Imagens do Fin del Mundo

Imagens do Fin del Mundo
Eu estive lá. De frente para a vida!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Pacífico é logo alí!

O Pacífico é logo ali!
Até que foi uma voltinha e tanto....
Viagem de Moto ao Chile.
Viagem ao Chile de Harley Davidson.
Viagem de Moto a San Pedro de Atacama

Por: Luiz e Bê
Moto: Harley Davidson - Touring - Super Glide Ultra Classic - Modelo 2008
Km na saída 3.600 e 11.200km na chegada
Viagem de moto de Curitiba ao Chile
Sem palavras....

 
A vida vale o que se pode rodar, relacionar e conhecer...
Sem medo de ser feliz ....
 









 Dia 1. Trecho Curitiba - Laranjeiras do Sul: 21/12/2009 - 362 km

Mapa do trajeto realizado no Dia 1 entre Curitiba e Laranjeiras do Sul
 
Devido a problemas relacionados ao trabalho, foi impossível a partida acontecer no dia 20/12.
 
Como eu tinha que trabalhar ainda nos dias 21, 22 e 23, tresloucadamente, eu e minha mulher, resolvemos, à meia noite do dia 20, domingo, que seria melhor sairmos juntos na segunda cedo para Laranjeiras que já se encontrava no caminho da viagem.
 
Desta forma, arrumamos as bagagens e saímos cedo, dando de certa forma, início à nossa viagem.
 
O trecho, que já é velho conhecido nosso, foi percorrido com tranquilidade.
 
 
Dia 2. Trecho Laranjeiras do Sul - Posadas: 23/12/2009 - 569 km

Mapa do trajeto - tive que imendar pois o Google Maps não reconhece a passagem pela fronteira
 
Agora sim, depois de ter que solucionar alguns problemas remanescentes pela manhã, partimos ao meio dia rumo a Barracão-PR.
 
Aí tivemos alguns problemas com o GPS. Eu havia instalado o TRC-Brasil no Garmin - Zumo 660, que foi comprado alguns meses atrás com o objetivo de apoiar a viagem. Quando baixei o MAPEAR, que contém os dados do Chile, Argentina, entre outros, o mesmo foi instalado e eliminou o TRC-Brasil, logo, para encontrar Barracão foi um pouco atrapalhado, mas como quem tem boca vai a Roma, acabamos chegando à nossa Roma, no caso Barracão.
 
O interessante é que mau chegamos e entramos em um supermercado, para tomar um lanche, pois não havíamos almoçado, caiu um pé d´água que durou aproximadamente 1 hora. Esperamos que a chuva passasse e saímos com o chão molhado, terra roxa, e fomos rapidamente mudando de cor, nós e a moto, mas não colocamos capas de chuva.
 
Passamos a fronteira, fizemos a papelada, com passaporte, enchemos o tanque em Bernardo de Irigoyen, com a gasolina do meio, ou seja a Super. No Chile e na Argentina tem 3 tipos principais de gasolina, 93, 95 e 97 octanas, eu utilizei apenas a Super que é a de 95. Qualquer uma delas é muito superior à nossa, mas em compensação, custa a metade do preço. hehe

Fronteira Barracão - Bernardo de Irigoyen

Sacar dinheiro foi um caso um tanto mais complexo, pois no banco eletrônico que encontramos - acho que BANELCO - não tive competência para responder corretamente às perguntas, logo, nada de dinheiro.
 
Na saída do banco, eu e a Bê na moto, arranquei, a moto derrapou na lama e tombou. Que sacanagem, realmente falta perna para segurar a Ultra, carregada, com garupa (coisa de 600kg). aí tentamos levantar a moto, não fosse a ajuda de dois rapazes que estavam passando, creio que estaríamos até hoje lá tentando levantar a moto. Preciso fazer um curso para isso.
 
Resolvida a questão, partimos em direção ao nosso destino final, Posadas - Missiones - Argentina. As estradas argentinas continuaram muito parecidas com as nossas, não fosse pela convenção invertida no sinal indicando possibilidade de ultrapassagem dada pelos motoristas ermanos. Quando eles querem nos dizer que podemos ultrapassar eles ligam a seta para a esquerda. Depois de 3 desistências de ultrapassagem, comecei a desconfiar que fosse o problema de padrão de comunicação. Aí comecei a interpretar corretamente a sinalização do pessoal e foi ficando mais fácil, o problema é que quando eles vão sair para a esquerda eles também ligam seta para o mesmo lado e simplesmente se atravessam na estrada e entram. Para quem vai viajar pela Argentina, esta é uma informação importante, cuidado com as conversões que eles fazem nas estradas, eles realmente atravessam a estrada sem esperar no acostamento para cruzar a pista.
 
Embora isso ocorra, não achei perigoso andar nas estradas deles, na verdade achei muito mais seguro andar lá do que aqui no Brasil, principalmente devido ao fato de eles andarem mais devagar e de o movimento ser muito inferior ao que estamos habituados no Brasil. É tão pequeno o movimento nas estradas que a Policia Camineira faz com que os motoristas parem em muitos pontos de controle e todos param em cima da pista de rolamento mesmo, o que eu demorei um tanto para aprender, pois eu ligava o pisca e parava no acostamento, eles param na pista mesmo e como nunca chega ninguém atrás, não dá problema nenhum. Fiquei pensando, se a nossa polícia fizesse isso em Cascavel o engarrafamento em pouco tempo estaria em Campo Largo.

