Imagens do Fin del Mundo

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Eu estive lá. De frente para a vida!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Missões e S.J. dos Ausentes - RS

TRAJETO: CURITIBA – RIVEIRA - MISSÕES - S. J. DOS AUSENTE 

PERÍODO: 05 a 09/03/2011

TOTAL DE QUILÔMETROS RODADOS: 2.500 km




VIAJANTES:
Harley Davidson Electra Ultra Glide Classic 2010: Luiz e Bê
Harley Davidson Heritage Classic 2010: Daniel e Ana Paula


Dia 1: 04/03/2011 – Curitiba – Rosário do Sul - 1.050 km


Trecho percorrido no primeiro dia. Uma puxada de 1.050 km.
Saímos cedo de Curitiba rumo ao sul pela BR-116 como sempre fazemos para ir ao sul. A BR-101, embora seja duplicada entre Curitiba e Florianópolis, ao sul de FLN fica muito ruim para andar devido ao movimento e ao fato de estarem duplicando a uns 10 anos e nunca terminam o serviço.

Neste pimeiro dia nossa intensão era a de ir o mais longe possível, como sempre, saímos sem reservas de hotel para que fossemos obrigados a chegar em um determinado ponto. Sempre que saímos para via,jar de moto, é assim que fazemos.

O Daniel já foi algumas vezes viajar conosco, ou sozinho - para Montevideo - ou com a Helena (filha) - para Gramado e Canela - mas a Ana Paula estava saíndo pela primeira vez conosco para um trajeto mais longo, agora já com a saúde completamente recuperada de uma batalha sua, que os impediu de seguirem conosco até o Chile no final de 2009, conforme história neste Blog "O Pacífico é logo alí".

Seguimos sem problemas parando sempre a cada 150 a 250 km rodados para abastecer e esticar as pernas e a Ana Paula foi maravilhosamente bem, desta forma acabamos chegando em Rosário do Sul, depois de rodar 1.050 km. Entramos em Rosário do Sul para ver se tinha onde comer e ficar, mas antes ponderamos sobre a possibilidade de seguirmos até Santana do Livramento ou se ficávamos ali. Como já eram 10h da noite optamos por ficar ali mesmo, assim sairíamos mais cedo no dia seguinte e poderíamos ir de dia até Colonia de Sacramento, no Uruguai, que era o nosso destino.

A cidade de Rosário do Sul até que se mostrou muito bonita. É antiga e tem algumas ruas com um calçamento daqueles que lembram os pé-de-moleques de Parati.

Nós parados em um posto em Santa Maria - RS no início da noite.


Nós no Hotel Ibicui, em Rosário do Sul.
Nos acomodamos no Hotel Ibicui, localizado bem na praça central da cidade e perguntamos onde poderíamos jantar uma boa comida que não fosse churrasco, devido ao adiantado da hora. Nos indicaram um restaurante chamado Temperado, que ficava a umas duas quadras de distância, que ótimo, assim poderíamos caminhar um pouco para esticar as canelas.
Nós na frente do Restaurante Temperado em Rosário do Sul.


Fomos até lá e nos deparamos com um local muito agradável e acabamos tomando uma cerveja e comendo peixe. Mas que peixe! Superou às expectativas de todos nós. Indico para quem estiver passando por Rosário do Sul ir conhecer este local que fica aberto de quinta a sábado, acho que somente para o jantar.

Dia 2: 05/03/2011 – Rosário do Sul - (Colonia Sacramento furou) Santiago-RS - 370 km

Trecho percorrido no segundo dia.
Tomamos nosso café da manhã, que estava bem bom, conversamos com um casal muito simpático de Porto Alegre que costumava fazer viagens até Rivera para fazer compras e saímos em direção a Santana de Livramento. Acabamos errando a estrada ao passar direto por um trevo que tínhamos que ter virado à esquerda e como a distância no GPS começou a aumentar, paramos, verifiquei que estávamos no caminho errado, seguíamos para Alegrete, na direção oeste e não para o sul.
Voltamos até quase Rosário novamente e pegamos a estrada certa. As paisagens no RS são muito bonitas, eu pelo menos gosto dos pampas gauchos, esta mesma paisagem a gente pode encontrar no Uruguai, Argentina e Paraguai. Muitos campos e quase sem montanhas.


