Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

CHILE 2014

Gente que é teimosa é assim mesmo. Nunca desiste de uma possibilidade.

Live to Ride. Ride to Live.

Tivemos muitos motivos para não irmos fazer essa viagem, inicialmente estávamos prevendo uma viagem de 18 dias, mas por motivos alheios à nossa vontade, teríamos apenas 12 dias, 5 para ir e 5 para voltar e somente 2 dias parados lá no destino.

Saída no dia 26/12/2013, de Curitiba, em 2 motos, eu e a Bê em nossa HD Electra Glide Limited 2013 amarela e o Daniel e Ana e uma Triumph, modelo Tiger 1200 - 2014.

Eu e a Bê de volta no dia 06/01/2014 e eles seguiram em frente em direção à Ilha de Chiloe e ainda se encontrarem com o Lauro, Edite e Camila que, neste ano, iriam de carro. Ficamos no aguardo de termos uma próxima oportunidade de conhecermos melhor a região dos Lagos, embora saibamos que, nas palavras do Renato Russo, a primeira vez é sempre a última chance. Esta frase fez diferença nessa viagem.

Arrumamos nossa bagagem, como sempre de forma a termos a possibilidade de rodarmos até 5 dias sem lavar roupas, ou seja, 5 meias, 5 cuecas, 5 camisetas, segunda pele e polar, uma bermuda, tênis, calção de banho e roupas de chuva além das roupas de estrada, calça de couro que ganhei do Juarez e a jaqueta comprada em Montevideo juntamente com o Daniel e o Lauro.

Escolho sempre esta jaqueta devido ao fato das situações de calor e frio ao longo do caminho. Na Argentina, nessa época, normalmente as temperaturas são muito altas já nas proximidades dos Andes podem ser muito baixas e essa jaqueta atende aos requisitos de segurança, refrigeração e aquecimento, quando com um impermeável.

O roteiro foi muitas vezes adaptado até que acabou ficando conforme abaixo.



Roteiro da viagem. Total Percorrido nos 12 dias 7.543 km.

Trajeto da viagem.

Dia 26/12/2013 - Trecho Curitiba - São Borja - 940 km

Trajeto percorrido no dia.
Eu e a Bê dormimos na casa do Daniel e da Ana, mais próximo da saída com destino a São Borja. Acabamos saindo cerca de 6:30 da matina, pegamos o Contorno Leste, passamos por Araucária e pela Lapa, depois em Passo Fundo entramos na rodovia dos argentinos, BR-285 na direção oeste, passando por Ijuí e São Luiz Gonzaga e finalmente São Borja, onde dormimos.
 

O nascimento do primeiro dia de viagem. Já na estrada com a chegada do sol.


 Parecia estarmos na Argentina pois não tinha movimento.


E assim a Bê vai se divertindo.
No caminho passamos por São Luiz Gonzaga, cidade berço do Jayme Caetano Braun, poeta tradicionalista gaúcho que aprendi a gostar desde guri (hehe), como diria o gaúcho. Foi um dia maravilhoso com sol e tempo bom no qual a viagem rendeu muito.
 



Na maior parte do trecho a estrada estava livre.


Que delícia!


Estacionando no posto BR na entrada da cidade de São Borja.
Chegando no trevo de São Borja, paramos em um Posto BR para abastecer e pesquisamos sobre onde dormir. Acabamos indo ao Hotel Obino Charrua, localizado na Praça central de São Borja. O Hotel é razoável para uma cidade do interior, depois de alguma luta, o aparelho de ar condicionado passou a funcionar relativamente bem e assim pudemos dormir, pois estava muito quente.


Nossa janta na pizzaria localizada na praça.
Fomos até a farmácia, onde comprei uma escova de cabelos, que havia esquecido, no supermercado, onde compramos uma sandália para a Ana, jantamos em uma pizzaria e tudo isso ao redor da praça em frente ao Hotel.
 
Hotel Obino Charrua em São Borja.

Dia 27/12/2013 - Trecho São Borja - Venado Tuerto -  915 km


Estávamos muito animados com a viagem, a vontade de rodar era enorme. Pelo jeito o Daniel e a Ana também estavam na mesma situação. Levantamos cedo no dia seguinte e  às 7:30 da manhã já estávamos na estrada rumo a Uruguaiana onde cruzamos a fronteira para Paso de los Libres, na Argentina, já estava muito quente desde o início da manhã.

Alguns anos atrás eu e a Bê descemos de moto pelo lado argentino e a estrada não estava boa, dessa forma, resolvemos que cruzaríamos a fronteira apenas em Uruguaiana. Depois acabamos nos arrependendo, pois a estrada do lado argentino já estava duplicada e com uma qualidade muito superior, ou seja, teria rendido sido mais seguro e rápido cruzar a fronteira em São Borja mesmo.


Aduana do lado brasileiro em Uruguaiana.


Ponte que liga Uruguaiana a Paso de los Libres.



Ponte Internacional entre Uruguaiana e Paso de los Libres.


Aduana argentina em Paso de los Libres.




Autoestrada do lado argentino - RN-14. Estava muito melhor que a escolha que fizemos.
Dessa vez decidimos abastecer as motos no posto BR na entrada de Uruguaina e cruzamos a fronteira com os tanques cheios, fizemos os trâmites e paramos em um posto do outro lado para comprar água e ir ao banheiro. No calor que costuma fazer nesta região é necessário que se tome muito cuidado com a desidratação, pois a evaporação no corpo é muito grande. Já aprendemos que se tirar a jaqueta a velocidade da desidratação é enorme.

Caminho para Buenos Aires, ao menos até Rosário - pela RN-14.
Chegou dar pena quando tivemos que deixar a RN-14 para entrar pela 127, pelo caminho de Federal, pois abandonar aquela maravilha de autopista era doído, pois a 127 é uma rodovia comum, embora também estivesse muito boa, não tinha pista dupla.

A parte ruim de andar na Província de Entre Rios, que tem esse nome por estar localizada entre os rios Uruguai e Paraná, é a polícia. Eles nos pararam umas 3 ou 4 vezes e numa delas tivemos dar uma contribuição. Merda! O que podemos fazer? Não se tem por onde sair. Eles dizem que precisam pintar o escritório deles e que precisam de uma contribuição. Na primeira vez dei R$ 20,00. O que é muito, pois tinha somente notas de 100 pesos argentinos, que valem mais do que isso.

O sacana do Daniel ficava para trás e deixava para mim a situação. Quando o guarda pediu contribuição para ele disse que o dinheiro estava comigo. Pode isso? Hehehe. Ao menos assim ficava mais barato.

Na segunda vez, nos param, pediram os documentos, perguntaram onde íamos e nos devolveram os documentos sendo que não nos pediram contribuição. Ufa! Mas toda vez que a gente vê os policiais ao longo da via, da a impressão que eles vão criar uma dificuldade qualquer para poder tirar uma grana da gente.

Teve ainda uma terceira vez que nos pararam, essa foi a mais estressante. Mandaram a gente parar em um cruzamento de rodovias. Paramos e o guarda veio e pediu os documentos. Enquanto eu pegava os documentos ele mandou um caminhão parar e ficou lá falando com o motorista. Aquilo demorou muito, acho que uns 15 minutos e ele simplesmente não fazia nem menção de voltar. O colega dele foi falar com o Daniel, olhou os documentos e perguntou sobre o reflexivo. A Bê falou para mim que o guarda estava questionando o Daniel sobre isso. Eu disse que a jaqueta era reflexiva. Na verdade o que ele queria é que tivéssemos aqueles coletes alaranjados ou verde-limão, para chamar à atenção. Não sei se são obrigatórios por lá, mas da próxima vez levaremos pois vimos muita gente de moto com eles, tanto na Argentina como no Uruguai. É bom se precaver.

O pior é que os argentinos andam sem nada, sem capacete, sem coisa alguma. Muitas vezes com a família inteira sobre a moto. Crianças e tudo, ninguém de capacete nem de jaqueta nem de sapato sequer. Mas estrangeiro é estrangeiro. Uma vez perguntei para um policial porque eles permitem que isso aconteça e me disseram que as pessoas são muito pobres e que não tem como cobrar isso deles.

Depois de quase 20 ou 25 minutos, o guarda que estava falando com o Daniel foi até aquele que inicialmente havia me pedido os documentos e que ainda estava falando com o motorista do caminhão e falou algo sobre os coletes e aí o cara disse para nos liberar. Ao final nem viram meus documentos. Não entendi o porque daquilo. Acho que o guarda queria que a gente perdesse a paciência.

Teve ainda um outro ponto em que um guarda nos parou, já fora de Entre Rios, estávamos em Santa Fé, a caminho de Venado Tuerto. Um guarda nos parou, também em um cruzamento de rodovias, e ao invés de pedir os documentos nos perguntou se estávamos levando hojas de coca. Pode uma coisa dessas? Eu fiquei meio estupefato e falei para ele que eu estava levando somente eu e a Bê mesmo. Aí ele foi fazer a mesma pergunta para o Daniel. Ficamos meio que de queixo caído. Mas nos mandou embora e não pediu mais nada, nem os documentos nem nada.

A gente vê que no Brasil já não temos mais como controlar os deslocamentos pelas estradas pois tem muito movimento, mas lá acho que é impossível alguém viajar de forma ilegal por mais de um dia pois os guardas não param somente os estrangeiros, param os argentinos também, não tem moleza não, param todo mundo.


Sistema de irrigação, muito comum onde passamos.
O dia continuava lindo. Vimos muita agricultura na Argentina, a coisa está mudando por lá. Algum tempo atrás havia apenas fazendas de criação de gado, acho que eles estão superando a crença de que agricultura é coisa de menina e estão tratando da questão financeira.


Bela paisagem com o Daniel na frente.
Pegamos um pouco de chão molhado no caminho mas chuva para refrescar nada e o calor era de 40ºC.
À tarde começou a chover, na verdade não era chuva, apenas o chão estava molhado. Não chegamos a pegar a chuva. Como por lá nunca chove, o chão acumula muito óleo e poeira, sendo assim, quando molha fica muito liso e perigoso, seguimos com muita cautela nesse pedaço.

A ponte que cruza o rio Paraná é muito bonita! Como o nome diz, é uma Obra de Arte Especial! O delta do rio Paraná é muito largo naquela região, mesmo que nessa época estivesse meio seco, vimos que a planície de inundação é muito grande. Quando digo grande é porque é muito grande mesmo, andamos por uns 20 km por regiões onde se via que o rio costuma visitar no período de cheia.


A maravilhosa ponte estaiada sobre o rio Paraná.


A minha artista consegue fotos impagáveis.


A Bê, o Daniel e a Ana Paula. Veja como ela está animada. Carinha de quem acabou de sair para dar uma volta, mas já tínhamos rodado, até esse ponto, cerca de 1.700km nesses dois dias de viagem.
Chegamos relativamente cedo em Venado Tuerto, local por onde nunca havíamos passado e que quando decidimos posar lá cheguei a ficar preocupado com a existência de um hotel na cidade. Vale lembrar que o traçado da viagem foi o de otimizar os trechos para que pudéssemos chegar o mais rápido possível em Bariloche pois tínhamos muito pouco tempo, logo Venado Tuerto acabou aparecendo devido muito mais à sua localização geográfica do que por qualquer outra virtude.

Passamos por fora de Rosário, evitando entrar pois é uma cidade muito grande e movimentada o que somente poderia nos atrasar e quando chegamos em Venado Tuerto ficamos impressionados, pois a cidade é grande e tem vários hotéis.

Acabamos ficando no Bahu Hotel. Havia um outro que nos pareceu melhor, mas quando chegamos lá um cara veio falar conosco dizendo que era motociclista e que já havia andado pelo Brasil todo, incluindo Manaus e Belém. Achamos a conversa interessante e o Daniel se animou com o cara.

A Bê e a Ana haviam ido ver se o quarto agradava, o preço era baixo, cerca de US$ 40,00, mas para utilizar o ar condicionado teríamos que pagar mais $3,00/hora (pesos argentinos). Achamos que estava de bom tamanho e ficamos. A Bê ficou meio chateada porque queria ter ido para o outro hotel, mas falou isso somente depois de já termos nos instalado.
 
Dia 28/12/2013 - Trecho Venado Tuerto - Embalse Casa de Piedra - 861 km


Acordamos cedo e tomamos o nosso café da manhã que estava muito bom, tinha café expresso e as famosas media lunas, manteiga, tortas, doces, geleias, etc. tudo na companhia do nosso anfitrião.

Depois quando fomos arrumar as bagagens na moto e ele foi junto. Quando dissemos que éramos de Curitiba e Florianópolis, onde eu estava morando agora, ele disse que tinha alguns conhecido de Curitiba, sendo que um deles era um conhecido meu, professor da UFPR e funcionário aposentado da Copel, que vou reservar o direito de não escrever aqui o seu nome. Disse, o nosso anfitrião, que uma vez ele estava retornando do Ushuaia e chegou em Venado Tuerto com o pneu traseiro acabado e ele foi atrás de um pneu, trocaram e tudo deu certo.

