Imagens do Fin del Mundo

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Eu estive lá. De frente para a vida!

domingo, 20 de novembro de 2011

Viagem a Brasília


Neste ano de 2011, o feriado de 15 de Novembro caiu em uma terça-feira, normalmente quando os feriados caem numa terça a gente acaba emendando a segunda e passamos a ter quatro dias maravilhosos o que é normalmente o suficiente para realizar uma viagem mais ou menos longa, de até 1.500 ou 2.000 km.

Entretanto, na segunda-feira acabou aparecendo uma reunião em SP. Tudo bem, o que se pode fazer, afinal de contas é a vida, feita de coisas que vão se interpondo no nosso caminho. Segunda em SP, terça feriado e de quarta a sexta em Brasília! Propuz para a Bê que fôssemos de moto para Brasília, assim ela poderia visitar o Tio dela que mora lá. Ela achou a idéia ótima.

Quando apareceu, de ultima hora a reunião em São Paulo, mudamos um pouco os nossos planos, no sábado fomos até Boituva, que fica na beira da Rodovia Castelo Branco, uns 100km distante de São Paulo, e passaríamos o domingo lá, segunda pela manhã eu iria a SP para a minha reunião, e aí sairíamos para Brasília na segunda feira à tarde e foi o que fizemos.

Eu havia mandado a minha moto para a revisão, mandei trocar os pneus, óleo e mais alguns ajustes já pensando em nossa viagem para o Chile no próximo dia 17 de dezembro, mas essa é outra história. Pegamos a moto no sábado pela manhã na The One, logo depois do costumeiro café da manhã que é servido para os clientes, saímos de lá e fomos para casa arrumar as malas, etc., acabamos por sair meio tarde, já devia ser 4 horas da tarde. Pegamos a BR.-116 e seguimos até o Posto Petropen, em Registro. De lá, onde almojantamos, seguimos direto para a casa do Walter em Boituva, passando pelo Rodoanel, ou seja, evitamos cortar caminho pela serrinha que sobe de Juquiá via Votorantin até Sorocaba, pois estava garoando ao longo de todo o trajeto e passar por aquela serrinha a noite, com o chão molhado me pareceu meio perigoso demais.

Tirando o trecho da Serra do Cafezal, que encontra-se em duplicação (já não era sem tempo!), o restante da estrada estava muito bom. Chegamos em Boituva já era noite, infelizmente, pois havia me proposto a não andar mais a noite, depois do acidente com a capivara, mas o que fazer, para isso teria que ter saído no domingo ou um pouco mais cedo no sábado. Mas de qualquer forma na Castelo não tem animais selvagens ha muitos anos.
Em Boituva vimos a Mari, a Laurinha e a Luiza grávida, com uma barriga muito bonita. Estavam lá ainda o namorado da Laura e o da Luiza. O Walter tinha ido pescar e não estava. De qualquer forma, como a Bê estava querendo visitar a Luiza grávida e eu também, foi muito bom termos ido.
Pensamos ainda no Juarez, que ha muito tempo não vamos lá, mas desta vez ficamos em Boituva mesmo.
Almoçamos em um restaurante muito legal no domingo. Um local de pesca que serve peixe, acredito que pescado ali no lago deles mesmo, servido do jeito caseiro, ou que sobrou dele pois o Estado de São Paulo já se tornou industrializado a tanto tempo que é difícil quem se lembra do que é a vida no campo. Hehehe
Passamos um domingo super agradável, eu ainda acabei lavando a moto (mesmo que por cima), melhorando a aparência da dita.
Na segunda cedo eu peguei o carro do Walter emprestado, uma Fionrino e fui para SP.
Ainda bem que o local da reunião era fácil de encontrar no bairro Jardins. Saí de lá era pouco mais de 1 da tarde e cheguei de volta em Boituva era pouco mais de 2 da tarde. Almoçamos uma comida maravilhosa em casa mesmo e quando era umas 4 da tarde saímos para Brasília seguindo via Tietê e Cerquilho. Logo que passamos Cerquilho começou a chover pesado pra caramba. Colocamos nossas roupas de chuva em um SAU e saímos de volta para a estrada em baixo de chuva mesmo. Mas era daquelas de formar um rio, ou enchurrada como chamava minha mãe, já que em Ribeirão Preto é muito comum estas chuvas de verão devido ao forte calor.

