CURITIBA – BUENOS AIRES - COLÔNIA DEL SACRAMENTO - CURITIBA
DATAS: 03/09 A 08/09/2010
PARTICIPANTES: LUIZ E BÊ
MOTO: HD ELETRA ULTRA CLASSIC – 2008 – PRETA
Dia 1: sexta-feira - 03/09/2010 – Curitiba-PR a Barracão-PR
Em Curitiba é feriado no dia 08 de setembro, como o dia 7 caiu, neste ano, numa terça-feira, ficou um feriado maravilhoso, pois entre o sábado e a quarta-feira teríamos 5 dias corridos para fazer um passeio.
Nestas condições, pensamos em fazer uma viagem que há muito tempo estávamos interessados, ir até Buenos Aires, que por si só é um destino e tanto para um passeio de moto e, ainda por cima, em ocasiões anteriores, pensamos em passar o estuário do Prata de BukeBus, que é um senhor ferry-boat.
Decidimos, como em vezes anteriores que iríamos. Convidamos alguns amigos, meu filho, mas, no final das contas, como em diversas outras ocasiões, acabamos sozinhos para a empreitada. É claro que sempre que vamos fazer uma viagem mais longa como esta, é necessário pensar em todas as coisas, pelo menos em todas que pensamos, hehe, aí juntamos: um mínimo de roupas, tyre repair da Motul, algumas ferramentas, me esqueci do arame, que um amigo meu sugeriu e que, graças a Deus, não fez falta.
Decidimos que para ganharmos mais tempo lá em Buenos Aires, teríamos que sair na sexta-feira no final da tarde, pois gostamos de rodar à noite, já que os barbeiros normalmente não gostam, melhorando por um lado a segurança, entretanto nunca se esquecendo que viajar à noite sempre é mais perigoso nos demais quesitos.
Assim, na sexta-feira, dia 3, com toda a bagagem arrumada e devidamente acomodada nos maleiros da ultra, que são bem legais e de excelente tamanho, saímos às 5:30 da tarde em direção à Barracão, inicialmente de Curitiba em direção à Ponta Grossa e depois por Irati, passando por Guarapuava, e logo depois entrando em direção a Francisco Beltrão e finalmente Barracão.
Quando fomos ao Chile, já havíamos seguido exatamente este roteiro, o caminho é bom e desta vez ficou melhor pois carreguei no GPS – GARMIN – Zumo 660 os mapas adequados. O TRC Brasil e o MAPEAR, que sempre devem ser usados em separado, ou seja, quando se habilita um desabilita todos os demais, desta forma pudemos seguir direto até Barracão. Chegamos em Barracão depois da meia-noite, mas foi uma viagem muito boa sem nenhum contra-tempo.
Neste dia jantamos em Guarapuava. A princípio havíamos programado jantar em uma churrascaria que eu conhecia, localizada em um posto na estrada. Quando chegamos ao local a churrascaria estava fechada, não sei se pelo horário, pouco provável, ou se porque não abre para o jantar mesmo. Tudo bem seguimos adiante, paramos em um posto para colocar gasolina e peguntamos sobre onde jantar, nos indicaram outra churrascaria logo mais à frente e lá fomos nós. É muito interessante que no interior do Paraná existem apenas churrascarias para se comer, algumas pizzarias também, mas são muito menos comuns. Achamos o local e paramos lá. Jantamos muito bem e seguimos adiante.
Quando chegamos em Barracão, tive vontade de ligar para a Jô, uma amiga que mora lá, mas era muito tarde e resolvemos procurar por um hotel. O primeiro estava lotado. O segundo também. Começamos a ficar preocupados, pois não existem muitos hotéis por lá, já que se trata de uma cidade pequena, embora seja fronteira seca entre Paraná e Santa Catarina e também a Argentinha. Ali ficam localizados Barracão-PR, Dionísio Cerqueira-SC e Bernardo de Irigoyen-AR.
Acabamos indo parar, com a ajuda do frentista do posto, que graças a Deus estava aberto, no Hotel Iguaçu, localizado em Dionísio, pois acabamos cruzando alguma rua que divide os estados. Assim que chegamos fomos informados de que não havia vaga. Tive que insistir muito, para que o funcionário topasse me arranjar um quarto muito do estranho, que estava localizado em uma área do hotel que estava em construção, ou reforma, não entendi bem. O importante para nós é que tinha banheiro e uma cama muito boa.
Hotel Iguaçu - Dionísio Cerqueira |
Tomamos uma água cada um e dormimos muito rápido, pois já era mais de 1 da manhã e pretendíamos não sair muito tarde na manhã seguinte para cruzar a fronteira.
Entre declarar os bens (GPS, máquina fotográfica, laptop, etc.) por exigência da aduana argentina e não devido à nossa. Isso foi necessário por indicação de uma funcionária da Argentina e de um policial argentino que nos indicou ser mais seguro declarar a saída no Brasil para evitar qualquer problema futuro com a aduana Argentina, voltamos e fizemos a declaração, carimbamos os passaportes, fizemos os visa e documento do veículo, mostrei a carta-verde que havia comprado aqui em Curitiba, pois para comprar na fronteira fica muito mais caro e, neste momento, me lembrei que não havíamos jogado na Mega Sena que estava acumulada em vários milhões. Não tivemos dúvidas, voltamos para Barracão, buscamos pela casa lotérica, que estava aberta no sábado pela manhã, e fizemos nossa fezinha. Não deu resultado nenhum pois não ganhamos apenas atrasamos nossa saída.
Bem, já eram 11 da manhã quando conseguimos passar por Bernardo de Irigoyen, passamos pelo Club do Automóvel, que tem um posto de gasolina que aceita cartão, como quase todos os demais da Argentina, assim como no Brasil, e seguimos em direção ao sul, mesmo caminho pelo qual tínhamos passado no final do ano quando fomos ao Chile por este mesmo local.
Seguimos adiante, sendo que a certa altura saímos da estrada que vai até Posadas e descemos em direção a Oberá, sendo que na derivação para Oberá tem um posto, muito simples como quase tudo em Missiones, e paramos para colocar as roupas de chuva pois estava já garoando e queríamos nos molhar logo no primeiro dia e ficar com roupas molhadas na bagagem. Não estava muito frio mas estávamos bem agasalhados e não sentíamos calor.
