Luiz Bianchi e Bernadete Condello de Oliveira. Adicionando vida aos nossos dias!
Imagens do Fin del Mundo
segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
URUGUAI NO INVERNO. COISA BOA!
Participantes:
·
Electra Ultra Glide Vermelha: Bianchi e
Bernadete (BEB);
·
Heritage Classic Amarela e Preta: Daniel e Ana
Paula;
·
Heritage Custon Azul: Lauro e Edite.
O que levar:
Bem este assunto já está ultrapassado, mas levamos:
Documentos (passaportes – isso é fundamental), remédios de uso contínuo e
relaxante muscular, cânfora para massagem e relaxamento, duas calças, 5
camisetas, cuecas e pares de meias (fomos lavando pelo caminho), segunda pele,
polar, jaqueta de couro, impermeáveis para chuva (nem serviu pra nada, graças a
Deus), roupas de banho, chinelos, sandália, vestidos, bermuda, estes últimos
itens para as Termas de Dayman.
O que aconteceu?
É o jeito pessoal. Como fazer para saber como é andar de
moto no frio? Nós encontramos um jeito bastante criativo e inovador. Fomos de
moto para o Uruguai no inverno! Simples. Hehehe
Tudo começou com uma idéia meio maluca. Confesso que a idéia
de passar frio me assustou um pouco e tive a idéia de que poderia vir a ser
mais interessante irmos para a região Centro-oeste do país do que irmos ao
Uruguai. Punta Del Este, Montevideo, etc.
Bem, novamente, para onde a gente vai acaba importando menos
que as maravilhosas reuniões com os amigos para tomar vinho e conversar sobre a
viagem. Na verdade a gente acaba conversando sobre tudo e muito pouco sobre a
viagem o que resulta na necessidade de se encontrar novamente e tudo se repete
e desta vez não foi exceção.
Como o pessoal é muito bacana o estresse acaba ficando muito
pequeno no que concerne às discussões. Ou seja, somos Harleyros, ou melhor, o
que importa é podermos rodar, se vamos para o norte ou para o sul faz pouca
diferença, talvez a maior diferença fique por conta da qualidade e
principalmente o preço do vinho. Ah, sim! Quase me esqueci! E do que vai
acompanhar o vinho.
Bem, passamos os planos por Bonito, Brasília, Belo
Horizonte, Punta Del Este, Montevideo, Buenos Aires (essa o pessoal não apoiou
depois do que vivemos lá em Janeiro deste ano), incluindo as Termas de Dayman em Salto e o Chop do Pinguim
em Ribeirão Preto (que deve ser escrito com C maiúsculo mesmo, pois é do
Pinguim de Ribeirão). Foi meio maluco assim mesmo.
Depois de algumas idas e vindas, resolvemos, graças a Deus,
que iríamos para o Uruguai. Incluímos e tiramos Colonia de Sacramento, já que
acabamos de passar por lá agora no início do ano e, embora o lugar realmente
mereça várias voltas, preferimos consumir nossos dias em outros locais com um
pouco mais de tempo para passear e conhecer os atrativos por eles oferecidos. Ao
final ficou da seguinte forma o programa da viagem:
Data
|
Origem
|
Destino
|
km
|
11/07/2012
|
Curitiba
|
Porto
Alegre
|
701
|
12/07/2012
|
Porto
Alegre
|
Punta
Del Diablo
|
566
|
13/07/2012
|
Punta
Del Diablo
|
Punta
del Este
|
190
|
14/07/2012
|
Punta
del Este
|
Punta
del Este
| |
15/07/2012
|
Punta
del Este
|
Punta
del Este
| |
16/07/2012
|
Punta
del Este
|
Montevideo
|
136
|
17/07/2012
|
Montevideo
|
Montevideo
| |
18/07/2012
|
Montevideo
|
Salto
|
490
|
19/07/2012
|
Salto
|
Salto
| |
20/07/2012
|
Salto
|
São
Miguel da Missões
|
558
|
21/07/2012
|
São
Miguel da Missões
|
Bento
Gonçalves
|
432
|
22/07/2012
|
Bento
Gonçalves
|
Curitiba
|
598
|
TOTAL
|
3.671
|
Este foi o nosso trajeto, saindo e retornando de Curitiba. |
Teríamos somente 3.671 km para rodarmos, entretanto esta
quantidade ao final acabou se alterando para um pouco mais. Mas, como disse o
Daniel, estávamos de férias para passear e curtir o trajeto e a estrada sem
pressa. Foi muito bom, pois ficamos alguns dias em cada local o que nos
possibilitou desfrutar e conhecer um pouco melhor os locais por onde passamos,
além de tempo para nos recuperarmos dos imprevistos e olha que desta vez foram
vários.
Dia 11/07 – Quarta-Feira
Marcamos de sair muito cedo, o local de encontro era no
primeiro posto Shell localizado após o cruzamento com o Contorno Leste, em São
José dos Pinhais, pela BR-376, junto da passarela de pedestres. Devíamos nos
encontrar lá no local às 6:30 da matina.
Quando chegamos lá, exatamente às 6:30, o Lauro e a Edite já
haviam chegado. Como ninguém tinha tomado café da manhã, entramos na loja do
posto para comer alguma coisa. Desta vez o Daniel e a Ana Paula foram os
últimos a dar as caras. Sacaneamos um pouco eles por isso. Tomamos o nosso café
da manhã conversando e com a alegria que permeia estes momentos de saída para
viagem. Tem algo da materialização dos sonhos que vão se acumulando ao longo
dos meses de preparo da viagem e uma expectativa muito grande que se acumula e
neste momento começa a fluir. Algo assim, difícil de explicar.
Moral da história é que saímos do posto umas 7:15, ou seja,
apenas 45 minutos atrasados, claro que estes minutos, juntamente com muitos
outros minutos que descreverei abaixo, resultaram em atrasos que nos levou a
chegar em Porto à noite.
Já na hora de sair do posto notamos que estava garoando, que
saco, mais uma coisa para nos atrasar, colocar os impermeáveis, pois estava
frio e a pior coisa que poderia nos acontecer seria ter que enfrentar um dia de
estradas passando frio com as roupas e, por conseqüência, o corpo molhado, aí
seria para matar. Imagina como ficariam os próximos dias com gripe!
De maneira geral a previsão para os primeiros dias era de
tempo bom, mas havia tido algumas alterações na previsão de longo prazo. Bem,
não tinha problema, enfrentaríamos o que tivéssemos que enfrentar, afinal de
contas, não somos mais principiantes e quem gosta de andar de moto sabe que
estas coisas fazem parte da festa, como dizem alguns, na alegria e na tristeza,
além do que temperam a vida da gente. Aprendi que quando da tudo certo fica
meio sem graça, é muito melhor quando acontecem coisas diferentes, aí temos
histórias para contar.
Colocamos os impermeáveis e saímos do posto em direção a
Florianópolis, realmente estava frio, coisa de 6 a 8 graus, pois o termômetro
da Ultra é muito impreciso, ou eu é que não sei ler a temperatura. Aprendi a
fazer a conversão de ºF para ºC de forma fácil, para quem quiser saber como eu
faço é ler a temperatura em ºF no dial do termômetro da moto (o que não é muito
fácil devido à escala), subtrair da leitura 32, dividir o resultado por 2 e
somar 10%. É simples, por exemplo, lemos 40ºF, menos 32 da 8, dividido por 2
resulta em 4, mais 10% dá 4,5 ou seja uns 5 ºC. Que coisa simples. Hehehe.
Chega de chatice engenheirística.
Saímos do posto com uma garoa fina que molhava, não muito,
mas molhava, como vinha chovendo com alguma regularidade nos últimos dias o
asfalto estava relativamente limpo de lama e óleo, mas sempre que começa a
chover a gente precisa ir com muito cuidado evitando derrapagens, isso vale
para carros e motos, os menos cuidadosos acabam rodando na pista, o que não é
recomendável quando se viaja de moto por razões óbvias. Heheh.
Descemos um pouco a serra e a garoa acabou desaparecendo em
coisa de meia hora, o chão ficou seco e quando chegamos no pé da serra o sol
apareceu, você não está lendo errado não! O Sol apareceu mesmo” Embora
estivéssemos em Joinville, que muitos chamam de Choinfille ou Chovenville. Mas
como estava frio não precisamos tirar as roupas de chuva e seguimos com elas
mesmo que ajudam a manter a temperatura do corpo.
Quando paramos para abastecer o Lauro comentou que a moto
dele estava vibrando quando passava de 120km/h. Decidimos que manteríamos os
110km/h de velocidade máxima, afinal de contas a estrada estava um tanto
movimentada como sempre e velocidade é sempre inimiga da segurança. Assim
seguimos, entretanto combinamos de parar em Florianópolis na Floripa HD,
concessionária da HD, para ver o balanceamento das rodas da moto do Lauro.
Eu comecei a estranhar que a nossa moto estava balançando
muito, e que parecia que a estrada estava ondulada. Como sempre tenho passado
por esta estrada a situação era incomum. Quando chegamos em Florianópolis,
ainda eram 10:30 da manhã. Entramos por Barreiros e fomos até a loja. Quando
subi na guia rebaixada um estalo seco novamente, que eu vinha escutando em
situações onde havia algum degrau na pista.
Falei com o Ivan, que trabalha na HD Floripa sobre o
barulho, nisso o Daniel balançou com o pé o escapamento da minha moto e disse:
“É isso! O escape tá solto!”. Bem, finalmente havíamos encontrado o motivo do
barulho. O Ivan chamou o mecânico para apertar o escapamento, ele deitou no
chão, ali na calçada mesmo, e apertou o escapamento.
Quanto à moto do Lauro já não foi tão simples pois na loja
eles não fazem balanceamento. Teria que desmontar a roda e mandar para outro
local, aguardar que fosse, retornasse e ainda os tempos para desmontar e
remontar. Era quase horário de almoço e nos informaram que poderia ficar pronto
somente de tarde. Depois de alguma conversa e com a gente mostrando que
queríamos seguir viagem, nos indicaram um local, onde eles mandam para fazer o
serviço e lá fomos nós.
Voltamos pelo mesmo caminho em direção a Barreiros e viramos
à esquerda na Av. Atlântica, andamos umas 2 quadras e encontramos o local a
nossa direita, em uma esquina. Uma oficina de motos bem instalada e, o mais
interessante é que ao lado estava a Churrascaria Riosulense, eu não conhecia,
mas foi um achado, creio que seja uma das melhores de Florianópolis. Quando
terminamos o almoço a moto do Lauro estava pronta. Já a minha moto, que eu
estava contente por ter sido concertada de forma tão simples, ainda não estava
me parecendo muito normal, mas seguimos pois eu estava achando que era
impressão minha.
Esta é uma lição que aprendi, como a gente anda muito, a
moto já está com mais de 50.000km, existe uma boa leitura de integração entre
eu e a moto e quando algo está parecendo estranho, a gente deve parar e
procurar o que está errado, pois fatalmente deve ter algo errado mesmo! Mas,
achei que era o escapamento e que como este já havia sido concertado tudo
deveria estar bem, assim seguimos pela BR-101, sentido sul, em direção a Porto
Alegre.
A moto continuava estranha, ou seja, balançava muito, como
se a estrada estivesse ondulada, mas às vezes ficava normal. Comentei isso
várias vezes com a Bê e ela concordou comigo que aquilo era estranho, mas a
moto estava estável.
No lobby do Hotel Tulip Inn em Porto Alegre |
Chegamos a Porto Alegre era mais de 8 horas, sendo que em
julho anoitece cedo, lá pelas 5:30 e quando chega umas 6 da tarde já é noite.
Fomos até o Hotel Tulip Inn, localizado no Centro Histórico da cidade, onde
tínhamos reserva para aquela noite. Descarregamos as motos e fomos ao
estacionamento, localizado a uma quadra de distância do hotel, localizada no porão
de um prédio. O bom da gente andar de moto, é que acaba conhecendo as garagens
dos hotéis, que coisa de louco. O hotel é todo limpo e lindo, mas as garagens
são um lixo daqueles que não dá para imaginar, parece obra abandonada, não tem
nenhum tipo de acabamento, piso bruto com resto de concreto, sequer com um
alisamento.
Primeiro dia com alguns entreveros, mas com a missão
cumprida. Estávamos em Porto Alegre afinal de contas. Embora nossa ideia fosse
chegar lá antes das 4:30 ou 5 da tarde. Ainda tínhamos chegado a tempo de uma
janta com sobrinhos do Daniel e Ana Paula, um sobrinho filho da irmã da Ana e
uma sobrinha, filha do irmão da Ana. Foi marcado o jantar numa casa de massas
muito boa, onde comemos um macarrão legal. Todo mundo feliz, tomamos um
espumante, para festejar o mais importante do dia, que era o Aniversário da Bê.
O melhor dia do ano. Ela estava de aniversário o que tornava
tudo muito especial, assim como ela é na minha vida. É, para quem ainda não se
tocou, estávamos no dia 11 de julho. Hehe. Foi muito bom porque além de
jantarmos com o pessoal da Ana Paula e do Daniel, ainda por cima tivemos um
belo jantar com a Bê.
A turma no Restaurante - Aniversário da Bê - Porto Alegre. |
Eu e minha amada em POA no aniversário dela. |
A temperatura em Porto Alegre estava boa. |
Já no posto, pela manhã, a Edite e a Ana Paula entregaram
presentes para ela, ela ficou radiante de felicidade. Eu é que fui dar o
presente somente quando passamos a fronteira de volta para o Brasil, um belo
perfume que ela estava querendo muito. Antes tarde do que nunca! Afinal de
contas os últimos dias foram muito corridos e não tive tempo de ir atrás deste
assunto.
Depois do jantar fomos ao hotel de taxi, e aí vimos que um
taxi chegou super rápido e o outro demorou muito, no caso o nosso, quando fomos
comparar os preços, eles tinham pago R$35,00 e nós R$50,00. Como pode isso
acontecer com os taxistas? Que coisa de merda e que taxistas de merda são
estes. Parece que tiveram treinamento em Buenos Aires! Deixemos isso de lado e
vamos em frente.
