.
Estou começando a acreditar que se trata da fotogenia do Daniel!

Nesta ele ficou melhor. hehehe

Todos eles já estavam no salão tomando café, ou seja, fomos, como sempre os últimos a chegar, mas o salão estava completamente cheio, parece que todo mundo havia resolvido levantar tarde.

Tomamos nosso café e fomos para a piscina coberta, estava frio, coisa de 8 a 10 graus, já havia esquentado um bocado quando comparado com os outros dias, por isso escolhemos a coberta. Entrar na água chega a ser difícil, pois é quente demais até e é necessário ir se acostumando com a temperatura. A piscina é dividida no meio, sendo que uma metade é mais quente que a outra.

Fizemos uma boa bagunça e marcamos massagem (shiatsu), tanto eu como o Daniel, as meninas marcaram limpeza de pele e o Lauro não marcou nada.

Tomamos banho de piscina, de jacuzzi também, pois quando a mesma ficou vazia fomos todos os 6 até lá e ainda em uma outra banheira que estava localizada do lado de fora, no descoberto e, logo, muito mais frio.
Nós na jacuzzi

Que delícia de banho quente em pleno inverno
 É uma experiência interessante tomar banho de água quente do lado de fora quando está muito frio. Ao lado tinha uma outra piscina, pequena, que ficava em baixo de uma cachoeira de pedras. Bem bonita. A gente queria ir lá, ensaiamos um monte e não sei até agora porque não fomos. O Lauro e eu entramos nas saunas seca e úmida também, tomamos banho em uns chuveiros diferentes, que jogam água de todos os lados, mas é muito difícil conseguir ficar no chuveiro pois a água sai numa temperatura muito alta, acho que na temperatura da fonte, que é de 49,5C, muito para mim.
A Edite compreendeu como sentar na espriguissadeira mas o Daniel....

Banho quente ao ar livre. Devia estar fazendo uns 10 graus neste momento
Ficamos lagarteando por ali, depois fizemos as massagens, etc., no final ficamos muito tempo por ali, ninguém falava do almoço, até que o tempo passou de mais e quando resolvemos ir até o El Rancho para almoçar, e adivinhem! Claro que já estava fechado.



Caminhão de transporte de água estacionado em frente ao El Rancho.
Pensem o que quiserem, mas este caminhão é para o serviço mesmo.

Voltando do El Rancho para a Pousada
Voltamos caminhando e encontramos uma venda, localizada atrás da Posada, o Daniel se animou em comprar queijo e pediu para cortar em pedaços, muito bom, comemos quase todo o queijo do Daniel. Naquele dia acabamos não almoçando.
Não me animei a ir nestes tubos depois de ter ido nos de Maringá.

Picina para crianças

Área verde na parte dos chalés, ou bangalôs, do Siglo XIX

Decidimos pegar as motos e irmos até a cidade de Salto, quem sabe lá poderíamos encontrar um lugar para comer. Pegar as motos não foi assim tão simples, pois as motos estavam no jardim como citei anteriormente, e a roda da frente da minha moto estava afundada na lama que se formou ali no local. Estavam mexendo nas instalações hidráulicas ali no jardim e esta era a obra de que o rapaz havia falado, logo o solo acabou virando lama e as rodas da moto afundaram. Para tirar a moto tive que ter ajuda do pessoal puxando para trás.
Elas pareciam estar descansando tão alegremente, mas estavam bem presas no chão úmido.

As motos atoladas no jardim. Com ajuda deu certo.
Viva! Conseguimos sair da grama. Com piso firme é melhor...

Precisou de gente para empurrar senão ia ser difícil.

Vitória, todos saimos. Esse lugar é muito bom para passar uns dias.
Fomos e passamos direto pela primeira e pela segunda entradas, de propósito, assim poderíamos entrar pela outra extremidade da cidade e ir voltando ao longo do rio Uruguai até o centro retornando à Posada pelo caminho do posto e, se possível, vendo a loja da HD que tem ali, na verdade não é uma loja, é um ponto de venda de motos em um coberto aberto. Nunca pude descobrir como aquilo funciona, sequer consegui falar com alguém da loja pois quando passei lá não tinha ninguém só algumas motos.

Na beira do Rio Uruguai em Salto.

Igreja Matriz de Salto.