Colocamos as roupas de chuva, usamos o banheiro, que não era limpo, e seguimos adiante em direção a Oberá. Chegamos lá já tarde para o almoço e ficamos em dúvida se encontraríamos onde comer alguma coisa.
Quando entramos em Oberá encontramos uma série de bonecos enormes e a cidade toda enfeitada e cheia de pessoas vestidas com roupas folclóricas e típicas de imigrantes.
Quando entramos em Oberá encontramos uma série de bonecos enormes e a cidade toda enfeitada e cheia de pessoas vestidas com roupas folclóricas e típicas de imigrantes.
Paramos próximo à igreja no centro de Oberá logo na frente de um calhambeque tipo Ford 29, e a Bê desceu a moto para tirar umas fotos e ver se conseguia alguma informação sobre onde poderíamos almoçar.
Aí apareceu o senhor que estava no calhambeque, com a esposa, um homem de aproximadamente 75 ou 80 anos e a esposa de mesma idade e ele veio puxar assunto comigo por causa da moto, como sempre a moto chama muito a atenção, e ele queria saber de tudo, ano, modelo, etc., eu também me interessei pelo carro dele e em saber o que estava acontecendo, aí foi que ele contou para nós que estava tendo a maior festa de imigração da Argentina naqueles dias em Oberá e que inclusive a Presidente deles, Cristina Kirchner, não sei se escrevi corretamente, iria lá. Me indicou como chegar nos pavilhões da feira e disse que lá haveria lugar para comer. Me sugeriu que a deveríamos ficar por lá naquele final de semana já que a festa era um acontecimento.
Aí apareceu o senhor que estava no calhambeque, com a esposa, um homem de aproximadamente 75 ou 80 anos e a esposa de mesma idade e ele veio puxar assunto comigo por causa da moto, como sempre a moto chama muito a atenção, e ele queria saber de tudo, ano, modelo, etc., eu também me interessei pelo carro dele e em saber o que estava acontecendo, aí foi que ele contou para nós que estava tendo a maior festa de imigração da Argentina naqueles dias em Oberá e que inclusive a Presidente deles, Cristina Kirchner, não sei se escrevi corretamente, iria lá. Me indicou como chegar nos pavilhões da feira e disse que lá haveria lugar para comer. Me sugeriu que a deveríamos ficar por lá naquele final de semana já que a festa era um acontecimento.
Achei interessante mas nosso destino era outro, e voltamos para a estrada, pois para ir até o pavilhão da feira seria coisa de doido. Retornamos para a estrada de onde havíamos vindo, e seguimos em frente, logo adiante encontramos uma parrilla e paramos para almoçar, ainda bem que ainda tinha comida. Sentamos e pedimos duas parrillada, que é uma prancha de ferro-fundido sobre uma cama de brasa onde é servido uma veriedade de carnes: costela de boi, linguiça de porco pimentada, choriço de sangue salgado e doce, chichulin (tripa de bezerro), rinhones (rim), coxa de frango. O chinchulin é complicado para comer, mas como já conhecíamos, mandamos ver. O cara da churrascaria nos disse que as pessoas que vinham do Brasil não comiam chichulim e que ele até achou estranho que nós comessemos.
Tomamos uma cerveja Quilmes, tiramos algumas fotos, banheiro e seguimos em frente, passando ao lado do pavilhão que já estava com certo movimento naquela hora. Seguimos em direção ao sul. Não estava mais chovendo nem garoando, mas ainda tinha muito chão molhado o que levanta sujeira e a moto e nós fomos ficando vermelhos, mais a moto do que nós.
Ao longo do caminho acabamos reconhecendo que já havíamos passado por aquelas estradas anteriormente na viagem do final do ano. Achei estranho pois eu achava que tínhamos ido mais pelo interior do que agora, no entanto, quando vi uma curva com um cruzamento da linha férrea e em seguida um posto, localizado logo após uma entrada de uma cidadezinha, que quando fomos ao Chile acabamos errando o caminho atrás de um posto para abastecer, vimos que se tratava da mesma estrada e que dentro em breve chegaríamos ao posto onde ficamos protegidos da tempestade de areia. Assim aconteceu mesmo, a diferença foi que quando passamos pelo posto que nos escondemos, a estrada se encontrava em obras e o acesso ao posto não era fácil, pois passamos pelo mesmo e nem vimos, além de que era um acesso de terra e como estava tudo molhado era perigoso tentar entrar no posto, naquele momento já estava anoitecendo, na verdade já estava bem escuro, pois desta vez saímos de Barracão de manhã e agora é inverno e não verão, o que faz muita diferença quando a gente vai se deslocando mais para o sul e para oeste.
Logo adiante do posto, viramos novamente para a esquerda e um entroncamento da estrada e fomos em direção a Buenos Aires que ainda se encontrava muito longe. Resolvemos que iríamos rodar até mais tarde e ver onde poderíamos dormir. Foi quando buscamos no GPS por algum hotel e acabamos decidindo ir até Concórdia, uma cidade localizada na divisa entre Argentina e Uruguay, pois já estávamos abaixo da fronteira do Brasil com o Uruguay. Seguimos. Quando vimos uma placa de acesso a Concórdia, não achamos pois a estrada encontra-se em duplicação, como costumo brincar, devem estar passando mais de um carro por hora, aí eles duplicam a estrada, igualzinho as nossa estradas aqui do Brasil. Seguimos em frente, na verdade eu achei que tínhamos perdido a entrada, mas logo adiante, havia outro viaduto em construção e uma outra indicação de entrada para Concórdia. Novamente não vimos a primeira entrada, mas desta vez, vimos outra entrada localizada logo depois do viaduto, sob o qual havia um carro da polícia caminera, como no viaduto anterior também tinha um.