Quando estávamos quase chegando em Santana do Livramento perguntei para a Bê se ela tinha lembrado de pegar os passaportes e ela disse que não. Achei que ela estivesse brincando comigo, mas não estava não, logo... FODEU!!... Fiquei danado comigo e com ela por não ter trazido o documento e com a carteira de motorista, não se pode sair do país.
Assim que chegamos em Livramento entrei em um posto e falei para o Daniel: - FODEU!
Ele quiz saber o que estava acontecendo, algum problema com a moto, sei lá, e eu disse para ele que tinha esquecido o passaporte. Ele me disse que também não tinha trazido o passaporte mas que dava para passar com a identidade. Eu disse que dava mas que eu também não tinha a identidade.
Ele me olhou e disse: - Você não trouxe a carteira de motorista? - Essa eu trouxe, mas vale apenas no Brasil. Aí ele disse - Então ferrou mesmo, pois também só trouxe a carteira de motorista.
UFA! Pensei comigo. Que bom que não ferrei sozinho com a nossa viagem.
De qualquer forma fomos até a fronteira, que é apenas cruzar uma avenida entre Santana do Livramento e Rivera e fomos em frente pela rodovia. Combinamos que tentaríamos seguir viagem sem entrada no país e qualquer coisa a gente daria um jeito de resolver.
Esquecemos de que como no Uruguai as fronteiras são Duty Free existe controle alfandegário, logo, depois de andarmos uns 5 km para dentro do Uruguai, rumo a Colonia, tivemos que parar em um controle e o guarda da Aduana me pediu a documentação. Essa foi legal:
- Poderia me mostrar a documentação?
- Qual documentação? da Moto?
- A de entrada no país.
- Não tenho nenhuma documentação especial.
- Mas você não passou na imigração?
- Como assim?
- Lá em Rivera?
- Não vi nada disso.
- Tem que voltar lá para fazer a documentação de entrada no país tanto do veículo como de vocês.
- É mesmo? Poxa! Me desculpe, voltaremos sim. Mas onde fica?
Aí ele explicou educadamente onde teríamos que ir. O pior é que eu já estava careca de saber onde era o local, mas tinha que fazer de conta que não sabia de nada senão poderia ser repreendido por estar agindo ilegalmente.





Neste estacionamento, guardando as compras na moto, passamos um calor infernal. De matar mesmo!!!
Acho que estava uns 46 graus alí.
Região do Free Shop em Rivera.
Bem, voltamos e fomos lá para ver o que dava para fazer. O Daniel estava otimista, dizendo que daria certo. Eu estava achando que era perda de tempo, mas tudo bem, eu nunca desisto mesmo.
Na imigração nos informaram que de jeito nenhum era possível entrar no Uruguai ou sair do Brasil, sem a identidade ou o passaporte.
Fomos até a Polícia Federal para ver se dava para conseguir algum tipo de documento. Eles nos informaram que existe o passaporte de emergência. Beleza, vamos nessa! Mas somente poderemos emití-lo em dias úteis, ou seja, na quarta feira de cinzas, à tarde. Aí sim que ferrou de vez.

Nós na frente dos escritórios da Polícia Federal tentando arranjar uma forma de cruzar a fronteira.
Bem não tinha mais o que fazer, a não ser aproveitar comer um bife de entrecote no Hotel Brasil Uruguai (eles chamam de Uruguay Brasil) em Rivera, comprar alguma moamba, se fosse o caso, e seguir para algum outro destino.
Fomos almoçar no hotel, que tem uma churrascaria muito boa, na avenida principal do comércio em Rivera, compramos um mapa do RS e começamos a pesquisar como poderíamos salvar a viagem.