Posto em Eldorado-MIS
  Chegamos então a uma cidade relativamente estruturada, chamada Eldorado-Província de Misiones, lá vi uma agência com "Cajeiro de extraccion". Depois de algumas horas de experiência, pensando nos erros que eu poderia ter cometido nas tentativas de saque ocorridas em Bernardo de Irigoyen, já me julgava quase capaz de tentar novamente a empreitada de conseguir pesos argentinos. Depois de 3 tentativas, obtive sucesso e saquei 600 pesos. Só depois de algum tempo percebi que havia sacado uma quantidade pequena de dinheiro para fazer frente às despesas com gasolina, lanches, água, café e alguma refeição. Já à noite, em Posadas, consegui realizar novamente a proeza, onde saquei mais 600 pesos, assim eu tinha o equivalente a 600 reais, dos quais uma parte já havíamos gastado, para os dias que pretendíamos passar em território argentino.
 
Lembro que nossos planos até o momento eram ir até Mendoza, voltar a Buenos Aires, Montevideo e finalmente Curitiba, ou seja, teríamos uns 7 a 8 dias na Argentina.
 
Até este momento, a terra era vermelha e o chão, por estar molhado, era muito liso, eu estava traumatizado com o meu tombo e tinha muito medo de o pé escorregar em cada parada, pois o chão era extremamente liso mesmo...
 
Saímos de Eldorado rumo a Posadas, a esta altura eu já estava acreditando fielmente no meu GPS com o MAPEAR instalado, nossos deslocamentos e as indicações dele eram absolutamente precisas. Chegamos a Posadas às 10:00h da noite, sendo que anoiteceu às 9:00, ou seja, andamos um pouco de noite, fomos até um posto para banheiro e café, deixamos a gasolina para depois pois tinha muito movimento, aproveitamos então para procurar por um hotel, que tal o Hotel Posadas, nada mais criativo que isso. Ele fica no centro de Posadas, ao lado da Praça 9 de Júlio. chegamos lá e nos hospedamos. Não tínhamos nenhuma reserva em nenhum hotel para nenhum dos dias de nossa viagem, nem mesmo para véspera de natal e ano novo.

Estrada entre Eldorado e Posada - Missiones

Como já era tarde, formos jantar logo depois de um banho relaxante na Parrilla La Querência, que fica a meia quadra do Hotel, bem em frente à Praça 9 de Júlio. Comemos o primeiro maravilhoso bife de chorizo com papas fritas do trajeto e tomamos uma Quilmes 1 litro para fazer frente aos 38 graus que fazia, pois era tarde e estava "fresquinho", que delícia. Depois fomos caminhar um pouco pela praça e dormir bem cedo, lá pelas 2 da manhã, o que acabou prejudicando o horário de saída do dia seguinte.
 


Dia 3. Trecho Posadas - Santa Fé: 24/12/2009 - 810 km

Trecho percorrido no Dia 3
 
Levantamos lá pelas 9:00h, tomamos um banho e fomos tomar o café da manhã. No Hotel Posadas o café da manhã é impressionante, se não me engano tinha café, leite, manteiga e media luna. Ah! Vamos ser honestos, tinha açúcar e adoçante também. Um cafézinho bem mequetrefe.
 
Saímos do hotel e fomos dar uma volta pela costaneira, a avenida que acompanha o rio Paraná, com pista para caminhada, arborizada, muito bonita a avenida, inclusive com casinos, bares e algumas casas muito bonitas.

Posadas - Às margens do Rio Paraná
Em seguida utilizamos o GPS para encontrar um posto, que curiosamente acabou sendo o mesmo no qual paramos na volta, e seguimos o GPS em direção à cidade de Paraná. Em um sinaleiro, parou um motoqueiro do nosso lado dizendo que adorava o Brasil e que infelizmente devido aos valores cambiais não tem vindo mais para o Brasil, que teve no passado inclusive uma casa em Ponta das Canas - Floripa, mas que teve que vender.
   
Posadas - Avenida Costanera - Margem do rio Paraná
Ele perguntou de onde éramos e para onde estávamos indo e nos disse que o GPS estava indicando uma estrada de terra, assim nos disse que virássemos à esquerda no segundo semáforo e depois à direita seguindo em frente. O GPS acabou recalculando o trajeto e seguimos por ele. Depois fui ver que as estradas de terra não estavam excluídas das rotas, que bobagem.
 
Seguimos pela estrada em direção ao sul, chegando bem perto da divisa com o Brasil, quando chegamos próximo à fronteira na região de Uruguaiana, eu acho que a temperatura chegava perto dos 50 graus centígrados. Era um calor de tirar o bom humor de qualquer um. Paramos em um posto para abastecimento e tinha uma loja de conveniência, que acabamos nos refrescando no ar condicionado e comendo um sanduiche natural, daqueles que vem embrulhado em rolopac. Tomamos um monte de líquidos e tomamos coragem para seguir viagem.
 
Como sempre, os postos de serviços aparecem a cada 160km em média, às vezes um pouco menos ou pouco mais. Chegamos no próximo posto, colocamos gasolina e entramos na loja para refrescar e tomar um café. Alguns instantes depois de termos chegado no posto, o tempo ruim começou a chegar perto com muita velocidade e uma tempestade de areia, com ventos que acredito tenham chegado a mais de 100km/h, acabaram tombando uma moto que estava estacionada no posto e eu corri para pegar o meu capacete, luva e bandana que estavam em cima do banco da moto. Quando peguei o capacete a luva e bandana cairam, as luvas eu recuperei mas a bandana saiu em uma tremenda disparada que não consegui pegar nem saber para onde foi. O capacete que ficou exposto por alguns segundos ao vendaval, ficou cheio de areia vermelha. Depois de passado o temporal, foi a hora de limpar a moto jogando água no painel, bancos e parabrisa que estavam totalmente cobertos de areia.