Dia 12/07 – Quinta-Feira
Depois de uma noite muito bem dormida o dia prometia, afinal
de contas começava a nossa viagem de fato, iríamos cruzar a Reserva do Taim, a
fronteira do Uruguai, passar no Forte de Santa Tereza e chegar em Punta Del
Diablo para dormir. Muito bom!
O dia amanheceu limpo, sem nenhuma nuvem no céu. Tomamos
café e fomos buscar as bagagens e as motos no dito estacionamento. Como a moto
estava leve, somente eu, sem garupa e sem bagagens, quando dei a volta na
quadra, retornando ao hotel, notei que nas irregularidade da pista havia um
barulho estranho na suspensão. Verifiquei a pressão da suspensão e vi que
estava muito acima das 45 libras que eu havia colocado. Esvaziei até as 45
libras e me lembrei do Josué, mecânico do Célio em Curitiba, que disse que com
uma tampa falha o ar vai entrando no sistema, coisa que eu não podia acreditar
ser verdade, mas que naquele momento me parecia ser a única explicação. Fiquei
muito cabreiro com a situação.
Café da Manhã no Tulip Inn em Porto Alegre. Vista do Guaíba ao fundo. |
Saída do Hotel em POA. |
Ponte sobre o Guaíba - Saída de Porto Alegre para o sul. |
Carregamos as bagagens nas motos e saímos em direção ao
nosso destino. Devia ser umas 9:00h da manhã. Fiquei um pouco surpreso quando o
funcionário do hotel, que cuidava da porta e recepcionava os hóspedes e ainda mais
alguns outros funcionários quiseram tirar uma foto de recordação junto conosco.
Além deles, havia muita gente parada do outro lado da rua olhando as motos, o
que nos convence de que não somos tão loucos assim, talvez muita gente não
tenha condições ou coragem para mudar a vida que se está acostumado a viver..
Saímos com o GPS direcionado para o nosso destino, Chuí, claro
que ao chegar no minhocão que dá acesso à ponte do rio Guaíba eu acabei errando
o caminho, pois quando existem várias vias, uma por cima das outras a coisa
fica mais complicada para seguir no GPS, além do que as mãos mudam e o mapa não
estava muito atualizado.
Acabamos dando uma pequena voltinha, desta vez sem incluir
favelatur, mas encontramos o nosso caminho. A ponte sobre o Guaíba sempre
impressiona pela sua extensão e toda vez que passo por ela me lembro da piada
do gaucho que ao estar se afogando no rio, pois não sabia nadar, disse: - Te
cuida Guaíba! Senão te bebo todo! Mas que tal! Macho pra caramba!
A minha moto continuava meio estranha, entretanto nada que
chamasse muito a atenção. A estrada estava ótima e o dia também, um céu azul
maravilhoso e nenhuma aparência de que poderia vir a chover. Esta situação é
estranha, pois somente no inverno é que temos verão por aqui pois no verão faz
calor, mas chove muito e tem poucos dias de sol com o céu completamente azul.
A nossa primeira parada foi em Cristal, depois de rodar uma
distância de aproximadamente 170km, uma cidade pequena localizada quase no meio
do caminho entre Porto Alegre e Pelotas.
Quando eu saí da estrada para entrar no posto, senti uma
batida novamente vinda da suspensão traseira. Como eu havia calibrado a
suspensão e estava muito acima das 45 libras, resolvi que deveria verificar a
calibragem dos pneus também, sei lá, mas vai que também estivesse alta e que esta
fosse a causa do barulho. Depois de abastecer fui ao calibrador. Acontece que
para calibrar o pneu traseiro da ultra é um pouco complicado devido ao acesso.
Pedi ao Lauro que olhasse no calibrador qual a pressão do pneu assim que eu
colocasse a mangueira no bico. Regulei o calibrador para 38 libras, que é a
pressão para a moto carregada e com garupa, deitei no chão, e encaixei a
mangueira. Aí o Lauro me disse que estava com 38 libras. Não é possível! A
pressão estava normal.
Mas não era possível, algo tinha que estar errado. Já que eu
estava deitado mesmo, e como todo gordo mais velho, depois que a gente chega no
chão, antes de se levantar fica se perguntando se não tem mais nada para fazer
lá embaixo. Hehehe. E este é o meu caso! Fiquei ali olhando e notei que tinha
uma coisa estranha, uma borracha com um pino metálico no meio. Pensei comigo,
que será que é isso? Achei que tinha algo fora do lugar. Levantei, pois não
dava para ficar morando ali embaixo, embora tenha pensado nisso, retirei o
alforge lateral direito e eis que encontrei o motivo do barulho! Que merrrrdaaaaa!!!!
A haste do amortecedor tinha quebrado bem na solda com o anel de fixação, ou
seja, eu estava viajando desde antes de Florianópolis com apenas um amortecedor
e a moto estava estável! Que coisa esta moto.
Conclusão, daquele jeito eu não poderia seguir viagem, pois o risco de um acidente seria grande. Liguei para a IESA HD, concessionária da Harley em Porto Alegre. Fui atendido primeiramente pelo responsável pela oficina e pelo almoxarifado de peças, que embora tenha me atendido com muita deferência e educação, me disse que eu teria que levar a moto lá e esperar por 60 dias, pelo menos, para a moto ficar pronta. Como assim? Estou viajando hoje e agora! Esperar 60 dias??? Não era possível que aquilo estava acontecendo. Ele ainda me disse que não havia a peça na Harley Brasil e que teria que fazer o pedido e esperar a importação para depois concertar.
Descobrindo o porque do barulho que eu escutava na suspensão. |
Aí está o amortecedor com a haste quebrada e caído solto. |
Detalhe do amortecedor quebrado que me deixou no caminho. |
Conclusão, daquele jeito eu não poderia seguir viagem, pois o risco de um acidente seria grande. Liguei para a IESA HD, concessionária da Harley em Porto Alegre. Fui atendido primeiramente pelo responsável pela oficina e pelo almoxarifado de peças, que embora tenha me atendido com muita deferência e educação, me disse que eu teria que levar a moto lá e esperar por 60 dias, pelo menos, para a moto ficar pronta. Como assim? Estou viajando hoje e agora! Esperar 60 dias??? Não era possível que aquilo estava acontecendo. Ele ainda me disse que não havia a peça na Harley Brasil e que teria que fazer o pedido e esperar a importação para depois concertar.
Ah! Meu Deus!
Depois disso liguei para a seguradora para que eles
mandassem um guincho para levar a moto e um taxi para levar eu e a Bê, ainda
não sabia para onde. Liguei para a The One em Curitiba para ver se eles
poderiam me salvar daquela situação. O Lauro e o Daniel ali, vendo o tamanho da
cagada! Na The One me disseram que tinha um amortecedor traseiro da Touring.
Caramba! Nós estávamos salvos! Nossa viagem estava salva! Agora restava saber
como é que poderia fazer juntar todas as partes.
Quando falei em fazer a transferência do valor para
pagamento do amortecedor o José Luiz, responsável pelo pós-venda da The One, me
disse que apenas poderia mandar a peça depois que tivesse a confirmação do
depósito na conta corrente da loja. Eu fiquei muito puto, pois isso demoraria
muito. Eu teria que fazer um doc para a conta da The One, no dia seguinte
confirmariam o crédito e somente no próximo dia é que colocariam no Sedex 10
para mandar para a IESA em Porto Alegre.
Que saco! Pedi para falar com o Arnaldo, gerente da loja, me
informaram que ele estava em Londrina fazendo manutenção nas motos em mutirão.
Pedi para falar com o Roger, responsável e dono da loja, me informaram que ele
não estava e que não sabiam quando voltaria, pedi o celular dele, não quiseram
me dar. Que merda! Liguei para João Luiz Zucoloto, que é o presidente do nosso
HOG - Curitiba, para ver se ele tinha o telefone do Roger para eu poder
resolver a questão e confesso que já estava me entregando. Aí ele atendeu e me
perguntou o que estava acontecendo, pois ele sabia que eu estava viajando com o
Lauro e o Daniel.
Expliquei tudo para ele e... Harleyro é Harleyro... e fia da
puta é fia da puta... este é harleyro dos bons, irmão pra caramba! Ele disse
que estava entrando na The One naquele momento e que ele compraria o
amortecedor para mim e pediu que mandasse o nome de uma pessoa e o endereço do
local para onde teria que postar o amortecedor. Caraca!!! O problema estava
parcialmente resolvido graças a um irmão de coração mesmo! OBRIGADO JOÃO! VOCÊ
FOI DEMAIS! Ele ainda levou o amortecedor na loja dos correios que é concessão
do Robertinho e este me mandou o SEDEX 10, tudo para acertar depois. OBRIGADO
ROBERTINHO!!! E OBRIGADO DALTRO!!! Que levou o João até a loja dos correios do
Robertinho. Olha que tive que batalhar para conseguir pagar a minha dívida para
eles que caíram do céu e que foram companheiros para ajudar um irmão a resolver
uma questão que estava me maltratando.
Neste momento o Daniel e o Lauro vieram falar comigo que
eles iriam indo em frente e que depois de arrumar a moto eu e a Bê poderíamos
encontrar com eles em Punta Del Este. Tudo bem! Fiquei na porta os vendo eles ligarem
as motos e partirem. Na verdade partiu mesmo foi o nosso coração por não poder estar
indo junto. Mas tudo bem, as coisas estavam saindo bem até aquele momento.
Afinal de contas, Deus sabe o que faz e a gente nunca sabe o que pede e na
maior parte das vezes não faz a menor ideia do porque acontecem.
Saída deles do posto em Cristal onde nós ficamos. |
Liguei novamente para a IESA em Porto Alegre, depois que
eles se foram, para pegar o nome da pessoa e o endereço para a remessa, além de
combinar com eles que eu tinha conseguido o amortecedor e que levaria a moto
para lá, o amortecedor chegaria na manhã seguinte e eles precisavam arrumar a
moto à jato para que a gente pudesse seguir viagem.
Falei com a Sandra, que é a pessoa responsável pelo pós-venda,
expliquei para ela a nova situação, eu tinha o amortecedor e teria que combinar
o resto dos detalhes. Foi uma coisa de louco o atendimento dela! Ficou tudo
combinado e ela se comprometeu a me atender da melhor forma possível. Disse que
chegando o amortecedor na manhã a troca seria muito rápida, coisa de 30
minutos.
Mandei os dados para o João via mensagem pelo celular e ele
confirmou o recebimento. Bem, agora tudo estava resolvido, tínhamos que esperar
pelo guincho e pelo taxi. Decidimos almoçar ali mesmo, pois no posto havia um
restaurante razoável. Depois de toda aquela agitação comemos uma sopa de agnoline,
ou seria capeleti, o que importa é que estava boa.
Depois do almoço, como o guincho e o taxi estavam demorando,
liguei novamente para a Porto Seguro pedindo informação. A atendente entrou em
contato com a empresa de guincho e me disse que eles estavam chegando ao posto
e que em menos de 5 minutos. Foi o que aconteceu.
O guincho chegou assim que eu paguei a conta. Como a moto
funcionava normalmente ele baixou a caçamba do caminhão e eu subi com a moto na
plataforma do caminhão. Com muito cuidado já que a plataforma estava cheia de
óleo. Depois que coloquei a moto sobre a ponta da plataforma, ele levantou a
mesma e já na horizontal, eu toquei a moto até encostar a roda dianteira no
guincho.
O João era o dono da empresa, tanto do guincho como do taxi,
o motorista dirigia o caminhão e ele o taxi. Achei aquilo ótimo, pois iríamos
junto com o guincho. Ele ajudou a prender a moto com as tiras e esticadores. Eu
solicitei que prendesse no mata-cachorro, uma tira de cada lado puxando para
frente e no mata-gato, atrás, também uma tira de cada lado puxando para trás.
Desta forma não tinha como a moto mexer.
Tudo terminado e nós partimos. Primeiro foi o caminhão com a
moto e nós ficamos, pois o João tinha que abastecer o carro. Rapidamente
alcançamos o caminhão com o nosso Uno Mille modelo novo. Depois de uns 100km
ele parou em um posto com uma lanchonete e restaurante muito bom, com loja de
conveniência etc., fomos ao banheiro e tomamos um café com cueca-virada, ou
grostolli como dizem os italianos. Acho que o Seu João ainda não tinha
almoçado, por isso parou lá para comer alguma coisa.
Chegamos na IESA HD às 5 da tarde, aí o pessoal da oficina
foi retirar a moto de cima do caminhão e o chefe da oficina, um cara muito bom
de serviço, olhou o que tinha acontecido e não acreditou, pois ele nunca tinha
ouvido falar de um amortecedor quebrar daquela forma. Como a moto está na
garantia eu poderia acionar a mesma, mas aí demoraria um tempo para a Harley
Brasil aprovar o serviço. Entretanto, como eu havia comprado o amortecedor
teria que ver o assunto depois, quem sabe na The One em Curitiba.
O mais interessante nessa história é ver como Deus escreve
certo por linhas tortas. Vejam o que aconteceu. A mais de um ano atrás, quando
levei a moto no Célio para colocar os descansos de pé no mata-cachorro da moto,
o Josué me disse que eu teria que acionar a garantia pois estava vazando óleo
do amortecedor traseiro direito e me mostrou algo que para mim pareceu uma
sujeirinha apenas. Eu fui até a The One e reclamei o fato. Eles tiraram uma
foto e me disse que não tinha o amortecedor e que veriam com a Harley mas que
isso iria demorar algum tempo. Tudo bem, não havia muito problemas em andar com
o amortecedor daquele jeito.