Saindo de Venado Tuerto, na esquina do Bahu Hotel onde ficamos.

Na esquina do hotel paramos para uma foto registrando o momento em que saíamos. Como haíamos abastecido as motos no dia anterior, seguimos direto para a estrada, com o GPS setado para Bariloche, pois achei que seria mais seguro do que indicar Embalse Casa de Piedra, que o GPS não encontrou. Em um posto em Gen. Acha eu ampliei o mapa do GPS e marquei o local como destino. Deu certinho, chegamos precisamente lá. A vantagem de ter o destino certo é que sempre se sabe qual a distância e o tempo faltante para chegar.


Que saudade me dá cada vez que olho para uma foto como essa.
Acho que nasci para rodar. Born to ride!



Por vezes acaba passando um carro. Não é muito comum mas acontece.

As estradas continuavam muito livres e com muito pouco movimento, por vezes cruzávamos com algum carro. Ao longo do caminho avistamos, ainda por algum trecho, plantações de girassóis como a da foto.


Plantações de girassóis. Vimos muitas plantações como esta.

Como estávamos no verão era época de colheita, imagino que do trigo, pois em alguns campos podíamos ver plantações de soja que ainda se encontravam muito novas, provavelmente com colheitas a serem realizadas mais para o outono. Na verdade não conheço qual o calendário das plantações naquela região.

Em vários locais ainda se pode encontrar fazendas de gado, mas visivelmente em quantidade muito menos que as plantadas.


O campo na Argentina está ficando parecido com o nosso. A diferença fica por
conta da irrigação, pois sem irrigação não creio que seja possível produzir.

Quando chegamos em Trenque Lauquén, uma cidade localizada já na província de Buenos Aires, que é uma província muito grande, o calor estava de fritar ovos no asfalto e ainda por cima eu estive o tempo todo vestindo calças de couro que o Juarez, meu primo de Campinas, me deu de presente, o que sem dúvida protege mas naquele calor cozinha os ovos.

Quando passamos por Rivadavia, o Daniel indicou que precisava de abastecimento. Olhei no GPS e vi que tinha um posto 20km para frente e sinalizei para ele. O que ele me contou depois é que ele havia visto uma bandeira YPF localizada fora da estrada na cidadezinha. Seguimos em frente. Quando chegamos ao posto indicado a moça nos informou que tinha combustível, mas que a bomba havia acabado de quebrar e não tinha como abastecer.

Aí a coisa ficou dura, porque a moto do Daniel estava com uma autonomia justa para chegar em Trenque Lauquén, com uma folga de uns 20km apenas. Seguimos a 80 km/h a fim de economizar combustível e quando chegamos ao posto o Daniel comentou que essa situação é muito estressante e que deveríamos evitar. Claro que concordei plenamente com ele, entretanto o posto que ele havia visto não estava no meu GPS e eu não entendi que ele havia visto o posto. Coisas que acontecem, mas conseguimos.

Paramos em um posto para abastecer localizado ao lado do Hotel Jonhson onde dormimos na volta. Continuava muito quente e eu precisava calibrar os pneus da moto. Quando estávamos para sair do posto parei no calibrador, o Daniel não quis calibrar os pneus da moto dele e voltou rapidinho para a sombra enquanto pedi para a Bê localizar onde estava o pino da roda e depois tive que me deitar no chão para poder calibrar. O trabalho é grande. A calça de couro ajudou muito para proteger do calor pois o chão estava muito quente.


Calibrar o pneu da moto não é muito fácil não. Tem que deitar no chão mesmo e
ainda por cima cuidar com o escapamento para não ganhar uma cicatriz. Em Trenque Lauquén.



Nossos companheiros de viagem com a sua Tiger 1200.



Com o calor os argentinos ficam morgando à sombra das árvores.

Os Argentinos adoram uma sombra de árvore. Acho que é um costume que vem do tempo em que não tinha ar condicionado, talvez, pois eles param e ficam tomando chimarrão na sombra. Como o verão por lá é muito quente creio que seja um hábito antigo.


Não podem ver uma sombra que param mesmo.



Bariloche estava a 952km e não iríamos mais a Bahia Blanca, onde passamos
quando retornamos do Ushuaia.



Estávamos em um dia quente mesmo! 106ºF = 41ºC, e ainda era cedo.



Passamos por muitos lagos que servem de apoio para a irrigação.

Passamos por muitos lagos que poderiam ser chamados de mares, pois não tem saídas para a água, que sai por evaporação apenas, a água evapora e o sal fica, logo, ao longo dos anos, séculos, milênios, forma-se um salar. Algo do tipo mar morto.


Alguns dos lagos do caminho são assim. Acabam se transformando em salares.
É que a água sai dele somente por evaporação e o sal fica.



Linda a estrada. Sobe e desce sem fim...



Mais salares.

Estávamos seguindo pela RN-152 para oeste, em direção a Bariloche. Mas em uma parada para abastecimento o Daniel me disse que colocasse Piedra de Águila como destino, pois deveríamos passar por lá para chegarmos em Embalse Casa de Piedra, onde deveríamos dormir naquela noite. Quando estávamos chegando perto do cruzamento com a RN-143 o trânsito estava parado em nossa frente. Seguramos e vimos que tinha uma blitz, ou algo parecido à frente.

Tudo bem, ficamos ali quietinhos esperando a nossa vez embora a vontade de passar na frente era grande, mas também isso poderia nos trazer problemas, pois não sabíamos o porque dos guardas estarem nos parando.


Gendarmeria parando a todos para alertar sobre as condições de um trecho da estrada
onde haviam muitos buracos. Ainda assim muito menos dos que temos por aqui. Para
ter ideia não caímos em nenhum.

Quando chegou a nossa vez junto ao guarda ele nos perguntou de onde vínhamos e para onde estávamos indo. Falamos que estávamos indo para Embalse Casa de Piedra e ele disse que infelizmente teríamos que ir por baixo mesmo. Nos instruiu que fôssemos pela esquerda no entroncamento que tinha alguns quilômetros à frente, continuando pela RN-152. Disse que teríamos que cuidar muito porque a estrada estava muito ruim mesmo. Em péssimo estado de conservação.

Ficamos preocupados. O Daniel disse que no ano anterior havia passado por esse caminho e a estrada estava boa, era um bom indicativo pois quem sabe a estrada não tinha se deteriorado em apenas um ano, já que por lá não tem assim tanto movimento.


As paisagens chegam a machucar de tão bonitas. Ao vivo então são demais.



O grande caminho sem fim e com pouco movimento. Delícia para qualquer rider...
Ao longo do caminho a estrada continuava boa, sendo que o mais perigoso foi o cruzamento através do qual o guarda havia dito que tomaríamos a esquerda, como o GPS estava indicando. Até que o "ruim" deles ainda não havia aparecido.



Os buracos que o guarda parou o trânsito para avisar.

Depois de alguns quilômetros vimos que começaram a aparecer buracos na estrada exigindo uma atenção muito maior de nossa parte entretanto ainda não chegava a ser tão ruim como as estradas ruins do Brasil, até que hoje em dia as estradas estão melhores, ao menos no sul, mas a cerca de 10 ou 20 anos atrás eram muito piores que aquela. Acabou que com cuidado não caímos em nenhum deles.

Presenciamos um fato interessante, em uma curva onde tinham alguns buracos a mais que o normal, além de maiores também, no acostamento tinham 3 carros parados com pneus furados por terem caídos nos buracos. Um dos carros que estava parado tinha um cara lidando com o pneu e a mulher dele estava tranquilamente sentada em uma cadeira de praia, com o guarda-sol armado e tomando chimarrão. Uma imagem que hoje me arrependo de não ter feito o retorno para poder fotografar.


Igrejinha de pedra em vilarejo ao longo do caminho.
Ao longo da estrada se via uma linha de transmissão de energia elétrica e mais à frente uma subestação, logo depois tinha um entroncamento. Meu GPS me mandava sair para a direita e depois virar novamente à esquerda em uma curva da estrada.
Seguindo reto a estrada se alterava para a RN 106 e nós prosseguiríamos pela RN-152. Neste local tinha uma lagoa maravilhosa localizada à nossa esquerda, era a Laguna La Amarga, gerando uma paisagem que não foi possível passar direto. Paramos sobre a terra do trevo, para podermos apreciar a paisagem do lugar. Incrível mesmo!
Paramos em uma derivação da estrada onde ao fundo tinha o Lago la Amarga,
salgado e enorme. Dá para ver o sal pela cor branca.




Daniel e Ana.

Nós 4 no trevo da 152 com a 106 e o Lago La Amarga ao fundo. Lindo!

Nossos companheiros indo na frente pelo caminho que eles já haviam passado
no ano passado.
Após o trecho esburacado, cerca de 50 km, a estrada acabou melhorando muito e voltando ao normal das estradas argentinas como dá para ver na fotografia acima. O dia estava acabando e estávamos conseguindo cumprir com o nosso planejamento pelo terceiro dias seguido mesmo tendo sido três dias muito fortes. Fomos capazes de realizar a tarefa e mais ainda, com muita competência, alegria e satisfação. Sendo que o principal era o prazer de estarmos lá.
A imagem da chegada em Casa de Piedra é de tirar o fôlego!
Chegamos em Embalse Casa de Piedra ainda era dia, enchemos o tanque das motos no posto e fomos até o hotel ao lado do posto. As meninas se anteciparam e pegaram os quartos. Descarregamos algumas bagagens e fomos passear pelo lugar. Descemos até a beira do lago para tomar uma cerveja. A ideia geral era comprar uns queijos e um vinho e fazer um jantar maravilhoso e diferente.

O Restaurante e Bar que não podia nos servir por ter uma reserva de uma turma de formandos. Arquitetura típica do lugar.
Quando passamos pelo mercado do camping o mesmo estava fechado, já não tinha onde comprar nosso jantar. Conversamos com um cara que estava cortando a grama da casa de hospedagem dos colegiais e ele disse que tinha um Bar e Restaurante na orla do lago. Descemos até lá para ver se tinha alguma coisa para comer e uma bela Quilmes, muito gelada, para tomar.


Chegamos em Embalse Casa de Piedra. Um lugarejo inacreditavelmente acolhedor. Nada como umas Quilmes litro para tirar a poeira da estrada e relaxar no pôr do sol.


Mais um dia com a nossa missão perfeitamente cumprida. Tudo correndo conforme planejado.



O relaxamento chegando à beira da indecência. Hahahah.

No Restaurante e Bar não poderíamos jantar pois estava reservado para um encontro de final de ano de alguns amigos de faculdade do passado. Pedimos 2 Qilmes de 1 litro e fomos até o deck do lado de fora para tomar. Realmente estava estupidamente gelada, como costumava dizer meu pai, que saudades!

Dali mesmo assistimos ao maravilhoso por do sol com o qual fomos presenteados e que por do sol foi aquele.




A tentativa...

O acerto... hehehe
Se na foto ficou bonito assim imagina ao vivo como é que foi a experiência.


O lugar é muito bem organizado. Tinha o camping gratuito, sem cobrança de taxas, a casa dos colegiais, onde o prefeito estava cortando a grama, que era um hotel muito maior que aquele que estávamos hospedados, casas para aluguel e casas de proprietários privados além de terrenos à venda.

Um lugar perdido no fim do mundo com uma infraestrutura incrível. Tudo muito conservado e pintado, com telhados pintados e verde, azul ou preto.


Voltando da beira do lago para o Hotel caminhando sobre o famoso rípio da
Região Patagônica.

Depois que o sol se pôs a gente voltou para o posto a fim de encontrar alguma coisa para comer. Pensamos que teríamos que comer alguns salgadinhos de pacote mas até que tivemos uma excelente surpresa quando chegamos ao posto. Eles tinham uma lanchonete que servia as famosas milanesas. Que é um bife à milanesa servido com salada e pão. Acabamos não tomando o vinho mas apenas água e refrigerantes mesmo. Papeamos e rimos um pouco, trocamos algumas ideias sobre o dia seguinte e nos recolhemos para dormir.


Vale frisar que haviam muitos turistas dormindo no hotel juntamente conosco além de algumas barracas no camping também.

Dia 29/12/2013 - Trecho Embalse Casa de Piedra - San Carlos de Bariloche - 590 km


Pela manhã tomamos um café da manhã até melhor do que esperava e saímos do Hotel para seguirmos adiante até Bariloche. Nesse dia começava o dia de passeio, pois teríamos uma série de locais ainda mais bonitos para presenciarmos, então, a partir desse dia a gente iria rodar um pouco mais do tipo passeio e um pouco menos do tipo deslocamento de distância, ou seja, rodaríamos pouco menos de 600km nesse dia.

Entrada da Vila Embalse Casa de Piedra.