Parei no acostamento, olhei para os dois lados e como não vinha ninguém cruzei a pista e entrei no acesso de terra, quer dizer, barro, já que tinha chovido durante boa parte do dia na região, pelo que se podia ver. No início do trecho até que estava legal, mas foi ficando cada vez pior. Ao longo de pouco mais de uns 500m, a lama foi engrossando e a moto cada vez sambando mais, até que a coisa ficou preta mesmo, tinha uns 20cm de lama e aí o samba ficou muito doido, foi uma derrapada e pimba, a moto virou de lado e deitou solene sobre o mata-cachorro e o mata-gato, como é do costume dela. Eu e a Bê nem caímos, apenas colocamos os pés no chão e descemos da moto. Olhando a bichinha descansando. Aí que vem o momento mais sério, como fazer para levantar a moto de apenas 400kg?
No passado já havíamos levantado ela algumas vezes, mas sempre com a ajuda de outras pessoas, transeuntes que sempre se oferecem para ajudar. Mas ali, naquele lugar, estávamos sozinhos e era meia-noite e meia. Aplicamos a nossa técnica que deu certo da última vez que aconteceu de termos que levantar a moto, qual seja, ela apoiou o pé na plataforma que ficou para cima e segurando com a mão no manete do acelerador (que estava para cima) fez um pêndulo e eu do outro lado fiz a força que pude. Como a lama estava lisa, eu não tinha muito apoio e a força que eu conseguia fazer era limitada.
Depois de algumas tentativas, estávamos bufando e a moto nem tinha se mexido. A Bê, muito otimista falou: “nem a pau que vamos conseguir levantar esta moto sozinhos, pode esquecer?”. Eu disse: “não poderemos ficar morando aqui, não vai dar. Teremos que ver uma solução”. Aí notei que os carros somente passavam pelo outro lado, que devia estar muito melhor que o que tentamos passar, mas como poderíamos saber disso antes?
Aí passou um carro e o cara disse da janela: “necessitam de ajuda?” quando eu disse simmm!!! ele já tinha ido. Que mierda! Mas ele foi muito legal, avisou os guardas que estavam sob o viaduto e depois de uns 5 minutos, que pareceram 2 horas, apareceu a viatura da policia caminera, eu acendi e apaguei as luzes da moto e eles vieram e pararam próximos de nós.
Foi interessante, por que ele me perguntou: ”O que aconteceu?” Pode isso? Eu olhei para a moto caída e me perguntei, Que parte ele não entendeu? Mesmo assim resisti à vontade mandar ele para aquele lugar. Ele perguntou novamente:”vocês estão machucados?”. Não! Respondi para ele. E disse que a lama estava muito lisa e que a moto tombou e, devido ao grande peso da mesma, nós dois não estávamos conseguindo levantá-la.
Aí foi legal, por que imediatamente eles saíram do carro e se dispuseram a ajudar com a maior boa vontade do mundo. Me senti até mal de ter ficado com raiva dos dois devido à pergunta idiota do cara. Mas então entendi que ele achou que estávamos machucados e que este era o motivo de não termos levantado a moto. Acho que ele nunca sonhou com uma moto que em dois não dá para levantar, ou até mesmo, que ele nunca imaginou que dois imbecis como nós poderiam sair para viajar em uma moto que os dois juntos não conseguem levantar. Hahaha. Sei lá. Mas o fato é que com eles a moto subiu rapidinho e liguei a dita e segui bem lentamente pelos 3m que me separavam do início do asfalto, mesmo que coberto com uma camada de lama que não deixava ver que era asfalto.
Agradeci veementemente aos dois camineros, que ficaram satisfeitos de poder ajudar, mesmo que tenham sujado os pés de lama, não por nós, mas acredito que mais por poder tocar na moto. Eles ficam malucos com a moto.
Seguimos em frente em direção à Concórdia (que eles pronunciam Concôrdia), a cidade que pretendíamos dormir, pois estávamos cansados à beça, a gente estava na estrada o dia todo, cansados mas felizes, mesmo com o tombo, principalmente com o tombo, pois havíamos caído e, graças a Deus, nada tinha acontecido tanto com a moto como conosco, uma grande sorte.
Fomos seguindo pela estrada, entramos na cidade, que dormia, e seguimos pela avenida que parecia levar ao centro da cidade. Concórdia é uma cidade relativamente grande, eu esperava por uma cidade menor que aquela, acabamos encontrando o Hotel Coronado, paramos e questionamos se tinha vaga. Tinha. Perguntamos se tinha garagem. Tinha. Perguntamos se aceitariam que nós, com muita lama nos sapatos poderíamos entrar. Ele disse que não tinha problema. Que bom!
Dei a volta no hotel e entrei com a moto na garagem, estacionei, peguei as bagagens e subi para o hall do hotel. Preenchemos a ficha e o atendente nos levou ao nosso apartamento, que se mostrou muito bom. Com um bom banheiro inclusive com banheira, televisão, etc.
Quando passamos na frente da porta do restaurante, que estava fechado, ele fez questão de dizer que ali era servido o café da manhã e que o mesmo estava incluso na diária. Que legal, pensei, muitas vezes temos que pagar separadamente pelo café da manhã.
Fizemos uma baita sujeira no quarto, pois tinha muita lama em nossas botas e um pouco nas calças impermeáveis de chuva que estávamos usando. A Bê falou para deixar a lama nas botas pois no dia seguinte seria mais fácil de tirar. Ok. Assim foi, se bem que eu pensei que pelo tipo da lama poderia ser que nunca mais fosse possível limpar, nem as botas nem as calças. Mas tudo bem, a vida é feita de marcas mesmo.
Coisa interessante que tinha no hotel era um sistema de calefação a gás, que lembra um aquecedor de passagem, só que o mesmo fica localizado na parte de baixo da parede e o atendente acendeu uma chama piloto e depois aumentou a chama. Perguntei sobre a queima de oxigênio, pois ignorante é assim mesmo, ele me disse que o ar queimado ia para fora. Muito interessante o sistema, o mais interessante é que estava frio pra caramba e a calefação nos pareceu uma maravilha. Eu acho que estava uns 5 a 6 oC.
Dormimos como anjos......
Dia 3: Domingo - 05/09/2010 – Concórdia-AR a Buenos Aires-AR
O café da manhã foi interessante. Uma moça muito educada nos indicou uma mesa para sentarmos e disse que traria o café. Ficamos esperando. A moça trouxe uma cestinha com 2 media luna pequenas, algumas torradas (pretas pois estavam passadas) e uma xícara de café para mim e café com leite para ela. Hahaha. Lembramos que o cara tinha dito que o café da manhã estava incluído na diária. Que coisa de louco.