Tempestade de Areia - Ver moto que tombou com o vento
Pela primeira vez colocamos as capas de chuva, pois depois da tempestade de areia veio a chuva, em menos de 30 minutos já estava só uma pequena garoa, seguimos em frente. Logo depois, encontramos um controle da policia camineira, neste local, educadamente o policial me perguntou de onde eu vinha, para onde ia, etc. e me pediu uma contribuição para o natal. Sabe que ele foi tão educado que nem fiquei puto. Não me pareceu que houvesse naquele caso uma obrigação de dar algo. Acabei dando 10 pesos (cerca de R$ 4,50) e ele saiu de perto. A Bê filmou o cara e depois me falou uma grande verdade. "É triste ver policiais pedindo esmola", pois foi bem isso que pareceu no caso.

Posto antes de Paraná-ER - Caminhão do Brasil

Seguimos por estradas sempre muito boas, com pouquíssimos defeitos, quase nenhum buraco, quase nenhuma curva também. Depois que saímos de Posadas, as estradas foram ficando cada vez mais retas e, a cada 15 ou 20 km, eles colocam uma pequena curva na estrada a fim de acordar o motorista acredito eu. Qualquer coisa é assunto para que seja proibido ultrapassar e chamam de "cruze peligroso". Qualquer saída de terra que dá acesso a, por exemplo, uma fazenda, é um cruzamento perigoso. Parece que tudo isso é feito para que os motoristas não durmam na direção. Notei que viajar por lá sem algum sistema de cruiser, ou piloto automático, é bem complicado, utilizei muito o da minha moto.
 
Finalmente, depois retas e mais retas e calor e mais calor, chegamos em Paraná - província de Entre Rios e fomos diretamente para o túnel que cruza por baixo do rio Paraná, com mais de 2,5km de extensão. Neste momento estava anoitecendo e nós queríamos um hotel para descansar, pois o calor nos cansou mais que qualquer outra coisa neste dia.
 
Demorou mais do que eu imaginava para chegarmos em Santa Fé - SF, que fica do outro lado do rio. Chegando em Santa Fé ficamos impressionados com o tamanho da cidade e com a sua infra-estrutura, avenidas largas e tudo muito limpo. Em um posto, pois aprendemos que devíamos abastecer a moto sempre de noite e nunca deixar para fazer isto pela manhã, perguntamos por hotel e já apareceu outro argentino que se apresentou dizendo gostar muito do Brasil e nos indicou o Hotel Los Silos. Um antigo silo de um antigo porto, que embora muito diferente nos lembrou o Puerto Madero de Buenos Aires. Um Hotel muito bonito com um casino e shopping localizados junto ao mesmo.

Santa Fé-ER - Hotel Los Silos - Vista da nossa sacada
Conseguimos um quarto por uns 360 pesos, coisa de R$180,00 para o casal. Até que achei o preço razoável, já que não tínhamos nenhum esquema de reserva e preço de balcão é sempre preço de balcão, muito maior que os preços que se consegue com reservas através de Agências de Turismo, normalmente.
 
O quarto era maravilhoso, com uma arquitetura de equilíbrio e muito bom gosto. Como era véspera de natal, fizemos algumas ligações para o Brasil do celular mesmo, que funcionou muito bem tanto na Argentina como no Chile, sem necessidade de nenhuma autorização especial. Tentei uma vaga para a cena de natal do hotel mas não consegui nada. Assim solicitamos ao restaurante que nos servisse uma cena no quarto mesmo, comemos um filé muito bom com um espumante para comemorar o Natal e foi um desmaio só. Nós dois apagamos, sendo que ela apagou uma hora antes de mim. Eu ainda liguei para meu pai e descobri que ele e duas outras parentes haviam sido sequestrados por dois vagabundos e que ficaram rodando por umas 2 horas com eles em Curitiba e acabaram levando os documentos, cartões, dinheiro mas não levaram o carro e, graças a Deus, nem eles, o que foi um grande presente de natal para todos nós.
Santa Fé - Hotel los Silos - Cansado mas feliz
 
Voltando para Santa Fé, jantamos e a Bê desmaiou de cansada. Viajar de moto tem disso a gente fica realmente pregado no final do dia, mas muito satisfeito, no coração é só alegria. Eu demorei um pouco mais para dormir naquela noite, ligando para os filhos e demais familiares, inclusive dela que dormia, em seguida dormi também.
 
A idéia era de tentar iniciar os trajetos mais cedo, em algum dia, mas aquele não foi o dia em que conseguimos fazer isso. Acabamos acordando no raiar das 9 da manhã, descemos para tomar o café da manhã, que estava realmente muito bom, inclusive pedimos ovos mexidos e descobrimos que em muitos hotéis os ovos mexidos não estão no buffet mas é só pedir que eles preparam para a gente com a maior boa vontade.
 
Depois saímos para conhecer o Casino, muito interessante, cheio de máquinas caça níquel de formas que eu nunca tinha visto. Até mesmo a roleta era eletrônica. Coloquei 10 pesos na roleta e jogamos no rojo, perdi os 10. Tentamos novamente mais $10 na primeira dezena e puff novamente, lá se foram mais $10 pesos. Saímos do Casino imaginando com que velocidade o pessoal de lá consegue ganhar dinheiro das pessoas, e o pior, quando alguém ganha alguma coisa, eu particulamente, duvido que saia de lá com o dinheiro, pois como a maioria dos premios é de valor pequeno a pessoa acaba jogando novamente até perder tudo. Incrível o negócio deles e a burrice das pessoas que precisam daquilo para viver. Mas tudo bem.
 