Avenida principal de Rivera, região do Duty Free. Esquina do Hotel e restaurante Uruguay Brasil onde almoçamos.
Eu confesso que estava muito contrariado, na verdade puto da vida. Que coisa de louco! Mas o que fazer? Depois do almoço, pelo menos este estava do agrado completo, começamos a pesquisar o que poderíamos fazer. Eu como sou glutão sugeri que poderíamos ir conhecendo as diversas cidades da fronteira do Uruguai e da Argentina, comendo um bife de chorizo em cada lugar.
O Daniel me disse que isso era programa de traficante ou contrabandista. hahahah! E era mesmo.
Igraja Matriz em Santana do Livramento.
No restaurante Brasil-Uruguai decidindo, com o mapa do RS para onde iríamos. A minha frustração era enorme.
Aí resolvemos ir conhecer as Missões, coisa que a gente vê nos livros e na escola e nunca faria uma viagem tão grande dessas, para conhecer as ruínas de São Miguel, São Luiz Gonzaga, etc. e depois irmos até os Aparados da Serra, local onde tem uma natureza exuberante devido ao Canion junto à Serra do Mar.

Confesso minha ignorância por não saber que lugar era aquele e que ainda fiquei com uma certa vontade de conhecer Alegrete e Uruguaiana, mas, ficava um pouco fora de mão mas que, ao final teria valido a pena ver. Mas Uruguaiana é um local de cruzamento de fronteira que poderemos vir a conhecer em futuras viagens para a Argentina ou para o Chile.
Esta imagem é o que me mantém com desejo de sempre voltar para a estrada. Imagem típica dos pampas gauchos.
Maravilha de pôr-do-sol ao longo do caminho entre Livramento e Santiago.

Check in no São João Palace Hotel em Santiago-RS, localizado às márgens da BR-287.
Subimos de volta para Rosário do Sul e fomos em direção a São Luiz Gonzaga. Como estava ficando escuro, achamos melhor parar para dormir e encontramos um ótimo hotel, na beira da estrada, o São João Palace Hotel em Santiago-RS. Ao lado tinha uma churrascaria boazinha e jantamos lá mesmo.

Dia 3: 06/03/2011 - Santiago - Lagoa Vermelha - 500 km

Trecho percorrido no terceiro dia.
Dormimos muito bem depois de um dia de frustrações por não ter dado certo de voltar a Colonia de Sacramento.
Saíndo do Hotel em Santiago.
Tomamos nosso café da manhã, até que muito bom por estarmos no interior e seguímos viagem rumo a São Luiz Gonzaga. As estradas pelas quais andamos eram muito boas e as paisagens então! Que coisa incrível, chegamos a para no caminho, pois a paisagem exigia que fizéssemos isso.
Ao longo de muitos trechos da estrada a paisagem era como esta, uma maravilha de tranquilidade. Um local onde mora a paz.

Infelizmente as fotos não conseguem mostrar todo o explendor que vimos lá.
Quando chegamos no trevo de São Luiz nos deparamos com uma bela estátua de um Jesuíta, com ares de guerra e índio, uma obra de arte bem interessante, e pouco antes com a placa contendo o mapa de todos os sítios arqueológicos das Missões.
Quando chegamos em São Luiz Gonzaga, início do trecho Missioneiro.
Placa com o mapa dos locais históricos das Missões.
Decidimos conhecer São Miguel das Missões, que é imperdível, e como estava no caminho, entrar no Santuário de Caaró.
Imagem de um Jesuíta na entrada de São Luiz Gonzaga. Terra natal do poeta missioneiro Jayme Caetano Braun.
Igreja Matriz e praça central.
Entramos em São Luiz, e já na entrada tinha uma faixa "Prolongue a sua Estada - Faça desta a sua Terra" que é a terra do poeta Jayme Caetano Braun, um poeta gaucho que gosto muito e que o Henrique, um grande amigo gaúcho, sabia recitar vários de seus poemas.