Quando voltamos ao quarto a Bê pediu a uma arrumadeira que estava sentada, esperando que os hóspedes saíssem para arrumar os quartos, um pano para poder limpar melhor as botas. Ela deu e nós fomos ao quarto, aí sim, as botas ficaram novas em folha e as roupas também. Quando chegamos na moto com toda a bagagem, de dia, vimos que tinha muita lama na moto, mas tudo bem, ela estava ótima. Quando olhei para ela vi uma moto feliz, pois estava onde ela nasceu para estar, rodando por estradas longínquas.
Saímos do hotel e fomos atrás de um caixa para sacar dinheiro, pois até o momento não tinha conseguido esta proeza. Meu cartão funciona lá mas eu não funciono bem com o sistema deles e até que consiga realizar o saque acaba sendo uma odisséia e sempre com medo de ficar sem o cartão, devido a sucessivos erros de opção.
Salto Grande |
Achamos o caixa e consegui sacar 600 pesos, que representavam uns 300 reais, o suficiente para o tempo que ficaríamos por lá, considerando que a maioria das contas podem ser pagas com o cartão de débito ou de crédito, a escolher. Naquela hora eu nem fazia ideia do quanto aquele dinheiro me seria útil naquele dia. Depois demos uma volta pela cidade e seguimos em direção ao norte, para ver a Barragem Salto Grande, que fica no rio Uruguay e faz divisa entre Argentina e Uruguay, onde tem uma cidade chamada Salto.
Fomos até a aduana que dá acesso à divisa, mas a única forma de passar seria fazendo a saída da Argentina e entrada no Uruguay e depois de passar por cima da barragem voltar, sair do Uruguay e entrar na Argentina novamente. Achamos que isto iria demorar muito. Desistimos. Fomos seguindo pelo parque nacional criado ao longo do lago, próximo à região da barragem, para ver se conseguíamos ver alguma coisa. Não vimos nada além do lago e um clube muito legal, com hotel e outras infraestruturas como bar, garagem para barcos, pistas de caminhada e bicicleta, em resumo, um lugar muito bonito.
Saímos de lá e seguimos de volta para a estrada. Eu só pensava na lama daquela ligação com a estrada se seria a mesma que tínhamos passado na noite anterior e que acabamos caindo. Graças a Deus, naquele local que passamos tinha muito menos lama que no local da noite anterior. Mas mesmo assim tivemos que ir com muito cuidado pois a moto ia dançando, mas de maneira mais controlada.
Chegamos na rodovia novamente e seguimos em direção ao sul, rumo de Buenos Aires. Estavamos a uns 440km de lá, ou seja, com sorte poderíamos almoçar um bife de chorizo na rua Florida.
Ao longo do caminho vimos diversas fazendas com plantação de laranjas de todo tipo, uma amareladas, como as nossas, e outras alaranjadas. Imaginamos que seriam pomelo, laranja e grape fruit que eles tem por lá e nós não temos por aqui. Ao longo do caminho, praticamente todos os caminhões que vimos estavam carregados com laranjas seguindo, como nós, em direção a Buenos Aires, que além de ser um grande centro de consumo também é onde tem o porto.
Como havia muito pouco movimento na estrada, fomos aumentando a velocidade. Teve um momento em que estávamos a 160km/h e um Golf (eu acho, pois passou muito rápido) nos passou muito rápido, acho que ele devia estar a uns 250.
E fomos adiante. Certo momento vi que tinha um furgãozinho, tipo fiat, branco, parado logo depois de um pontilhão da estrada. Reduzi levemente a velocidade, mas não foi o suficiente, quando vi o carro mais de perto vi que eram guardas com um radar. Ferrou!!!! falei para a Bê, era radar. Embora eu tenha freiado na hora que vi, acho que estava muito em cima e não deve ter dado tempo de salvar o dia.
Dito e feito, passados uns 2 km tinha uma blitz de guardas camineros e me mandaram parar no acostamento, já não gostei, pois na Argentina eles mandar parar em cima da pista, se ele me mandou para o acostamento é porque iria demorar um pouco mais.
Me pediu os documentos meus e da moto, sem dizer nada. Eu entreguei. Depois disso ele me disse que tinha um radar lá para tráz e que ele tinha me pegado a 126 km/h. Que eu estava muito rápido para o local, acima da velocidade máxima permitida. Eu disse para ele que a estrada era muito boa, que estava com pouco movimento e que a velocidade é 110, com uma folga 120. E que, como o motor da moto é muito bom, eu devo ter me descuidado um pouquinho e acabei passando para os 126. Que eu iria cuidar mais, usando o piloto automático, desta forma não aconteceria de novo.
Ele então me perguntou se eu reconhecia que havia cometido uma infração. Eu pensei e disse que se o radar havia registrado aquela velocidade devia estar correto. Eu na verdade estava dando graças a Deus por ele não registrado os 160, que com certeza seria muito mais complicado para explicar, se é que me pediriam explicação ou me levariam preso de vez.
Aí que ele me falou que na Argentina, no caso de cometermos uma infração e reconhecer que foi cometida, poderíamos pagar a infração a vista no local, lavrando a multa, e que poderíamos seguir viagem. Caso eu não tivesse recursos em dinheiro para pagar a multa, o veículo seria apreendido e eu teria que me apresentar na polícia para retirá-lo posteriormente.
CARACA!!!! Pensei. Quato é a multa? E ele me disse que eram $875,25 e que aceitavam dolar, peso, real, qualquer moeda, mas teria que pagar na hora.
Comecei a juntar os R$190,00 que eu tinha no bolso, que representavam $380,00, faltavam ainda uns $500,00, como eu tinha sacado $600,00 no bendito caixa eletrônico, Yupiii!! escapamos de ficar à pé no meio do nada, do nada mesmo, pois estávamos longe de qualquer lugar. Tive que ficar esperando que o outro guarda estava multando um outro cara, argentino, ufa, não só eu, tinham argentinos também que estavam, assim como eu, pagando pela bobagem.