Seguimos até a Bandeirantes e depois pela Anhanguera. Passamos por Ribeirão Preto e ainda chovia, mas era mais leve, sendo que quando passamos por Pirassununga, região da caninha 51, caiu uma chuva forte novamente. Em Santa Rita do Passa Quatro (adoro este nome, pois desde pequeno leio este nome quando íamos para Ribeirão) também estava chovendo que Deus mandava do jeito que queria, hehehe.

Jantamos em um posto Graal, que era dos melhores em Ribeirão, na beira da Anhanguera mesmo, acho que chamava posto Trevo, e seguimos um pouco mais, acabamos por dormir em Uberaba, novamente pegando um pouquinho de estrada à noite. Parece que o tempo estava esperando a gente chegar, pois tiramos as coisas da moto e novamente caiu um pé d’água de impressionar.

Dormimos muito bem e acordamos umas 7:30 da manhã, a chuva que tinha persistido por grande parte da noite havia ido embora. Que maravilha, o tempo estava bom. Tomamos um belo café da manhã e saímos era uma 9h da manhã em direção a Brasília, passando por Uberlândia, Araquari, Catalão, sendo que até Catalão até que se vê cidades e localidades, postos etc. mas depois de Catalão até Cristalina, que já fica mais ou menos perto de Brasília, não tem nada, a gente tem que andar com cuidado pois se precisar de algo, vai ser duro conseguir.
Durante o café da manhã, conversamos com um casal de aposentados, já de alguma idade (uns 75) e eles ficaram interessadíssimos em nós, por causa de estarmos viajando de moto. Ele disse que quando era novo teve uma Java e gostava da brincadeira mas que depois casou, nunca mais voltou ao tema e que gostava muito de motocicleta. Ele nos sugeriu que fôssemos por Goiânia que a pista é duplicada embora fosse um pouco mais longe, poderia valer a pena. Agradeci a ele e disse que iria avaliar. Realmente avaliamos o caminho no GPS, mas resultaria em um trecho de 120 km a mais na viagem. Teríamos que andar 524km naquele dia e aumentar para 645km era meio de mais. Decidimos que iríamos pelo caminho normal mesmo.

Paramos para abastecer em Catalão, quase ficamos sem gasolina pois coloquei desta vez 22,1 litros de gasolina, nunca antes, nem quando peguei a moto nova na loja, com o tanque vazio eu tinha colocado tanta gasolina, pois o tanque da moto tem 23 litros. Chegamos em Brasília, no Hotel Confort, era 2h da tarde. Ligamos para o Tadeu vir nos buscar, após um banho, e passamos um domingo maravilhoso comendo comida nordestina e conversando com pessoas agradabilíssimas.

Trabalhei na quarta, quinta e sexta e a Bê pode passear com a tia, com o tio e as primas, durante os dias. À noite fomos ouvir música, comer mais comida nordestina no Chique-Chique, que é muito bom.

Sábado levantamos tarde, pois estávamos cansados e saímos do hotel já eram 11 da manhã. O Tadeu veio nos encontrar de scooter Burgman 400 e nos levou até uma farmácia e depois até a saída da cidade em direção a Cristalina, onde abastecemos novamente e seguimos para Ribeirão Preto, 732 km de distância. Chegamos em Ribeirão era 7 e meia da tarde, junto com o anoitecer.

Entramos na cidade e paramos em um sinaleiro na esquina de uma praça, que tinha um prédio histórico antigo e muito bem cuidado e bonito, tinha ainda uma igreja onde estava acontecendo uma cerimônia de casamente, sendo que quando viramos em frente a igrja vimos a noiva entrando. Foi uma cena bacana. Duas quadras para baixo da igreja, em uma esquina, tinha um posto e eu parei para por gasolina e pedir algumas informações, nem preciso dizer que no meu GPS estava apontando para a Praça XV e nós estávamos cheios de más intenções indo para o Pinguim tomar um belo chopp com aquele calor que estava fazendo de 38 graus às 8 da noite.