Minha intenção era a de comprar os CD's dele, imaginando que lá devia ter para vender. Infelizmente era domingo e todo o comércio estava fechado. Quando a gente entra em uma cidade com nossas motos todo mundo fica prestando a atenção. Chegaram algumas famílias de carro para tirar fotos das motos e perguntando se poderiam colocar as crianças em cima para tirar fotos. Depois se eles mesmos podiam sentar, suas mulheres, coisa de louco.
Na praça tem um portal onde consta a seguinte citação: "AMA COM FÉ E ORGULHO A TERRA EM QUE NACESTE". Que coisa bonita é o patriotismo do riograndence. O mais interessante é que eles realmente agem desta forma, pois eles amam mesmo a terra deles, e por consequência, o Brasil.
Quando estávamos na praça da Igreja Matriz, chegou um outro senhor com uma Shadow. Ele se apresentou e quis saber de onde éramos, para onde estávamos indo, etc. Disse ser o Cel. Dutra, depois disse ser irmão do Olívio Dutra, que foi governador do Rio Grande do Sul, e que o Olívio estava na casa dele almoçando juntamente com a mãe deles.

Nos perguntou se queríamos ir almoçar na casa dele, mesmo que tivesse pouca comida para tanta gente, mas que daria um jeito. Recusamos educadamente e aí perguntei onde eu poderia comprar os discos do Jayme. Ele me disse que era domingo e que não teria onde comprar. Aí se ofereceu para me dar a coleção de 10 discos do Jayme que ele tinha, eu dispensei educadamente, dizendo que em alguma outra cidade eu poderia comprar depois. É incrível a educação e dedicação que o gaucho tem para com os visitantes.

A Ana Paula não resistiu ao Pau Brasil. Ela estava querendo energias!!!

Só Deus sabe o que elas estavam tramando....
Aí ele nos levou até uma churrascaria da cidade que ele disse ser muito boa, mas que por algum motivo estava fechada, deixamos ele e fomos até a Cantina, um restaurante domingueiro que tinha na Rua São João, que leva do trevo da RS-168 com a BR-285 até a praça.

Muito bom o restaurante, era por quilo e tinha uma variedade surpeendente de pratos. Nem em Curitiba se encontra tamanha variedade nos melhores restaurantes por quilo, a qualidade também é impressionante.
Cantina onde almoçamos na Rua São João em São Luiz Gonzaga.

Local onde estacionamos na Rua São João, ao lado da Cantina.
Depois do almoço saímos em direção a São Miguel das Missões pela Rota das Missões. A BR-285 estava muito boa e com pouquíssimo movimento. Quando passamos pela entrada do Santuário de Caaró resolvemos entrar para conhecer.





Depois seguimos para São Miguel das Missões cujas ruínas são de fato impressionantes. Pena que não ficamos para o show de luzes e som que disseram que teria às 8 da noite, pois acabamos indo embora, mas, no dia seguinte, nos arrependemos de não termos ficado para ver. Algum dia, quando estivermos indo para o Chile via Uruguaiana, quem sabe dê para se programar chegar lá no final da tarde e assistir ao show.


Portal no local da entrada de São Miguel das Missões.
Ruínas de São Miguel da Missões.
Ruínas de São Miguel da Missões.
Ruínas de São Miguel da Missões.
Ruínas de São Miguel da Missões.
A caçadora e a sua presa. Coisa de louco isso. Como pode????
E nós sempre reestudando o mapa para ver onde valia a pena conhecer ou passar.
Saímos de lá e seguimos em direção a São José dos Ausentes, indo pela BR-285, que é conhecida como a estrada dos argentinos, por ser este o caminho que eles utilizam para ir ao litoral de SC, Camboriu, Florianópolis, etc.

Época de colheita da maçã nas regiões de serra.
Passamos por Ijuí, Carazinho e quando chegamos em Passo Fundo já estávamos buscando lugar para dormir, pois era meio tarde. Entramos em Passo Fundo e a cidade é realmente uma cidade, ou seja, muito grande e muito agitada para a nossa energia, andamos um pouco e paramos em frente ao que parecia ser um bom hotel. Fato é que achamos a cidade um pouco demais para o que estávamos pensando e resolvemos seguir adiante. Acabamos ficando em um lugar chamado Lagoa Vermelha em um Hotel de beira da estrada, muito sem vergonha. Mas para quem estava cansado como nós estávamos, teríamos que ficar ali mesmo, pois tinha cama e chuveiro.