Quando chegou a minha vez, o guarda me olhou e disse o valor que tinha que pagar e se eu reconhecia a infração. Como antes disse que sim e que havia bobeado. Ele preencheu a multa e me falou: “Você é doido de estar em um país estrangeiro e abusar das leis. Você deveria respeitar as leis quando está no esterior”. Caramba! Que chamada o cara me deu, e o pior, com razão. Expliquei para ele que o motor muito forte e que devo ter bobeado pois a estrada é muito boa e tinha pouco movimento, e que por algum instante devo ter passado mesmo do limite. Novamente disse que utilizaria mais o piloto automático evitando que este problema voltasse a acontecer.
A questão é que quando eu e a Bê fomos ao Chile, passamos por muitos quilômetros pela Argentina e não vimos nenhum radar, desta forma, julguei que isto não era comum na Argentina. Errado eu. Pois depois que seguimos viagem, agora com muito mais cuidado do que antes, pois eu não tinha outros $875,25 para pagar novamente uma multa, logo se me pegassem novamente eu estaria ferrado de verdade.
Quando chegamos a um trecho onde a pista duplicada já estava pronta, eis que vejo novamente um furgãozinho branco parado no canteiro central. Adivinha o que era? Uma fresta da porta traseira aberta e um radar lá dentro. Ainda bem que desta vez eu estava atrás de um caminhão a menos de 60km/h. Aí sim é que aumentei ainda mais a atenção com a velocidade. Pelo jeito quanto mais perto de Buenos Aires chegava maior a fiscalização.
Conforme fomos nos aproximando de Buenos Aires a quantidade de pistas da via ia aumentando, igual aqui no Brasil, não é? Daqui a pouco tinham 3 pistas, depois 5 e depois 7 pistas. Havia uma placa informando “Rodovias Urbanas Argentinas”, achei interessante, pricipalmente porque já devíamos estar na região metropolitana de Buenos Aires. O curioso é que lá a velocidade máxima, na pista da esquerda era 130km/h, depois 120, 110 e assim por diante até que nas últimas faixas era de 60 a 90 km/h.
Como era domingo à tarde, tinha bastante movimento de pessoal voltando para a cidade. Assim, conforme íamos chegando mais perto da cidade maior era o movimento, mas em momento nenhum ficou um movimento excessivo. Logo depois uma placa enorme informando: “Você está no perímetro urbano. Velocidade máxima 40 km/h”. Interessante, pouco importa em que tamanho de avenida você transita, a vlocidade máxima é sempre a mesma, 40 por hora. Logo acaba ficando seguro, pois a esta velocidade é difícil não desviar das besteiras que eles fazem, pois realmente ligam o pisca de um lado da via e vão cruzando todas as pistas, e muitos ficam buzinando enquanto isso acontece, bem interessante. Achei fácil de dirigir na cidade, sendo que entrramos pela 9 de Julho, fomos até o obelisco, fizemos o retorno e fomos até o Hotel Colon, na frente do Teatro de mesmo nome. Estava lotado. Ao lado dele tem o Hotel Panamericano, um baita de um hotel, muito bom e imagino que caro também. Lotado. Aí começamos a descobrir que quase todos os brasileiros estavam lá também devido ao feriado.
Assim resolvemos entrar pelas ruas menores entre a 9 de julho e Florida. Achamos vaga em um Hotel muito ruim e resolvemos seguir em frente para encontrar um melhor. Achamos vaga no Hotel XXXX, bem localizado, na Av. Corrientes uma esquina antes da rua Florida, um ótimo lugar, mas, não sei porque, resolvemos continuar a procurar. A Bê estava com muita fome e começou a reclamar, o que não é comum nela. Continuamos por mais uns 10 hotéis, entre eles o Regal, mas nenhum tinha vaga.
Aí a Bê realmente perdeu a paciência e ficou puta comigo. Nem entendi porque, na verdade por mim eu teria ficado no hotel da Corrientes, mas achei que ela não tinha gostado do mesmo. Bem, mais do que depressa voltei para aquele hotel a fim de nos hospedarmos. Mas o caso é que virei uma rua antes e parei na esquina da Florida e disse para ela que poderia subir à pé uma quadra, já que ela estava reclamando que ficar subindo e descendo da moto estav dando dor no quadril dela. Bem, lá fui eu para a dar a volta para chegar ao hotel, virando uma rua mais para cima que aquela que eu tinha virado antes.
Neste momento eu pensei, estou sozinho e ela ficou lá, caminhando. Se acontecer um acidente comigo, ou com a moto ou comigo mesmo, acho que nunca mais nos acharemos, pois o nosso celular, que é Vivo, não funciona na Argentina, nem no Uruguay, e fiquei preocupado com a possibilidade de acabar não encontrando ela. Depois ela me contou que andou uma quadra, e pensando na mesma coisa que eu, notou que o hotel não ficava na primeira mas sim na terceira esquina, aí ela ficou em dúvida se eu realmente seria capaz de encontrar o hotel. Ela chegou no hotel antes de mim.
Desci na garagem do hotel para guardar a moto e subi com as bagagens. A Bê foi lá em baixo para me ajudar a carregar as bolsas, capacetes, etc. Fizemos o check in, nos deram um apartamento do apart hotel, pois ali funcionavam o Hotel e o Apart Hotel, juntos nas mesmas instalações, achei curioso isso. Levamos as nossas coisas para o quarto e fomos caminhando até o Puerto Madero, agora sim iria começar a parte boa da viagem, comer os bifes de chorizo que eles tem por lá. Quem conhece e gosta de carne sabe do que estou falando.
Puerto Madeiro - Buenos Aires |
Maravilha, era isso mesmo que procurávamos, vimos os preços e eram muito mais razoávei $48,00 pelo bife. Ok, vamos assim mesmo.
Estrebaria |
Pedimos vinho, que por lá é relativamente barato, tomamos um Catena Malbec. Estava muito bom, pedimos morcilha doce e os bifes de chorizo, que tem apenas 500 gramas de puro prazer. Claro que antes já tinha passado na farmácia para poder comprar o bicarbonato de sódio e garantir que depois da janta seria possível dormir. Hehe. A hérnia de iato me judia mas vamos lá eu e ela nos suportando, às vezes acho que ela sofre mais do que eu. Haha
A janta foi uma delícia, depois saímos e voltamos para o hotel para dormir porque estávamos que era um caco, de tão cansados.