O rapaz do posto era gago, e foi muito difícil para ele dizer que estávamos na Vila Tibério. Oras a Vila Tibério foi o bairro onde eu nasci e de onde toda a minha família veio. Perguntei sobre o antigo campo de Botafogo e me informaram que estava próximo e que agora se chama Centro de Esporte, ou algo assim. A rua que chega no meio dele, que é a Dr. Loiola, rua onde nasci e onde minha avó e tia tinham casa, ficava duas ruas para a direita e nós estávamos na Rua MArtinico Prado, onde a tia Toninha morava.

Ainda demorou para cair a ficha de que aquela praça bonita que tínhamos passado ficava na esquina da casa da minha tia e que muitas vezes fiquei passeando, brincando ou paquerando nela. Alí ficava ainda o cinema da Vila onde fomos algumas vezes quando eu era pequeno, em um tempo em que os bancos do cinema eram de madeira sem almofada ainda. Aquela Igreja bonita que vi, foi onde casaram a Tia Bete e a Tia Toninha, onde eu fui batizado também, a Igreja Matriz da Vila Tibério. Muitas vezes fui lá naquela Igreja que era mais feia pois era pintada de uma cor escura e agora ela esta mais clara, iluminada e muito mais bonita, tão bonita que nem reconheci. Que coisa!

Não tive dúvida e segui para a Dr. Loiola, passei na frente da casa de meus avós que ainda se encontra lá, sendo que agora já não é mais uma escolinha, como foi durante um tempo, agora parece que é uma residência. Foi bem bom passar por lá, só pensei que poderia ter levado meu pai junto conosco e que neste momento de fraqueza apenas, pensei que deveria ter ido de carro para poder levá-lo junto..

O cara do posto me disse ainda que seria melhor ir tomar o chopp no Pinguim do Shopping Ribeirão. Lá fui eu pela Martinico Prado, Jerônimo Gonçalves, que tem o nome de meu avô (que também era Jerônimo) e é onde passa o Ribeirão Preto, o que pouca gente sabe, até mesmo os moradores de lá, que aquele ribeirão é que deu o nome para a cidade. Dalí fomos pela Francisco Junqueira e Av. Ipiranga chegando até a 9 de Julho onde entramos para uma volta até a Sociedade Recreativa e retornamos para a Ipiranga novamente. Na 9 de Julho é onde aconteciam as coisas em Ribeirão naquele tempo. Era um tipo de footing dos tempos dos meus pais, lá pela década de 40, só que de carro naqueles anos 60 e 70.

Subimos pela Ipiranga e nos perdemos um pouco para achar o Ribeirão Shopping, mas achamos o dito. Dentro da área do estacionamento tem um Hotel Ibis, pensamos, vamos nos hospedar, tomar uma banho e seguir para o Shopping até o Pinguim e tomar uns bons chopps. Que nada, o Hotel estava lotado. Lá fomos nós para o centro novamente, ficamos em um hotel localizado a 2 quadras da Praça XV. Ficamos no Hotel Stream Plaza, de excelente qualidade. Tomamos nosso banho, colocamos roupas leves e fomos à pé para a Praça XV, chegamos no Pinguim, a fila estava pequena e esperamos por uns 15 minutos até conseguirmos uma mesa lá dentro.

O garçom era muito engraçado, um senhor já de certa idade, que falava com a gente e ria. O interessante é que a gente não entendia o que ele falava e ria junto, não sabíamos do que! Ele é um personagem muito interessante, apelidado de gaúcho, mas que mora lá há muitos anos. O garçom trouxe 2 chopp em uma tulipa de cristal e super gelado, nós viramos o primeiro copo de chopp sem para para ver que a garganta estava gelada, pois o chopp é gelado pra caramba, mas com o calor que estava, ficou perfeito. Imediatamente o gaúcho trouxe mais 2 copos, este segundo foi possível tomar um pouco mais devagar para poder curtir o paladar do famoso chopp do Pinguim. Realmente aquilo deveria ter outro nome, porque é uma heresia chamar aquilo que nós tomamos do mesmo nome que se chama os demais chopps que tem em todos os demais lugares do Brasil e da Alemanha e de onde mais quiser colocar no mundo.