Depois de uns 2 meses aproximadamente, chegou o amortecedor
na loja e eu levei a minha moto para trocar o amortecedor. Quando eu iria
imaginar, que quando a The One recebeu o amortecedor veio um par, eles trocaram
apenas o direito, logo, sobrou o outro amortecedor e este outro amortecedor que
sobrou era exatamente aquele que estava salvando a minha pele neste momento. Dá
para compreender como é que as coisas acontecem em nossas vidas? Que controle
temos sobre este tipo de coisa? É complicado entender, alguns dizem que se
trata apenas de coincidência, acredito que sim, mas que tem gente que planta
tudo errado e as coincidências nunca ajudam, ah! Isso tem sim senhor. Que bom
que neste caso pelo menos eu devo ter plantado certo, pois deu um resultado
positivo.
Tudo certo. Agora era só esperar pelo dia seguinte.
Aproveitamos dar uma olhada na loja e compramos umas camisetas da HD de Porto
Alegre, uma para mim e outra para a Bê.
Conhecemos a Sandra do pós-venda, uma pessoa da melhor qualidade que foi muito
atenciosa, efetiva e competente conosco! Ficamos de papo com um cara que estava
de ultra também, morador de POA e que gosta muito de viajar com a esposa, assim
como nós, e ficamos ali trocando experiências que havíamos tido em nossas
jornadas.
Depois das compras e de olhar as coisas que tinha na loja, tinha
muita coisa do Rio Harley Days. Eu e a Bê fomos ao Rio no ano de 2011 e,
francamente, achei uma merda. Tanto que neste ano de 2012 nós nem cogitamos em
ir. Uma típica feira comercial, igual a qualquer outra, em um pavilhão. Foi na
Marina da Glória, no aterro do Flamengo. O lugar era maravilhoso, tinha tudo
para ser fantástico. Mas os caras não sabem organizar um evento para harleyros
nos moldes brasileiros, eles ainda pensam que somos norte americanos.
Fomos ver com a Sandra onde poderíamos nos hospedar ali por
perto. Estávamos do lado do aeroporto, o Ibis normalmente tem um hotel
localizado próximo aos aeroportos. Ligamos para uns 3 ou 4 hotéis por ali e todos
lotados. Acabamos ligando para o mesmo Tulip inn do centro que ficamos na noite
anterior, como lembraram de nós por causa das motos, nos arranjaram um upgrade
legal.
O preço da diária que pegamos com o atendente no telefone era
mais alto que aquele que tínhamos pagado, ele me sugeriu que fizesse a reserva
pela internet que ficaria mais em conta. Fizemos a reserva e ele nos conseguiu o
upgrade da mesma forma. Fomos para a ala nova do hotel, um quarto muito bom e
grande onde quase perdi a Bê. Hehehe. Saímos para caminhar um pouco pelo centro
histórico. Eu precisava encontrar um caixa eletrônico para sacar dinheiro e
ainda de uma farmácia para comprar shampoo e remédio para pressão porque eu
tinha pouco.
Quando estávamos voltando para o hotel, meio perdidos em uma
cidade que a gente não conhece, encontramos um prédio lindíssimo e muito
antigo. Era o Mercado Municipal, foi uma sorte nos depararmos com ele, com a
fome que estávamos, pois a gente tinha tomado a sopa no almoço, nós queríamos
comer algo. Embora o Mercado estivesse com a ala da bancas fechada, os
restaurantes estavam funcionado normalmente no andar de cima do Mercado. Tudo
muito bem arrumado e, aparentemente, o Mercado foi reformado recentemente, pois
embora fosse um prédio muito antigo estava com ótima apresentação.
Depois de circular por uns 10 restaurantes para conhecer
escolhemos um que nos pareceu legal. Pegamos uma mesa do lado de fora do
restaurante, na praça interior e nos sentamos. Pedimos um filé à parmeggiana em
homenagem ao meu pai que adorava comer este prato, pedimos ainda água e chop.
Ficamos ali apreciando a arquitetura do prédio que é realmente impressionante. Aprendemos
que os Mercado Municipais de muitos lugares do mundo são muito interessantes e
possuem normalmente coisas típicas que só se encontra lá mesmo e não somente no
Brasil, o Mercado Municipal de Montevideo e de Santiago, por exemplo, são
fantásticos em termos de cozinha e de variedade de produtos. Inclusive no
Mercado Municipal de Santiago tem um restaurante que se chama Donde Augusto, onde
se come frutos do mar, que é simplesmente o máximo e por um preço mais ou menos
bom. Quem for a Santiago tem que arrumar um jeito de ir conhecer o Mercado, é
realmente imperdível.
Depois da janta seguimos caminhando até o Hotel que estava
bem próximo, coisa de 5 quadras no máximo. No lobby encontramos a cuia de
chimarrão, tomamos umas duas cuiadas cada um e subimos para o quarto para
dormir.
Abaixo encontram-se algumas fotos que o Daniel e o Lauro tiraram no trecho em que eles seguiram de Cristal a Punta del Diablo e, posteriormente, Punta del Este onde nós nos encontramos um dia depois.
Abaixo encontram-se algumas fotos que o Daniel e o Lauro tiraram no trecho em que eles seguiram de Cristal a Punta del Diablo e, posteriormente, Punta del Este onde nós nos encontramos um dia depois.
Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí. |
Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí. |
Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí. |
Reserva do Taim - RS. Em direção ao Chuí. |
Punta del Diablo |
Punta del Diablo |
Punta del Diablo |
Punta del Diablo |
Punta del Diablo |
Punta del Diablo - Golfinhos passeando pela orla. |
Fortaleza de Santa Tereza |
O já famoso Parador MAria Esther. Parrilla da melhor qualidade. |
Lauro e Edite. |
Dia 13/07 – Sexta-Feira
Eu queria levantar cedo para ir para a loja acompanhar o
desenrolar dos fatos, mas a Bê disse que queria dormir um pouco mais e acabamos
levantando somente às 8:30 da manhã. Tomamos café, juntamos nossas bagagens,
fizemos o check out, pegamos um taxi e fomos para a loja. Chegamos lá era 10:30
e a moto estava pronta do lado de fora, na calçada, juntamente com outras tantas
motos paradas ali. Fomos conversar com a Sandra e ela nos disse que estava
pronta desde as 9 da manhã, pois o amortecedor havia chegado às 9:30 e em menos
de meia hora eles trocaram.
Caramba!!!! Vivaaaaa!!! As coisas estavam começando a dar
certo e, é claro, isso significava que tínhamos a benção divina para
continuarmos nosso trajeto.
Perguntei para a Sandra o preço do concerto e ela me disse
que não custaria nada. Pode isso? Nada era o preço para trocar o amortecedor.
Estes gaúchos realmente são gente muito boa. Ela ainda me disse que ficaria com
o amortecedor e se eu precisasse dele para um pedido de garantia, ela
encaminharia pelo correio para a The One sem custo. Ela veria como fazer para
lançar os custos da remessa, caso necessário, nos custos da HD mesmo.
Ficamos maravilhados com o atendimento e cheguei a me
arrepender de não ter comprado mais uma camiseta na loja, já que as camisetas,
mesmo sendo caras, a esta altura já estavam ficando baratas.
Colocamos todas as nossas bagagens na moto, me despedi do
pessoal, inclusive do chefe de oficina, que infelizmente não me lembro do nome,
que, não fosse pela minha dificuldade em lembrar nomes, seria uma heresia, agradecendo
muito a todos eles pela atenção e carinho com que nos trataram salvando nosso
passeio, o que não tem preço, pois dificilmente a gente consegue uns dias de
folga no trabalho para poder fazer uma viagem dessas.
Saímos da loja com a alma em festa. Seguimos pela Av.
Sertório, onde está localizada a IESA, e que é a própria avenida que chega na
ponte do rio Guaíba por onde teríamos que passar. O motorista do taxi havia nos
explicado como teríamos que seguir para pegar a ponte pois, nas proximidades da
mesma a avenida tem sentido único e é preciso pegar uma rua paralela. Já
estávamos com o tanque cheio, pois antes de calibrar o pneu no dia anterior, eu
havia enchido o tanque da moto.
Nossa nova saída de Porto Alegre no dia seguinte pela manhã - Ponte sobre o Guaíba. |
A suspensão estava uma maravilha, a moto não ficava mais
balançando e estava muito macia. Fomo tocando e depois de algumas horas
passamos por Cristal, na frente do posto em que havíamos parado no dia anterior,
até buzinei para cumprimentar o pessoal e dar adeus. Seguimos até Pelotas, onde
abastecemos pela primeira vez e comemos alguma coisa no próprio posto, passamos
a lindíssima Reserva do Taim, claro que em velocidades baixas, pois ali tem
muito animal na pista, inclusive capivaras, o que, devo confessar, me
traumatizou um bocadito.
Como eu e Bê estamos muito acostumados a viajar sozinhos, a
gente vai no ritmo que nos agrada, sendo que podemos otimizar os abastecimentos
eparar apenas a cada 250 a 350km, por vezes chegando perigosamente perto do
tanque vazio. Depois de abastecermos em Pelotas seguimos até a fronteira no
Chuí e o fiscal da Polícia Uruguaia disse que 25 km à frente teria um posto. Fachou
com o que o Daniel havia me comentado pelo telefone. A moto estava com a luz da
reserva acesa a alguns quilômetros e o indicador mostrava Lo, que significa
baixo, ou seja, tinha menos de 15km de autonomia. Contei com a sorte de ter uma
folga neste marcador já que eu não voltaria para abastecer no Chuí. Seguimos em
frente em velocidade mais econômica, coisa de 80 a no máximo 100km/h.
Saída de Porto Alegre em direção a Pelotas - Ah! Lembrei da Capivara... |
Paisagens do caminho no Rio Grande do Sul. Pontes de dar inveja. |
Eita nós!!! |
Esta paisagem realmente estava demais. A Bê conseguiu registrar magistralmente. |
Graças a Deus deu certo, quando eu realmente estava ficando
preocupado o posto apareceu e na hora eu pensei: - Que bom. Agora a moto já chega
no embalo caso o motor apague. É só apertar a embreagem. Hehehe. Chegando lá
vimos que aquele já era um velho conhecido nosso. Comprei uns alfajores para a
Bê, enquanto ela foi ao banheiro, e comprei um refrigerante de pomelo rosado, Paso
de los Toros, que é dos melhores que existe e é produzido na cidade de mesmo
nome, que fica no Uruguai, por onde já passamos diversas vezes, no caminho de
Tacuarembó, local onde, dizem o uruguaios, nasceu Carlos Gardel, o rei do tango
argentino, quando se vai em direção a Rivera.
Com o tanque cheio, não perdemos muito tempo, pois tínhamos
que chegar em Punta Del Este para dormir e nos encontrarmos com os demais no Hotel
The SmallEast, onde nós já havíamos ficado da outra vez, localizado bem na
praça do farol na Punta e ainda teríamos que jantar no Parador Maria Esther em
Rocha, para jantar a deliciosa parrilla uruguaia e comer a melhor morcilla dulce
que tem no mundo, ao menos no mundo que eu conheço que tem morcilla dulce.
Passamos pelo trecho da pista que tem um alargamento e serve
como pista de pouso, passamos também pela Fortaleza de Santa Tereza e quando
chegamos em Rocha o frio já era grande, precisávamos colocar roupas para
podermos nos aquecer pois a coisa estava ficando muito preta mesmo!
Paramos na frente do restaurante, pegamos a segunda pele, a polar,
as luvas, as meias e entramos no restaurante. Uma delícia de lugar. Com a
churrasqueira acessa estava bem quentinho. Parei na frente da churrasqueira
para me aquecer por uns momentos antes de ir ao banheiro lavar as mãos e colocar
as roupas. Aí sim ficou uma delícia, bem quentinho. Não tem coisa melhor que se
aquecer depois que o corpo está muito gelado.
Tinha um casal de brasileiros na mesa ao lado, conversamos
um pouco e comemos nossa morcilla dulce e um entrecote mal passado. Ah como é
bom!!!
Grande Parador Maria Esther. Comer Morcilha doce e entrecote. Mas bota frio nisso... |
Depois de comer, não enrolamos muito pois queríamos pegar a
estrada, ainda tínhamos um trecho de uns 90 km para rodar e era noite e a
temperatura estava caindo rapidamente. Pelo menos estava uma noite bonita com
muitas estrelas no céu. O termômetro da moto estava marcando 4 graus
centígrado, depois da conversão que citei acima. Seguimos agasalhados e até que
foi bem tranquilo. Quando estávamos chegando em San Carlos, que já fica bem
próximo de Maldonado, onde se encontra Punta Del Este, o GPS estava indicando
que o caminho mais rápido era contornar a cidade, mas como estava muito frio e
era tarde, logo na cidade deveria ter muito pouco movimento, achamos que seria
melhor seguir por dentro de San Carlos mesmo. Havíamos passado o balão de acesso
à avenida que entraríamos e parei no acostamento para fazer o retorno. Aí é que
vi que estava mesmo frio. A umidade começou a condensar no para-brisa da moto e
ao mesmo tempo que ia condensando ia congelando, formando cristais. Foi uma
visão bem interessante, mostrei para a Bê e ficamos observando um pouco o
fenômeno, fizemos a volta e entramos pela cidade.
Dali até Punta foi rápido, coisa de meia hora. Com a ajuda
do GPS fomos direto até o hotel. Chegamos fizemos o nosso check in e nos
informaram que eles haviam saído para jantar e ainda não tinham retornado.
Ficamos por ali esperando um pouco e eles logo chegaram. Foi uma grande festa este
nosso reencontro. Contamos como foi o nosso dia e eles contaram sobre Punta Del
Diablo, dizendo que tínhamos uma diária grátis lá no hotel de uma próxima vez
que fôssemos, claro que teria que ser em período de baixa temporada, que o
lugar era bem legal, etc., além, é claro, de termos falado muito do frio que
estava fazendo, pois estava ventando um pouco e somando o vento com a baixa
temperatura a coisa estava mesmo de congelar.
Depois de tantas turbulências podiamos estar juntos novamente. |
Que delícia era poder estar novamente com eles em nossa
viagem depois de termos tido tantos sustos e ao final tudo ter dado certo.