A saída de Embalse Casa de Piedra já é uma imagem maravilhosa, cruzamos por cima da barragem e vimos a tomada d'água, casa de força, subestação e vertedouro, o nível de água estava baixo, assim como em todos os lagos da Argentina, pois nesse período há uma seca, inclusive com muita falta de luz.

Depois da barragem a paisagem foi se tornando ainda mais desolada, ou seja, a vegetação ficou ainda mais rala e rasteira em um terreno muito arenoso e pedregulhoso.


Não sei se algum me acostumarei com essa paisagem, toda vez que vejo me cala na alma.


Chegando em General Roca com falésias ao fundo.
É incansável para nós admirar esse caminho.
Andamos pela RN-6, pois a 152 simplesmente se transforma na 6 sem muita lógica, creio que ela se tornou possível com a construção da barragem. Depois de 115km chegamos em Gen. Roca, a partir de onde seguimos pela direita, agora pela RN-22, em direção a Neuquén, Província de mesmo nome, no oeste da Argentina.

A visão da entrada da cidade não foi muito promissora, pois havia um grande depósito de lixo, ao menos era o que parecia, com muitas pessoas catando objetos que poderiam ter para elas algum valor. Muitas pessoas estavam empurrando carrinhos de carrinheiros, semelhante aos que vemos aqui no Brasil, nas grandes cidades, coletando papéis e papelão. A pobreza por aquela região parece que é grande e a população está sofrendo assim como a nossa.

Mas em seguida cruzamos um canal de irrigação, grande e revestido de concreto, evitando as perdas de água para as terras áridas da patagônia o deixaria o canal seco em poucos quilômetros.



 Existem muitas cidades próximas a Neuquén, que parece ser o centro comercial da região. Todas com sistemas de irrigação com fazendas loteadas em pequenas áreas, que pareciam ter algo como 1ha produzindo principalmente frutas.

Quando passamos por uma caminhonete estacionada na beira do caminho, já em Neuquén o Daniel e a Ana pararam e acabamos voltando por um caminho de terra até a caminhonete. A Ana foi até lá e comprou 2sacos de cerejas deixando 1 conosco.

Caramba! Que delícia a cereja fresca e ainda por cima bem fresquinha. Claro que quando voltamos, passamos por aquele mesmo lugar e compramos novamente as cerejas para comermos.

A caminho de Neuquén em uma zona conturbada com muitas fazendas frutíferas.


Pareciam ser macieiras à beira do caminho.

Entrada em Neuquén, mudança apenas na placa.

Cenas típicas de Neuquén.

As maravilhosas cerejas. No posto acabamos de comer todas.
Paramos em um posto YPF para abastecer as motos e comer alguma coisa. As cerejas que a Ana tinha comprado estavam uma delícia, acabamos almoçando cerejas mesmo. Tomamos um café e seguimos em frente. Achei interessante que um rapaz chegou perto de mim dizendo que também gostava de viajar de moto e dizendo que deveríamos ter cuidado pois no caminho de Bariloche, por ser uma época de férias, encontraríamos muito movimento.

Fiquei pensando o que seria considerado muito movimento para ele, pois para nós brasileiros, andar por aquelas estradas é um verdadeiro abandono, quando comparamos com as nossas. Agradeci e comentei com ele que estamos acostumados com estradas muito movimentadas aqui no Brasil mas que iríamos cuidar mais que o normal devido ao movimento.

Saímos de Neuquén ainda pela RN-22 e depois pela RN-237 e logo no início da represa Ezequiel Ramos Mexia nos deparamos com a Villa El Chocon, onde a grande atração é relacionada com os dinossauros. Demos uma entradinha em um largo lateral da estrada a fim de ver se tinha algo interessante mas acabamos seguindo em frente. Nesse largo tinham alguns motociclistas brasileiros parados também, creio que fazendo o mesmo que nós.


Villa El Chocon - Parada para ver a represa Ezequiel Ramos Mexia. Terra dos dinossauros.


Vista da Represa Ezequiel Mexia. A cor da água é muito especial.

Obelisco curioso na entrada de Picun Leufu.
De Picún Leufú até Piedras del Águila tínhamos um caminho de 95km pela frente. Lá em Piedras del Águila pretendíamos almoçar um sanduíche que, segundo o Daniel e a ana que já conheciam o caminho, tinha um posto com uma lanchonete da melhor qualidade que fazia uns sanduiches fenomenais.

O que não imaginávamos é que pegaríamos um bom vento nesse trecho ainda. Eu acabo sempre me esquecendo de que estar na Patagônia, significa que entre 2 e 6 da tarde tem vento, quase invariavelmente, sendo que das 3 às 5, normalmente os ventos são mais fortes. Claro que não se pode pensar nos ventos que conhecemos aqui no Brasil, pois esses não são nada parecidos com os ventos que tem na Patagônia, nem mesmo os ventos observados nos temporais que destroem tudo, ainda assim não são iguais, pois normalmente duram muito pouco tempo e raramente passam dos 90 km/h.

O vento nos pegou no caminho para Piedras del Aguila, frontal com cerca de 60 km/h.

Como tinha uma pequena componente lateral, dá para ver que a moto do Daniel estava inclinada.
Andar de moto no vento exige uma certa perícia e conhecimento, depois que se aprende fica relativamente fácil, embora sempre estressante, mas é claro que quanto maior o vento mais perigoso fica e ainda, quanto mais lateral e forte o vento, mais complicado fica.

Comendo um belíssimo sanduíche em Piedras del Aguila.
Como o Daniel vinha dançando muito na pista, denotando que a técnica que ele estava utilizando para andar no vento não estava nada adequada, quando chegamos em Piedras del Aguila, comentei com ele que ele estava dançando demais na pista, indo de um lado para o outro e que isso estava me parecendo muito perigoso.

Comentei com ele que o danado não havia lido este blog, pois senão, teria ao menos lido as dicas que eu dou sobre como pilotar no vento, ao menos aquelas que eu mesmo desenvolvi para sobreviver no vento que pegamos no ano anterior quando estávamos no sul da Patagônia indo para Puerto Natales.

Em Curitiba puxei o assunto com ele sobre a questão de dirigir no vento e ele me disse que eles tinham pegado um vento muito chato no ano anterior quando foram por esse mesmo trajeto. Comecei a falar sobre a minha experiência na tentativa de repassar a minha experiência para ele, mas ele me disse que já tinha aprendido no ano anterior.

Claro que não precisou nada para ver que no ano anterior eles não haviam pegado vento, por muita sorte, pois ali estávamos com um vento de 60 km/h, no máximo, vindo de proa, com não mais de 5º de lateralidade e a moto dele não ficava na reta de forma alguma.

Primeiro ele não acreditou que o vento vinha de frente pois achava que vinha de lado, e que era muito forte, sendo que se continuasse assim ele não poderia seguir em frente, com o que concordei imediatamente, pois daquele jeito eu ele estava andando não tinha como andar com segurança.

Mas como santo de casa não faz milagres, não teve jeito de ele me escutar e buscar entender o que eu queria transmitir para ele, até que chegaram dois casais de São Paulo, que vinham com motos GS 1220, praticamente idênticas à dele e muito diferente da minha, que ele dizia que a minha técnica se aplicava para a minha moto que teria uma aerodinâmica muito melhor que a dele.



O mais gordinho dos dois que chegaram era um cara muito animado, quando nos viu ali sentados já chegou dizendo em alto e bom tom: " Adoro vento de proa, quero ver quando ele vier de lado para poder me divertir".

Olhei para o Daniel rindo, pois o Dani ficou muito surpreso com o que escutou, afinal o vento era de frente e ele não estava lendo certo. Aí ele foi conversar com os caras e quando voltou começou a me ouvir, afinal parece que tinha algo de razoável no que eu estava dizendo. Expliquei para ele como eu fiz para tocar no vento quando ele me pegou no sul e como aprendi instantaneamente a dirigir soltando o corpo para que a moto ficasse mais firme no lugar, aumentando a velocidade para que o vento ficasse com maior componente de frente e cuidando quando aparece um outro veículo que cobre o vendo fazendo com que você seja "sugado" pelo mesmo devido ao efeito de eliminação do vento por aquele instante.



Quando saímos de volta para a estrada o vento havia aumentado, de forma que antes de Piedras del Aguila eu estava dirigindo a moto com uma mão só no guidão, digamos que naturalmente, como se nem tivesse vento, mas depois que saímos, como eram mais de 3 da tarde, o vento aumentou muito de intensidade, chegando a aproximadamente uns 90 km/h, o que já é um vento respeitável, e eu não me sentia de forma alguma em andar com uma mão só, tive que utilizar as duas mãos e tomar muito cuidado, principalmente quando a estrada faz curvas e o vento acaba te pegando de lado em alguns trechos.

O movimento aumentou depois de Piedras del Aguila e o Daniel sumiu na frente.

Muito movimento e o Daniel estava na frente, muito que desgarrado, animado pelo jeito por aprendido a andar no vento.

O Daniel se animou e começou a andar lá pelos 140 km/h, se esquecendo de que outro perigo que enfrentamos nas viagens longas de moto é a velocidade, vindo a colocar a gente em uma situação que pode acabar sendo perigosa. Mas tudo bem, ele estava muito mais confiante e parece que as dicas acabaram proporcionando que ele aprendesse a andar no vento.

Ao final do dia foi muito difícil de convencê-lo de que o vento havia almentado pois ele insistia que tinha diminuído. Pra ver como aplicando-se as técnicas corretamente a coisa realmente fica muito mais segura, sendo que ele nem acreditava que tinha passado pelo passou com um vento muito menor que o que se apresentou depois.
Trecho da rodovia que vai para Bariloche pela ponte ao fundo e, seguindo pela margem do lago, San Martin de Los Andes.
Quando se chego em uma localidade chamada Corral de Piedra a RN-237 chega na RN-40, a famosa Ruta que cruza a Argentina pelo oeste de norte a sul, sendo que em alguns pontos está asfaltada e em outros não.

Seguindo pela direita, ou seja, não cruzando o lago pela ponte, segue para San Martin de Los Andes, lugar que confesso tenho muita vontade de conhecer, mas aí precisaria um pouco mais de tempo, e cruzando a ponte o caminho leva par Bariloche e esse foi o caminho que tomamos, mas não sem antes parar para umas fotos tiradas em cima da ponte, pois o local é mesmo muito mágico além de lindíssimo.

Parados em cima da Ponte na RN-40, indo para Bariloche.

Nossas maravilhosas, corajosas e lindas companheiras.
Teve um argentino com sua família que perguntou se eu queria que ele tirasse a foto de nós quatro, claro que aceitei e depois tirei uma foto da família dele também.


A paisagem geral era essa, ainda sobre a ponte.
Subida do morro após a ponte.

Vista do Embalse Alicura, já não tão longe de Bariloche.


O lugar e a paisagem realmente desperta o amor...





Ao fundo é possível ver que o vento não dava trégua.



Subindo para a cabeceira do lago Alicura, que o tempo todo estava à nossa esquerda.
Chegamos em um local onde no passado devem ter ocorrido intrusões de rochas magmáticas entre as falhas de uma rocha sedimentar mais fraca que existia na época no local. O resultado, depois de muito anos, coisa de milhões, como sempre se mede o tempo geológico, a rocha sedimentar foi sendo erodida pelas intempéries e a rocha ígnea, por ser muito mais resistente ficou menos erodida. O resultado disso foi o que vemos nessas fotos.

A rocha ígnea mais resistente acabou formando colunas das mais variadas formas, conforme podemos ver. Claro que uma delas se chama "O dedo de Deus", nem podia ser diferente.

A moto inclinada do Daniel dá uma ideia do vento.

E o vento comendo solto. A paisagem fica muito estranha com essa quantidade de poeira.

Posto da ACA localizado às margens do rio Traful, onde paramos para um café e a galhada do Daniel. Heheh.
Chegamos a um Posto de gasolina da rede ACA, que é Associacion de Coches de Argentina, algo parecido com o Touring Club do Brasil, mas somente quem é mais antigo é que pode se lembrar disso.

O vento estava muito forte e para andar do lado de fora a gente era literalmente chicoteado pela areia trazida por ele. Quando do lado de fora eu tirei e tive que recolocar o capacete para me proteger.

A quantidade de cinzas do Vulcão Puyehue, que entrou em erupção em 2011, localizado no Chile, na região da Cordilheira dos Andes, ainda é muito grande e se pode ver uma grande quantidade de cinzas acumuladas ao longo do vale desse rio chamado Traful.
Nós quatro tomando o nosso merecido café para revigorar o espírito que estava em festa.

Aí está o Daniel e a sua galhada. A Ana não soube explicar o que estava acontecendo. Hahahaha.

As formações continuaram por mais um trecho ainda.

Canoagem ao longo do rio Negro.
Continuando rumo a Bariloche, à nossa esquerda apareceu um rio de águas escuras, muito destoante da maioria das águas tem tem nessa região, quase todas oriundas de degelo e por isso de coloração muito esverdeada.