Foi um passeio bonito, o rio é muito legal e tem um parque público muito legal que tem uma quantidade de pessoas que nos colocou para pensar se ali as pessoas não trabalham.

Depois de alguma procura encontramos o centro e uma lanchonete que vendia um tipo de empanadas uruguaias e refrigerantes. Acabamos comendo aquilo mesmo. Estou achando que estão me corrompendo! Ir ao Uruguai e deixar de comer parrilla é uma forma de corromper meus desejos de forma muito invasiva.

Saímos de Salto já era noite, pois no inverno sempre anoitece cedo e sendo lá mais ao sul do que aqui, no inverno anoitece ainda mais cedo, assim como no verão anoitece mais tarde. Como não tínhamos almoçado resolvemos ir jantar. A primeira ideia foi jantar no próprio El Rancho, que como já disse acima, não acho que seja assim tão bom para os padrões uruguaios, mas ainda era cedo e fomos dar uma olhada no centrinho das Termas de Dayman, na casa de banhos pública que tem ali, pois na verdade os hotéis dali não tem seus próprios poços já que para fazer a perfuração deve custar muito caro, são mais de 2.000m de profundidade, até onde sei, somente a Posada onde estávamos é que tem seu próprio poço. O pessoal que fica nos hotéis vai tomar banho na casa de banho pública, paga um ingresso, entra em um tipo de clube aquático.

Quando estávamos retornando para o El Rancho, pois pelo horário já devia estar aberto, passamos em frente um outra churrascaria muito mais bonita que o El Rancho, o nome do lugar era El Fogón de Mandinga, que nome mais africano este. Era bem bom, valeu a pena a falta do almoço pois pudemos comer um belíssimo entrecote e várias garrafas de vinho Tannat.
Ponte iluminada por onde chegamos no dia anterior.

Uma boa churrascaria, parecia melhor que o El Rancho.

El Fogón de Mandinga.

Decoração dentro do El Fogón.

Meu amor com a carta de vinhos Bianchi, É caseiro mas é bom...

Saúde!


Duas delas.

A turma toda. Bê, Edite, Ana Paula, Daniel, Lauro e eu.
Acho que o Lauro estava preocupado com a empreitada! Hehehehe.

Um dia bem cheio, não poderíamos dormir muito tarde pois na manhã seguinte seguiríamos para o Brasil e nosso programa era chegar em São Miguel das Missões ainda de dia para podermos nos instalar no hotel e ir assistir ao show de luz e som nas ruínas, que durante o período de inverno é encenado às 7 da noite.

Dia 20/07 – Sexta-Feira


Dia de ir embora, creio que ficou bem dimensionado, um dia em Dayman estava de bom tamanho. Saímos cedo, cerca de 8 da matina e rumamos para o norte em direção a Bella Union, seguindo pela RN-3 mesmo.
Aproveitamos para ver o fog que fica pela manhã na picina coberta.

Mas é uma maravilha mesmo sobre chão de terra, desde que firme.

Entramos no Brasil pela fronteira mais a oeste do Rio Grande do Sul, num lugarejo chamado Barra do Quaraí, que tem muito pouca coisa. Agora ouvi a notícia na Hora do Brasil que abrirão free shops nas fronteiras do Brasil também, aí pode ser que estes lugares acabem indo para frente. Subiríamos ao longo da fronteira com a Argentina passando por Uruguaiana, Itaqui até São Borja, pela BR-472, onde a estrada vira para o leste em direção a São Luís Gonzaga pela BR-285, também conhecida como a rodovia dos argentinos, pois é por ela que eles vem para as praias de Santa Catarina no verão, e, logo em frente, a gente entrou para a direita Via de Acesso a São Miguel das Missões.
Ponte no caminho de Uruguaiana.
O problema é que abastecemos as motos em Quaraí e fomos subindo, passamos direto por Uruguaiana que estava a cerca de 70km de distância e não tem postos na beira da estrada, como a distância percorrida ainda era pequena nem ponderamos entrar em Uruguaiana para abastecer, fomos seguindo e o primeiro posto que encontramos estava situado próximo ao trevo de São Borja, que deu uma distância de pouco mais de 250 km. O Daniel começou a ficar preocupado e
foi ficando para trás, precisamos reduzir a velocidade para esperar por ele até chegarmos no posto que fica na entrada de São Borja.