Afinal havíamos planejado com tanto carinho os detalhes estávamos conseguindo
no final fazer com que tudo acabasse bem. Isso nos parecia uma benção divina o
que, novamente cito, nos dava a tranquilidade de seguir em frente, pois os
sinais eram de que tudo correia bem dali para diante.
Dia 14/07 – Sábado
Tomamos nosso café da manhã e saímos para passear um pouco
na tentativa de encontrar a loja da HD em Punta. Vimos o endereço e parecia
ficar após a ponte maluca, aquela que fica sobre a foz do rio Maldonado.
Punta del Este - Em frente do Hotel The Smalleast |
Praia no lado oceânico de Punta del Este |
Passamos pelo monumento ao Afogado, que nome horrível de se
dar àquele monumento, somente os dedos para fora da areia, depois seguimos pela
praia Brava passando pelas maravilhosas mansões que tem ali ao longo da avenida
costaneira.
Monumento ao Afogado, que nome mais ruim |
Quando chegamos na ponte cruzamos ela várias vezes, ao menos
umas 4 idas e vindas para, somente depois poder prosseguir. A velocidade máxima
com a qual consegui passar foi de 80 km/h, mas pensa num “esfria saco”! É
muito legal! O que não sei é o que tinha na cabeça o Leonel Viera, que projetou
a ponte que recebeu seu nome.
Nós na Loja fechada da HD em Punta - Aberta somente no Verão. |
A minha Penélope em frente à loja fechada da HD. |
Seguimos a te a loja da HD que infelizmente estava fechada
com um papel colado no vidro indicando que a mesma abre somente no período de
verão. Ficamos um pouco chateados, mas na verdade não fazia diferença nenhuma,
a menos que economizamos algum dinheiro, pois fatalmente compraríamos alguma
lembrança ali. Sacamos la foto, que não poderia faltar, já que pelo menos o
nome da loja estava lá.
Decidimos seguir em frente, passamos por La Barra,
Manantiales, El Chorro, Balneario Buenos Aires, Laguna Del Barro e fomos até a
Ponte Laguna Garzón, que vai a lugar nenhum... hehehe. É verdade, acho que eles
começaram a construir e pararam no meio, assim ficou. Alí no local opera uma
balsa. Chegamos até o porto de embarque e decidimos voltar.
Porto e Balsa na Laguna Garzón |
Porto na Laguna Garzón |
Na ida passamos paramos para abastecer em José Ignácio, onde há uma ponta, com uma
Igreja ao longe que nos chamou a atenção. Voltamos pelo mesmo caminho e decidimos explorar
o local. É um pequeno balneário que tem um farol de mesmo nome, muito antigo, a julgar pelos vários
faróis que já estiveram ali instalados e hoje encontram-se expostos em uma espécie de museo a céu aberto. Tinham muitos turistas por ali e ventava muito,
coisa de 80 km/h e ainda por cima estava muito frio.
Mas para quem passeia tudo é festa mesmo, vimos uns locais
interessantes onde se poderia comer, mas decidimos seguir em frente, pois na
ida tínhamos visto uma referência a um museu de esculturas e a Ana Paula ficou
interessada e é claro que nós também. Voltamos pelo mesmo caminho até a rua que
seguia para o Museu. Trata-se da Fundacion Atchugarry, criada por Pablo
Atchugarry em 2007 e não tem fins lucrativos. Ela foi criada com o espírito de
promover as artes plásticas, a literatura e música além de outras manifestações
criativas da humanidade.
Fundacion Atchugarry |
Fundacion Atchugarry |
Fundacion Atchugarry |
Todos nós adoramos o local que tem inúmeras esculturas de
uma criatividade realmente impressionante. Encontramos ainda um casal de São
Paulo, com o qual o Lauro ficou algum tempo conversando. Ao final o Lauro
comentou que eles não poderiam viajar conosco, pois viajam poucos quilômetros
por dia, coisa de 400km. Acho que porque estavam com uma GS ou talvez com uma
VStrom. Heheheh. De HD a gente vai mais longe! Kkkkkk.
Depois de conhecer vários edifícios com obras de arte em
exposição e ainda as oficinas com obras que estavam sendo feitas, embora os
artistas não estivessem lá por ser sábado à tarde, foi bem interessante ver
aquilo tudo. A arte é uma coisa interessante, pois para mim pelo menos, tem que
comunicar algo, e vi muitas obras que me comunicaram diversas emoções o que
coloca aquele pessoal em evidência mesmo. São grandes artistas, sem a menor
sombra de dúvida.
A moça que estava cuidando do local, nos informou que o
local fica à disposição dos artistas que quiserem produzir lá se utilizando da
infraestrutura do local, embora ela tenha dito que não tem custo algum para o
artista, imagino que quando a obra é comercializada alguma parcela deva ficar
para a Fundação senão seria impossível manter aquele local.
Saímos dali já com fome e resolvemos procurar por um restaurante
em Punta Del Este mesmo, onde nós havíamos almoçado juntamente com o Luciano e
Cíntia da vez anterior em que estivemos lá. Andamos por tudo quanto foi local e
não conseguimos achar o tal do “Boca Chica” e fomos em um outro restaurante
localizado nas proximidades. Depois é que fui ver que o “Boca Chica” fica mais
na ponta ainda, ou seja, depois do Iate Clube e do local dos pescadores. De
qualquer forma, este restaurante se mostrou tão bom, ou até melhor que o “Boca
Chica” e o principal, tinha o tal do Clericot, que é um tipo de sangria
preparado com vinho branco e frutas. Muito bom mesmo, quem for para lá não pode
deixar de provar. Como o vinho que vai no Clericot não é lá dos melhores acaba
ficando barato.
Almoço em Punta com Clericot e tudo que tínhamos direito |
Como somos exagerados, estávamos em festa e com fome
acabamos tomando 2. Claro que algumas das meninas ficaram um pouco altas.
Comemos muito bem, tanto no que se refere à qualidade como à quantidade. Em
Punta é difícil se comer carne, acaba que os restaurante servem mais frutos do
mar, por razões óbvias, e são restaurantes com chefs de qualidade internacional
com pratos muito bonitos e bons.
Depois do almoço, como a Ana tinha bebido um pouco de mais,
eles acabaram preferindo ir para hotel, que estava muito perto, para dormir um
pouco, quem conhece o Daniel sabe que ele adora um cochilo depois do almoço, o
Lauro, a Edite a Bê e eu resolvemos ir dar uma volta de moto. A princípio
resolvemos percorrer o trecho entre Punta Del Este e Punta Ballena. O vento estava muito forte, se antes do
almoço estava a uns 80 m/h, já mais para o final da tarde estava a muito mais.
Acho que as rajadas deviam bater os 100 ou 120km/h. Sei lá. Mas olha que era um
vento de dar medo e ainda por cima frio pra caramba, naquela tarde estava em
torno de 6 ºC, que foi a temperatura de praticamente todos os dias que
estivemos lá, embora o tempo estivesse sempre aberto e com sol.
Lauro e Edite em frente ao Cassino Conrad. Mas bota frio nisso. |
Não chegamos a Punta Ballena, pois eu parei e perguntei para
o Lauro o que eles queriam fazer, eles responderam imediatamente que estava
ventando de mais e que achavam que seria melhor retornar para o hotel, nossa
opinião era exatamente a mesma e voltamos.
Guardamos as motos e fomos para dentro nos aquecermos um
pouco. Enquanto a gente papeava sobre o que iríamos comprar para fazer um
queijos e vinhos naquela noite a Edite olhou para fora e disse; - Que é aquilo?
Que água é aquela lá fora? Estão lavando alguma coisa?
Pois olha que quando fomos ver era uma chuva daquelas, do
tipo de chuva de verão, só que sem verão. Despencou um toró e tanto. O
interessante é que foi de verão (no frio) mesmo, pois durou não mais de 15
minutos e parou completamente, inclusive apareceram novamente as estrelas no
céu. Nos agasalhamos e fomos os 6 até um local para comprar os quitutes.
Primeiro fomos até uma panificadora com mercadinho, mas não
gostamos do que encontramos lá e decidimos ir andando mais um pouco até o
mercado. Foi uma boa escolha, no mercado encontramos meias de lã, maravilhosas,
por coisa de R$3,00 o par, claro que todos nós compramos e foi uma boa mesmo,
pois nos dias que viajamos com as meias os nossos pés ficaram bem quentinhos.
Compramos duas garrafinhas de Jack Daniels, pequenas mesmo, acho que de 1/3 de
litro, que é claro não duraram muito, na verdade nada, pois no dia seguinte à
noite as duas estavam secas. A minha eu trouxe para guardar de lembrança e para
encher novamente e colocar no cogelador para tomar gelado, conforme dica do meu
primo Luiz Augusto.
Compramos 3 garrafas de vinho, queijos, frios e pães. Foi
uma noite maravilhosa, ficamos todos ali olhando as fotos, comendo e
relembrando os fatos do dia enquanto víamos as fotos.
Decidimos que copiaríamos todas as fotos de todas as
máquinas para o meu computador, assim ao final todos teríamos todas as fotos
tiradas. Para isso arrumamos as datas e horários das câmaras para que as fotos
ficassem na sequência, não funcionou muito bem mas ficou legal. Planejamos
nosso dia seguinte e fomos para cama, muito cansados do longo dia e ainda das
distâncias percorridas até ali, pois o cansaço é cumulativo e o stress da pane
do amortecedor tinha seus efeitos ainda, mas com uma alegria na alma daquelas
de dar saudades. Vi uma propagando muito legal da Althemburg com a seguinte
frase: - Sonhamos de noite para roncar durante o dia. Muito boa!
Ao final aquele havia sido um primeiro dia nosso no Uruguai
e foi de encher o coração de alegria. Depois de tantas dificuldades nos dias
anteriores, ao final, tudo estava dando muito certo.
Agradecemos a Deus pela graça recebida!
Dia 15/07 – Domingo
Mais um dia maravilhoso que amanheceu com o céu azul e muito
lindo, claro que com os mesmos 4 a 6ºC no termômetro, mas pela manhã tem muito
menos vendo.
Tomamos o café, não muito cedo, a Ana Paula estava um pouco
de ressaca devido aos vinhos da noite anterior, faz parte, mas nada muito
sério. Pegamos as motos e fomos passeando pela linda orla que liga Punta del
Este a Punta Ballena, ao longo da praia Mansa, que logo de cara passa em frente
ao Cassino Konrad e seguimos passeando. Diferentemente do dia anterior, agora
estava uma brisa muito mais amena e o caminho estava lindo, pois mesmo com
frio, o dia aberto dá um colorido magnífico a todas as coisas que a gente olha,
ficando tudo ainda mais bonito do que já é.
Iglesia Candelaria, na praça do Farol ao lado do Hotel |
A caminho de Punta Ballena |
Punta Ballena |
Depois de fotografar e filmar um pouco e das meninas
comprarem algumas lembrancinhas nas barracas de artesanatos, onde a Bê achou um
ímã de geladeira idêntico ao que a Cintia tinha comprado quando esteve lá e o
Lucianinho quebrou, fomos visitar a Casa Pueblo.
Casa Pueblo em Punta Ballena - Idealização de Carlos Vilaró |
Estacionamos as motos em frente a entrada, onde o Aníbal,
grande amigo do Lauro, estava vendendo fotos da Casa Pueblo vista de cima e que
tem a forma do mapa do Brasil. Pagamos os ingressos, visitamos o café, que
custava tão caro que eu não tive coragem de tomar, acho que era algo como
R$10,00 a xícara. Fomos até a sala de projeção onde fica o tempo todo
projetando um filme que conta a vida e obra do Vilaró. Vimos o filme e
visitamos o Museu que é formado por muitas salas entremeadas por caminhos e
escadas onde encontram-se expostos gravuras, pinturas, esculturas, livros,
pensamentos e fotos de Carlos Vilaró. Do lado de fora, acessando as varandas da
Casa é possível ver o mar, que na verdade não é o mar mas sim o estuário do Prata.
Considera-se que de Punta del Este para o norte, é o mar e para o outro lado é
o rio da Prata.
Casa Pueblo |
Muito se fala da beleza do por do sol visto dali da Casa
Pueblo, tanto que o próprio Carlos Vilaró se refere o tempo todo a ele, dizendo
que praticamente, senão toda a sua obra, ali exposta, é fruto deste por do sol
ou da força do próprio sol. Infelizmente não foi desta vez que pudemos ficar
ali para apreciar esta beleza, afinal de contas algo precisa ficar para trás,
sob pena de não termos mais nenhum motivo para retornar e nós queremos
retornar, sendo este apenas mais um quitute que permanece a nos chamar de volta.
Saímos de lá já próximo da hora do almoço e decidimos ir
conhecer Piriápolis.
Piriápolis - Hotel Cassino |
Ah! Piriápolis! Que maravilha de local. Tão cheio de
surpresas agradáveis! Tão prazeirosa! Tão exuberante! Há quem diga que foi
daquele local que emanaram todas as energias Divinas que findaram por criar
toda a vida em nosso mundo e, principalmente, a raça humana e olha que isso é a
simples e humilde manifestação da mais pura verdade que todas estas expressões
podem, para os menos avisados, parecer exageradas, mas não para os iniciados,
para os que conhecem.
Pois afirmo que ainda são muito humildes e vazias estas
palavras, afinal de contas o que são as palavras sem AS MÃOS que a mando Divino
são capazes de realizar tão maravilhosas obras?
Com este espírito, embora ainda totalmente desconhecido, mas
marcado em nossas almas pelo ferro celeste, pois somente nos é dado conhecer os
caminhos que trilhamos, ao longo do próprio caminho, nem um segundo antes
sequer.
Entramos em Piriápolis pela avenida principal, sempre
seguindo o GPS que sabe e conhece tudo e que nos levou o tempo todo sem sequer
passar pelas favelas, quer dizer, houve uma única exceção, afinal ele acabou
sendo superado pelo seu próprio desejo pelo social. Fomos até bem para frente e
depois viramos à esquerda e fomos retornando pela orla do Prata. Tudo muito
arrumado, com cara de lugar que teve todo o aparelhamento urbano instalado a
muito tempo, acho que lá pela década de 50, a julgar pela arquitetura das
praças, balaústres, etc.