Quando chegamos em um ponto do rio nos deparamos com muitos barcos descendo o rio, aparentemente com turistas. Os argentinos adoram esportes náuticos, não podem ver uma poça d'água que lançam um bote. Por esse motivo existem tantos carros nas estradas com botes sobre os carros ou mesmo em reboques.

É possível entender o porque da existência de lugares como esse, Casa de Piedra, onde havíamos dormido e Villa Carlos Paz, onde passamos no passado. A pressão do turismo local é muito grande. A maioria dos turistas pelos quais passamos era argentino mesmo.

Início do rio Negro, nascendo do Lago Nahuel Huapi, que banha Bariloche.
O tempo estava querendo mudar. A temperatura, na verdade já tinha mudado, pois devia estar na casa dos 8 a 10ºC, para quem no dia anterior estava na casa dos 40 não é mole não! Sobre o Lago Nahuel Huapi, que banha Bariloche e que tem dimensões enormes, víamos um temporal se armando, ainda bem que estávamos chegando em Bariloche, que era o nosso primeiro destino principal depois de 4 dias de viagem.

Para mim foi inexplicável a satisfação de chegar em Bariloche. Quando minha irmã casou, em Agosto de 1973, eles vieram para esse lugar de lua de mel e voltaram contando maravilhas, que tinham comido fondue, das lareiras, do frio, do esqui, das comidas e bebidas, etc.  Depois ainda eles voltaram mais algumas vezes, falando dos lagos e de quando foram até o Chile por um caminho parte em estradas e parte embarcados.

Esse fato sempre me deixou muito curioso para conhecer o local. Infelizmente até esse momento ainda não tinha tido a oportunidade de vir e agora, quando aqui chegamos, eis que estamos de moto. A emoção que senti foi muito forte quando li as placas de "Bienvenidos a San Carlos de Bariloche". Mais uma vez, essa vida de motociclista me propiciando viver uma emoção forte.

Além de ficar arrepiado confesso que os meus olhos chegaram a ficar molhados de emoção naquele momento. Esse tipo de coisa é que não tem dinheiro que pague, viver emoções que nunca sonhamos viver. Me lembrei de quando chegamos no Estreito de Magalhães. Foi algo muito parecido com isso.

Placas de Bienvenido na chegada da cidade de Bariloche.


O vento continuava forte deixando o lago cheio de cristas brancas.

A Bê na janela do nosso quarto no Hotel Três Reyes em frente a Marina de Bariloche.
 Entramos na cidade e fomos direto para o Hotel Três Reyes, onde tínhamos feito a nossa reserva já a algum tempo para evitar de não acharmos lugar pois Bariloche é um centro turístico muito procurado.

Haviam muitos estudantes na cidade, todos argentinos, eles saem para viajar nas férias, organizados em turmas de formatura ou algo assim. Um costume muito legal, acho que no Brasil esta cultura também está se instalando.


Vista da Marina em frente ao Hotel.
Depois de nos instalarmos no hotel e tomarmos um banho para relaxar, descemos para jantar. Pesquisamos algum local e acabamos indo no famoso El Boliche de Alberto, um restaurante muito tradicional na cidade. Estava lotado e tinha uma fila de espera de mais de meia hora, nada que fosse de mais, mas aí um pessoal, brasileiros, que estavam ali na fila também, disseram que tinha um outro restaurante também muito bom virando a rua de cima.

Eu e a Bê ficamos esperando e o Daniel e a Ana foram dar uma olhada no lugar. Voltaram dizendo que o local era muito bom e que já tinham deixado uma mesa reservada para nós. O local se chamava Jauja, que na língua dos índios daquela região significa "Lugar de muita prosperidade".

Realmente o restaurante era muito bonito e tinha peixe e carne, ou seja, podia agradar a todos os gostos já que o Daniel não come carne mas come peixe.


Nós quatro no Restaurante Jauja.
A Bê, a Ana e eu comemos um bife de chourizo e um cordeiro patagônico compartilhado. O Daniel pediu uma truta que estava muito boa também, como eles tem muita água gelada existe muita truta na região. Ao final ninguém se animou a tomar vinho e acabamos tomando foi água mesmo. Quando se fica muito cansado a bebida alcoólica parece que não cai bem, pois já estávamos permanentemente meio desidratados. Mas tudo bem, tudo era festa, pois ao retornar ao hotel não resistimos ao drinque que ganhamos de brinde, ou seja, de graça até injeção na testa. hehehe. Mas que estava bom estava, embora tomamos muito devagar.

De volta ao hotel Três Reyes tomando um merecido drinque antes de dormir. As fisionomias eram de cansaço mesmo.

Meu amor não resistiu a uma foto sentada em uma cadeira de Bispo Medieval.


Dia 30/12/2013 - Trecho San Carlos de Bariloche - Frutillar - 305 km


Agora sim estávamos passeando e conhecendo os locais, pois até o dia anterior estávamos rodando, o que é muito bom também, mas agora era diferente, pois desde o dia anterior quando saímos de Casa de Piedra, estávamos passeando.

Levantamos depois de uma noite muito bem dormida para um café da manhã muito bom do Hotel, o plano era ir até o Cerro Catedral, onde o Daniel e a Ana queriam nos levar para ter uma visão geral da cidade de Bariloche, bem como dos lagos, arredores e demais maravilhas da região. Não adianta pensar que é à toa que o local é tão procurado, é que o danado é bonito mesmo!


Nós dois no salão do café da manhã. Em frente ao Logo Nahuel Huapi.
Depois do café, fizemos o check out, pois sairíamos para um passeio por Bariloche e depois já seguiríamos em frente para Villa La Angostura e Chile, cruzando pela Cordilheira dos Andes novamente, só que agora por um local novo, por onde ainda não havíamos passado. O Daniel e a Ana já haviam ido por esse caminho no ano anterior, por isso mesmo eram nossos cicerones.


O passeio por Bariloche foi muito bacana, a cidade é antiga e tem muito charme. Um charme de certa forma antigo, pois a maioria das casas e prédios já são de anos atrás, pois o local é turístico a muitas décadas.






De maneira geral a cidade é super bem cuidada, como sempre não se
sente cheiro de esgoto ou de lixo em local nenhum e tudo é muito limpo e conservado.

O dia havia começado muito nublado e com uma garoa que parecia que poderia complicar o nosso passeio, mas conforme as horas avançavam as nuvens foram se dissipando e o tempo melhorou de sorte que quando saímos do hotel já tinha sol.

Fomos margeando o lago, admirando a paisagem das casas, prédios e do lago, o vento estava muito mais ameno que no dia anterior. Quando chegamos ao local de onde sai o teleférico que sobe no Cerro Catedral o mesmo estava sendo colocado em movimento, sendo que ainda estavam limpando e enxugando as cadeiras e em breve começaria a operar. Que sorte! Realmente tudo estava dando muito certo em nossa viagem. Desde o início, Deus estava ao nosso lado cuidando para que nada saísse errado ou de seu curso esperado.

Nós na fila do teleférico do Cerro Catedral.
Eu e a Bê nunca tínhamos subido em um banco de teleférico como aquele, sei que é muito comum em qualquer lugar onde tem uma estação de esqui, ams como também nunca esquiamos, tínhamos que aprender a subir na cadeira. O rapaz nos deu uma rápida explicação dizendo para ficarmos de costas um para o outro e quando a cadeira chegasse era só pegar no braço com a mão e se sentar tranquilamente e sem pressa. Fi o que fizemos e deu muito certo para nós dois. Mais um aprendizado. Hehe.

Estávamos muito emocionados em estar naquele local maravilhoso.

Vista geral do teleférico.

Pela carinha dá para ver que a Bê estava mesmo emossionada.

Vai dizer que não. Olha de novo!

O Daniel e a Ana vinha na cadeira logo atrás de nós. Acho que ele estava com sono.

Essa é realmente a vista que tivemos lá de cima. Não é uma foto de um cartão postal.
Quando chegamos lá em cima e descemos maestralmente da cadeira, fomos até um ponto de mirante. Incrível a visão que tivemos. Realmente inacreditável! Muitos lagos e montanhas espalhados em uma paisagem de tirar o fôlego. O vento lá em cima era muito forte, creio que na casa dos 50 a 60km/h, além de um tanto frio, cerca de 6ºC, mas como estávamos com roupas de moto não se tornou desagradável.

Para todos os lados a paisagem era muito 10! Na ilha, do lado esquerdo da foto, dá para ver um bairro de casinhas muito simples, de tirar o fôlego!

As nossas meninas estavam em estado de graça. Acho que nós meninos também estávamos.
A Ana estava muito feiz por ter dado certo de nos levar lá em cima do Cerro Catedral, pois no ano anterior eles tinha ido até lá e ela havia se proposto a nos levar até lá. Que bom que deu certo, pois nós também gostamos muito de poder apreciar aquela paisagem.

Entramos no café que tem lá no topo do morro, tomamos um café e comemos um pedaço de um bolo de frutas que estava muito bom, além de água para abastecer o corpinho.

Na loja de lembranças não resistimos e compramos um gorrinho para o Bernado e mais algumas lembrancinhas de Bariloche, incluindo pins.

Descemos o Cerro Catedral, novamente pelo teleférico, pois agora já éramos experts no tema, pegamos as motos e seguimos novamente em direção à cidade de Bariloche por onde passaríamos, tomando novamente a Ruta 40, no sentido inverso ao do dia anterior, circulando o lago Nahuel Huapi em direção a Villa La Angostura, que segundo todas as informações que havíamos recebido era um lugar paradisíaco.

O Daniel havia nos dito que era uma cidade muito parecida com El Calafate, sendo assim, seria realmente um lugar muito agradável e arrumado. O nosso plano era almoçar lá. Eu estava preocupado em achar para a Bê o tal do cordeiro patagônico, mas aquele que é assado no fogo de chão, do tipo da costela de fogo de chão que os gaúchos fazem e é muito boa, mas o cordeiro patagônico é o que há de especial.

Como a Patagônia é um local de vegetação muito escassa e pequena, creio que de baixa caloria para os animais, a pecuária que existe é apenas a chamada pecuária menor, ou seja, carneiros e cabritos, etc. O carneiro criado na Patagônia é muito mais magro que aquele que conhecemos aqui, logo tem muito menos gordura e um sabor muito diferente também. Em El Calafate, tivemos o prazer de provar o cordeiro patagônico feito no fogo de chão e estávamos com muita saudade de comer novamente este prato.

Estava frio e novamente começou a garoar no caminho para Villa La Angostura, a estrada é estreita e movimentada, com o piso molhado estava perigoso, por isso fomos muito devagar, mas quando chegamos foi uma visão e tanto! A cidade é mesmo muito parecida com El Calafate e é uma beleza de lugar.

Avenida central de Villa La Angostura.
A Villa é turística e tem praticamente a avenida central com mais uma ou duas ruas paralelas. Ao longo da avenida se encontram uma quantidade muito grande de lojas e bancos, restaurantes, lanchonetes, bares, hotéis. hostels, etc.

É um lugar maravilhoso. O que me chamou a atenção logo de cara foi a bay window em uma churrascaria que é onde se assa o cordeiro patagônico. Internamente eu já havia escolhido o nosso local de almoço e realmente foi lá onde acabamos indo almoçar. Graças a Deus! A comida estava muito boa, embora já tivesse passado da hora de maior movimento de almoço.
Eu gostei muito da Villa La Angostura. Fantástica!



Pioneros - Parrilla Patagônica, lugar onde almoçamos.

Aguardando pela nossa mesa e tirando as roupas de frio e de chuva.

Aí está o local onde eles assam o cordeiro no fogo de chão.


Após o almoço, caminhamos um pouco passeando pelas lojas, comprando papel de fumo para os cigarros do Daniel, fumo mesmo, depois tomamos um café e seguimos até as motos que estavam paradas relativamente longe do restaurante, coisa de 2 a 3 quadras.
No final da avenida, seguindo na direção da fronteira, tem um posto grande YPF, onde fomos para abastecer, entretanto não tinha nafta, que é como eles chamam a gasolina. O frentista nos informou que cerca de 2km em frente pelo caminho onde iríamos tinha um outro posto. O Daniel foi na frente e eu fiquei esperando a Bê que tinha ido ao banheiro no YPF.

Nos encontramos no outro posto, onde infelizmente, tivemos que pagar com dinheiro mesmo, pois não aceitava cartão. Vale observar que nessa viagem, assim como nas demais, a maioria dos postos aceitava cartão de crédito para o recebimento da gasolina, houveram algumas poucas exceções, por esse motivo é sempre bom ter moeda do país para emergências, mas na maior parte dos casos é possível realizar o pagamento com cartão.

Dessa vez consegui com um pouco mais de facilidade sacar dinheiro nos caixas eletrônicos de bancos na Argentina. Acho que estou aprendendo a operar os caixas.