Saímos dali e fomos dar uma olhada no shoping que tinha logo a seguir do Casino, muito bonito, quando olhado de longe. Fiquei preocupado pelas intenções da Bê em ir até lá. Gastar com compras não me parecia uma boa idéia, tipo fora dos propósitos da viagem, e, uma grande vantagem para quem viaja de moto, não tem como carregar as coisas dispensáveis. Na moto, mesmo na Ultra, com seus tour pack, é possível carregar apenas o indispensável. Quando chegamos lá na porta vimos que estava tudo calmo de mais e perguntamos se estava aberto a uma senhora que limpava a calçada, ela nos disse que era dia 25 e que no dia de natal o shoping não abre. Que misto de satisfação e vergonha me deu, realmente acho que estávamos um pouco alienados de que era dia de Natal, claro que o shoping tinha que estar fechado e aí nem estendemos porque o Casino estava aberto.
 
Pegamos nossas bagagens, carregamos na moto, fechamos a conta do hotel e partimos, no raiar das 11 da manhã rumo ao nosso próximo destino Villa Carlos Paz. Uma vila localizada muito próximo de Córdoba.
 
Dia 4. Trecho Santa Fé - Villa Carlos Paz: 25/12/2009 - 407 km

Trecho percorrido no Dia 4
 
Como sempre as estradas continuaram sendo maravilhosas, e também continuaram retas, irritantemente retas, com aquelas curvas a cada 20km para acordar o motorista. Seguimos mais tranquilamente pois neste dia teríamos apenas que percorrer uns 400km, mole pra nós, pois já estávamos nos acostumando com distâncias maiores. O dia estava muito mais fresco que no dia anterior, cerca de 32 a 35 C, o que já nos parecia agradável depois dos 50 do dia anterior. A vegetação parece que, conforme avançávamos no trajeto, se tornava cada vez mais rala e um pouco diferente, resultado de um solo mais arenoso e pedregoso.

Santa Fé - Villa Carlos Paz - Muitas retas....
Quando chegamos a Córdoba, decidimos entrar na cidade para dar uma olhada, mas antes resolvemos parar para tirar uma foto junto à placa que indicava para Villa Carlos Paz e Córdoba na estrada, neste momento, quando eu fui subir na moto, senti uma fisgada na virilha, como se estivesse esmagado uma bola do saco. Fiquei um pouco quieto e fui descobrindo que não era bem isso, eu creio que os 3 dias sentado na moto já estava cobrando seus dividendos, era a virilha. hummmm!!! Pelo menos poderíamos usar o líquido de massagem com cânfora que tínhamos aproveitado para comprar em Barracão, enquanto esperávamos passar aquela tremenda chuva de verão, ah! e o relaxante muscular também, pois ainda não tínhamos tomado nenhum. Ainda bem que para sentar na moto não doía, o problema era para puxar a perna para frente, como era a perna direita, o freio de pé ficou um pouco prejudicado e apoiar o pé no chão era mais tranquilo do que puxar ele de volta para a posição de apoio, pois tinha que puxar para frente.
 
Chegada a Córdoba-Problema na virilha.
Córdoba não nos pareceu um lugar turístico, mas sim uma cidade industrializada com aquela aparência típica das cidades industrializadas, mas com alguns edifícios antigos, o que mostra que Córdoba deve ser uma cidade com pelo menos 300 anos. Tiramos algumas fotos dos pontos interessantes por onde passamos a partir do centro da cidade, o qual o GPS não teve a menor dificuldade em nos levar. A Bê achou feia a cidade, eu até que daria um desconto, é uma cidade normal, como as nossas aqui do Brasil, mas lá a gente espera sempre ver algo um pouco mais bonito e antigo.


Estrada de Córdoba - Villa Carlos Paz

Saímos em direção a Villa Carlos Paz, que eles chamam de "Bicha" Carlos Paz, devido ao sotaque dos argentinos, quando chegamos lá, encontramos a cidade que eu havia visto no google earth, um lago de tamanho razoável com uma cidade de veraneio em volta. Como eles estão no centro da América do Sul, entre o Atlântico e o Pacífico, o Lago acabou sendo um atrativo que converteu o local, naturalmente quente e seco no verão, em um balneário.

A Avenida Costaneira é muito agitada com gente de bermuda e chinelos, biquines, sungas e camisetas por todos os lados. Lembra muito as nossas praias no verão. Bares, Quilmes, restaurantes, hotéis, pousadas, campings, um agito danado, muitos carros com som alto, e não era tango!

Tínhamos que achar um hotel para a gente ficar e pela primeira vez, devido à pequena distância, havíamos chegado de dia a um local, e que local. O GPS nos mostrou algumas opções e fomos procurando, queríamos que fosse na região nobre, no entorno do lago, de preferência com vista para o lago. Depois de rodar um pouco e tentar encontrar um hotel que o GPS nos indicava e não existia a rua que ele indicava, acabamos vendo a placa do Hotel Hipocampus. Fomos por uma estrada de terra até ele e quando chegamos lá foi uma surpresa encantada. O Hipocampus fica na encosta do morro, voltado para o lago. Do jeito que a gente queria. Perguntamos o valor da diária e era razoável para a condição do local, mais barato que o de Santa Fé. Ficamos por ali mesmo.