Dia 4: 07/03/2011 - Lagoa Vermelha - São José dos Ausentes - 190 km

Trecho percorrido no quarto dia.
Sequer tiramos foto no hotel. O café da manhã era um pão com manteiga e geléia, tinha um queijo branco também. Pedi para ver se era possível fazer uns ovos mexidos para nós e eles troxeram ovos fritos, para ter uma idéia da noção de hospedagem dos caras. É bom lembrar também que o funcionário que nos recebeu dormia em um colchão localizado atrás do balcão da recepção, que estava com as cobertas reviradas sobre a cama quando entramos, e que na manhã seguinte continuava sendo ele a pessoa que atendia a tudo e recebeu o pagamento da diária.

Saímos de lá, continuando para o leste em direção a Cambará do Sul, que segundo a Ana Paula era o lugar que ela gostaria de conhecer, mas acabaríamos chegando em São José dos Ausentes, queríamos conhecer o Parque Nacional dos Aparados da Serra, ou pelo menos parte dele. Havia um problema com relação às estradas, pois este programa é mais para jeepeiros do que para Harleyros, tendo em vista que a maioria das estradas da região são de terra e tínhamos que encontrar um caminho asfaltado para que nosso passeio tivesse maior garantia de êxito, pois trechos de terra são difíceis de se tocar com uma pesada HD, principalmente se tiver barro ou pedras soltas.

Passamos por Vacaria e seguimos para Bom Jesus, chegando em Bom Jesus encontramos uma cantina de comida caseira interessante e resolvemos parar para almoçar. A comida era bem boa, muito simples mas muito gostosa. Pegamos com o proprietário informações sobre os caminhos que deveríamos seguir para chegar em Cambará do Sul.

Ele nos informou que a estrada para São José dos Ausentes havia acabado de ser asfaltada e que estava muito boa, mas que para chegar em Cambará do Sul teríamos um caminho um pouco mais complicado, entretanto tinha uma estrada que nos levaria para lá e, pelo que informou, estava em bom estado da última vez que ele passou.

Resolvemos ver a estrada que ele nos havia indicado, mas depois de subirmos uma serrinha onde o pavimento ainda era um ante-pó chegamos em um ponto onde o revestimento acabou e a estrada era de terra e areia, eu não gostei nada daquilo. O Daniel disse que poderíamos continuar mas eu confesso que fiquei muito preocupado pois um tombo naquela areia seria muito fácil de acontecer e para sair dalí não seria tão fácil quanto cair.

Trecho da serrinha que subimos antes de acabar o calçamento no caminho de Cambará do Sul.

Que vista maravilhosa.

Aqui tem gente feliz! Minha querida companheira de jornada.
Olha nós aí traveis! Esse trio vai longe.
Chegada em São José dos Ausentes e casa de Informações Turísticas à direita.
Acabamos seguindo por uma estrada maravilhosa até São José dos Ausentes, que embora não fosse o sonho da Ana Paula era uma possibilidade excelente para a ocasião.

Chegamos no trevo da cidade e entramos em uma central de apoio ao turista, onde a atendente  nos arranjou vaga em um Hotel Fazenda, chamado Fazenda dos Ausentes, e conseguiu um táxi para nos levar no dia seguinte para ver as belezas naturais do local.
Estradinha de acesso à Fazenda dos Ausentes.
Chegamos no Hotel Fazenda do Ausentes no final da tarde e decidimos que ficaríamos por alí mesmo curtindo um pouco aquela paz. O lugar era muito calmo e tratamos de arranjar um chimarrão para acomodar o espírito na frequência do local. O proprietário é uma pessoa muito atenciosa e ele e a esposa é que fazem tudo por ali, de onde se vê que o lugar é muito simples mas muito acolhedor.