Tomamos o rumo da estrada que vai através da Cordilheira dos Andes. Mais uma emoção nos aguardava, pois é sempre uma emoção cruzar os Andes ao menos para nós é. Estava garoando e a temperatura estava muito próxima de 0ºC, pelo termômetro da moto, que mede em graus Farenheit, a indicação era de 0 a 2ºC, como quando faz frio existe o risco de gelo na pista, e por todo lado se via placas avisando para cuidar com gelo na pista o torna a pista simplesmente intransitável, ainda quando é gelo ainda pode ser possível andar, mas quando é gelo não tem jeito, nem de carro é possível andar sem correntes.

Esse caminho que liga a Argentina ao Chile, tem o nome de Paso Cardenal Samoré.

Chegamos à Aduana Argentina que fica relativamente longe da Aduana Chilena, existe um trecho de muitos quilômetros entre uma e outra e a fronteira entre os países acontece no meio desse caminho. Cruzamos a fronteira e o que chamou a atenção é que a estrada estava em estado de conservação razoável, não tão boa quanto nos demais locais, nem sei se não seria por causa do frio que congelando a água dentro do pavimento lhe reduz em muito a vida útil.

Saímos da Argentina sem problemas, a menos do movimento que sempre incomoda um pouco nessas fronteiras e seguimos em diante. Ao longo do caminho víamos muita neve aos lados, cobrindo praticamente todos os morros que víamos. Não conseguíamos ver longe devido à forte neblina, mas para todo lado a paisagem se apresentava branca.

Às margens da estrada haviam montes escavados e arrumados de material removido da pista, como se fosse um corte da estrada, entretanto o interessante é que parecia acompanhar todo o trajeto, ainda era possível ver que as árvores estavam se as folhas. Pensei que pudesse ser por causa do frio, mas aí me toque que se no verão elas não tem folhas devido ao frio quando é que teriam?

Fui com essa ideia na cabeça. Depois o Daniel me falou que todo aquele material que vimos empilhado às margens da estrada era cinza do Vulcão Puyehue, que entrou em erupção em 2011 se não me engano. Mas é muita cinza mesmo! Aí entendi que as árvores provavelmente estavam morrendo devido a alguma condição promovida pela cinza, tal como acidez excessiva ou outra condição que eu não faço ideia.


Passamos a Aduana Chilena, o que não foi difícil, mas que tem sempre um questão relacionada com a revista das bagagens, inclusive com cachorros que vem cheira para ver se existe algum transporte de drogas. Mas eles ficam de alerta com frutas também.

Depois que o guarda nos liberou a Bê me disse que tinha ficado uma maçã na bolsa lateral onde levamos água para beber durante a viagem e que tem um compartimento para guardar coisas. Embora ela tenha me dito para ficar quieto eu achei melhor pegar e dizer para ela comer ali na hora ou a gente jogaria fora. Eu particularmente acho que correr riscos com coisas tolas como essa não vale a pena e recomendo a todos com quem falo que dar uma de esperto na casa dos outros é no mínimo burrice, sua casa, suas regras. Dar uma de esperto normalmente acaba gerando mais problemas que soluções.

Passada a fronteira já na parte mais baixa dos Andes, não estava mais tão frio, entretanto no ponto mais alto do cruzamento chagamos a 1.300m de altura, o que é muito pouco quando comparado com demais pontos por onde cruzamos a cordilheira anteriormente, entretanto como está localizado muito mais ao sul, acabamos pegando temperaturas muito baixas mesmo assim.

Quando chegamos na região mais plana e baixa no Chile, a caminho de Osorno, as temperaturas estavam muito agradáveis e o céu ficou novamente azul. Chegamos ao Lago Puyehue, onde paramos para apreciar a paisagem que realmente é de tirar o fôlego.

Vulcão Puyehue em erupção - 2011. Já pensou estar vendo isso ao vivo?
O Chile é um país lindíssimo, com suas fazendas e seu povo simples mas que tem muita responsabilidade social e com o meio ambiente. Não essa babaquice que temos aqui no Brasil, de ficar agitando bandeiras contra as hidrelétrica e querer tomar banho quente todos os dias, é uma consciência diferente, uma cultura muito mais presente nas decisões e na forma como o povo se apresenta. Primeiramente podemos ver que muitos são pobres, mas que poucos, ou nenhum dos que encontramos, são ignorantes.

Um povo alfabetizado e bem educado, que sabe como se comportar e como conversar. Com um posicionamento de uma esquerda muito diferente daquela que temos visto aqui no Brasil, que só tem mesmo interesse em se beneficiar e com o poder, sendo que as revoltas que vemos no Brasil, infelizmente me parecem ser fruto muito mais da inveja do que do desejo sério e ardente de termos um país de fato melhor.

Bem, esses assunto de política não deveriam estar nesse foro, tendo em vista que aqui desejo registar as nossas experiências com a viagem, mas, de qualquer forma, já me contradizendo, essa foi novamente uma das experiências que tivemos.

Passamos pela localidade de Puyehue, um lugar com muitos campings localizados às margens do lago de mesmo nome, infelizmente em nenhum momento conseguimos avistar o vulcão.


Chegando próximo à cidade de Osorno, seguindo pela Ruta 215, nas cercanias da cidade cruzamos com uma autopista maravilhosa, a Panamericana Sur, que é a Ruta 5, que desce para o sul do Chile. Pista dupla e excelente qualidade, pelo que vimos duplicada a pouco tempo.

O GPS é um caso complicado, ele me mandava realizar uma manobra que na verdade não tinha mais pois o mapa estava desatualizado com o novo trevo que havia sido construído com a duplicação da via. Bem errei na primeira entrada quando deveria ter passado por cima da via para pegar o sentido sul. O Daniel viu mas veio atrás de mim, entretanto, logo à frente tinha um retorno que no meu GPS não aparecia como retorno, bem nesse o Daniel saiu e eu parei no acostamento logo depois da bifurcação pois vi que ele não veio atrás de mim.

Filho da mãe! Quando se viaja junto esse tipo de coisa é complicada de se lidar, pois sem telefone no meio do caminho não tínhamos um ponto de encontro. Eu tentei puxar a moto para trás mas não dava por ser uma subida e a bichinha é pesada! Bem não tive alternativa senão seguir em frente depois de esperar para ver se ele retornava por cerca de 5 a 10 minutos que me pareceram 1 hora.

Conversamos eu e a Bê sobre a questão. Ao final, caso eles não estivessem nos esperando em algum posto ou outro local ao longo do caminho, ambos conhecíamos o nome do Hotel onde ficaríamos na região baixa de Frutillar, o Hotel Elun. Beleza, seguimos em frente até chegarmos a um retorno também não mostrado pelo meu GPS, mas que ali entrei para ver se dava certo e deu. Retornamos por cerca de 20km, passamos pelo ponto onde nos desencontramos e pelo ponto onde deveríamos ter entrado na via se tivesse seguido corretamente o caminho e nada deles.

Seguimos ainda por cerca de 30km sem encontrar nenhum posto e nem eles, até que em determinado local, onde tinha um ponto de ônibus e uma pequena vila, talvez nas proximidade de Purranque, encontramos eles parados no acostamento, em um trecho um pouco mais largo e seguro, fumando um cigarro. Claro que primeiro xinguei o danado por ter saído de trás de nós, mas tudo bem, realmente não tinha muito como a gente não acabar se encontrando, ou ali ou no Hotel em Frutillar se fosse o caso, ou seja, ele pensou exatamente como eu, mas que deveria ter me seguido, mesmo que me xingando por eu estar passando pelos retornos, isso deveria.

Trevo com a RN-5-Ruta Panamericana Sur.

Quando chegamos em Frutillar saímos da via principal e chegamos a uma cidadezinha muito simples, com ruas pavimentadas e casas muito simples. Uma pracinha pequena e com algumas pessoas e crianças brincando distraídas, parecia uma cidade distraída, nem se tocando que estávamos vindo de tão longe dali. Seguimos o GPS que dessa vez, como da maioria, nos leva corretamente para os locais, tirando algumas idiossincrasias que ele mesmo age de forma intrínseca e que não nos permite perscrutar o seu comportamento (que aulinha de português ... hehehe).

Rua de Frutillar. Casas simples de uma cidade típica de interior.

Descemos para a parte baixa da cidade, onde tem o Lago Llanquihue. Já na esquina da chegada às margens do lago vi o Banco Estado, onde consegui sacar Pesos Chilenos com o meu cartão de débito do Citibank. Nem tentei sacar com o cartão do Bradesco pois esse tem um código que funciona por telefone e eu não tinha sinal lá, o que com certeza dificultaria em muito a minha situação.

Seguimos pela orla do lago passando por construções muito interessantes, descobrimos que tem famosíssimo festival de música internacional que acontece naquela cidade todo ano, começando em 24 de janeiro e as casas cada uma com uma cara diferente. Igrejas que pareciam mais ser Anglicanas ou Alemãs do que católicas e uma arquitetura toda peculiar.

Mas quando chegamos ao Teatro do Lago! O espetáculo é algo incrível. Um tratro construído sobre o lago mesmo! Com uma arquitetura muito interessante e peculiar também. Um lugar bem peculiar mesmo, indescritível. Foi uma grande e boa surpresa chegar lá. Gostei, recomendo que todos passem por lá pois é muito legal. Não pudemos assistir a nenhuma apresentação no teatro, o que teria sido bom também, mas para o momento estava bom.

Chegada à beira do Lago Llanquihue, na parte baixa da cidade.

Banco onde consegui sacar Pesos Chilenos sem maiores problemas. Logo na esquina do Lago.

Seguindo em frente passamos por uma Igreja tipicamente Luterana e logo em seguida avistamos a placa de Hotel Elun – Entrada. O meu GPS também indicava que para o Hotel teríamos que entrar naquela ruazinha que estava molhada e não era pavimentada, o pavimento era uma mistura de lama e pedras. Coisa de doido!

Mas, depois que fomos ao Ushuaia e andamos 136km de ida mais 136 de retorno, não poderia me michar para aquele pedacinho de terra na subida, em curva, com o piso inclinado e culminando em uma estrada mais inclinada ainda para a direita com muita pedra e lama no chão. Claro que não. Afinal de contas estávamos com uma HD Ultra, moto construída para andar na lama. Hahahaha. Mas o pior é que atrás de nós vinha o Daniel, com a sua moto big trail Triunph Tiger 1200 para a qual eu não poderia me mixar. Hehehe.

Vista do nosso quarto. Maravilhosa. Pena que não se via o vulcão do outro lado do Lago, mas ele estava lá.


Fomos e subimos até o estacionamento do Hotel. Depois da primeira entrada o pessoal estava arrumando o caminho e acabou ficando um pouco melhor, mas que a moto dançou isso dançou.

Infelizmente o Vulcão Osorno, que deveria estar do outro lado do lago não estava visível devido à grande quantidade de nuvens no céu. Mas a esperança era grande poder vê-lo, pois ele é uma parte muito importante daquela paisagem toda e ver o vulcão eternamente nevado do outro lado do lago devia ser uma visão de derrubar o queixo de qualquer um.

O Hotel era muito agradável, o próprio dono estava por ali a conversou conosco. As meninas se anteciparam e fazer o check in enquanto tiramos as bagagens das motos e subimos para os quartos para tomar um banho e descansar um pouco antes de descermos para a janta.

Claro que não estávamos aclimatados com os horários do país e acabou que quando descemos para jantar, lá pelas 9 da noite, o cozinheiro já tinha ido embora, pois a janta era servida no hotel somente até as 9 da noite.

Perguntamos o que tinha e conseguiram arranjar para nós um sanduiche que estava maravilhoso, com queijo brie, presunto de parma e verduras. Coisa especial mesmo! E por um preço bastante camarada, completamente comum, nós aqui no Brasil ainda precisamos chegar a esse nível de sofisticação, pois para nós qualquer coisa que não seja mortadela, apresuntado ou mozzarela é especial e tem preço proibitivo.

Combinamos o que faríamos no dia seguinte e tratamos de ir dormir.


Dia 31/12/2013 - Trecho Frutillar - Osorno - 180 km

Agora sim. Estávamos em nosso primeiro dia somente de passeio. Como eu e a Bê ficaríamos muito pouco tempo na viagem, teríamos apenas esse dia e mais o próximo antes de começarmos o nosso retorno, o que não deixava de ser um belo passeio de 5 dias.

O Vulcão Osorno visto da janela do nosso quarto à 5:50 da manhã. A primeira vez é sempre a última chance.
Acordei às 5:50 para ir ao banheiro e na volta resolvi olhar para fora para ver se o vulcão estava lá. Qual a minha surpresa de ver o Osorno enorme e imponente. De uma magnitude muito além do que eu imaginava. Pensei comigo. Que bom! Hoje poderemos avistar o vulcão e fui para a cama.

Não sei porque me veio na cabeça a música do Renato Russo que diz: - A primeira vez é sempre a última chance. Pensei comigo: - Será?

Na dúvida acordei a Bê e disse para ela vir comigo para ver o vulcão. Ela reclamou um pouco e levantou. Lá estava ele! Peguei o telefône e tirei duas fotos sem muito cuidado, pois eu imaginava que teria muitas outras chances muito melhores do que aquela de fotografá-lo através do vidro duplo da janela do nosso quarto.