Chegamos e dormimos novamente, como crianças que brincaram o dia todo com muita energia.....
Dia 4: Segunda-feira - 06/09/2010 – Buenos Aires -AR
Na manhã seguinte, acordamos às 9 da matina novamente, como de costume, tomamos um banho e descemos para o café da manhã, que não estava incluso na diária, eram $70,00 para nós dois. Achei caro, mas achamos que valia a pena já que tinha pomelo (fruta natural), suco natural de pomelo, ovos mexidos e vários tipos de pães e frios, até que era uma beleza de café da manhã. Tomamos um belo café, pagamos já na porta de saída, pois a moça queria nos cobrar na entrada e eu acabei pagando na saída.
Saímos passeando à pé em direção à rua Florida. Vendo vitrines como sempre quando se está acompanhado de uma mulher, quando, em uma loja de calçados, de repente uma pessoa diz: “essa eu conheço!”
Pois não é que era um casal de harleiros que conhecemos aqui em Curitiba quando fomos almoçar na Casa Portuguesa em Itapema? Incrível a coincidência, mas também, eu comecei a achar que a maioria das pessoas de Curitiba estavam em Buenos Aires, porque não estariam este casal também?
Eles falaram que na terça-feira iriam até a loja da Harley em Buenos Aires para comprar camisetas, claro que fiz as encomendas de camisetas para mim e para a Bê, já que nas segundas-feiras as lojas da Harley não abrem. Infelizmente até o presente momento não encontrei mais com eles aqui em Curitiba para ver se compraram as camisetas ou não para nós. Que pena!
Galerias Pacífico |
Quando já estávamos desistindo, pois parece que os argentinos não tem muito bom gosto para roupas de criança, acabamos encontrando uma loja, no subsolo, que tinha roupas muito legais e começamos a procurar, até que achamos um conjuntinho de roupa que ficou muito radical, o tamanho parecia adequado, compramos e fomos embora, eu diria que fiquei extremamente satisfeito com o presente, pois já vi o moleque vestido com a roupinha e na minha imaginação ele ficou realmente muito bem. Depois que chegamos e demos o presente a Cintia disse que a roupinha não serviu. Confesso que fiquei muito triste com a notícia, não pude ver ele vestido nenhuma vez sequer com a roupinha. Que pena.
Andamos muito ainda pelo centro da cidade. Quando já era final de tarde, na verdade já estava anoitecendo, fomos até a estação do Buque Bus para ver se aprendíamos como se faz para viajar no ferry boat, pretendíamos ir até Colônia de Sacramento na manhã seguinte. Descemos pela Corrientes até o Puerto Madero, prestando muito a atenção nas ruas que davam mão, para que na manhã seguinte fosse possível nós chegarmos lá de moto.
Chegamos no local da estação, que é muito bacana, e compramos os tickets para nós dois e para a moto, perguntamos os detalhes de como teríamos que fazer na manhã seguinte, por onde entrava a moto e a gente, etc.
Voltamos para o hotel e na manhã seguinte, novamente tivemos que pagar pelo café da manhã, pois não estava novamente incluso na diária do hotel, depois entendemos que na noite anterior estávamos no apart hotel e não no hotel. Ambos ficam no mesmíssimo lugar. Coisa meio estranha, mas funciona até que relativamente bem.
Dia 5: Terça-feira - 07/09/2010 – Buenos Aires-AR a Santa Maria-RS
Depois do café, com toda a bagagem em mãos, voltamos a encontrar a moto no estacionamento, ela ficou bem feliz de nos ver e retornar para a liberdade......
Saímos pelo caminho que havíamos andado à pé na noite anterior, entramos no estacionamento dos veículos da estação do Buque Bus e fomos até a área do check in, enfrentamos a fila, saímos de lá, passamos pela alfândega, carimbamos os passaportes, seguimos em frente até um ponto onde os motoristas desciam pelas escadas e os pedestres seguiam em frente para embarcar.
Eu desci, cheguei até a moto, mostrei os documentos da moto, passaporte, para pelo menos dois ou três funcionários da Polícia Federal deles e finalmente pude seguir para dentro do porão do navio. Me indicaram onde eu deveria estacionar a moto e um marinheiro veio amarrar nos quatro canto para evitar que ao longo da travessia a moto se mexesse de lugar.
Subi para a área de passageiros e encontrei a Bê. Fiquei impressionado com o lugar, vária filas de bancos, na verdade poltronas, como de avião, só que muito maior que o avião. Na verdade acho que devia caber umas 8 vezes mais que em um avião de grande porte, tipo para viagens internacionais.
Tinham vários cafés e um free shop bem bacana. Procurei a vodka Absolut de Pimenta, que a Pat e o Zani nos serviram em uma caipira em Londrina e que nunca mais tomei nem encontrei para vender, minha esperança era bem grande de encontrar lá, mas nada feito, não tinha. Tinha Absolute de uns 6 sabores diferentes, mas a de pimenta que eu queria, esta não tinha. Tudo bem, comprei uma barrinha de chocolate mesmo.
A travessia foi muito interessante, os 70 ou 80km de distância que separa Buenos Aires de Colônia de Sacramento – UY, foram percorridas em aproximadamente uma hora. Muio rápido para um barco do tamanho daquele. A única coisa que me deixou triste foi não poder ir para o lado de fora, no deck do barco, teria sido muito legal poder ir lá para fora. Pena.
A travessia foi tranqüila, não deixei de comer um sanduiche e tomar um café e uma água. Foi legal.
Chegamos no Uruguay e desembarcamos, passando pela alfândega, os guardas ficaram muito impressionados com a moto e vieram ver e comentar, assim acabamos ficando por último para sair da área de controle. Enchemos o tanque da moto e perguntei no posto onde ficava a área histórica da cidade. Ele me mostrou e seguimos para lá. Era bem perto de onde estávamos. Notei que os motociclistas estavam dirigindo sem capacete, parei em uma esquina e perguntei ao guarda que estava lá se era obrigatório o uso de capacete, pois muitos estavam sem e como o uruguaio é muito respeitador de leis assim não seria se fosse proibido.