Beira rio em Piriápolis |
Chegamos a um local que nos pareceu mais central, onde havia
o Restaurante Terranova, muito movimentado, praticamente lotado, embora já não
fosse assim tão cedo, coisa de 3 horas da tarde. Paramos as motos junto ao
meio-fio da calçada da praia, atravessamos a rua para irmos ao restaurante.
Restaurante em Piriápolis |
Aí começou a manifestação do Divino. Hehehe. Buscamos uma
mesa para nós seis e também lugar para colocarmos os capacetes. As meninas
foram ao banheiro e a Graziella veio nos trazer o cardápio e ver ser queríamos
alguma bebida. O Daniel perguntou algo para ela e ela se curvou para ver e
responder. Quando ela se levantou já veio a manifestação de interesse, ela
mediu o Lauro que estava atrás dela, um pouco ao lado, dos pés à cabeça, e
disse:
- Noooossaaaa!!!! Que lindo!
Desse jeito mesmo. E saiu dali a jato, ligeirinha como
sempre se deslocava ali dentro do restaurante. Nós ficamos nos olhando e
surpresos com a ousadia da Graziella. Mas, tudo bem, para quem está viajando
tudo é alegria, é claro, que tiramos uma casquinha do Lauro, afinal de contas
teríamos que valorizar a atitude dela em sua manifestação de espanto com
tamanha maravilha.
Em seguida as nossas maravilhosas musas retornaram e a Graziella soube conter a paixão avassaladora que tinha tomado conta dela com o Grande Lauro, pois tão bem se conteve, que até esquecemos do ocorrido.
Comemos muito bem, pois não tem muito como errar se pedir
carne mal passada no Uruguai e na Argentina, ou rugoso, como eles dizem, e
chegou o momento da sobremesa, aí sim é que foi o momento do ápice. Pedimos a
famosa Taça Hispano. Aquele suspense no ambiente até que veio a taça com
sorvete e nata e mais um monte de
coisas, pois a estrutura vem com praticamente 40cm de altura. Foi um riso
geral, pois somente o Daniel a Bê r eu conhecíamos, quando fomos com o Daniel
para Montevidéu em 2010.
Em seis, conseguimos dar conta de quase tudo. Pedimos café a
conta e tudo ia se encaminhando para um final apenas feliz. Eis que a Bê teve
uma magnífica ideia de tirar uma foto da Graziella conosco, com os três homens.
Como eu estava sentado, veio o Daniel à minha direita e o Lauro à esquerda,
ficando no meio a Graziella, atrás de mim. A Bê tirou uma foto e achou que não
ficou boa e pediu para esperar e tirou outra. Aí sim que foi a coisa. A
Graziella apertou, magistralmente, sem que ninguém visse, a bunda dos dois. A
minha não é claro, pois eu não afeito a esse tipo de atitude pecaminosa e de
baixo calão.
Parece que esta foto foi antes... |
E esta depois, ou melhor, durante! Olhem a cara da Graziella! |
Pode uma coisa dessas? Os dois ficaram parados. Se fosse
eles que tivessem pegado na bunda da garçonete a gente teria visto um
verdadeiro escândalo com direito a chamar a polícia e tudo. Mas como foi ela e
eles ficaram sem ar, estão até agora tentando entender o que aconteceu.
Diz o Daniel que falou para ela:
- O que é isso?
Ao que ela respondeu:
- Fica quieto!
E ele ficou...
No filme dá para ver muito bem a cara da Graziella na
primeira e na segunda foto. Veja como evoluiu a expressão da abusadora de
meninos inocentes, pois comigo ela não foi louca de fazer isso, ia ver o que ia
acontecer!!!
Filme resumo do dia que fizemos à noite no Hotel.
Mesmo assim fomos embora do magnífico restaurante Terranova,
que deixou uma marca indelével em nossas vidas e em nossa viagem.
Passamos pelo teleférico que tem na região do Porto, que dá
acesso a um morro alto de onde a vista parecia ser muito bonita, mas nós não
estávamos a fim de subir. Acho que os dois estavam já exaustos com a
experiência anterior.
No caminho de volta o Daniel sugeriu que passássemos pela
Fazenda La Pataia. Que é um local afastado, onde fazem o melhor doce de leite
do Uruguai, que tem o mesmo nome, e onde é servida uma panqueca com doce de
leite. Lá fomos nós, porém sem saber direito onde o local era, aí o GPS não
pode ajudar porque o Daniel não lembrava o nome e é claro que o endereço
ninguém sabia mesmo.
Fazenda Lapataia |
Mas o Daniel foi indo na frente e não é que acabou
encontrando? Um lugar muito bonito, com infraestrutura para receber turistas e
tudo. Um lugar dos mais agradáveis embora tenhamos tido que seguir um bom
trecho por estrada de chão, mas com o piso bem firme e não tivemos problemas em
seguir com as nossas motos. Principalmente a minha que é uma maravilha na
areia...
Fazenda Lapataia - Lugar do melhor doce de leite do Uruguai. |
Fazenda Lapataia - Comendo Panqueca de doce de leite |
Fazenda Lapataia |
Saímos de lá e fomos comprar um reforço de vinho e outros
apoios para a noite. Já que estávamos comendo sem parar. Repetimos a dose de
copiar as fotos e gravar tudo no computador, ver as fotos e então começamos a
fazer um filme, que ficou muito bom. Com quinze minutos de duração mas que
resumiu bem o nosso dia e que encontra-se apresentado anteriormente.
Dia 16/07 – Segunda-Feira
Dia de dar baixa no Hotel The SmallEast e seguir para
Montevideo.
Em frente ao Hotel The Smalleast - Farol da plaça ao fundo. |
Em frente ao Hotel The Smalleast |
Em frente ao Hotel The Smalleast - Farol da plaça ao fundo. |
Antes de pegar a estrada, fomos até o Monumento ao Afogado,
que já tínhamos passado por lá várias vezes mas ainda não tínhamos parado para
sacar las fotos. Dali seguimos pelo caminho das escadarias do céu, que leva a
Piriápolis! Ah! Piriápolis, terra de tantos praseres.... chega. Liguei o pisca
para entrar em Piriápolis, mas acabamos seguindo em frente. A resistência foi
muito grande, teve gente que quase caiu da moto, pois a moto queria seguir pela
esquerda. Kkkkkk
Monumento ao Afogado. Nome de mau gosto mas o Monumento é interessante. |
Seguimos pelo caminho mais próximo ao mar que podíamos, ao
invés de ir direto pela autopista. Mas ao final acabou sendo quase que apenas
uma intenção, pois a autopista já fica muito próxima ao mar e boa parte do
trajeto foi feita por ela mesmo. Iniciamos pela RN-93 e depois passamos para
RN-9 até a RN-8 e por esta até a Capital. A distância de Punta a Montevideo é
pequena, 136km, e chegamos rapidamente lá.
Localizei o Hotel Intercity Premium Montevideo no GPS e o
erro foi por 100m apenas. Digo isso pois o GPS tem um problema com numeração de
ruas, em alguns casos a numeração está invertida, ou seja, começando onde
deveria terminar com sentido oposto. Mas era simples de encontrar, pois ficava
ao lado da Boulevard General Artigas, uma importante avenida da cidade que se
encontra muito perto da Av. Brasil, onde se localiza a loja da HD, avenida esta
que nasce em Pocitos, a praia mais badalada da capital e onde os imóveis custam
muito caro, para se ter uma ideia um apartamento de 3 quartos não sai por menos
de US$400mil e nas outras praias, também na orla com vista para o “mar”, que é
rio, por US$200mil. Quase o mesmo preço que em Florianópolis, é só multiplicar
por 10 que fica igualzinho.
Loby do Hotel Intercity Premium Montevideo |
Praia de Pocitos - Daniel e Ana |
Pocitos - Lauro e Edite |
Pocitos - Minha querida Bê, parece que estava feliz! |
Praia de Pocitos - Lauro |
Já comentei com a Bê, bem que poderíamos morar ali, bom,
seguro, um povo educado e por um preço de moradia bem em conta. Ainda por cima
tem alfajor Punta Ballena – Negro, que a Bê adora de paixão.
Nos instalamos, passamos pela loja da Harley, na Av. Brasil, e fomos passear pela avenida 18 de julho e era dia
16/07, logo, em dois dias seria dia 18, que é o dia da Constituição, o dia em que o país teve sua carta magna após a independência.
Estacionamos as motos na Plaza Independência, no centro antigo da cidade e
passeamos à pé pela praça, pena que o mausoléu Artigas estava ainda em reforma
e não pudemos entrar, ali tem também o Palácio da Presidência da República,
onde trabalha o Presidente José Mojica (que tem o nome muito parecido com o do
Zé do Caixão, que é José Mujica). Seguimos pelas ruas da cidade antiga e fomos
até a praça Constituição onde visitamos a Catedral Metropolitana de Montevideo,
passando pela elegante livraria A Puro Verso com seu vitral majestoso.
Palácio da Presidência da República do Uruguai, na Plaça Da Independência. |
Praça da Independência - Monumento ao Gen. Artigas. |
Agora sei porque a Lê gosta de caretas nas fotos. Acho que é genético. hehehe. |
A Bê na Livraria A Puro Verso |
Bonita fachada da Taverna La Corte na Cidade Antiga |
Estátua da Catedral Metropolitana |
Catedral Metropolitana |
Catedral Metropolitana - Detalhe do piso de ladrilho hidráulico |
Acho que a Ana nunca reparou direito na beleza do Daniel.... |
Edificio que durante muitos anos foi o mais alto da América Latina |
Nós em frente ao Monumento ao Gen. Artigas |
Em frente a loja da HD em Montevideo. Desta vez estava aberta. |
Comemos bem e tomamos uma Patrícia, pois no Uruguai a gente
tem que tomar uma Patrícia ou uma Norteña, senão é como se nem tivéssemos ido
até lá.
Voltamos até a loja e ficamos ali vendo camisetas e outras
cositas mas. O Lauro e o Daniel se animaram para comprar uma jaqueta de cordura
preta, muito bonita e do mesmo modelo. Achei que ficou legal. O Lauro pegou uma
tamanho XL e o Daniel pegou uma tamanho M. Eu vi que tinha uma L na loja, mas
em mim não servia.
Muito bem, depois acabou que o Lauro achou que ficou muito
grande para ele a jaqueta e que iria trocar pela L. Eu achei a ideia de
fazermos um grupo com as mesmas jaquetas legal, já que estávamos viajando
juntos e que aquela poderia ser uma boa lembrança da viagem. Fiquei com a
jaqueta XL do Lauro, que me serviu muito bem e na manhã seguinte fomos até a loja
novamente para eu comprar a jaqueta L para ele. Assim formamos um trio de
jaquetas idênticas.
Saíndo do centro fomos até o Punta Carretas Shopping para
ver se o Lauro e a Edite conseguiam regular a máquina fotográfica deles que
estava tirando apenas fotos em preto e branco e ninguém conseguia arrumar.
Passeamos pelo belo shopping e fomos jantar na praça de alimentação, onde
graças a Deus eu encontrei uma parrilla que servia morcilla Dulce e entrecote!
Que beleza! Não perdemos a janta afinal das contas.
Chega de saracutiar, voltamos para o hotel e cama.
Dia 17/07 – Terça-Feira
Primeira coisa que fizemos foi ir novamente até a loja da HD
para comprar a jaqueta do Lauro, já que a dele tinha ficado comigo, realmente
tinha uma tamanho L que serviu direitinho nele. Assim formamos o grupo completo
com as jaquetas idênticas. Estava muito frio e a jaqueta veio com um forro
impermeável, desta forma ficou melhor que a de couro, pois quando está frio põe
2ª pele, polar e a jaqueta com o impermeável e pode fazer 0º que não tem
problema, no calor é só tirar o impermeável de dentro e ela fica bem
fresquinha.
Saímos dali e fomos em busca de protetor para colocar nos manetes
das motos do Daniel e do Lauro, pois o frio era grande e o vento batendo direto
nas mãos, já que a Heritage não tem proteção para as mãos, fica difícil de
aguentar, pois o tempo todo a maior reclamação deles era com o frio nas mãos.
Acabamos encontrando em uma lojinha de bicicletas, pois em uma loja
especializada em multimarcas de motos, que tinha de tudo, não tinha.
O Daniel comprou uma amarela e o Lauro uma azul, em ambos os
casos combinado com a cor das motos, uma boiolice! kkkk. Fácil de instalar e
barato. Ficaram parecendo dois motoboys com aquelas proteções para as mãos, mas
o que importa é que dali para frente eles estavam com as mãos devidamente
protegidas. Como a minha luva estava funcionando bem eu não precisei recorrer
àquela indecência. Se bem que nos dias de maior frio mesmo tive que colocar uma
luva de segunda pele por baixo dela para tocar em frente.
Os protetores de manete para enfrentar o frio que estava judiando |
Foi muito bom o passeio, mais ou menos o mesmo que já
tínhamos feito alguns anos atrás, quando fomos somente com o Daniel. Foi bem
legal. Acho que o Lauro a Edite e a Ana Paula ainda não conheciam.
Viajar tem isso de bom: tudo é alegria. Deveríamos viver sempre assim. |
Passamos com o ônibus pelo Mercado Municipal e vimos que tínhamos estado
ali bem perto mas que não sabíamos disso, pois poderíamos ter aproveitado para
almoçar lá, a fama do local é muito grande.