Bem, o posto é ótimo, foi onde a Bê passou mal quando fomos a Santiago no final do ano, pois ela ficou sem jaqueta em um calor danado e desidratou, comemos alguma coisa de almoço, sanduiches, pois já tínhamos andado cerca de 320km desde Dayman e era hora do almoço.

Quando estávamos saindo parou uma caminhonete da Marinha do Brasil e um dos militares veio falar comigo dizendo que era motociclista também e que estaria indo para o Atacama destro de alguns dias. Conversamos nossas experiências, foi um papo legal. Essa irmandade é realmente muito interessante, as pessoas chegam e conversam pois parecem que sabem que serão bem recebidos. Parece que conseguem se liberar do respeito humano, sentir segurança em fazer isso. Digo isso pois também me sinto assim quando encontro um grupo. Claro que depende da energia do grupo, existem gangs que eu evito por não saber qual o tipo de atitude que os caras tem.

Passamos por São Luís Gonzaga sem poder parar no posto para ver se o frentista realmente tinha reservado o CD do Jaime Caetano Braun que ele disse no final do ano que quando eu passasse da próxima vez ele teria um para me vender e fomos direto para São Miguel, pois estava ficando tarde e tínhamos que chegar de dia, entrar no hotel e ir ver o show nas ruínas.
Portal de São Miguel das Missões - RS.
Também no Portal de São Miguel.

Chegamos ainda meio cedo, enchemos os tanques das motos no posto, eu não tinha dinheiro e precisava sacar no caixa eletrônico, mas deixamos para fazer isso depois pois eles tinham dinheiro para nos ajudar e poderíamos ir ao Hotel Histórico das Missões.

Fizemos o check in no hotel, descarregamos as motos, brincamos com o Daniel, pois ele saiu levando a mala como se fosse um saco de 50kg de cimento sobre os ombros. Coisas da Ana. Hehehe.

Museu na entrada das ruínas.

Ruínas de São Miguel.
Saímos andando até as ruínas das Missões, o Lauro tinha dinheiro para comprar os ingressos para mim e para a Bê, mas era só. Ele também não tinha dinheiro para pagar o ingresso para assistir ao show. Teríamos que esperar pelo Daniel e Ana que haviam ficado no Hotel para descansar. Entramos para a visita e nos avisaram que teríamos apenas 30min antes de encerrar o período que poderíamos ficar lá dentro.

Fomos bem rápido, olhamos o museu e cruzamos o jardim em direção às ruínas. Como a gente já tinha ido lá, servimos de guia para o Lauro e Edite. Quando falamos que devia ter algum tipo de piso, pois hoje tem terra no chão com grama plantada. O guarda que estava tomando conta do local disse que a terra foi jogada sobre o piso e que é um mosaico de pedra que tem embaixo, igual qo que está exposto na antiga sacristia da igreja. Fomos lá para ver e realmente é uma montagem muito bem feita. Os jesuítas que vieram organizar as Missões eram bons de arquitetura.

Aquela meia hora passou muito rápido e tivemos que sair, de qualquer forma já estava escuro mesmo. Quando chegamos lá fora a Ana e o Daniel já estavam lá esperando e eles já tinham comprado os ingressos para assistir ao show. Entramos juntamente com muitas pessoas que estavam lá para assistir à apresentação, sentamos em um tipo de arquibancada. A noite estava magnífica, frio mas com muitas e muitas estrelas no céu.

As 7 da noite começou o show. Muito bacana a história e a ideia deles. Tentamos filmar, mas como é muito escuro não apareceu nada na tela. Mas em resumo a história das missões é contada, pelo menos a parte que representa o final da história, ou seja, quando os portugueses expulsaram as Missões do Brasil, pois aquele era território espanhol e foi feita uma troca, lá na Europa e nesta troca o território do oeste do Rio Grande do Sul passou a pertencer a Portugal. Foi determinado que os Jesuítas mudassem as Missões para a Argentina, entretanto ele foram negociando e não conseguiram convencer os índios a abandonarem tudo o que eles tinham construído, logicamente houve guerra e depois de algumas derrotas os portugueses acabaram exterminando todo mundo. Os Jesuítas acabaram expulsos da Colônia Brasil.

Sobram muitas dúvidas ainda, pois não se sabe como foi que acabaram as Missões que se encontravam no Paraguai e na Argentina, pois no Brasil havia apenas uma redução e as outras seis estavam nestes outros países, acho que quatro no Paraguai e duas na Argentina.