Que nada, foi a maior sorte, depois dessa chance realmente não tivemos nenhuma outra, nem nesse e nem nos demais dias em que estivemos lá. Recado do Renato Russo, grato.

A Bê chegando no salão para o café da manhã.
O nosso programa era tomar o café e seguirmos para o Vulcão Osorno, contornando o lago. Seguiríamos no sentido anti-horário, ou seja, saindo para o sul.

No caminho do Osorno. Campos às margens do lago Llanquihue.

Muitas fazendas de criação de truta. Imaginem como a água do lago é gelada.

Parada estratégica na venda da Patrícia para comer um motte com huercílio. Uma delícia do Chile.

Elas também gostam. hummm....


Estava bem frio nesse dia. Coisa de 6 a 8ºC. O capacete ajuda com frio e com o vento.

Chegando na Villa de Llanquihue. As casas continuam sempre assim, simples e eficientes contra as intempéries da região.




Esculturas a céu aberto espalhadas pela cidade de Llanquihue, oriundas do festival anual de esculturas de grande porte.

Parada estratégica para abastecimento em Llanquihue.


Vista geral da descida para o lago na cidade de Puerto Varas.

Orla de Puerto Varas.

Orla de Puerto Varas.

Orla de Puerto Varas.

Tecnologia na construção das casas da região. Muito simples e rápido.
O sistema de construção utilizado no Chile, na verdade em toda a Patagônia é muito simples.  Uma armação de caibros de 7x7cm que recebe sobre ele placas de OSB, não nem madeiritte é OSB mesmo. Por dentro se coloca toda a instalação elétrica e de aquecimento, água, etc. Sobre o OSB se colocam placas metálicas, tipo telha de zinco. Por dentro de reveste com grafiato, ou com gesso e pintura por dentro e por fora, normalmente com cores vivas.

O telhado também é com telhas de Zinco colocadas sobre a estrutura de madeira, OSB, isolante térmico do tipo isopor em placas ou pelotas. Pronto a casa está pronta em tempo recorde, coisa de 1 ou 2 meses. Na região venta muito, mas essas construções resistem eroicamente às intempéries.

Tecnologia na construção das casas da região. Muito simples e rápido.

Igreja estilo alemão. Possivelmente uma Igreja Luterana.

Chegada ao Parque Naciona do Vulcão Osorno.

Rochas extrusivas de alguma erupção antiga do vulcão (tipo pedra pome).
A subida do vulcão começa ao longo de uma estradinha cheia de curvas e estreita ladeada de árvores muito bonitas, pois em alguns trechos elas formam um túnel sobre a estrada.

Quanto mais subíamos mais o vento aumentava e menos vegetação se avistava. O terreno se tornou árido e de coloração negra.

Trecho da estrada já na chegada da parada a 1.300m de altitude.
Trecho final da subida onde o vento apertou pois vinha direto sem nenhum anteparo.

No trecho final da subida o vento estava muito forte, cerca de 60km/h, mas desta vez vindo lateralmente à estrada que era asfaltada até a chegada ao pátio de uma instalação de turismo de onde saía um teleférico muito parecido com aquele que tínhamos subido em Bariloche. A diferença é que ali parecia muito mais desolado pois não tinha nenhuma vegetação e ele estava parado, depois ficamos sabendo que quando o vento chega aos 30km/h o teleférico é desativado para evitar acidentes.



Construção de apoio ao turista, onde comemos, compramos e nos protegemos da tempestade que veio em seguida.
Buscando um lugar que fosse mais seguro para deixar a moto. De frente para o forte vento.

Depois de almoçar os sanduíches o vento ficou muito forte.

Minha moto parada sozinha de frente para o vento. Ao fundo se via o lago ainda.

Durante a tempestade não se via o lago. Nem a moto. Nem nada a mais de 20m.



Quando começou a melhorar um pouco. Já se via a moto. Ela ainda estava lá. Ufa!
Depois do almoço a coisa foi ficando pior, pois uma tempestade daquelas entrou valendo. O vento que era forte quando chegamos foi ficando muito pior, chegando aos 90 km/h aproximadamente. Com uma chuva forte também e ficamos no meio das nuvens literalmente.

Algumas pessoas do Brasil estavam por lá, várias na verdade. Havia um grupo de 3 casais e uma família de umas 5 pessoas. Todos estavam de carro. Chegamos a pensar que teríamos que passar o ano novo ali mesmo. Quando o pessoal fechasse o local teríamos que ficar lá de alguma forma. Mas por sorte isso não aconteceu. O interessante é que o vento era tamanho que a chuva batia na janela e tanto descia como subia. É como se a gravidade fossa extremamente fraca quando comparada com o vento. A puca água que conseguia descer escorrendo pelas telhas no lado dos fundo, que estava mais protegido, assim que chegava na beirada da telha e caia, não caia, subia e sumia dissolvida no ar.

Eu acabo sempre me esquecendo de que na Patagônia os ventos são mais fortes entre as 3 e as 5 da tarde, sendo que venta mais forte das 2 as 6. Claro que isso não é uma regra firme, é apenas uma indicação, mas que funciona funciona. Todos os dias que estivemos lá pudemos confirmar esse fato.

Quando deu 6 da tarde o vento amainou e nós nos mandamos rapidamente. Quando eu estava ligando a moto ele voltou a ficar forte, cheguei a pensar que não iria dar para sair, mas ele voltou a mitigar e mais do que rápido nos mandamos dali.

Ao invés de continuarmos a contornar o lago, que tinha um trecho não asfaltado, retornamos pelo mesmo caminho que fomos. Assim a volta seria mais rápida e segura pois eu estava receoso e acho que os demais também pois o susto havia sido grande.

Retornamos a Frutillar baixo e aproveitamos para dar uma volta pelo local cheio de lojinhas de artesanato e cafés.

Tear em uma loja de artesanato em Frutillar baixo.

O Daniel se regosijando de alguém o ama sem que ele saiba quem.

O Mirador era interessante. De lá se podia mirar muitas plantas. Hahaha.

Construções típicas à beira do lago.


Lojinhas de artesanias como dizem eles.



Casa em fase final de construção. Os sacos imagino que sejam de algum isopor a granel.

Pier ao estilo antigo europeu.

Outras lojinhas de artesanatos.


A Bê dando um concerto musical em um piano pós-moderno.

Família que haviamos encontrado no Vulcão e que estavam preocupados se conseguiríamos sair de lá. Assim como nós ficamos.

Só porque o lugar era romântico vejam o que eles estão fazendo. Uma pouca vergonha!



Isso sim é um casal de boa educação e apresentação.com uma postura de bom exemplo para as novas gerações! Hehe.

Teatro do Lago Llanquihue. Uma verdadeira obra de arte.


Pátio do estacionamento do Hotel Elun. Depois da subida ruim de pedras e lama.

Guilherme Bianchi, encontrei um homônimo do meu filho, Guillermo Bianchi, um argentino em Frutillar.


Descendo para o jantar de ano novo. Último dia do ano.

Pisco Sour para comemorar o fim de ano mais uma vez no Chile.

Os canapés de entrada estavam demais.

Um brinde geral com Pisco Saur. Grandes amigos e grandes prazeres.

Daniel e Ana Paula.

O prato do jantar de Ano Novo estava muito delicado e gostoso.

Na virada do ano fomos no deck ver os fogos lançados na região do Teatro, centrinho de Frutillar baixa.

Tomamos muito espumante. As meninas ficaram altas.
A virada do ano foi maravilhosa, dessa vez era noite, hehe, uma referência ao ano anterior em que passamos no Ushuaia e era dia à meia-noite.

Tomamos muito espumante e conversamos um bocado. Havia uma grande quantidade de gente bêbada, inclusive a Ana e a Bê, nada que fosse demais, mas que estavam estavam. Uma delícia passar o ano novo em companhia de gente boa.

Nos últimos anos temos passado o ano novo em locais distantes e na maioria das vezes somente eu e a Bê. Sabe que tem sido bom isso, não porque não sintamos falta dos nossos entes queridos, mas sim talvez até mesmo porque aí sim é que temos a chance de sabermos o valor que isso tem.

2010 em Taltal, no deserto do Atacama - Chile;
2012 em Mendoza - Argentina;
2013 em Ushuaia, na Terra do Fogo - Argentina;
2014 em Frutillar - Chile.

A média está boa, mas confesso que tudo isso foi possível após a nossa descoberta da vida em cima de uma Harley Davidson. Nem tanto pela moto em si, mas muito devido ao amor que temos pela vida em duas rodas. Ainda teve 2011, que foi em Roma, mas nesse caso não teve a companhia da moto.

Dia 01/01/2014 - Trecho Frutillar - Puerto Montt - 100 km


Nosso programa era ir a Puerto Montt, passando novamente por Puerto Varas onde tínhamos passado no dia anterior. Lá iríamos conhecer a cidade onde chegaríamos se quando fomos para o Ushuaia, no ano anterior, teríamos chegado caso tivéssemos retornado de navio como fez o Albuquerque em sua viagem.

A Panamericana Sur é uma estrada realmente maravilhosa.
Descemos pela Panamericana Sur, ou Ruta 5 do Chile, em direção ao sul, na verdade é possível se descer até a ilha de Chiloe, um pouco mais ao sul de Puerto Montt, creio que este seja o limite onde se pode ir por estradas asfaltadas. Dali para baixo existem estradas sem asfalto e em muitos casos, caminhos intransitáveis. Ao sul do Chile só é possível ir de barco ou pelas estradas argentinas.

Mercado Municipal em Puerto Montt. Não era aqui onde queríamos almoçar, mas ainda não sabíamos disso.
O GPS nos levou até o Mercado Municipal de Puerto Montt, mas chegando lá, encontramos um lugar com clima de fim de festa. A maioria das barracas estavam fechadas e não encontramos uma praça de alimentação nos molde que estávamos procurando.

Pergunto ao pessoal sobre o mercado onde teriam restaurantes, etc., nos informaram que era em outro lugar, na cidade baixa e nos falaram o nome do Marcado que não entendi bem a princípio. Teve uma funcionária que pediu para tirar uma foto na moto e eu solicitei que ela me mostrasse no mapa onde ficava o lugar onde teríamos que ir. Ela mostrou e eu marquei no GPS solicitando ir para lá.

Cidade de Puerto Montt - Bonita e com uma aparência tipicamente portuária, como era para ser.


Porto de onde se pode embarcar para Puerto Natales no sul do Chile.


Chegada ao Mercado Típico Angelmo, às margens do pacífico, mas muito longe do mar aberto.

Vista do porto tomada do Mercado Angelmo.
Estavamos passeando pelo Mercado Típico Angelmo, em busca de um restaurante em que pudéssemos almoçar, de preferência os frutos do mar que ainda não tínhamos tido a felicidade de comer. Ao longe, junto ao antigo cais, vi um movimento grande de pessoas olhando alguma coisa que devia ser interessante.

Cheguei mais perto e vi que se tratava de um casal de leões marinhos que estavam às voltas com filetes de salmão que alguém jogado lá para atraí-los, bem como a uma grande quantidade de aves, que ficavam por perto mas que não se atreviam a chegar muito perto dos leões. Foi uma visão interessante, pois eu nunca tinha visto um leão marinho ao vivo.

Leão marinho comendo os filetes de peixe junto às pessoas.



Como se pode ver a fêmea é muito menor que o macho.
O que chamou a atenção é que o macho não deixava a fêmea comer nada. Mesmo quando uma menina jogou um pedaço de peixe na boca dela o macho pulou em cima e não a deixou comer, roubando o pedaço de peixe. Nesse momento uma gaivota roubou uma tira de salmão e saiu voando feliz. Outra gaivota lhe roubou o pedaço do bico e virou uma confusão de gaivotas lutando pelo pedaço de peixe. Eu tive que rir do cena.


A construção é muito simples e em forma de uma palafita. Todos os espaços ocupados por restaurantes.

Nosso cantinho, onde almoçamos.


Cartaz de "Procura-se". Incrível, pensei que existisse somente no Velho Oeste.


Meu amor feliz às margens do antigo cais. Hoje somente pesqueiros e passeios turísticos atracam ali.



Depois do almoço a lombeira é grande....


Saímos do mercado em busca de uma sorveteria. Com certeza encontraríamos uma ao longo da orla. Que nada rodamos um monte e só não voltamos ao Angelmo para tomar um sorvete por orgulho mesmo. Hehehe.



A aparência geral da Cidade de Puerto Montt é muito interessante, existe uma certa contradição, onde convivem o novo e o velho de forma não muito bem arquitetada. Ou seja, ao acaso as coisas foram mudando com o passar dos anos e acabou ficando como ficou. A cidade me pareceu bonita, gostei de lá, vimos muito de moderno e muito de tradicional.


O contraste das construções.