Villa Carlos Paz - Lago artificial

Para chegar ao nosso quarto, descemos uns 3 andares e fomos vendo que o hotel foi construído encostado no morro, sendo que as pedras do morro ficam aparentes nos corredores e escadas que dão acesso aos quartos. O rapaz abriu o quarto, disse que tinha Wi-Fi, ar condicionado, ventilador de teto, calefação!!! que coisa estranha, ar condicionado e calefação, para nós é estranho, mas acho que lá, no inverno é frio pra caramba e no verão é quente, assim eles podem aproveitar os dois períodos.
Hotel Hipocampus - Lareira da Recepção
Um capítulo à parte foi descer e subir as escadas com a virilha doendo a cada passo. Tinha que ajudar com a mão para puxar a perna para frente, descer era mais fácil que subir, pois aí tinha que puxar a perna até o degrau de cima. Mas valia a pena, pois quarto era muito mais bacana que os que poderiam haver acima. Assim pegamos as bagagens e nos instalamos no quarto, tinha uma varanda de onde se podia ver o vale do lago, cerca de 50 a 100 m abaixo de nós e se podia ver também uma escadaria que levava até a quadra de tênis do hotel lá em baixo, algumas árvores, cercas e um insistente barquinho, pintado de verde amarelo e vermelho, no pé de uma palmeira, meio escondido entre as árvores, que indicava o quando o lago se encontrava baixo, conforme o pessoal do hotel já havia comentado.

Hotel Hipocampus - Minha motoqueira feliz

No plano original, de 21 dias de viagens, havíamos previsto que ficaríamos 1 dia nesta cidade, seria uma escolha acertada, mas como agora nosso tempo estava muito mais reduzido, uma semana a menos que na previsão original, não poderíamos ficar mais do que aquela tarde, noite e sair em direção a Mendoza.
 
Jantamos no hotel mesmo, em uma varanda muito bacana. vendo a Villa do outro lado do vale e soubemos que o nome da cidade, é oriundo de uma família que se mudou para lá, a cerca de 200 anos, e que um dos filhos daquela família, resolveu fazer uma escola para que as crianças pudessem estudar, o nome dele era Carlos Paz e assim o lugar começou a se desenvolver e acabaram batizando com o nome dele.
  
Villa Carlos Paz - Hotel Hipocampus-Vista do Lago

Passamos momentos muito agradáveis lá. Recomendo a qualquer um que vai a Mendosa por estradas que pelo menos conheça Villa Carlos Paz e se quiser dormir por lá, Hotel Hipocampus Resort é a nossa sugestão, se Deus quiser algum dia vamos retornar para lá, nem que seja para passar rapidamente como desta vez.
 
Além disso, creio que deixamos de conhecer muitos lugares, como bares e restaurantes, tomar banho no lago e talvez até passear de barco pelo lago, pois haviam muitos veleiros.


Dia 5. Trecho Villa Carlos Paz - Mendoza: 26/12/2009 - 551 km

Trecho percorrido no Dia 5

 
Tomamos um café da manhã muito bom no Hipocampus e, como sempre, muito mais tarde do que pretendíamos, mas tudo bem, já estavamos nos acostumando a sair sempre muito mais tarde do que o originalmente planejado para poder aproveitar mais o dia, pois chegando mais cedo no destino, poderíamos passear para conhecer o local antes de jantar e dormir.
 
Depois do café, a Bê cuidou novamente da minha distensão, que já estava bem melhor na manhã seguinte o que serviu de forte estímulo, pois fiquei bem mais confiante de que a distensão não duraria muito. Sempre que eu subia na moto, tomava todo o cuidado com a perna, movimentos diferentes dos que eu sempre fazia e que protegiam a minha perna, como resultado, até hoje subo na moto de forma diferente e muito mais segura e confortável que antes.
 
Assim partimos de Villa Carlos Paz novamente lá pelo raiar das 11 horas e fomos em direção a Mendoza. O caminho que liga as duas cidade cruza uma serrinha muito bonita, que na verdade não entendi muito bem como ela se liga aos Andes, mas o fato é que ela de alguma forma se parecia com as montanhas dos Andes, de cor amarela e com alguns buchinhos parecidos com carneirinhos, espalhados. Depois eu descobriria que esta paisagem é mais ou menos comum nas regiões desérticas pelas quais passamos, quando tinha vegetação, era assim.
 
Fomos subindo a serra e quando vimos estávamos a 2.300m de altitude. Vale lembrar que o ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina que está a algo como 3.000m. Bem, pelo menos estava mais fresco, pois saímos de Carlos Paz já com uma temperatura de uns 38oC e quando chegamos a uma parada relacionada à Fundação Condorito responsável pela conservação daquela reserva, com venda de artesanato e algumas peças do tipo animais empalhados, devia estar uns 25, convenhamos, muito mais agradável mesmo.

No páteo da Fundación com Villa Carlos Paz ao fundo
 

Eu na entrada na Fundación Cóndor onde paramos

Vimos alguns passarinhos diferentes, muito coloridos que ficavam ali comendo as migalhas que caiam, mas o mais interessante é que ao fundo se podia ver, muito distante, o lago e a Villa Carlos Paz. Decidimos não almoçar por ali, embora tivesse uma boa comida, que lembrava a cozinha mineira, e decidimos seguir em frente pois tínhamos tomado um bom café da manhã a pouco. A serra é muito bonita, se pode ver a região, que imagino seja a planície onde se encontra Mendoza, muito ao longe e cerca de 2.000m abaixo, o que dá uma visão muito bonita e incomum.

Vista da planície uns 2.000m abaixo
A região continuava seca e desértica e fomos descobrindo que não melhoraria dali para frente. Assim descemos a serra e fomos chegando em Mendoza, a quantidade de parreirais ao longo do caminho foi crescendo. Chegamos a um posto para abastecimento entretanto tinha apenas GNV, que lá se chama GNC. Tomamos um café e ficamos algum tempo apreciando o bonito final de tarde.
 