Voltamos para o Hotel e vimos que eles tinham ali algumas garrafas de vinho para servir, era vinho da Serra Gaúcha. Tomamos umas 4 garrafas e pedimos pizza de rúcula com tomate seco. A pizza demorou um monte para ser entregue e tivemos que ligar lá novamente e informaram que já estavam encaminhando a entrega.
Muito interessante o assunto, ao menos para os homens...

Na manhã seguinte, durante o café, a moça que atendia no hotel era a mesma que trabalhava na pizzaria e nos contou que não tinha rúcula e que o dono da pizzaria foi até a casa da irmã dela para pegar rúcula, mas a irmã dela não estava em casa, ele entrou, colheu para então prepararem a pizza, acontece que ali nunca ninguém pede este sabor de pizza e acabou acontecendo isso. Foi uma coincidência engraçada e brincamos um pouco com a moça sobre isso.

Dia 21/07 – Sábado


O café no Hotel Histórico das Missões era muito simples, desses de hotel de interior mesmo, com geleias feitas em casa, queijo colono e pão de forma e bolos caseiros também. Cuca faz parte do cardápio.
Café da manhã no Hotel Histórico das Missões.
Estacionamento do Hotel em São Miguel.

Saída do Hotel em São Miguel.
Teríamos um bom dia para seguir até Bento Gonçalves, apenas 430km para rodar e, novamente, um dia totalmente maravilhoso com um céu e um sol deliciosos. Agora já não estava mais tão frio como no começo da viagem e já era muito mais agradável.

Bento é uma cidade histórica e turística muito interessante e seria bom se pudéssemos fazer o passeio de Maria Fumaça que sai de Bento Gonçalves e vai até Carlos Barbosa, existem diversas atrações ao longo do caminho, com apresentação de grupos folclóricos regionais italianos, encenações de teatro, dança e música, tudo regado a vinho da região. As encenações acontecem no corredor do trem mesmo.

Tem uma parada na estação de Garibaldi onde estava instalada uma máquina e parecia que estava nevando. O pessoal servindo muito vinho e suco de uva à vontade acompanhado de muita música italiana, pois a região é toda calcada na imigração italiana.

Teríamos ainda que visitar a Casa do Imigrante, que foi uma iniciativa de uma família de imigrantes que vieram para o Brasil e iniciaram o cultivo da uva para a confecção de vino. Trata-se de um barracão enorme, todo subdividido e ao longo do caminho a gente  vai passando por todas as etapas da história dos imigrantes. É bastante emocionante o que se vive ali, pois dá uma clara ideia do que passaram nossos ancestrais que vieram para o Brasil e o quanto de dificuldades eles tiveram que enfrentar, desde as mentiram que contavam para eles lá na Itália, dizendo que tinha tudo quanto era riqueza aqui na América e quando o pessoal desembarcou é que viu que aqui na verdade tinha apenas florestas e que tudo tinha que ser feito. Para fazer um platio, primeiro tinham que cortar a floresta, destocar, para então plantar. Durante este processo como é que poderiam sobreviver? O que comer?

Quando eles desembarcavam ganhavam uma enxada e um machado, assim como um carrinho de mão e o desenho de uma gleba de terra que para descobrir onde ficava no meio de uma floresta enorme que existia no Brasil não época não era mole não. A intenção do governo brasileiro era o de trazer pessoas europeias para clarear a cor da pele da população do Brasil, já que a escravidão havia terminado e haviam muitos negros no país.

A estrada estava muito tranquila, seguimos a velocidades de 100 a 110km/h, como sempre vínhamos viajando, ainda próximo de São Miguel, o Lauro passou um aperto danado por não ter prestado a tenção no final da 3ª faicha e quando ele estava do lado do caminhão este começou a fechar o caminho e na pista oposta estava vindo um outro caminhão. Ele passou um aperto danado, freando e vendo o espaço acabar sem ter para onde ir.

Eu havia ultrapassado o caminhão e não vi o que estava acontecendo atrás, notei que por alguns quilômetros o Lauro e o Daniel ficaram para trás, vendo isso baixei bem a velocidade, mas assim mesmo achei que eles estavam demorando demais para aparecer novamente em meu retrovisor. Pensei comigo que alguém devia ter passado por um aperto qualquer e comentei com a Bê o que eu achava que tinha acontecido, para minha tranquilidade, nas curvas eu conseguia ver no espelhinho que as duas motos estavam vindo atrás dos caminhões. Fui seguindo com calma até que eles chegaram em nós novamente.