Edifício do Parlamento - Projeto italiano ao estilo italiano. Todo decorado em mármore |
Detalhe da torre do Parlamento com estátuas de mármore sustentando o coroamento |
Ao final do passeio, solicitamos ao guia que nos deixasse na
Feira de Artesanato que queriamos conhecer, na verdade é famosa mas não tem
grandes coisas não. Acabamos achando um quebra-cabeças muito legal para o
Lucianinho que por si só valeu a pena ter ido. Saímos então cainhando pela rua para
jantar no Bar Hispano. Acontece que fomos para o lado errado, estávamos indo em
direção ao Porto, embora Montevideo seja uma cidade segura, proximidade de
porto não é lugar seguro para ninguém, em nenhum lugar do mundo, quanto mais
para turistas. Somente quando um transeunte falou que deveríamos guardar as
máquinas fotográficas, pois era perigoso andar com elas no pescoço à noite
naquele lugar é que nos tocamos que algo estava muito errado.
Retornamos as 4 ou 5 quadras que tínhamos caminhado no
sentido errado, com meu pé que estava uma maravilha, pois até hoje o danado
ainda não está bom, mas acabamos finalmente chegando ao Hispano. Um bom
bar/restaurante, mas achei que aquela região é meio sinistra à noite.
Bar Hispano - Comemos pizza quadrada com Patrícia |
Bar Hispano, o outro lado da foto acima. hehe. |
Na hora de ir embora, pedimos ao caixa que chamasse dois
taxis para nós, enquanto esperávamos lá fora vimos que a coisa é meio baixa
mesmo naquela região, ou melhor, é um lugar onde a gente se sente meio despido.
Tanto que chegou um primeiro e o segundo demorou um pouco, não nos sentimos
seguros o suficiente para ficar ali fora esperando e entramos novamente no
Hispano para aguardar lá dentro.
Dia 18/07 – Quarta-Feira
Este era o dia do grande feriado nacional deles, assim como
é para nós o 7 de Setembro. Tanto que a principal avenida de Montevideo, que
nasce na Praça da Independência, local do Palácio do Governo Federal e do
Mausoléo do Gen. Artigas, se chama Av. 18 de Julho. Tudo fechado e nós saímos
depois do café da manhã com o GPS apontando para Salto, Termas de Dayman, onde iríamos nos hospedar na Posada Siglo XIX. As
termas naqueles dias frios seriam uma maravilha.
Nem fazíamos ideia das aventuras que teríamos que viver
ainda neste que foi um dia dos mais atribulados de nossa viagem.
O nosso trajeto seria sair pela RN-1, que liga Montevideo a
Colonia Del Sacramento, e seguir para o norte na RN-3, seguindo por esta até
Salto, na verdade um pouco antes de Salto entraríamos à direta nas Termas de Dayman até a Posada Siglo XIX.
Tínhamos um trajeto de 490km para rodar em um dia maravilhoso, novamente com o
céu de um azul anil maravilhoso. Fomos tranquilos a uma velocidade de 110km/h
na maior calma, pois tinha muito pouco movimento nas estradas, aliás como
sempre é quando se anda no Uruguai.
Quando estávamos a uns 300m do viaduto que sai para a RN-3
quando o Daniel me ultrapassou, ligou o pisca e foi para o acostamento. O Lauro
e eu seguimos ele e estacionamos. Ele nos contou que estava sem freio traseiro.
Eu perguntei se por acaso ele não havia ficado com o pé encostado no pedal do
freio pois quando esquenta o mesmo para de funcionar mesmo. Disse ele que não.
Bem, vimos que tinha uma casa à frente que seria mais seguro encostarmos ali do ficar no acostamento que é muito perigoso.
Bem, vimos que tinha uma casa à frente que seria mais seguro encostarmos ali do ficar no acostamento que é muito perigoso.
Entramos naquele largo e paramos as motos. Descemos e o Daniel disse que tinha um barulho diferente, realmente quando ele passou em ponto morto a gente pode ouvir o barulho. A experiência que eu tinha tido anteriormente, quando o amortecedor da minha moto estava quebrado, me dizia que qualquer coisa que pareça estranha na moto deve ser olhada de perto, pois realmente indica que algo deve estar errado mesmo.
Em frente à oficina com problemas no freio da moto do Daniel |
Se o carro ficou pequeno com essas duas imagina se fosse o Marião e Paulão? |
Então, pensando nisso, pedi que ele parasse ali para a gente
poder olhar de perto o sistema de freio traseiro, o freio dianteiro estava
funcionando normalmente.
- Primeiro encostei a mão no disco de freio e vi que o mesmo
estava frio, logo, não era calor excessivo;
- Checamos o volume de óleo no burrinho do freio e
percorremos as mangueiras para ver se tinha algum vazamento, nada também, tudo
seco e limpo;
- Quando olhamos as pinças do freio, tinha
apenas uma pastilha, a do lado interno do disco. No lado externo faltava uma
pastilha e não tinha nenhum pino segurando esta pastilha, que já se encontrava
meio levantada em relação ao ponto por onde o pino deveria estar passando para
segurar o sistema montado.
Para nossa sorte, ali tinha uma oficina mecânica, descobrimos
depois que naquela casa moravam os donos de uma pequena transportadora, com um
escritório, também muito pequeno, onde o mecânico era um rapaz de uns 18 ou 19
anos, se tanto, pois me parecia ser menor de idade, com ele estava um outro
rapazinho que devia ter menos de 15 anos, com uma bicicleta, ambos estavam
sujos de graxa como se fossem mecânicos experientes e levavam a coisa muito a
sério. Bem interessante.
Pegamos a pastilha que havia sobrado no local e mostramos
para ele perguntando se tinha algum modelo semelhante àquele para que
pudéssemos adaptar no local. Ele pegou na mão, olhou, olhou e respondeu, como
esta não tenho não. Mas não tem jeito de ajustar algo para a gente seguir
viagem? Ele respondeu que não.
Rodas sem a pastilha não dava, pois as pinças não ficam
recuadas e acabam encostando no disco, o que, com certeza, estragaria tudo em
poucos quilômetros. O Daniel teve a ideia de pedir para tirar fora o sistema do
freio e prender o mesmo no Chassis da moto com alguns lacres de plástico e
voltar para Montevideo para arrumar no dia seguinte.
Bem resolvemos ligar para a loja da HD pois tem sempre um
guarda que fica lá cuidando do local, quem sabe não tinha alguém fazendo um serão...
sei lá! O que não dá é para ficar parado sem fazer nada. Falamos com a dona do
local e ela, que estava no escritório fazendo alguma atualização de controle,
autorizou que utilizássemos o telefone dela para ligar para Montevideo e ainda
por cima, nos autorizou a usar o computador dela para ver no Google qual o
número do telefone.
Ligamos e realmente o guarda atendeu e nos disse que estava
fechado e que somente no dia seguinte teria alguém lá para atender. Insisti
muito com ele para nos vender um disco de freio e nada. Pedi o telefone do
gerente ou de alguém da loja. Nada. Ele disse que não poderia dar, mas que iria
nos ajudar. Ligaria para o gerente, pois não tinha autorização para passar o
número e nos daria um retorno. Passei o número da li e ficamos esperando,
enquanto o garoto desmontava o sistema de freios para prender no chassis.
Passadas meia hora, mais ou menos, não me contive e liguei
novamente para a loja, o guarda falou que o telefone do gerente não havia
atendido e que ligaria mais tarde. Caramba! A coisa estava se complicando.
O mecânico acabou o serviço, que ficou muito bom, o alforge
foi recolocado no local, e pegamos a estrada rumo a Montevideo novamente,
havíamos andado cerca de 90km até ali. Fizemos o retorno no viaduto e
retornamos todos. Bem, nada a fazer a não ser ir voltando lentamente, o Daniel
usando somente o freio dianteiro, então havíamos pensado em almoçar em um
restaurante que havíamos visto na outra pista há alguns quilômetros dali.
Quando passamos na frente do restaurante vimos que tinha uma
883 parada na frente. O local estava fechado mas o Harleyro estava lá fumando
um cigarro. Depois tem gente que é contra o fumo, eu não sou, pois se o cara
não fumasse ele não estaria parado ali fumando!
O nome dele era Ricardo, explicamos para ele a nossa situação e ele disse que conhecia um mecânico muito bom, chamado Alejandro e que podia ser que estivesse trabalhando no feriado, pois o cara gosta mesmo é de mexer com Harleys. Ligou para o tal do Alejandro e o cara pediu para levar a moto lá na oficina que ele daria uma olhada. Neste momento o milagre já era tamanho que eu comecei a ficar preocupado com a nossa segurança. O Ricardo pediu que nós o seguíssemos pois iria conosco até a oficina.
O nome dele era Ricardo, explicamos para ele a nossa situação e ele disse que conhecia um mecânico muito bom, chamado Alejandro e que podia ser que estivesse trabalhando no feriado, pois o cara gosta mesmo é de mexer com Harleys. Ligou para o tal do Alejandro e o cara pediu para levar a moto lá na oficina que ele daria uma olhada. Neste momento o milagre já era tamanho que eu comecei a ficar preocupado com a nossa segurança. O Ricardo pediu que nós o seguíssemos pois iria conosco até a oficina.
Nós seguindo o Ricardo retornando para Montevideo |
Nós seguindo o Ricardo retornando para Montevideo |
Gente finíssima!!!! O cara era um Harleyro mesmo. Assim a
gente vai vendo que esta é uma irmandade muito forte, daquelas que imagino
fazer inveja até mesmo para Masson.
Depois de alguns quilômetros ele parou em um posto, o que eu
achei ótimo, pois estava apertado para ir ao banheiro e para minha sorte ele
também estava. Aproveitamos para colocar gasolina e seguimos em frente seguindo
o Ricardo.
Mesinha de roda no bar da oficina |
Detalhes da decoração da oficina |
Eu, Ana Paula, Mecânico (esqueci o nome), Daniel e o Alejandro |
Uma das motos entre a muitas do lugar |
Que satisfação a gente ter tido uma solução. Só Harleyro mesmo para ajudar numa hora dessas |
Nós parados em frente a oficina aguardando o concerto juntamente com o Ricardo |
A oficina ficava localizada a meia quadra do Edifício do
Parlamento, que é um prédio maravilhoso, o Alejandro e um mecânico estavam lá
trabalhando. Logo na entrada tem uma sala que foi transformada em alguma coisa
parecida com um bar ou um ambiente de convívio. Com camisetas penduradas e
presas ao teto, demarcando festividades e encontros dos quais participaram. Bem
legal o lugar.
Um lugar muito personalizado a oficina |
Saímos lá para fora e falamos com o Ricardo sobre a gente ir
almoçar em algum lugar e trazer algo para o Daniel e Ana para eles comerem
também, já que o concerto demoraria algum tempo.
Assim fizemos, fomos pelas ruas abandonadas da cidade, onde
praticamente todos os locais estavam fechados, mas o Ricardo sabia de um local
que deveria estar funcionando e para nossa sorte estava mesmo aberto.
Para variar todos comemos chivito, que era muito bom e
tomamos uma cerveja para festejar o encontrar o Ricardo na estrada e ainda por
cima o Alejandro estar disposto a concertar a moto do Daniel em um dia de
feriado nacional. Brindamos muito a isso, bem como agradecemos ao muito ao
Ricardo e o mínimo que poderíamos fazer era pagar o almoço para ele, já que não
tinha como pagar por qualquer outra coisa para ele.
Comendo o Chivito com o Ricardo num dos poucos restaurantes abertos no feriado |
A característica interessante da moto dele, uma 883, é que a
placa era na verdade um adesivo colado sobre o para-choque traseiro. Perguntei
se aquilo não era proibido e ele me disse que devia ser, mas que até aquele
momento a polícia ainda não tinha enchido o saco dele, então ele continuava
usando. Interessante como eles não se apegam tanto a estas bobagens que no
Brasil tem uma super importância enquanto buracos e engarrafamentos nas estradas
não recebem a menos consideração do nosso governo.
Pedimos pizza para levar para o Daniel e Ana com
refrigerante e retornamos. Ficamos ainda algum tempo ainda esperando. Saímos de
lá, depois de muito agradecer pela disposição de todos em nos ajudar, anotamos
os telefones deles para qualquer outra necessidade futura, quando estivéssemos
de passagem novamente pelo Uruguai e o Daniel falou que cobraram apenas o equivalente
a R$250,00 pelo concerto, sendo que depois me explicou que não tinham o
parafuso que servisse na moto do Daniel e que tiveram que levar o pino em um
torneiro que também resolveu ajudar, a 30km de distância, retornaram com o pino
para prender as pastilhas do sistema. Na verdade foi este pino que caiu e que
possibilitou que a pastilha se perdesse.
Coisa impressionante, pois todos nós estávamos maravilhados
com o ocorrido, mostrando que a gente realmente nunca pode se entregar, ou
seja, Deus ajuda a quem se mexe e mostra que merece de fato uma ajuda. Assim
como sucedeu comigo, na questão do amortecedor aconteceu com o Daniel.
Saímos novamente de Montevideu já era umas 4:30 da tarde e
tínhamos os mesmos 490km para rodar, ou seja, umas 6 horas de estrada pela
frente o que nos apontava que deveríamos chegar em Salto lá pelas 11 da noite.
Beleza! Nenhum problema, encararíamos o caminho sem tristeza pois havíamos
presenciado um verdadeiro milagre, as 3 motos estavam em plena forma e nós, é
claro, também.
Entardecendo e nós no caminho. Estava esfriando. |
Passamos pelo local onde havíamos parado com o problema,
demos uma buzinada para cumprimentar quem sequer vimos e saímos pela direita
pegando a RN-3. Fomos parar em Trinidad, quando já era noite, umas 7 ou 8 da
noite e estava frio. Como eu e a Bê estávamos sentindo um frio danado na Ultra,
parei em um posto, que depois vimos que em outra oportunidade já havíamos
passado, achando que eles estariam morrendo de frio, já que na moto deles o
vento é muito maior que na nossa.
O pôr do sol ficou maravilhoso. A caminho de Salto. |
Que nada, eles estavam em estado de graça e não reclamaram
de frio. Eu havia inclusive sugerido que a gente procurasse um hotelzinho por
ali mesmo e que na manhã seguinte poderíamos sair cedo, assim evitaríamos de
viajar à noite e os consequentes perigos deste fato. Que nada, o pessoal estava
mesmo muito corajoso e disseram que prefeririam continuar e dormir em Salto
mesmo. Ok! Juro que fiquei impressionado com a disposição deles. Colocamos as
luvas com segunda pele e galocha para proteger os pés do frio, pois estava
fazendo cerca de 3ºC mais ou menos.