Depois que saímos de Puerto Montt, retornamos a Frutillar e o Café do Teatro estava aberto. Simplesmente Mágico!


O local é lindo. A água do lago é limpíssima. Nada de sujeira, nem de esgoto, nem de nenhum resíduo.

No dia seguinte eu e a Bê estaríamos retornando, então era hora de copias as fotos. Uma pena.
Último dia que estaríamos juntos, uma pena, bem eu tentei ficar mais um pouco. Liguei para a minha colega de trabalho para saber se ela iria trabalhar no dia 6 de Janeiro e ela me informou que ainda não iria e que o médico teria liberado ela para o trabalho somente depois do dia 20.

Tudo bem, tentei e não tinha mais o que fazer senão começar o retorno na manhã do dia seguinte, dia 02 de Janeiro para chegar em Florianópolis no dia 6, ou seja, 5 dias de estrada ainda pela frente. Que maravilha!
Dia 02/01/2014 - Trecho Frutillar - Piedra del Aguila - 468 km



Dia de iniciar o nosso retorno, meu e da Bê, o Daniel e a Ana continuariam a viagem, saindo nesse mesmo dia em direção ao sul. Nossa ideia era a de retornar pelo mesmo caminho por onde havíamos vindo, mudando apenas o trecho final do retorno passando por Buenos Aires e Colonia de Sacramento. Lugar maravilhoso que já está se tornando uma constante em nossos regressos do sul.


Fechando a conta no Hotel Elun em Frutillar. Dia do retorno meu e da Bê.


Era momento de despedida, sempre fica uma sensação de vazio, para nós por estarmos retornando em uma jornada solo e eles também, possivelmente com a mesma sensação, em direção ao sul para aguardarem pela vinda do Lauro, Edite e Camila, que estariam saindo de Curitiba nesse mesmo dia em direção ao Chile. Pena, nós não poderíamos nos encontrar com eles nessa viagem.

Saída do Hotel Elun, momento de despedida.
Saímos em direção ao Paso Cardinal Samoré pelo mesmo caminho da ida. Quando chegamos à Aduana Chilena encontramos um grupo de HD's, umas 5 Ultras como a nossa, todos brasileiros também. Parei para falar com eles e pedir informações do caminho.

Nos informaram que estava garoando, assim como na vinda, e que eles havia pegado um pouco de neve fina, que não chegou a comprometer a segurança mas que seria bom ir com muito cuidado pois havia risco de gelo na pista devido ao frio.

Seguimos pelo caminho e realmente pegamos um frio do cão. O termômetro da moto chegou a indicar -2ºC. Como estávamos com roupas de frio até que não judiou muito. O legal mesmo foi ver que os morros estavam muito mais brancos do que quando fomos, tendo em vista que o tempo estava mais aberto e podíamos enxergar mais longe.

O chão estava molhado, garoava fino, mas não tinha gelo na pista, ainda bem. A volta me pareceu ainda mais bonita que a ida.

Próximo de Villa La Angostura, parada em um mirante para apreciar o Lago Nahuel Huapi de outro ângulo.

Será que estava frio?


Quando chegamos no cruzamento da estrada de Bariloche, viramos para a esquerda sentido Piedra del Águila. Nesse dia não andamos muito, mas foi um período intenso, acho que o estado emocional de estar retornando torna a estrada mais cansativa do que quando se está indo.



O curioso é que na volta a paisagem parecia ainda mais bonita do que quando viemos. Talvez pela posição do sol alterando a luz, ou não sei porque. Fato é que as paisagens estavam ainda mais bonitas e as fotos também me parece que retrataram esse fato muito bem.


Por toda parte nos deparamos com placas como essa alertando para o perigo de gelo sobre a pista.


O rio Negro, que nasce no Lago Nahuel Huapi, em Bariloche.



A paisagem é muito bonita e variada. A luz estava ajudando muito a nossa despedida da Patagônia.


No alto da foto se vê o "Dedo de Deus", naquela formação rochosa curiosa que encontramos na ida.


O vento soprou na nossa volta também. A diferença foi que nos pegou de traz, o que é muito mais tranquilo.

Parecia que estávamos diante dos Dolomitos, na Itália.


Sem palavras para definir as paisagens.





A estrada parece sem fim e a vista alcança muito longe. Não estamos acostumados a isso aqui no Brasil devido à umidade do ar que lá é muito menos o que resulta em um ar muito mais transparente, embora empoeirado.



Nesse dia seguimos até Piedra del Águila, onde chegamos ao entardecer e resolvemos dormir por lá mesmo. Na ida havíamos parado nesse local para comer os sanduiches maravilhosos e discutir sobre as técnicas para andar no vento de moto.

O vilarejo é muito pequeno mas localizado estrategicamente, dessa forma teria que ter um local para dormir. Realmente encontramos um lugar e nos hospedamos rapidamente pois todos os hotéis e pousadas da vila vão se enchendo muito rapidamente conforme o dia vai chegando ao final. Assim que achamos uma vaga agarramos, no mesmo momento haviam mais 3 famílias chegando.

Dia 03/01/2014 - Trecho Piedra del Aguila - Trenque Lauquen - 950 km



Acordamos, tomamos nosso café da manhã relativamente simples que o Hotel servia, e saímos em direção a Neuquén. A paisagem é muito bonita e quando vista do outro lado, ou seja, de lá para cá, pode parecer maluquice, mas muda, é mesmo diferente.

Vendedor ambulante em Nauquén onde compramos cerejas frescas. Uma delícia.


Placa indicando que estávamos na Patagônia Argentina.

Restaurante onde almoçamos em Gen. Roca.
Passamos por Neuquén, onde compramos cerejas no mesmo local onde a Ana havia comprado cerejas frescas para nós na ida. Uma delícia. Além de irmos comendo pelo caminho demos fim no pacotinho quando paramos em um posto para encher o tanque.

Seguimos em frente pelo mesmo caminho da ida, ao longo da avenida rodovia que passa por Neuquén e demais cidades conturbadas que existem na região. Uma dessas cidades é General Roca. Quando chegamos ao trevo para subirmos em direção a Casa de Piedra.

Passagem sobre a Barragem de Casa de Piedra na volta.

Vertedouro da barragem.

Novamente a placa indicando ainda a região Patagônica.

Lagos, que a rigor são mini mares, pois não tem saída de água e acabam se tornando salares.


Passando por uma Reserva uma placa indicando cuidado com os animais. Um ñandu na placa.

Passagem por dentro de uma Reserva Ambiental.
Em um dos postos em que paramos para abastecer a moto encontramos uma Kombi no mínimo interessante, pois além de ser do Brasil, placas de São Paulo, estava toda escrita. A indicação era Kombão dos Alemão. Hahahaha.

Bati um papo com um dos rapazes, que parecia ser o idealizador da viagem, pois a Kombi era do avô dele que havia falecido e o pai havia lhe dado uma autorização para viajar com o veículo sendo o filho único e ter o direito de propriedade no inventário. Uma história assim.

Aí eles se organizaram e 5 rapazes, todos na faixa dos 20 anos. O grupo tem uma fanpage no facebook que se chama Kombãodosalemão, assim mesmo, tudo junto. Conversamos um pouco pois ele tinha muitas dúvidas, nunca tinham viajado para o exterior e muito menos de carro.

As dúvidas eram simples, como por exemplo: - Onde posso trocar o óleo da Kombi que está já 2 mil km depois do limite da troca? Tem como chegar no Ushuaia sem entrar no Chile? As temperaturas ficariam mais amenas para o lado de Bariloche? Me disseram que a gasolina daqui era melhor mas a Kombi está consumindo muito mais do que no Brasil. O que fazer? Hehehe.

Batemos um papo muito legal e eles seguiram em frente assim como nós, eles indo e nós vindo. Sabe que senti muita inveja deles, pois eu gostaria muito de ter feito isso quando era um moleque como eles em uma de minhas férias de escola ou da faculdade. Amigos para isso eu tinha, malucos para tanto inclusive. Como o Zani, o Leopoldo, Arlindo, João Luis e muitos outros.

Tenho certeza que teria sido fácil juntar o pessoal para ir junto. Mas... não foi o caso. O curioso é que o pessoal mais novo de hoje, que são meus filhos e enteado mais alguns amigos deles, não tem pique para isso, nem mesmo desejo de realizar uma viagem como essa que, com certeza, poderia vir a ser um marco na vida.

O "kombãodosalemão" que encontramos em um posto nas proximidades de Santa Rosa - Argentina.


Muitos salares ao longo do caminho.

O entardecer foi muito bonito nesse dia. Na verdade todos foram, cada um de seu jeito. Hehehe.




Hotel Howard-Johnson em Trenque-Lauquén, onde dormimos por uma nota de US$100,00.
Chegamos em Trenque-Lauquén no entardecer, já início da noite. Paramos no mesmo posto em que abastecemos na ida, quando o Daniel havia ficado quase sem gasolina e ainda onde eu apareço em uma foto deitado no chão para calibrar o pneu traseiro da moto. Ao lado do posto encontramos o Hotel Howard-Johnson. Fomos ver se tinha vaga e tinha. O valor da diária em pesos argentinos era o equivalente a US$130,00.

Checkin no Hotel em Trenque-Lauquén.
 Como o nosso padrão era de no máximo US$100 fui até o balcão e propus ao atendente uma nota de US$100,00 que eu ainda tinha, a última das 3 que eu havia levado para apoio nas emergências. O rapaz ligou para o gerente dele e aceitou. Depois fiquei com uma sensação de que paguei caro. Mas que o hotel era muito bom isso era. Passamos uma noite muito boa, jantamos muito bem por um preço até que bem honesto e o café da manhã estava muito bom. Valeu.

Salão de jantar do Hotel.



O quarto do hotel era muito bom.
Depois de jantar fomos para o quarto dormir que estávamos muito cansados.

Nossa ideia era a de seguir até Buenos Aires, direto à estação do Buque Bus, da mesma forma que temos feito nos anos anteriores quando viajamos para o sul da Argentina, cruzar de Buque Bus para Colonia de Sacramento, dormir lá e depois seguir para casa via Rivera, onde a Bê pretendia comprar alguns shampoos e condicionadores e outros detalhes de beleza que ficam mais baratos nas cidades de fronteira em uma mercado parecido com o Foz do Iguaçu, porém, sem a muvuca que tem em Ciudad del Este no Paraguai.

Para tanto, teríamos um trecho de 530km para rodar no dia seguinte até Buenos Aires, um dia relativamente tranquilo, mas queríamos chegar cedo para dar tempo de almoçar no Puerto Madero, claro, não se esquecendo de que é muito desgastante andar no calor e o trecho que estávamos percorrendo era de calor intenso. Ainda bem que acompanhamos uma frente fria que chegou aqui na região sul do Brasil, dessa forma estava muito mais ameno que quando fomos. As temperaturas estavam na casa dos 28 a 30ºC ainda. Mas no dia seguinte pegaríamos um pouco mais, talvez na casa dos 36ºC, o que não é bolinho não. Já exige cuidados especiais com a desidratação e o desgaste.

Dia 04/01/2014 - Trecho Trenque Lauquen - Colonia del Sacramento - 530 km









Levantamos animados em um excelente dia com mais alguns bons quilômetros para rodar. Tomamos o nosso bom café da manhã, que para o padrão argentino estava muito estava bom. Carregamos as coisas na moto e saímos novamente para a estrada e no GPS o destino agora era Buenos Aires.


A temperatura estava boa e o clima ameno. Chuva? Nem pensar. O céu azul o tempo todo. Estou até ficando chateado com essa questão de morar no sul do Brasil, pois aqui chove qualquer dia e a qualquer hora, o que para quem não é agricultor é uma coisa chata. O bom da Argentina e do Chile é que, pelo menos quando nós estamos por lá, até chove, mas essa é a exceção e não a regra.

Acabamos por chegar em Buenos Aires pela RN-3, Avenida Perito Moreno, que é a mesma estrada pela qual passamos quando retornamos do Ushuaia, o que foi bom, pois o caminho para descer em Puerto Madero já era conhecido e muito direto.

Chegada em Buenos Aires pela RN-3 direto até o Puerto Madero.

Entrada em Buenos Aires por uma via expressa que passa por cima com velocidade de 100 km/h.



Descemos da RN-3 diretamente no Puerto Madero. Fomos margeando os antigos armazéns até que chegamos à Estatação do Buque Bus, que é algo muito semelhante a um aeroportoou uma rodoviária, a única diferença é que funciona e é relativamente organizado, mas também não é nada demais.

Chegada no Puerto Madero. Uma delícia!




Até que Buenos Aires continua linda. Por mais que os governos estejam fazendo para acabar com tudo, ainda existe muito charme em Buenos Aires.

Chegada na estação do Buque Bus, no início do Puerto Madero.
Chegamos na Estação, entramos lá no final do trecho onde tem o estacionamento dos veículos, para depois irmos comprar as passgens e ver qual o horário do barco que iríamos pegar. Claro que estavamos muito mal intencionados, nós queríamos ir comer um bife de chourizo na Puerto Madero.