Seguimos para Mendoza e, novamente fomos muito criativos, nos hospedamos no Hotel Mendoza, hehe, localizado no centro da cidade. Como ficaríamos um dia em Mendoza tratamos de arranjar um citytour e estacionamos a moto no estacionamento do hotel que fica do outro lado da rua. Chegando lá, vimos uma outra Harley estacionada, uma Heritage Classic, com placa de Salvador -Bahia. O cara estava mais longe de casa do que nós.


Dia 6. Mendoza: 27/12/2009
 



Não saímos naquela noite, nem sequer jantamos, acabamos desmaiando em nosso quarto mesmo. Na manhã seguinte, enquanto tomávamos café, lá pelas 9 da matina, no 10 andar do hotel, apareceu um cara tirando fotos das montanhas, um tanto agitado, era brasileiro, era o cara da Heritge. Conversamos, ele me disse que veio direto de Salvador em 5 dias e que havia ficado um dia parado lá em Mendoza e que nem tinha olhado para a moto no dia anterior. Perguntei se ele iria cruzar os Andes em direção a Santiago e ele me falou que estavam saindo, lá se foi a minha intenção de ter companhia para o trecho. Ele falou ainda que ele e a esposa que estava com ele na garupa caíram um tombo na Argentina devido a um carro que saiu para ultrapassar e ele acabou ficando com medo de ficar no canto da pista devido ao tamanho da moto e desceu para a grama, pois não tinha acostamento, e acabaram caindo. Por sorte apenas o guidon da moto havia entortado um pouco e nem ele nem a esposa se machucaram, ficando apenas no susto. Pôxa, fiquei impressionado com o azar do cara, porque nem sequer tem carro nas estradas e ele teve a má sorte de encontrar 2 no mesmo lugar e um ultrapassando o outro, logo quando ele estava passando. Caraca! Mas não falei nada disso com ele.
 
Ele saiu meio apressado da mesma forma como chegou e foi embora. Quando descemos depois do café e saímos do hotel, a moto dele já não estava mais lá no estacionamento ao lado da nossa que estava solitária e descansando. Mas quando ela me olhou com aquela cara de "para onde nós vamos agora?" saímos correndo de lá. Dei razão para o Bahiano, nem quis ver a moto naquele dia. Foi ótimo passar um dia sem ver a moto.
 
Praça Independência e a Bê
Nosso citytour, estava marcado para as 4 da tarde, aproveitamos para passear pela Praça Independência onde tem um teatro subterrâneo de um lado e o Museu de Arte Moderna do outro. Pudemos visitar o Museu que achamos bem mais ou menos, existe ainda o Hotel Plaza e o Teatro Independência, no qual haveria uma apresentação de dança às 9 da noite, pensamos seriamente em ir e caso não tivéssemos pregados de cansaço no hotel, teríamos mesmo ido.
 
Depois de andar um pouco por ali, fomos até o Carrefour pois precisávamos de adaptador para o tipo de tomada que eles tem na Argentina. Lá não tem como ligar pino faca nas tomadas, assim é necessário levar daqui um adaptador para pinos redondos. Eles também acabarão se encaixando nas tomadas do Chile. O pior é que muitos Hotéis não tem adaptadores para emprestar. Por isso fomos ao super mercado, mas mesmo assim não achamos, o que encontramos lá foram as colitas - hehe - elástico para a Bê prender o cabelo, shampoo e condicionador, e o principal, Fresita. Há muito tempo não encontrávamos Fresita para vender no Brasil - para quem não conhece é um espumante com sabor de fruta, que pode ser morango, pêssego, abacaxi, mas é um espumante da melhor qualidade para o amor.... à noite fui até o restaurante do hotel, peguei duas taças, que lá se chama copas (copo=vaso; xícara=taça; taça=copa; coisa simples depois de alguns anos de experiência) aí tomamos a nossa Fressita e dormimos, desta forma acabamos não indo ao teatro assistir o espetáculo de dança.



Nós na Praça Independência




Churracaria El Patio de Jesús Maria
Depois voltamos até o Hotel, sempre à pé, e então pegamos um táxi para irmos almoçar na Parrilla El Patio. Muito bacana esta churrascaria, tem um estilo diferente e acabamos, como muitos outros lugares, sendo atendidos por argentinos que já moraram no Brasil. Neste caso o garçon havia morado por 1 ou 2 anos em Salvador.
 
Embora o citytour estivesse marcado para as 4 da tarde, quando deu 3 ligaram do hotel dizendo que a Van do passeio estava nos esperando, ainda bem que tínhamos terminado de almoçar e pedimos que a van nos pegasse na churrascaria.
 

A Bê feliz na El Patio

Partimos com um grupo de amigas muito sex´s, todas sexagenárias, hehe. Foi interessante, pois tive que fazer um curso rápido de como operar uma máquina fotográfica. O caso era tão grave, que uma delas tirou uma foto do grupo com a lente da máquina virada para ela. Pode isso?
 
Andamos por muitas praças - da Espanha, da Itália, da França, etc. e o guia nos informou que em 1882 (acho) houve um grande terremoto em Mendoza que destruiu completamente a cidade. sobraram apenas algumas ruínas deste episódio. Como não sobrou nada, alguns países ajudaram na reconstrução da cidade, desta forma, acabou que um destes países recebeu um espaço para implantar uma praça na cidade como recompensa.