Quando chegamos um pouco antes de Passo Fundo, encontramos um local onde tinha um posto de gasolina e um restaurante / pousada de excelente aparência, pequeno de muito atraente, entramos para encher os tanques e almoçar. Realmente a comida era do tipo caseira com bife e ovos fritos, arroz branco e feijão preto, lingüiça, etc. Aparentemente muitos dos clientes eram pessoas de Passo Fundo Mesmo que haviam se deslocado até ali para almoçar.

Chegamos em Bento Gonçalves por um caminho que não consegui reconhecer coisa alguma, parecia para mim que tudo estava fora do lugar. Mas o GPS não se enganou como eu e nos levou diretamente até a porta do Hotel que era do tipo bem mais ou menos.
Hotel Imigrante - Bento Gonçalves. Muito simples mas bom.

Falei com a menina que estava na recepção, que não devia ter mais de 15 anos, e ela não soube me informar nada sobre os passeios. Subimos e deixamos as nossas coisas no quarto e confirmamos que não tinha garagem no hotel mas que não havia problemas em deixar as motos estacionadas ali na frente mesmo.

Perguntei onde tinha um caixa para sacar dinheiro e a mãe da mocinha apareceu e nos deu as informações, aí aproveitamos para perguntar sobre o passeio de Maria Fumaça e ela nos disse que não devia ter mais disponibilidade pois havia muita procura. Aproveitando que ela era religiosa, acho que era crente, disse a ela que ela não tinha fé (para provocar) mas eu tinha e que ela deveria ligar para fazer as reservas no passeio de trem que iríamos conseguir, pois naquela viagem muitas coisas poderiam ter dado errado mas acabaram dando certo devido à nossa insistência e persistência e seguir em frente sem medo e com confiança.

Pois ela conseguiu vagas para nós pelo telefone, para um passeio extraordinário, que devido à grande procura havia sido inserido no programa daquele dia a visita à Casa do Imigrante e em seguida indo de ônibus até Carlos Barbosa para retornar no trem de Carlos Barbosa até Bento Gonçalves. Perfeito! Era tudo o que queríamos!

Fomos até o caixa eletrônico, pois ainda estava sem dinheiro e já devendo para o Daniel e para o Lauro. Ela nos explicou como ir e não deu nada certo, mas acabamos achando um caixa eletrônico no caminho que serviu para mim e para o Lauro. O Daniel precisava de um Itaú. Coloquei no GPS o Banco Itaú e ele nos levou até lá. Resolvido o problema do dinheiro retornamos ao hotel através das ladeiras da cidade.

Perguntamos para a moça onde era a estação de trem e aí eu vi que estava do lado da estação, a cerca de 3 quadras da praça da igreja, tanto que estava tocando os sinos da igreja chamando para a missa e nós estávamos escutando.

Seguimos para a praça à pé e logo reconhecemos onde estávamos. Fomos até a estação, nos apresentamos com nossas reservas e compramos os ingressos. Aí fomos à Casa do Imigrante e depois retornamos ao lado da estação para pegar o ônibus e terminarmos o restante do passeio.
Igreja na praça áo lado da estação da Maria Fumaça.

Maria Fumaça.


Olha nós na entrada da viagem no tempo que conta a história de um casal que fugiu da Itália, se casaram para poder embarcar no navio e vieram para o Brasil na região de Bento Gonçalves e acabaram se tornando grandes produtores de vinho da região.

Casa do Imigrante. Museu da imigração italiana na região.


Dentro do navio vindo para a América. Onde nascia dinheiro em árvores!

Trecho defloresta, que foi o que eles encontraram.



A nossa guia em uma casa da antiga vila representada.



Os animais ao lado da casa. Quase um presépio.

Essa foto me deu um arrepio! Que patch é esse que aparece na imagem? Nenhum de nós tem um colete de Road Captain da The One. Quando eu e a Bê vimos esta imagem foi um arrepio só.

Este foi o baú que eles trouxeram da Itália, velho mas sobreviveu.