Enchemos o tanque e fomos em frente. Com aquela parada
poderíamos tocar direto até as Termas de
Dayman, pois já tínhamos rodado aproximadamente a metade do percurso e
poderíamos tentar tocar direto dali até o nosso destino.
Assim fomos indo, até que tinha algum movimento, mais que o
normal, o que não quer dizer que seja parecido com o que conhecemos no Brasil,
é muito menos. Passamos por vários locais muito interessantes, inclusive com
restaurantes que eram muito convidativos, sendo que em um deles, em um lugarejo
chamado Young, quase que parei mesmo para jantar, mas resisti heroicamente e
seguimos em frente.
De fato chegamos em Salto em torno do horário previsto, mas
todo o local estava muito deserto e confesso que esperava reconhecer o local, o
que não aconteceu, acabamos chegando por um ponto que eu não sabia que existia
e me perdi. O GPS da moto funcionava mas o GPS da minha cabeça não estava
funcionando, ou porque tinha congelado ou porque aconteceu uma inversão no mapa
mental e eu não conseguia achar mais nada. Acabei pegando o caminho de Salto e
quando chegamos no balão onde, no carnaval, havíamos parado em um posto, é que
foi possível para mim reconhecer onde estava, aí foi fácil, passamos pela
churrascaria El Rancho, primeira à
esquerda e primeira à direita, pronto, lá estava a Posada.
Entrada do El Rancho em Termas de Dayman em Salto. Chegamos sãos e salvos, Graças a Deus. |
Estacionamos as motos na entrada, pelo lado de dentro da
cerca viva e estacionamos as belezas sobre a grama do jardim interno, conforme
orientado por um funcionário, que nos informou que não tinha problemas pois eles
estavam executando obras ali no local. Levamos as bagagens aos quartos e
resolvemos ir até El Rancho para
jantar.
Fomos caminhando, radiantes por tudo ter dado tão certo
naquele dia atribulado e que finalmente havíamos chegado em nosso destino final
e não era meia noite ainda. Hahahaha! Que alegria! Muito para festejar e tomar
um bom vinho era o que queríamos. De preferência um Tannat para festejar o
Uruguai.
A churrascaria já estava quase fechando mas entramos e
tomamos sopa, ninguém estava animado para comer churrasco naquele horário, até
mesmo porque ali não tinha o famoso entrecote uruguayo, também acabei tomando
uma sopa de agnoline maravilhosa e leve, acompanhada de Tannat, pão e água.
Ehhhh!!!! Vida boa!
Teríamos o dia todo para curtir aquelas piscinas e ficar só
lagarteando. Um frio do cão, mas com água a 49ºC ia ser uma delícia, na piscina
coberta ou mesmo nas que ficam ao ar livre.
Dia 19/07 – Quinta-Feira
O sentimento de missão cumprida é realmente dos melhores que
a gente pode ter. Tanto que estávamos todos com uma sensação de plenitude que
podia ser lida no olhar de qualquer um de nós. Muito melhor estarmos ali
desfrutando do que estarmos, naquele mesmo momento, ainda por chegar. De alguma
forma, eu estava sorvendo o prazer de na noite anterior o pessoal não ter
topado dormir no caminho, como eu havia sugerido, pois aquela decisão estava
mudando aquele dia, aquele momento.
Ficamos hospedados no mesmo quarto que da outra vez, uma
coincidência incrível. Os demais ficaram em quartos contíguos aos nossos, de maneira
que ficamos todos juntos.
Na manhã, quando descemos para o café da manhã, quase às 10
da manhã quando o salão do café seria fechado, passamos pela grande piscina
coberta e havia um forte nevoeiro lá dentro. Acho que isso tem algo à ver com o
enchimento das piscinas, pois quando saímos do café já não estava mais desta
forma. Passamos pelo interior da área da piscina e ouvimos algumas poucas
pessoas que estava ali, mas não pudemos ver absolutamente ninguém, a visibilidade
lá dentro, mesmo com a luz do dia, que estava ensolarado, não era mais que 4 a
5m. Até comentei com a Bê que se poderia fazer qualquer coisa ali naquela
piscina, desde que não se fizesse barulho.... hehehehe.
Café da manhã no Siglo XIX. Estou começando a acreditar que se trata da fotogenia do Daniel! |
Nesta ele ficou melhor. hehehe |
Todos eles já estavam no salão tomando café, ou seja, fomos,
como sempre os últimos a chegar, mas o salão estava completamente cheio, parece
que todo mundo havia resolvido levantar tarde.
Tomamos nosso café e fomos para a piscina coberta, estava
frio, coisa de 8 a 10 graus, já havia esquentado um bocado quando comparado com
os outros dias, por isso escolhemos a coberta. Entrar na água chega a ser
difícil, pois é quente demais até e é necessário ir se acostumando com a
temperatura. A piscina é dividida no meio, sendo que uma metade é mais quente que
a outra.
Fizemos uma boa bagunça e marcamos massagem (shiatsu), tanto eu como o Daniel, as meninas marcaram limpeza de pele e o Lauro não marcou nada.
Tomamos banho de piscina, de jacuzzi também, pois quando a mesma ficou vazia fomos todos os 6 até lá e ainda em uma outra banheira que estava localizada do lado de fora, no descoberto e, logo, muito mais frio.
Nós na jacuzzi |
Que delícia de banho quente em pleno inverno |
A Edite compreendeu como sentar na espriguissadeira mas o Daniel.... |
Banho quente ao ar livre. Devia estar fazendo uns 10 graus neste momento |
Caminhão de transporte de água estacionado em frente ao El Rancho. Pensem o que quiserem, mas este caminhão é para o serviço mesmo. |
Voltando do El Rancho para a Pousada |
Não me animei a ir nestes tubos depois de ter ido nos de Maringá. |
Picina para crianças |
Área verde na parte dos chalés, ou bangalôs, do Siglo XIX |
Decidimos pegar as motos e irmos até a cidade de Salto, quem sabe lá poderíamos encontrar um lugar para comer. Pegar as motos não foi assim tão simples, pois as motos estavam no jardim como citei anteriormente, e a roda da frente da minha moto estava afundada na lama que se formou ali no local. Estavam mexendo nas instalações hidráulicas ali no jardim e esta era a obra de que o rapaz havia falado, logo o solo acabou virando lama e as rodas da moto afundaram. Para tirar a moto tive que ter ajuda do pessoal puxando para trás.
Elas pareciam estar descansando tão alegremente, mas estavam bem presas no chão úmido. |
As motos atoladas no jardim. Com ajuda deu certo. |
Viva! Conseguimos sair da grama. Com piso firme é melhor... |
Precisou de gente para empurrar senão ia ser difícil. |
Vitória, todos saimos. Esse lugar é muito bom para passar uns dias. |
Na beira do Rio Uruguai em Salto. |
Igreja Matriz de Salto. |
Foi um passeio bonito, o rio é muito legal e tem um parque
público muito legal que tem uma quantidade de pessoas que nos colocou para
pensar se ali as pessoas não trabalham.
Depois de alguma procura encontramos o centro e uma
lanchonete que vendia um tipo de empanadas uruguaias e refrigerantes. Acabamos
comendo aquilo mesmo. Estou achando que estão me corrompendo! Ir ao Uruguai e
deixar de comer parrilla é uma forma de corromper meus desejos de forma muito
invasiva.
Saímos de Salto já era noite, pois no inverno sempre
anoitece cedo e sendo lá mais ao sul do que aqui, no inverno anoitece ainda
mais cedo, assim como no verão anoitece mais tarde. Como não tínhamos almoçado
resolvemos ir jantar. A primeira ideia foi jantar no próprio El Rancho, que como já disse acima, não
acho que seja assim tão bom para os padrões uruguaios, mas ainda era cedo e
fomos dar uma olhada no centrinho das Termas
de Dayman, na casa de banhos pública que tem ali, pois na verdade os hotéis
dali não tem seus próprios poços já que para fazer a perfuração deve custar
muito caro, são mais de 2.000m de profundidade, até onde sei, somente a Posada
onde estávamos é que tem seu próprio poço. O pessoal que fica nos hotéis vai tomar
banho na casa de banho pública, paga um ingresso, entra em um tipo de clube
aquático.
Quando estávamos retornando para o El Rancho, pois pelo horário já devia estar aberto, passamos em
frente um outra churrascaria muito mais bonita que o El Rancho, o nome do lugar era El
Fogón de Mandinga, que nome mais africano este. Era bem bom, valeu a pena a
falta do almoço pois pudemos comer um belíssimo entrecote e várias garrafas de
vinho Tannat.
Ponte iluminada por onde chegamos no dia anterior. |
Uma boa churrascaria, parecia melhor que o El Rancho. |
El Fogón de Mandinga. |
Decoração dentro do El Fogón. |
Meu amor com a carta de vinhos Bianchi, É caseiro mas é bom... |
Saúde! |
Duas delas. |
A turma toda. Bê, Edite, Ana Paula, Daniel, Lauro e eu. |
Acho que o Lauro estava preocupado com a empreitada! Hehehehe. |
Um dia bem cheio, não poderíamos dormir muito tarde pois na
manhã seguinte seguiríamos para o Brasil e nosso programa era chegar em São
Miguel das Missões ainda de dia para podermos nos instalar no hotel e ir
assistir ao show de luz e som nas ruínas, que durante o período de inverno é
encenado às 7 da noite.
Dia 20/07 – Sexta-Feira
Dia de ir embora, creio que ficou bem dimensionado, um dia
em Dayman estava de bom tamanho. Saímos cedo, cerca de 8 da matina e rumamos
para o norte em direção a Bella Union, seguindo pela RN-3 mesmo.
Entramos no Brasil pela fronteira mais a oeste do Rio Grande do Sul, num lugarejo chamado Barra do Quaraí, que tem muito pouca coisa. Agora ouvi a notícia na Hora do Brasil que abrirão free shops nas fronteiras do Brasil também, aí pode ser que estes lugares acabem indo para frente. Subiríamos ao longo da fronteira com a Argentina passando por Uruguaiana, Itaqui até São Borja, pela BR-472, onde a estrada vira para o leste em direção a São Luís Gonzaga pela BR-285, também conhecida como a rodovia dos argentinos, pois é por ela que eles vem para as praias de Santa Catarina no verão, e, logo em frente, a gente entrou para a direita Via de Acesso a São Miguel das Missões.
Aproveitamos para ver o fog que fica pela manhã na picina coberta. |
Mas é uma maravilha mesmo sobre chão de terra, desde que firme. |
Entramos no Brasil pela fronteira mais a oeste do Rio Grande do Sul, num lugarejo chamado Barra do Quaraí, que tem muito pouca coisa. Agora ouvi a notícia na Hora do Brasil que abrirão free shops nas fronteiras do Brasil também, aí pode ser que estes lugares acabem indo para frente. Subiríamos ao longo da fronteira com a Argentina passando por Uruguaiana, Itaqui até São Borja, pela BR-472, onde a estrada vira para o leste em direção a São Luís Gonzaga pela BR-285, também conhecida como a rodovia dos argentinos, pois é por ela que eles vem para as praias de Santa Catarina no verão, e, logo em frente, a gente entrou para a direita Via de Acesso a São Miguel das Missões.
Ponte no caminho de Uruguaiana. |
foi ficando para trás, precisamos reduzir a velocidade para esperar por ele até chegarmos no posto que fica na entrada de São Borja.
Bem, o posto é ótimo, foi onde a Bê passou mal quando fomos a Santiago no final do ano, pois ela ficou sem jaqueta em um calor danado e desidratou, comemos alguma coisa de almoço, sanduiches, pois já tínhamos andado cerca de 320km desde Dayman e era hora do almoço.
Quando estávamos saindo parou uma caminhonete da Marinha do
Brasil e um dos militares veio falar comigo dizendo que era motociclista também
e que estaria indo para o Atacama destro de alguns dias. Conversamos nossas
experiências, foi um papo legal. Essa irmandade é realmente muito interessante,
as pessoas chegam e conversam pois parecem que sabem que serão bem recebidos.
Parece que conseguem se liberar do respeito humano, sentir segurança em fazer
isso. Digo isso pois também me sinto assim quando encontro um grupo. Claro que
depende da energia do grupo, existem gangs que eu evito por não saber qual o
tipo de atitude que os caras tem.
Passamos por São Luís Gonzaga sem poder parar no posto para
ver se o frentista realmente tinha reservado o CD do Jaime Caetano Braun que
ele disse no final do ano que quando eu passasse da próxima vez ele teria um
para me vender e fomos direto para São Miguel, pois estava ficando tarde e
tínhamos que chegar de dia, entrar no hotel e ir ver o show nas ruínas.
Portal de São Miguel das Missões - RS. |
Também no Portal de São Miguel. |
Chegamos ainda meio cedo, enchemos os tanques das motos no
posto, eu não tinha dinheiro e precisava sacar no caixa eletrônico, mas
deixamos para fazer isso depois pois eles tinham dinheiro para nos ajudar e
poderíamos ir ao Hotel Histórico das Missões.
Fizemos o check in no hotel, descarregamos as motos,
brincamos com o Daniel, pois ele saiu levando a mala como se fosse um saco de
50kg de cimento sobre os ombros. Coisas da Ana. Hehehe.
Museu na entrada das ruínas. |
Ruínas de São Miguel. |
Fomos bem rápido, olhamos o museu e cruzamos o jardim em
direção às ruínas. Como a gente já tinha ido lá, servimos de guia para o Lauro
e Edite. Quando falamos que devia ter algum tipo de piso, pois hoje tem terra
no chão com grama plantada. O guarda que estava tomando conta do local disse
que a terra foi jogada sobre o piso e que é um mosaico de pedra que tem
embaixo, igual qo que está exposto na antiga sacristia da igreja. Fomos lá para
ver e realmente é uma montagem muito bem feita. Os jesuítas que vieram
organizar as Missões eram bons de arquitetura.