Hotel Fazenda - Saguão da área de convívio - Repare nos troncos esculpidos das banquetas.
O Sr. Dalvone nos contou que a alguns anos teve um rapaz, meio que andarilho, chegou por lá pedindo se tinha parada. O Dalvone cedeu para ele um quartinho e como o cara era artista e adorava esculpir, foi esculpindo tudo quanto era tronco que encontrava pela frente. Desta forma, a fazenda ficou decorada com as esculturas do rapaz conforme pode-se ver nas fotos. O interessante é que cada fisionomia tem uma personalidade diferente, de onde se tira que o artista não era um amador qualquer, mas sim alguém dotado de um belíssimo dom.

Entrada da sede - Ana Paula, eu e o proprietário, Dalvone.



Vista geral do Hotel Fazenda da porta do chalé que eu e a Bê ficamos.


Lareira na área de convívio do hotel.


Pessoal trabalhando duro no jardim da sede do Hotel Fazenda.

Jantamos uma comida caseira mas muito boa inclusive com um pernil de ovelha muito bem temperado e macio, feito no forno à lenha da cozinha da fazenda.

Enquanto aguardávamos pela janta o proprietário, que tinha o nome do avô dele, contou a história do lugar e o porquê do nome São José dos Ausentes a qual está transcrita a seguir:

"
Nome que deu origem a cidade “São José dos Ausentes’’- RS.
Explicado no fato de os primeiros donos nunca terem assumido. A fazenda foi por duas vezes leiloada, por abandono de seus proprietários ou na inexistência de seus sucessores. Os últimos rematadores foram três paulistas, que venderam ao português, Antonio Manoel Velho, comerciante que estava se fixando em Laguna.
Início do desbravamento foi no ano de 1719, históricamente o maior latifúndio do Rio Grande do Sul. As Três Sesmarias conhecida como dos “Ausentes”, abrangia uma àrea de 129.336,69 ha; passando de Dez Sesmarias, que só foram subdivididas a partir de 1874, data do falecimento de Ignácio Manoel Velho, um dos herdeiros, que manteve a área intacta. Deixou a fazenda a seus sucessores, um deles Joaquim Inácio Velho. Por volta de 1925 a sede da fazenda ficou para um dos herdeiros Dionísio Joaquim Velho (nizóca).
Atualmente Dalvone Borges Velho, descendente ( 5ª geração) mantém as porteiras abertas ao turismo rural, também acervo histórico cultural, na sede da Fazenda dos Ausentes.
"
No dia seguinte iríamos sair para conhecer o Canion e a Cachoeira dos Rodrigues, além de dar uma volta pelas redondezas, para tanto havíamos combinado com um motorista de táxi da cidade para nos levar, pois com as motos não seria possível.

O Hotel ficava pouco além da cidade e para chegar lá tivemos que percorrer um trecho de uns 2 km de estradas de terra que estavam com um bom revestimento de pedra. Para comprovar que a Harley não é mesmo uma moto para este tipo de terreno, na ida não houve nenhum tipo de problema mas no retorno uma pedra bateu em baixo da minha moto e soltou a mola que prende o pé de descanso, soltando o mesmo e tivemos que fazer uma baita de uma gambiarra para podermos prosseguir a viagem. Esta já foi a segunda vez que tive que lidar com este tipo de problema.

Dia 5: 08/03/2011 - São José dos Ausentes

Cedinho levantamos, tomamos um belo café da manhã e o Seu José, nosso guia, veio nos buscar. Um senhor com mais de setenta anos muito simpático e atencioso.

Saímos ainda cedo para o canion, pois as chances de podermos ver a paisagem eram pequenas. Nesta época do ano eles disseram que tem muita cerração e que fecha totalmente o local. Andamos um bocado por estradas de terra, embora em bom estado de conservação. Vimos vários campos onde estava sendo realizada a colheita manual de batata.

Pessoal colhendo batata. Primeiro é aplicado um desfolhante, para que as batatas parem de crescer, depois são colhidas.


Pousada com uma quantidade enorme de curicacas, aves típicas da região, pousadas no telhado.
Passamos por algumas pousadas, inclusive em uma delas tive que pedir para parar porque eu precisava muito ter uma conversa particular com o banheiro, e depois de algumas pinguelas, altos e baixos, chegamos a um local onde a estrada estava interrompida. O Seu José parou o carro e dali seguimos à pé.