Parque San Martin


Santuário de N. Sra. de Lourdes



As duas Bernadetes. Uma é Santa a outra não


Monumento a San Martin

Rio canalizando a água do degelo


Faz tanto tempo que a moenda foi encostada na árvore que ficou abraçada

Andamos pelo Parque San Martin, curioso que tudo que tem na Argentina, Chile, etc. se chama San Martin. Um parque de 400ha inserido dentro da área urbana. Subimos também no Cerro de la Glória onde tem um monumento adivinhem a quem? San Martin, hehe, em homenagem a quando ele cruzou os Andes com seu exército. E o anfiteatro a céu aberto no estilo grego.
 
Daí seguimos para o Santuário de N. Sra. de Lourdes, algo parecido com Aparecida do Norte aqui no Brasil, pois pela estrutura que vimos lá, deve ter algum dia de festa que o local deve ficar totalmente lotado. Aí a Bernadete viu a imagem da Santa Bernadete, que deu origem ao nome dela. Aí ela me explicou que a Santa Bernadete foi uma das três meninas que viu a N. Sra. em Loudes, além do mais a Sta. Bernadete encontra-se intacta, ou seja, não entrou em decomposição, logo, terei minha mulher por muito tempo. hehehe. (Espero que isso seja bom até o final, como tem sido).

A van nos deixou no hotel e tive que ir à noite até uma farmácia para comprar bicarbonato de sódio, pois o churrasco do almoço estava relutando em descer. Acabamos dormindo na esperança de desta vez conseguirmos acordar cedo.  
 
Dia 7. Mendoza - Santiago: 28/12/2009 - 327 km


Trecho percorrido no Dia 7 - Cruzando os Andes pelo Paso Cristo Redentor
 
Embora não tenhamos conseguido sair do quarto antes das 9 para tomar café, levantamos bastante ansiosos com o nosso itinerário daquele dia. Pois eu e minha querida acompanhante decidimos loucamente que ao invés de retornarmos para Buenos Aires, seguiríamos em direção aos Andes, mudando nosso plano mais curto de viagem. Como disse a Bê, vir até aqui do lado da cordilheira e voltar é loucura, com o que concordei prontamente pois essa era a minha vontade também.

Assim levantamos no dia em que seguiríamos em direção àquele monstro impetuoso e impiedoso que pode ser a cordilheira, segunda maior cadeia de montanhas do mundo. Tomamos nosso café da manhã, com os olhos mirando o oeste quase que imperceptívelmente o tempo todo. Me lembrei do nosso colega bahiano que no dia anterior estava muito mais ansioso ainda, aí deu para entender um pouco o que se passava com ele. Tomamos nosso café, muito bom, confesso que um pouco preocupado com comer pouco para poder cruzar a cordilheira. Bobagem, ao menos para mim e para a Bê isto não faria diferença, pelo menos não neste dia onde a altitude era menor.

Terminamos nosso café, fechamos as bagagens, roupas lavadas na lavanderia do hotel, fechamos a conta, carregamos a moto e partimos. Destino do GPS - Santiago, Chile. Ele nos mandou virar para a direita, depois novamente à direita e assim fomos nós em direção às montanhas da cordilheira. A emossão de partir rumo a um local onde ouvimos falar desde a infância nas aulas de geografia de nosso período escolar, para nós ao menos, foi algo bem forte.
 
Mendoza fica a menos de 1.000m de altitude e deveríamos chegar a uns 3.200m. Fomos seguindo nosso caminho e para nossa surpresa a maior parte dos trechos eram compostos de retas, quando chegamos num local que eu julgava já ser próximo à fronteira, encontramos uma vila mais ou menos grande onde tinha um posto de gasolina, acho que o nome é Uspallata, aproveitamos para encher o tanque da moto, comprar uma água mineral e a Bê que encontrou uma família de gauchos - do RS - aproveitou para filar um chimarrão que a dias ela estava agoniada pois via todo mundo tomando e a gente na maior lei seca de chimarão. Pensamos até em comprar uma cuia com bomba e erva. Na Argentina, tinha tanto consumidor de chimarrão que em todos os postos que paramos tinha uma máquina que vendia água quente. Você coloca uma moeda e pode encher uma garrafa térmica, eu nunca tinha visto nem imaginado uma coisa dessas.
 
Ao longo do caminho se via um rio, que na maior parte do trajeto se encontrava à nossa direita, onde corria água de degelo dos Andes. Aquela água não descia o rio mas sim se despencava pelo caminho de uma forma estranha, que eu nunca tinha visto antes. Pois como o rio não é perene o seu leito tem um equilíbrio diferente daquele que normalmente encontramos. A antiga estrada de ferro, ia nos acompanhando, ora à direita ora à esquerda, um túnel aqui outro ali, uma ponte aqui outra ali e íamos seguindo em frente por trecho excessivamente retos quando comparados com a minha expectativa para o trecho.
 
Como já havíamos lido em histórias de pessoas que fizeram o trajeto antes de nós, pela manhã o tempo é nublado e lá pelo meio dia limpa. Lá pelas tantas, o tempo nublado começou a limpar e nós vimos ao longe umas nuvens estranhas. Eu comentei com a Bê, veja que nuvens estranhas, em forma de caminho de rato, nunca vi isso antes. Ela confirmou que realmente pareciam estranhas as nuvens. Fomos chegando mais perto e as nuvens foram se dissipando, aí percebemos que as nuvens estranhas eram na verdade o topo das montanhas mais altas com o gelo escorrendo que dava a impressão de serem nuvens. Ficamos arrepiados de emoção ao perceber a força e o poder daquelas montanhas que possuem tamanho desproporcional ao restante da paisagem que estamos acostumados a ver.