O guarda me recomendou que usasse para minha segurança, mas que apenas no mês de outubro que passaria a ser obrigatório o uso. Como estava muito calor, tirei o meu capacete e fui sem o mesmo. Que delícia, um calor danado e sem capacete foi muito legal. A Bê não quis tirar o dela e sabe que é interessante que a gente se acostuma de tal forma com o uso do capacete que quanto tira o dito fica com uma sensação de insegurança do cão. Ao menos no começo, logo depois a gente vai relaxando, mas na verdade, o hábito faz o monge.
Quando chegamos na parte mais antiga da cidade foi uma visão muito bacana. Carros antigos por todos os lados, caminhões antigos também, casas e ruas com calçamentos muito antigos, deninciando que a cidade teria mais de 200 ou 300 anos. Uma vila muito antiga e uma parilla, o principal é isso, uma parilla. Hehe. No Uruguay o chorizo é tão bom ou melhor que o da Argentina, que já é um absurdo de bom. (que saudade!!!).
Depois do almoço, saímos em direção a Curitiba, só que as direções ainda eram outras. De cara saímos em direção a Montevideo, pela estrada imperial (acho que este é o nome), ladeada de palmeiras maravilhosas, uma a cada 20m, por uns 50km, pelo menos. É realmente impressionante, principalmente se considerarmos que estas palmeiras, pela quantidade de anéis e pela altura, deviam ter mais de 100 anos, ou seja, naquela época eles estavam preocupados com este tipo de coisa. Acho que chegaram lá muito antes de nós brasileiros.
A viagem pelas estradas do Uruguay são sempre muito agradáveis, o tempo estava maravilhoso com muito sol e céu azul, desta forma fomos seguindo rumo leste, até um posto de combustíveis em San Jose de Mayo, onde tinha a escultura de um motociclista.
Além de abastecer a moto, tomar uma água e um café, então fomos até a estátua para render homenagem à nossa família. Hehe
Seguimos em frente, sendo que neste ponto trocamos de rodovia e seguimos rumo norte, saindo da via que nos levaria até Montevideo e seguindo pela em Ruta 3 em direção ao Brasil, não que esta fosse a melhor opção, mas sim apenas porque nos levaria de volta para casa enquanto a vontade é sempre de seguir em frente.
Passamos por um local chamado Durazno (pêssego) e achamos muito legal quando passamos por Paso de Los Toros, cidade onde a mais de 100 anos foi produzido o refrigerante de pomelo que recebeu este nome em homenagem à cidade e que adoramos tomar sempre que estamos na Argentina ou no Uruguai. Pena que no Brasil não tem, às vezes penso que seria um bom negócio importar para vender aqui.
Passamos ainda por Tacuarembó, que segundo os Uruguaios é a cidade onde nasceu Carlos Gardel. Esta é uma história muito mal contada, como diz a Bê, filho feio não tem pai, mas neste caso, todos querem ser o pai. Já ouvi até meu pai contar que Carlos Gardel nasceu na França, veio junto com a mãe dele para o Uruguai e que somente depois ele se mudou para a Argentina onde acabou se tornando um cantor famoso. Sei lá. Os uruguaios dizem que ele era de lá. Inclusive quando passamos pela cidade tinha uma placa de chamada para a cidade natal de Carlos Gardel.
E seguimos sempre no rumo norte. Em algum local, ainda era de dia, encontramos um motociclista brasileiro e sua companheira, parados em uma blitz de policiais. Ainda bem que alguns motoristas que cruzaram por nós deram sinal de luz e, principalmente um ciclista, acenou com a mão avisando para reduzir a velocidade. Obedeci e passei bem devagar pelos guardas que estavam, assim como sempre fazem aqui, escondidos sob a sombra de uma árvore. O motociclista brasileiro estava lá a se explicar e passei por eles.
Depois fiquei me perguntando se não deveríamos ter parado para ver se eles precisavam de ajuda, pois, como quando fui parado na Argentina, se eu não tivesse o dinheiro para pagar a multa à vista e na hora, acabaria ficando com a moto presa. Esta preocupassão foi me seguindo até que vários quilômetros à frente o cara me passou, e eu poderia afirmar que bem embalado, ele deu uma buzinada e passou, bem quando a gente saia da pista para entrar em um posto de combustíveis.
Já era noite quando chegamos na fronteira, mas, antes de sair do Uruguai e entrar no Brasil, precisávamos jantar. Claro que nosso interesse era achar uma “parilla” . Procuramos no GPS e seguimos os caminhos por ele indicados em Rivera, que faz divisa com Santana do Livramento. Acabamos indo parar em uma rua sem saída e ficamos um tanto preocupados, até mesmo porque um grupo de pessoas apareceram de traz de um muro quando paramos a moto em frente de um grupo de prédios de quatro andares, do tipo popular. Parecia um lugar de classe média mas em locais de fronteira, que costumas ser perigosos, era uma situação de risco.
Saímos dali rapidamente, fazendo a volta e retornando para a estrada de onde viemos, uns 500m antes, havíamos passado por um sinaleiro de onde derivava uma avenida, que, parecia ser o acesso principal da cidade. Retornamos e entramos nela. Deu certo e chegamos mesmo em uma avenida bem movimentada, com uma quantidade grande de bares e restaurantes, hotéis, etc. Finalmente achamos um hotel que tinha uma churrascaria em baixo, muito bem arrumada e cheia de gente comendo.
Fui direto para ver como era a churrasqueira e me certifiquei de que era do tipo uruguaia. Ufa! Não era brasileira a churracaria, logo, teríamos a nossa última e gloriosa refeição à base do bife de chorizo, que no Uruguai se chama entrecote. Claro que pedimos também a lingüiça de sangue doce. A janta foi maravilhosa, como sempre quando se escolhe uma carne no Uruguai.