Aquela meia hora passou muito rápido e tivemos que sair, de qualquer forma já estava escuro mesmo.
Quando chegamos lá fora a Ana e o Daniel já estavam lá esperando e eles já
tinham comprado os ingressos para assistir ao show. Entramos juntamente com
muitas pessoas que estavam lá para assistir à apresentação, sentamos em um tipo
de arquibancada. A noite estava magnífica, frio mas com muitas e muitas
estrelas no céu.
As 7 da noite começou o show. Muito bacana a história e a
ideia deles. Tentamos filmar, mas como é muito escuro não apareceu nada na
tela. Mas em resumo a história das missões é contada, pelo menos a parte que
representa o final da história, ou seja, quando os portugueses expulsaram as
Missões do Brasil, pois aquele era território espanhol e foi feita uma troca,
lá na Europa e nesta troca o território do oeste do Rio Grande do Sul passou a
pertencer a Portugal. Foi determinado que os Jesuítas mudassem as Missões para
a Argentina, entretanto ele foram negociando e não conseguiram convencer os
índios a abandonarem tudo o que eles tinham construído, logicamente houve
guerra e depois de algumas derrotas os portugueses acabaram exterminando todo
mundo. Os Jesuítas acabaram expulsos da Colônia Brasil.
Sobram muitas dúvidas ainda, pois não se sabe como foi que
acabaram as Missões que se encontravam no Paraguai e na Argentina, pois no
Brasil havia apenas uma redução e as outras seis estavam nestes outros países,
acho que quatro no Paraguai e duas na Argentina.
Voltamos para o Hotel e vimos que eles tinham ali algumas
garrafas de vinho para servir, era vinho da Serra Gaúcha. Tomamos umas 4
garrafas e pedimos pizza de rúcula com tomate seco. A pizza demorou um monte
para ser entregue e tivemos que ligar lá novamente e informaram que já estavam
encaminhando a entrega.
Muito interessante o assunto, ao menos para os homens... |
Na manhã seguinte, durante o café, a moça que atendia no
hotel era a mesma que trabalhava na pizzaria e nos contou que não tinha rúcula
e que o dono da pizzaria foi até a casa da irmã dela para pegar rúcula, mas a
irmã dela não estava em casa, ele entrou, colheu para então prepararem a pizza,
acontece que ali nunca ninguém pede este sabor de pizza e acabou acontecendo
isso. Foi uma coincidência engraçada e brincamos um pouco com a moça sobre
isso.
Dia 21/07 – Sábado
O café no Hotel Histórico das Missões era muito simples,
desses de hotel de interior mesmo, com geleias feitas em casa, queijo colono e
pão de forma e bolos caseiros também. Cuca faz parte do cardápio.
Café da manhã no Hotel Histórico das Missões. |
Estacionamento do Hotel em São Miguel. |
Saída do Hotel em São Miguel. |
Bento é uma cidade histórica e turística muito interessante
e seria bom se pudéssemos fazer o passeio de Maria Fumaça que sai de Bento
Gonçalves e vai até Carlos Barbosa, existem diversas atrações ao longo do
caminho, com apresentação de grupos folclóricos regionais italianos, encenações
de teatro, dança e música, tudo regado a vinho da região. As encenações
acontecem no corredor do trem mesmo.
Tem uma parada na estação de Garibaldi onde estava instalada
uma máquina e parecia que estava nevando. O pessoal servindo muito vinho e suco
de uva à vontade acompanhado de muita música italiana, pois a região é toda
calcada na imigração italiana.
Teríamos ainda que visitar a Casa do Imigrante, que foi uma
iniciativa de uma família de imigrantes que vieram para o Brasil e iniciaram o
cultivo da uva para a confecção de vino. Trata-se de um barracão enorme, todo
subdividido e ao longo do caminho a gente
vai passando por todas as etapas da história dos imigrantes. É bastante
emocionante o que se vive ali, pois dá uma clara ideia do que passaram nossos
ancestrais que vieram para o Brasil e o quanto de dificuldades eles tiveram que
enfrentar, desde as mentiram que contavam para eles lá na Itália, dizendo que
tinha tudo quanto era riqueza aqui na América e quando o pessoal desembarcou é
que viu que aqui na verdade tinha apenas florestas e que tudo tinha que ser
feito. Para fazer um platio, primeiro tinham que cortar a floresta, destocar,
para então plantar. Durante este processo como é que poderiam sobreviver? O que
comer?
Quando eles desembarcavam ganhavam uma enxada e um machado,
assim como um carrinho de mão e o desenho de uma gleba de terra que para
descobrir onde ficava no meio de uma floresta enorme que existia no Brasil não
época não era mole não. A intenção do governo brasileiro era o de trazer
pessoas europeias para clarear a cor da pele da população do Brasil, já que a
escravidão havia terminado e haviam muitos negros no país.
A estrada estava muito tranquila, seguimos a velocidades de
100 a 110km/h, como sempre vínhamos viajando, ainda próximo de São Miguel, o
Lauro passou um aperto danado por não ter prestado a tenção no final da 3ª
faicha e quando ele estava do lado do caminhão este começou a fechar o caminho
e na pista oposta estava vindo um outro caminhão. Ele passou um aperto danado, freando
e vendo o espaço acabar sem ter para onde ir.
Eu havia ultrapassado o caminhão e não vi o que estava
acontecendo atrás, notei que por alguns quilômetros o Lauro e o Daniel ficaram
para trás, vendo isso baixei bem a velocidade, mas assim mesmo achei que eles
estavam demorando demais para aparecer novamente em meu retrovisor. Pensei
comigo que alguém devia ter passado por um aperto qualquer e comentei com a Bê o
que eu achava que tinha acontecido, para minha tranquilidade, nas curvas eu
conseguia ver no espelhinho que as duas motos estavam vindo atrás dos
caminhões. Fui seguindo com calma até que eles chegaram em nós novamente.
Quando chegamos um pouco antes de Passo Fundo, encontramos
um local onde tinha um posto de gasolina e um restaurante / pousada de
excelente aparência, pequeno de muito atraente, entramos para encher os tanques
e almoçar. Realmente a comida era do tipo caseira com bife e ovos fritos, arroz
branco e feijão preto, lingüiça, etc. Aparentemente muitos dos clientes eram
pessoas de Passo Fundo Mesmo que haviam se deslocado até ali para almoçar.
Chegamos em Bento Gonçalves por um caminho que não consegui
reconhecer coisa alguma, parecia para mim que tudo estava fora do lugar. Mas o
GPS não se enganou como eu e nos levou diretamente até a porta do Hotel que era
do tipo bem mais ou menos.
Hotel Imigrante - Bento Gonçalves. Muito simples mas bom. |
Falei com a menina que estava na recepção, que não devia ter
mais de 15 anos, e ela não soube me informar nada sobre os passeios. Subimos e
deixamos as nossas coisas no quarto e confirmamos que não tinha garagem no
hotel mas que não havia problemas em deixar as motos estacionadas ali na frente
mesmo.
Perguntei onde tinha um caixa para sacar dinheiro e a mãe da
mocinha apareceu e nos deu as informações, aí aproveitamos para perguntar sobre
o passeio de Maria Fumaça e ela nos disse que não devia ter mais
disponibilidade pois havia muita procura. Aproveitando que ela era religiosa,
acho que era crente, disse a ela que ela não tinha fé (para provocar) mas eu
tinha e que ela deveria ligar para fazer as reservas no passeio de trem que
iríamos conseguir, pois naquela viagem muitas coisas poderiam ter dado errado
mas acabaram dando certo devido à nossa insistência e persistência e seguir em
frente sem medo e com confiança.
Pois ela conseguiu vagas para nós pelo telefone, para um
passeio extraordinário, que devido à grande procura havia sido inserido no
programa daquele dia a visita à Casa do Imigrante e em seguida indo de ônibus
até Carlos Barbosa para retornar no trem de Carlos Barbosa até Bento Gonçalves.
Perfeito! Era tudo o que queríamos!
Fomos até o caixa eletrônico, pois ainda estava sem dinheiro
e já devendo para o Daniel e para o Lauro. Ela nos explicou como ir e não deu
nada certo, mas acabamos achando um caixa eletrônico no caminho que serviu para
mim e para o Lauro. O Daniel precisava de um Itaú. Coloquei no GPS o Banco Itaú
e ele nos levou até lá. Resolvido o problema do dinheiro retornamos ao hotel
através das ladeiras da cidade.
Perguntamos para a moça onde era a estação de trem e aí eu
vi que estava do lado da estação, a cerca de 3 quadras da praça da igreja,
tanto que estava tocando os sinos da igreja chamando para a missa e nós estávamos
escutando.
Seguimos para a praça à pé e logo reconhecemos onde
estávamos. Fomos até a estação, nos apresentamos com nossas reservas e
compramos os ingressos. Aí fomos à Casa do Imigrante e depois retornamos ao
lado da estação para pegar o ônibus e terminarmos o restante do passeio.
Igreja na praça áo lado da estação da Maria Fumaça. |
Maria Fumaça. |
Casa do Imigrante. Museu da imigração italiana na região. |
Dentro do navio vindo para a América. Onde nascia dinheiro em árvores! |
Trecho defloresta, que foi o que eles encontraram. |
A nossa guia em uma casa da antiga vila representada. |
Os animais ao lado da casa. Quase um presépio. |
Essa foto me deu um arrepio! Que patch é esse que aparece na imagem? Nenhum de nós tem um colete de Road Captain da The One. Quando eu e a Bê vimos esta imagem foi um arrepio só. |
Este foi o baú que eles trouxeram da Itália, velho mas sobreviveu. |
Ao final do tur um pequeno cocktail para alegrar a noite. |
De volta a Bento, paramos em uma pizzaria na esquina da
praça da Igreja e comemos uma pizza acompanhada de vinho de Bento. Estava muito
bom. Alí na pizzaria funciona uma balada do tipo bar, para evitar um pouco a
muvuca ficamos do lado de fora mesmo, sentados na calçadas.
Quando fomos abastecer as motos acabamos passando por ali e
encontramos três harleyros, sendo que um
deles com uma ultra, paramos e conversamos um pouco, falamos de viagens longas
que eles também gostam de fazer, disseram que estariam saindo no final do ano
para o Chile novamente, pois já haviam ido algumas vezes.Carlos Barbosa para pegarmos o trem na volta.
Como diz o Lauro, em Bento Gonçalves fechamos com chaves de
ouro os nossos dias de férias. Tudo muito perfeito onde todas as dificuldade
foram sendo superadas uma a uma e tudo acabou dando muito certo.Hora do embarque. |
E o casal estava meio que sozinho trem. |
Ana Paula, Ana Paula..... |
Ehh! Lauro! |
E dalhe vinho, do tinto e do branco, passando pelo espumante. |
A Bê estava animada no trem.... |
A Ana também estava animada no trem... |
Na volta comemos uma pizza na praça ao lado da Igreja. |
Dia 22/07 – Domingo
Levantamos cedo para o café da manhã, também muito simples
mas gostoso.
Saída do Hotel Imigrante em Bento. |
Ainda não havíamos nos entregado completamente e neste dia
iríamos descer pela Serra do Caminho do Sol, que a alguns anos eu a Bê e o Conrado,
meu filho mais velho, passamos em um dia de muita chuva e com uma serração
tamanha que não se enxergava sequer o outro lado da pista e com isso não tínhamos
podido ver as paisagens, que segundo o Lauro, eram magníficas.
Seguimos apontando o caminho para Terra de Areia que fica no
pé da serra, onde o Caminho do Sol se encontra com a BR-101. Seguimos desta vez
por boas estradas, quando fomos da outra vez passamos por uma estrada horrível
e cheia de buracos onde inclusive o Con acabou tombando com a moto dele em um
buraco.
O Lauro explicou que tinha um mirante que ficava localizado
logo depois de uma ponte e que tinha uma visão linda e um mirante bem legal. Sugeri
que ele fosse na frente para facilitar a localização do Mirante mas ele disse
que não seria preciso pois o local era bem fácil de achar. Fomos seguindo e
realmente o local era fácil de encontrar. Paramos para algumas fotos e
caminhamos, subindo uma montanha pequena até o Mirante propriamente dito.
Mirante no Caminho do Sol. |
Que beleza essa paisagem. Eu gosto! |
As nossas meninas são mesmo corejosas e valentes. O bonito mesmo são os protetores de mão. |
Túnel na descida do Caminho do Sol que chega na BR-101 em Terra de Areia. |
Dali seguimos pela Estrada do Sol, passando pelos túneis e
curvas do caminho que é muito bonito mesmo. Chegamos na BR-101, paramos para
colocar gasolina e comentamos com eles que ao invés de eu e a Bê ficarmos em
Florianópolis, como havíamos combinado inicialmente, nós seguiríamos juntamente
com eles, para andar um pouquinho mais, até Itapema e almoçaríamos todos juntos
no Fábio, o Recanto da Sereia.
Copiamos todas as últimas fotos uns dos outros para o computador
e para cada um de nós e almoçamos uma bela anchova grelhada. Brindamos com uma
cerveja e eu e a Bê decidimos que iríamos até Curitiba junto com eles e que
retornaríamos de carro para Floripa na manhã seguinte. Assim poderíamos finalizar
o caminho juntamente com eles.
Foi o que fizemos.
Na manhã seguinte saímos de carro para Floripa e, por
incrível que pareça o tempo estava nublado e pegamos chuva na estrada, coisa
que durante todos os 13 dias de nossa não aconteceu pois, tirando uma leve
garoa no dia da saída e aquela chuva de verão, no frio de 5ºC em Punta, todos
os dias haviam sido de céu azul e sol.
Incrível como fomos abençoados por Deus em nossa magnífica
jornada pelo Uruguai no Inverno, com frio gostoso e muitas emoções das mais
variadas e agradáveis.
Beijos a todos que compartilham conosco os prazeres desta
história.
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