Deixei a moto em um canto que não iria atrapalhar o pessoal que estava chegando com os carros para embarcar, compramos os nossos bilhetes, 2 passageiros e uma moto, como teríamos um período de umas 2 horas para passear, fomos caminhando até o Puerto Madero, que nada mais é do que atravessar a rua.

Estação do Buque Bus em Buenos Aires.  Muita gente mas bem arrumado e limpo. Na fila olhando os horários disponíveis.

Tiramos a mesma foto que da última vez que passamos por lá. Assim podemos ir acompanhando.

O lugar tem mesmo algo de mágico. Pensar que foi um empresário que se ferrou completamente com esse porto!


Caminhamos um pouco e entramos no primeiro restaurante que tinha, ou no segundo, o nome dele era algo como Mar e Terra. A carne estava uma delícia, mas o casal na mesa ao lado pediu frutos do mar e quase troquei o meu prato. Uma coisa impressionante a qualidade do prato. Na próxima vez que passarmos por lá acho que vou ter que pedir frutos do mar.


Pensa numa carne bonita! Ao fundo o casal que pediu frutos do mar.
Almoçamos muito bem, como sempre, o calor estava agradável mas ainda teríamos um tempinho. Fomos caminhando até o Freddo, umas 2 quadras para frente, tomamos um belo sorvete para fechar o almoço com chave de ouro. Também era a nossa despedida da Argentina.

Retornamos para a Estação, fizemos o checkin, subimos para a Alfândega da Argentina e do Uruguai, seguimos para a área de embarque de passageiros, a Bê foi pelo caminho dos passageiros e eu desci para levar a moto para dentro do navio.

Quando chegou a hora de entrar no barco eu fui até a frente e perguntei para um profissional que estava ali cuidando do embarque se poderia embarcar e ele me disse que sim. Entrei logo, porque se a gente que entra de moto fica para o final acaba se complicando na hora de estacionar.


O pior foi que depois de eu estacionar a moto em um local indicado pelo pessoal que cuida da entrada dos carros, chegou uma policial da fronteira, acho que da Argentina, e me perguntou se eu havia sido vistoriado. Fiquei sem saber o que fazer. Disse que fiz tudo o que me mandaram. O próprio sabão numa hora dessas.

Aí ela me pediu o documento da moto, olhou as bagagens e deu o maior esporro nos dois funcionários do barco. Eles ficaram muito apreensivos, eu não estava entendendo o porque daquilo, se havia sido um policial lá de fora, do grupo dela que havia me autorizado a embarcar, porque aquela mijada?

Ela inclusive falou que iria mandar uma repreensão por escrito para o comandante do navio, pois aquilo era inadmissível! Bem, julguei melhor ficar é muito quieto no meu canto que eu não tinha nada a ver com aquela situação.

Eu trocando meus pesos argentinos e chilenos por pesos uruguaios, já no Uruguai
Desembarcamos, na moto, e o pessoal do Uruguai não nos mandou parar para ver as bagagens. Passei na casa de câmbio, que tem já na saída do Buque Bus e troquei meu dinheiro por pesos uruguaios, a fim de poder comer alguma coisa na janta.

Fomo direto até a Posada Santo Antônio, que foi onde nós havíamos ficado no ano anterior. Muito bom o lugar, com boa cama e bom café da manhã e eles sempre me deixam guardar a moto em uma entrada coberta e com portão.


Mesmo com fotos ruins a cidade é muito linda.
Deixamos a moto, descarregamos as bagagens no quarto e saímos para uma caminhada e para tomar uma cerveja e beliscar algo, pois havíamos almoçado tarde.

Infelizmente as fotos não ficaram boas. Não sei o que aconteceu. Mas, ainda assim, Colonia é muito linda.



Alguns mariaches cantando para os turistas jantando. Depois passam o chapéu.

Fechamos a noite com chave de ouro.

Dia 05/01/2014 - Trecho Colonia del Sacramento - São Gabriel - 685  km


Domingo, levantamos, tomamos um bom café da manhã que tem nesse hotel, onde os donos mesmo atendem diretamente. A quantidade de hóspedes é grande e o pessoal se vira nos 30 para poder dar conta de atender a todos. Mas eles conseguem cumprir com suas tarefas e todos acabam saindo satisfeitos.

Saímos do hotel e havia um evento de corrida de bicicleta, alguma competição internacional, algo do tipo grande. Todas as ruas que eu conhecia estavam fechadas, logo, vamos lá desbravar caminhos alternativos, o que com o GPS fica muito mais fácil, é claro. Depois de rodar um pouco acabamos por entrar na rodovia RN-1 que liga Colonia a Montevideo. Esta é a via ladeada de palmeiras, que a Pat me ensinou que são na verdade Tamareiras, ou seja, a árvore que produz a Tâmara. Um dia, quando passarmos novamente por lá, precisamos ver se tem algum cacho de tâmaras frescas para comer, deve ser bom a fruta fresca do pé.
As ruas fechadas para o evento internacional de bicicletas no Domingo.

Caminhos alternativos, mas não menos agradáveis.
Embora tenha gente que defina Colonia como uma cidade velha e que só tem coisa velha, eu adoro aquela velharia toda. Acho que as coisas e pessoas quando ficam velhos não perdem o seu valor, muito pelo contrário, somente aquilo que tem realmente qualidade sobrevive ao tempo e fica antigo, o resto não chega lá. Deixa eu me defender um pouco também. Hahaha.


As construções típicas de Colonia.

Veja se não é mesmo um lugar bucólico que pertence ao passado. Aquele onde não fomos e sentimos saudades.


A RN-1 ladeada por Tamareiras maravilhosas que devem ter muitos anos, creio que séculos.

Depois das tamareiras a RN-1 se torna muito confortável.
Viajar pelo Uruguai é muito seguro e muito confortável, até mesmo porque assim como na Argentina não tem muito movimento. Mas é bom tomar cuidado porque o pessoal não dirige lá muito bem não, é algo antigo e meio sem muita responsabilidade com as coisas, ou seja, eles colocam coisas em cima dos tratores ou caminhões e caminhonetes e não se preocupam muito com todos os cuidados necessários, por vezes pode cair algo na pista. Ou seja, é seguro mas exige que você tome algum cuidado.

Geradores eólicos localizados na beira do caminho.
Saimos da RN-1 e subimos pela RN-2 em direção a Florêncio Sánchez, depois pela 57 passando por Trinidad, um lugarejo pequeno mas muito ajeitado e que tem uma ótima churrascaria em frente a praça central da cidade, mas que como estávamos sem fome acabamos passando direto e seguimos em direção a Durazno pela RN-14, onde tem um posto muito bom que tem uma boa churrascaria também, almoçamos ali,

Na verdade dizer churrascaria boa no Uruguai é pleonasmo, pois todas as churrascarias no Uruguai são boas mesmo.

De Durazno seguimos pela RN-5, uma estrada já melhor que as vicinais, em direção a Molles e Paso de los Toros, cidade onde é produzida a água tônica e o refrigerante de pomelo dos melhores que tem. Pena que no Brasil não se permite a importação ou ao menos é bem difícil se achar, mas indo ao Uruguai ou à Argentina, vale experimentar.

Continuamos subindo pela 5 até Tacuarembó, cidade onde supostamente nasceu Carlos Gardel e que tem um hotel muito bom, que leva o nome dele, na beira da estrada é parece ser da melhor qualidade. Um dia teremos que parar ali para pernoitar. Creio que valerá a pena.

Comércio em Rivera.
As cidades de fronteira no Uruguai tem o comércio livre de impostos, do tipo Ciudad del Este, mas a diferença é que tendo muito menos movimento o atendimento é muito melhor e as ruas são transitáveis. Até mesmo a segurança é muito melhor, pois no Paraguai é terra de ninguém mesmo. e

Chegamos em Rivera e como era domingo haviam poucas lojas abertas. Paramos na avenida principal, que tinha realmente muito pouca gente e fomos nas lojas atrás de shampoo e condicionador que a Bê queria, fomos também ver perfume e o velho Jack, que ninguém é de ferro e ao invés de ficarmos por lá mesmo, como era cedo e tinha sol decidimos seguir em frente reduzindo a nossa jornada do dia seguinte para Florianópolis.

Passamos na Aduana, demos baixa em nossa entrada no Uruguai, paramos em um posto no Uruguai para encher o tanque de combustível mais caro mas que tem 94 octanas e cruzamos a fronteira para Sant'Ana do Livramento. A nossa ideia era a de dormir em Rosário do Sul, mas quando chegamos o sol estava alto e decidimos continuar o caminho.

Chegamos em São Gabriel quando o sol já estava se aproximando da linha do horizonte e decidimos dormir por ali mesmo. Passamos por alguns hotéis que não nos agradaram até que vimos o Hotel San Isidro. Gostamos pois é um belo hotel na beira da estrada com muitos carros parados e onde se via um tipo de clube aquático, com escorregadores, etc.

Decidimos para ver se tinha vaga e acabamos ficando aí mesmo. O interessante é que a dona é porteña, de Buenos Aires, e haviam 450 hóspedes, sendo que somente eu e a Bê éramos brasileiros, todos os demais eram turistas argentinos. O hotel é muito bom, com um bom preço e tem um restaurante tipicamente argentino, inclusive servido milanesas etc. melhores do que a gente encontra na própria Argentina mesmo.




Nos instalamos, jantamos, depois de uma grande fila que tivemos que enfrentar pela mesa, e comemos uma milanesa de carne. Hummmmm. Estava de dar saudades. Claro que tudo acompanhado de uma cerveja Original muito gelada que estava realmente ótima. Fomos dormir pois no dia seguinte ainda teríamos um belo trecho para rodar com o destino sendo Florianópolis, ou seja, fim da viagem, o que já estava me dando tristeza. Sempre quando voltamos sinto vontade de estar indo novamente. Parece que o cansaço vale muito a pena quando se está viajando de moto. Creio que quando se está viajando tudo é bom e divertido mesmo.
Dia 06/01/2014 - Trecho São Gabriel - Florianópolis - 780  km


Levantamos em nosso último dia de viagem no Hotel San Isidro. Tomamos nosso café, saímos do hotel e como a Cláudia e o Lino, amigos de Florianópolis, haviam nos informado que ela era de São Gabriel, pelo Face book e que não poderíamos deixar de conhecer a cidade. Concordamos em entrar na cidade e dar uma volta por lá.

Hotel San Isidro. Um belo local.

A Cidade de São Gabriel realmete se mostrou uma surpresa. Muitos prédios históricos.

Praça da cidade. Um povo tranquilo de uma cidade de interior.

Imagens quotidianas de São Gabriel.
A Cidade de São Gabriel é conhecida como a cidade dos Generais, pois vários deles saíram daqui, como o Marechal Hermes da Fonseca, Mascarenhas de Moraes, Mena Barreto, Assis Brasil entre outros militares de renome em nossa história, entre eles o Pe. Leonel Franca, fundador da PUC do Rio de Janeiro.



Prefeitura Municipal da cidade.


Muitos casarões antigos e que possivelmente guardam muita história. Mais do que isso, nossa história.

A praça central da cidade.


Na esquina do posto onde abastecemos um casarão sendo restaurado.

Fachada da Igreja Matriz.
Nasceu ainda em São Gabriel Jorge de Oliveira Jobim, ninguém menos que um diplomata, jornalista, poeta e pai de Tom Jobim. Que peso tem a história desse local. Valeu muito a pena termos entrado e dado uma voltinha, masmo que muito rápida, pela mesma.





A cidade é riquíssima em casarões antigos. Chamam a nossa atenção em praticamente todos os locais por onde passamos.

Restaurante de beira de estrada onde almoçamos, não era lá essas coisas, mas nos serviram bem.
Passando pela Ponte sobre o rio Guaíba em Porto Alegre. Esse caminho também já tem feito parte das nossas viagens de retorno.

Minhocão na chegada de Porto Alegre.

Impossível não lembrar da Louise quando poassamos pela Arena do Grêmio.


Parque eólico às margens da Lagoa.


Beleza de estrada no caminho.



Ponte de Laguna em construção.
Nossa chegada na garagem de casa.


Registro dos 7.543km rodados sem considerar os 300km iniciais até Curitiba.
A viagem foi um sucesso total. Pena que não pudemos ficar por lá uma semana a mais conforme estávamos prevendo devido à doença de uma colega de trabalho. Mas ficou o desejo de retornarmos para lá e em uma nova oportunidade, se Deus quiser, faremos.

Grato pela companhia aos que leram até aqui.

Vale registrar que essa história tive que reescrever, parcialmente , por quatro vezes, pois acabava acontecendo algo com o editor do Blog que acabava perdendo e tendo que reescrever. Mas acabou ficando pronto. Se você leu isso é porque deu certo essa gravação, que somente agora tive que reescrever, pois perdi novamente o texto do último dia. Hehehe.