Que delícia é aquilo. Preciso voltar mais lá para poder tomar aquele chopp com mais freqüência, graças a Deus me comprometi em levar meu pai para lá em breve para ele rever Ribeirão mais uma vez ainda e tomar o chopp do Pinguim para relembrar os tempos bons da sua juventude. Que tristeza me dá falar nisso, pois a vida passa e é assim mesmo que acontece. Ele ficou muito feliz com o convite e disse que vai, poxa! Eu até fiquei surpreso com a alegria que ele ficou. Eu tenho que levá-lo, iremos no início do ano, de preferência em Janeiro mesmo, de avião, pois de carro seria muito cansativo para ele.

Depois de várias tulipas, mais precisamente 4 eu e 3 a Bê. Isso merece um esclarecimento. É que jantamos lá no Pinguim e pedimos um escondidinho. Este escondidinho era feito com muito queijo o que me deixou meio enjoado, senão eu acho que teria tomado mais de meia dúzia de copinhos maravilhosos daquele líquido precioso que só tem em Ribeirão Preto mesmo. Acho que este lugar é o maior embaixador que Ribeirão Preto tem.

Dormimos muito bem, tomamos um café da manhã de encher os olhos, bom como poucos que encontramos pelos nossos hotéis e saímos era umas 8 da manhã. Paramos em Jundiaí para por gasolina, às margens da Bandeirantes, dempois de quase ficarmos sem gasolina novamente, pois tem um trecho muito grande sem posto, mais de 100km eu acho, e depois paramos novamente apenas e em Registro, no Posto Graal Buenos Aires para almoçar e abastecer e chegamos em casa era 5 e meia da tarde muito tranquilamente novamente. Andamos 730 km neste dia também, ou seja, Ribeirão Preto fica no meio do caminho entre Curitiba e Brasília.

sábado, 12 de novembro de 2011

O que é ser Motociclista?


Ser Motociclista

Muita gente me pergunta o que é ser motociclista. É ser piloto de corrida? É ter uma velha moto na garagem, ou uma reluzente Harley na carreta? É fazer trilha nos fins de semana ou apenas ter habilitação torna uma pessoa um motociclista? Em vários anos de motociclismo, conheci várias pessoas que pilotam ou possuem motocicletas e me atrevo a tentar descrever o que é ser um motociclista. O termo motociclista, genericamente se enquadra a todos que andam de moto, mas como não conseguimos perder a mania de rotular, acabamos chamando-os de motoqueiros, traieiros, jaspions, estradeiros, harleiros, e outros rótulos, pejorativos ou não. Para começar o verdadeiro Motociclista nunca vê sua moto como um investimento, seja ela de qualquer modelo ou tamanho. Vê como se fosse uma mulher, pela qual se apaixonou um dia. Nada o impede de se apaixonar várias vezes, até que um dia ele descobre que sua paixão não é "aquela moto", é andar de moto. Um motociclista não mede esforços para fazer o que ama e jamais associa dinheiro, ganhos de capital, inflação, etc... à sua paixão. Ser motociclista é cuidar da moto que lhe dá prazer, é dar-lhe um banho, é perder horas de seu fim de semana colocando um acessório, ou simplesmente polindo, consertando algo ou tirando a poeira. O motociclista faz questão de entender o seu amor. Ser motociclista é passar o máximo de tempo possível sobre sua moto, é escolher as viagens ou trilhas mais longas. É chegar e ao invés de voltar, resolver ir mais longe, é rodar, rodar, rodar e querer mais. Ser motociclista é coisa que vem no sangue. Não conheço nenhum grande jogador que tenha começado a jogar depois que se estabilizou na vida ou teve dinheiro para comprar um time. Todos sem exceção, começaram a se interessar pela bola ao mesmo tempo que aprenderam a andar. Ser motociclista não foge a regra, ninguém vira motociclista, a gente nasce motociclista. Ser motociclista não é se unir em "gangs", fantasiado de "bad boy", para amedrontar as pessoas e fazer coisas que não teria coragem de fazer se estivesse só. Ser motociclista não é ir para os "Points" da moda, no fim de semana, parar a moto, ficar a noite inteira contando vantagens de quanto gastou em acessórios e depois voltar para casa. Ser motociclista é rodar com a moto, mesmo sem ter ninguém para mostrá-la. Nada impede que um motoboy, o qual rotulamos hoje de motoqueiro seja mais motociclista que muitos proprietários de motos. Uns diriam que ser motociclista é uma doença, eu digo que é um caso de amor.

Cicero Paes