Ao final do tur um pequeno cocktail para alegrar a noite.
Fomos a última turma a visitar a Casa do Imigrante, saímos e fomos até os ônibus que estavam nos aguardando ao lado da estação da Maria Fumaça e seguimos até
De volta a Bento, paramos em uma pizzaria na esquina da praça da Igreja e comemos uma pizza acompanhada de vinho de Bento. Estava muito bom. Alí na pizzaria funciona uma balada do tipo bar, para evitar um pouco a muvuca ficamos do lado de fora mesmo, sentados na calçadas.

Quando fomos abastecer as motos acabamos passando por ali e encontramos três  harleyros, sendo que um deles com uma ultra, paramos e conversamos um pouco, falamos de viagens longas que eles também gostam de fazer, disseram que estariam saindo no final do ano para o Chile novamente, pois já haviam ido algumas vezes.Carlos Barbosa para pegarmos o trem na volta.

Hora do embarque.

E o casal estava meio que sozinho trem.

Ana Paula, Ana Paula.....

Ehh! Lauro!
E dalhe vinho, do tinto e do branco, passando pelo espumante.

A Bê estava animada no trem....

A Ana também estava animada no trem...
 
Como diz o Lauro, em Bento Gonçalves fechamos com chaves de ouro os nossos dias de férias. Tudo muito perfeito onde todas as dificuldade foram sendo superadas uma a uma e tudo acabou dando muito certo.
Na volta comemos uma pizza na praça ao lado da Igreja.

Dia 22/07 – Domingo


Levantamos cedo para o café da manhã, também muito simples mas gostoso.
Saída do Hotel Imigrante em Bento.

Ainda não havíamos nos entregado completamente e neste dia iríamos descer pela Serra do Caminho do Sol, que a alguns anos eu a Bê e o Conrado, meu filho mais velho, passamos em um dia de muita chuva e com uma serração tamanha que não se enxergava sequer o outro lado da pista e com isso não tínhamos podido ver as paisagens, que segundo o Lauro, eram magníficas.

Seguimos apontando o caminho para Terra de Areia que fica no pé da serra, onde o Caminho do Sol se encontra com a BR-101. Seguimos desta vez por boas estradas, quando fomos da outra vez passamos por uma estrada horrível e cheia de buracos onde inclusive o Con acabou tombando com a moto dele em um buraco.

O Lauro explicou que tinha um mirante que ficava localizado logo depois de uma ponte e que tinha uma visão linda e um mirante bem legal. Sugeri que ele fosse na frente para facilitar a localização do Mirante mas ele disse que não seria preciso pois o local era bem fácil de achar. Fomos seguindo e realmente o local era fácil de encontrar. Paramos para algumas fotos e caminhamos, subindo uma montanha pequena até o Mirante propriamente dito.
Mirante no Caminho do Sol.


Que beleza essa paisagem. Eu gosto!


As nossas meninas são mesmo corejosas e valentes. O bonito mesmo são os protetores de mão.
Túnel na descida do Caminho do Sol que chega na BR-101 em Terra de Areia.

Dali seguimos pela Estrada do Sol, passando pelos túneis e curvas do caminho que é muito bonito mesmo. Chegamos na BR-101, paramos para colocar gasolina e comentamos com eles que ao invés de eu e a Bê ficarmos em Florianópolis, como havíamos combinado inicialmente, nós seguiríamos juntamente com eles, para andar um pouquinho mais, até Itapema e almoçaríamos todos juntos no Fábio, o Recanto da Sereia.

Copiamos todas as últimas fotos uns dos outros para o computador e para cada um de nós e almoçamos uma bela anchova grelhada. Brindamos com uma cerveja e eu e a Bê decidimos que iríamos até Curitiba junto com eles e que retornaríamos de carro para Floripa na manhã seguinte. Assim poderíamos finalizar o caminho juntamente com eles.

Foi o que fizemos.

Na manhã seguinte saímos de carro para Floripa e, por incrível que pareça o tempo estava nublado e pegamos chuva na estrada, coisa que durante todos os 13 dias de nossa não aconteceu pois, tirando uma leve garoa no dia da saída e aquela chuva de verão, no frio de 5ºC em Punta, todos os dias haviam sido de céu azul e sol.

Incrível como fomos abençoados por Deus em nossa magnífica jornada pelo Uruguai no Inverno, com frio gostoso e muitas emoções das mais variadas e agradáveis.
Beijos a todos que compartilham conosco os prazeres desta história.

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