Depois da janta resolvemos seguir em frente e cruzamos a fronteira, ou seja, cruzamos a avenida. Uma avenida com canteiro no meio que serve de fronteira entre o Brasil e o Uruguai, as duas pistas tem mão dupla, sendo um lado a avenida num país e o outro lado no outro. Colocamos gasolina no lado brasileiro e fomos seguindo em busca de um hotel. Acabamos encontrando a estrada e fomos indo, indo, indo e acabamos dormindo em Santa Maria, que fica uns 230km de Santana do Livramento. Só nós mesmo, para fazer este tipo de doidera. Chegamos em Santa Maria já passava da meia noite. Achamos um Hotel na avenida de entrada da cidade, tinha garagem e um quarto de casal, não tivemos dúvida, ficamos por lá mesmo.
Dia 6: Quarta-feira - 08/09/2010 – Santa Maria-RS a Curitiba-PR
Na manhã seguinte, tomamos café, como sempre lá pelas 9 da matina. Pedimos ovos mexidos e ela nos trouxe. Conversa vai conversa vem, a Bê acabou ganhando dela umas sementes de pimenteira para plantar aqui em casa. Ela trouxe e plantou, o que é mais interessante, brotou na floreira. Agora estamos acompanhando o crescimento dela para ver se fazremos ou não um molho de pimenta desta pimenteira, mas elas ainda terão que crescer muito.
Depois do café, o dia continuava lindo e ensolarado, levamos as bagagens para moto e continuamos seguindo para o norte. O GPS nos indicou um caminho praticamente reto para Curitiba, achei o caminho muito bom, seguimos por ele. Primeiro em direção Cruz Alta.
Seguimos um pouco mais, buscando por um local seguro para estacionar no acostamento. Como não aparecia local nenhum e moto continuava sambando, parei no acostamento mesmo. A Bê desceu, lutei para baixar o pé de apoio pois a moto estava muito baixa. Quando olhamos o pneu estava baixo, mas graças à tecnologia do mesmo, ele não abaixa totalmente e protege o aro, permitindo que se continue por alguns quilômetros.
Peguei o tubo do tyre repair, que sempre carrego junto quando viajamos de moto e pensei se arriscaria colocar no pneu ou se seria melhor seguir até um borracheiro com o pneu furado mesmo. O problema é que cada vez o pneu estava mais baixo e achei que valeria a pena tentar consertar o pneu.
Chacoalhei a lata e rosquiei a ponta da mangueirinha dela no pino da roda. Rezei um pouquinho e apertei o botão com a lata em pé. Milagre! A Bê começou a dançar atrás da moto, festejando que o pneu estava subindo, ela festejou muito mesmo, fiquei rindo enquanto, deitado no chão, via ela pulando e o pneu subindo. O problema que começou a me preocupar é que eu ouvia o ar vazando do pneu, ou seja, o furo era grande mesmo. Quando a vazão do gás da lata começou a parar de sair, vi que vazava mais do que entrava no pneu, me levantei e falei para a Bê, vamos depressa para que a roda rode e o produto esquente e gire no pneu para vedar o furo.
Eu não sabia se tinha que ter tirado o prego para colocar o produto, que é à base de látex, ou se não poderia tirar, a lata não dava explicações a este respeito, apenas dizia que poderia ser utilizado em pneus com ou sem câmara de ar, o que foi muito confortador, pois esta era uma de minhas dúvidas.
Seguimos até o próximo posto, que estava a 34 km de distância, parecia que a moto estava estável, logo, o pneu deveria estar cheio. Nem quis parar para ver, vai que ele acabaria esvaziando. Quando chegamos no posto, 34km depois, pedimos pelo borracheiro e o atendente disse que ele morava em uma curva da estrada uns 5 km para trás. Poderíamos ir até a casa dele ou ele chamaria o borracheiro para nos atender, mas aí ficaria mais caro, pois ele teria que se deslocar.
Que saco! Perguntei se tinha calibrador, pelo menos para ver como estava o pneu. Ele me disse que ficava trancado com as coisa do borracheiro e que não dava para usar. Que merda de posto aquele, até que tinha boa aparência, mas era uma merda.
Segui em frente, vi que o pneu estava aparentemente cheio, e fomos até o Próximo posto que ficava longe pra caramba, mais uns 42km adiante.
Quando chegamos lá, era um posto bem melhor. Tinha borracharia e restaurante ate de ducha rápida.
Coloquei gasolina e calibrei o pneu que estava com 21 lb. Coloquei 40 e fomos informados pelo frentista que o borracheiro estava almoçando e voltaria às 2 horas. Aproveitamos para almoçar ali mesmo. O restaurante estava cheio de gente e a comida parecia boa. Comemos e quando saímos o borracheiro já estava aberto. Fui até lá e a primeira coisa que ele me disse foi. Não arrumamos pneu de moto. Eita!!! Eu argumentei que era pneu sem camara e que a Bê havia visto onde o furo se encontrava, seria apenas colocar aquela minhoca de reparo e pronto. Nem seria necessário tirar o roda nem nada. A pressão do pneu já havia diminuído para 32 lb, o que indicava que o pneu estava esvaziando mesmo.
Colocamos o bico em baixo como estava quando eu coloquei o tyre repair e a Bê mostrou ao rapaz onde ela tinha visto a espuma branca que vazou pelo furo, antes de ela subir na moto lá no local onde tinha furado. O rapaz localizou o furo e consertou. Ok o trabalho ficou uma merda, porque no final tive que trocar o pneu, mas que viemos até Curitiba com ele viemos.
Nossa próma parada foi em Passo Fundo, em um posto no meio da cidade, onde abastecemos e tomamos um cafezinho. Seguimos em frente, cruzamos o rio Uruguai, passamos do lado de Fraiburgo, terra da maçã, que um dia gostaríamos de conhecer, passamos ao lado da entrada para Ouro e Capinzal, terra em que nasceu o meu cunhado Alcidir, depois por Lebon Régis e acabamos por cair na BR-116, velha conhecida, e depois de muito movimento na chegada de Curitiba, quando se passa por Fazenda Rio Grande principalmente, chegamos em casa, até que nem era tão tarde, pois naquele dia, havíamos pegado uma puxada de 830 km, ou seja, acabamos vindo de Colonia Del Sacramiento em dois tiros de pouco mais de 800 km cada. Foi muito tranqüilo.
Fim..... e até a próxima....