Não tinha cerração no local onde o carro ficou estacionado, fomos seguindo na esperança de podermos ver a paisagem. Quando chegamos no canion estava tudo fechado, não dava para ver nada. Ficamos esperando um tempo para ver se o tempo abria, mas o nosso motorista disse que fechado naquele horário significava que não abriria, pois costuma estar aberto pela manhã e depois vai fechando e abre somente no dia seguinte.

A Bê no local onde estacionamos o carro próximo ao Canion Monte Negro.
A Bê impressionada com a beleza da paisagem que ela não estava vendo e a Ana Paula deprimida...

O Daniel mostrando a paisagem que ele não conseguia ver, mas que pela fé, estava lá.
Como não adiantava ficar por alí, seguimos para a cachoeira dos Rodrigues. Seguimos por estradas vicinais, nem sempre muito boas, mas fomos até chegar em outra pousada. O nosso guia estacionou o carro e seguimos dali em diante à pé.

Descemos a barranca do rio e cruzamos o rio, caminhando por sobre uma laje de pedras rasas, de uma margem até a outra, em uma extensão de aproximadamente uns 200m.


A corajosa Bê perto da vaca, mas bota corajosa nisso!!!!

Trecho do rio que passamos andando sobre a laje de rochas rasas.


Nós caminhando pelo rio e o nosso guia, Sr. José  na frente mostrando o caminho.




Daniel e Ana Paula. Felizes com a vista e a energia do local.


Eu e a Bê.

Daniel e Ana Paula.


A água estava fria pra caramba, mas valia a pena o banho.
Veja como era raso o lugar. Próximo da cachoeira tinha um fosso.
 
Eu lá do outro lado do fosso, tomando banho de cachoeira.




Sr. José atravessando o rio na volta.

Quando voltamos para a pousada que dava acesso à cachoeira, já era mais de 2 ou 3 horas da tarde e infelizmente não tinha mais almoço para nós ali. Uma pena, pois teria sido bom comer uma comida simples de fogão à lenha, naquele lugar.

No caminho de volta, uma Gralha Azul veio dar o ar da graça e paramos para tirar uma fotos dela, imponente e tranquila a bichinha.

Esta é a Gralha Azul. Estava na margem da estrada.
Seguimos de volta até nosso hotel, mas antes passamos pela cidade, que era caminho e paramos em uma lanchonete, em frente a Igreja Matriz, para comer um pastel e tomar um café.

Retornamos até o nosso hotel, fomos descansar um pouco, tomar um chimarrão, esperar a janta tomando uns tragos. Depois da janta acabamos indo dormir cedo, pois não tinha nada para fazer.

Dia 6: 09/03/2011 - São José dos Ausentes - Curitiba - 480 km

Trecho de volta para casa, na quarta-feira de cinzas.
Na manhã seguinte acordamos cedo, arrumamos tudo, tomamos o café da manhã e pegamos o rumo da cidade. Para chegar em São José dos Ausentes tinha aquele trecho de estrada de terra com pedras, quando estávamos quase chegando no calçamento uma pedra bateu bem na mola que segura o pé de descanso da minha moto e ele caiu, como tem o dispositivo de segurança da moto, o motor desligou.

Prendemos o pezinho com silver tape e fomos até o posto de gasolina para ver uma solução. Lá compramos um extensor e armamos uma traquitana que segurava o pezinho erguido, mas que possibilitava abaixar o mesmo sem maiores problemas, quando chegava em algum local que tinha que estacionar.

Assim viemos até Curitiba pela BR-116, em um percurso tranquilo ao qual já estamos acostumados a circular.

Foi uma viajem sensacional, tendo em vista que começamos com uma grande frustração devido ao fato de não termos levado documentos que nos possibilitassem entrar no Uruguai.

Ainda, como disse o Daniel, desde pequenos a gente ouve falar das ruínas de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, mas fazer uma viagem específicamente para ir até as Missões, num trajeto de mais de 1.000km, é coisa que a gente acaba não fazendo e a possibilidade criada na situação desta viagem foi muito bem aproveitada.

Até a próxima ......

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