Chegamos a um local chamado Los Penitentes, onde ao longo da estrada tinham balizas, de ambos os lados, com uns 4m de altura, imagino que no inverno estas balizas sirvam para que as máquinas possam retirar a neve, até mesmo para saber onde está a estrada, pois deve ficar tudo branco exatamente com a mesma aparência. Deu para ter uma idéia de que as nevascas lá devem ser mesmo grandes.

É Possível notar que atrás do prédio verde que se encontra apresentado na foto tem um sistema de elevador que é utilizado para levar os esquiadores até o topo da montanha para descer esquiando.

Los Penitentes Argentina - Estação de inverno


Paisagem do lado Argentino - Notar as cicatrizes que o gelo gera
A infra-estrutura que encontramos lá é boa.
Los Penitentes é um local cheio de prédios, com telhados verdes e muito bem conservados. A princípio pensei que fossem hotéis mas depois de conversarmos com a dona de uma pensão que tem em frente aos prédios, ela nos contou que são apartamentos que turistas utilizam no inverno durante a estação de esqui. Achamos o local muito bonito.
 
Usamos o banheiro e tomamos um café e uma empanada e seguimos em direção à fronteira. Passamos pela instalação do exército argentino e pagamos o pedágio para ingressar no túnel que liga os dois países, sendo que a fronteira fica no meio deste túnel.

Obras que encontramos do lado Chileno
Ao sair do outro lado, já no Chile, sentimos uma diferença enorme na temperatura. Ao menos uns 10oC abaixo da temperatura da Argentina, ou seja, o clima de um lado e do outro dos Andes é muito diferente. Do lado chileno a neve estava abaixo do nível dos nossos olhos e no lado argentino estava bem acima de nós.
Paisagem do lado Chileno do túnel
No Chile haviam muitas obras, os trabalhadores estavam fortemente vestidos para o frio, e construíam estruturas de proteção contra avalanches, que tem em muitos lugares, alargamento de pista, etc. Muitas obras mesmo, dessa forma, nós estávamos andando em piso de solo pelos desvios, com uma fila enorme de carros e caminhões.

A esta altura a Bê estava perdendo o seu costumeiro bom humor devido ao forte frio que ela sentia. Eu acho que eu estava emossionado com o local e por isso talvez não sentisse tanto frio, mas ela...

Alfândega do Chile - Eu estou no guichê

Mais à frente tinha a alfândega do Chile. Demorada e que dá um trabalho danado. Demoramos mais de 1 hora para sair do outro lado. E tenho que reforçar, a Bê sentindo muito frio. Depois de papéis que não acabavam mais, e revistar as bagagens, finalmente saímos da Alfândega e seguimos em frente ansiosos para chegar nos caracoles.

 O frio era de lascar. Eu não sentia tanto, mas pude julgar pelas roupas que o pessoal que estava trabalhando lá usava, embora, houvessem turistas com todo o tipo de roupas, inclusive roupas de praia, do tipo camiseta e bermudas. Ficamos reparando que o pessoal que estava vestido com roupas de praia, quando abriam a porta do carro ou da van, pois tinha várias abarrotadas de turistas, creio que argentinos, 
Eu na beira do início dos Caracoles (caracóis)
era uma cena triste de ver. O pessoal se encolhia muito por causa do frio.


A Bê, nossaa melhor companheira da viagem. A outra era a moto.


Sem palavras

Os caracoles e suas voltas


Os caracoles e mais voltas. Ver onde estava a neve, lá em baixo


Os túneis de proteção contra avalanches em pontos de maior risco
Quando chegamos aos caracoles foi um desbunde!!! Caraca!!! Que lugar!!!!. Não é à toa que se fala tanto de lá, é mesmo incrível, não se pode morrer sem conhecer um local como aquele. Paramos para filmar e fotografar o local. Até que tinha mais movimento que os demais locais, porque íamos mais devagar. Muita gente pára a fim de fotografar e filmar o local.
 
Todos os locais que encontramos neste dia foram impressionantes e, na verdade, nem sei muito bem o que vi, ou seja, como estamos habituados a ver uma certa paisagem, percebi que a minha leitura das paisagens era diferente do que eu estou acostumado a ver. Lembrei da Bethania cantando "você me olha com estes olhos acostumados". Pois os meus olhos acostumados, a ver outro tipo de paisagem, não tinha facilidade em compreender as distâncias e efeitos de paralaxe. Em alguns locais eu tinha a impressão de que estava olhando para a tela de um computador com aquelas imagens tridimensionais forçadas de jogos. Bem acho que a maioria das pessoas nem compreenderão isto que estou dizendo...

O frio realmente estava grande, pois depois, conforme íamos descendo, notei que a ponta dos meus dedos estavam formigando, esta sensação é típica de quando passamos frio na moto e depois começa a esquentar. A Bê tinha razão quando reclamava na fronteira, estava frio para caramba, ainda bem que eu não senti aquele frio todo devido à forte emoção.

Seguimos em direção a Santiago, passando por mais uma série de túneis para proteção contra avalanches e muitas obra de melhoria do pavimento. Me lembrei do texto que eu li de um outro viajante sobre as placas de PARE no Chile. Pare é Pare, não é diminua a velocidade, não é dê preferência, nenhuma outra interpretação diferente de Pare. Fiquei ligado neste assunto. Realmente quando apareceram as placas de pare, notei que todos param de verdade, engatam a primeira e arrancam novamente. Também fiz isso o tempo todo no Chile, embora no início me sentisse um idiota, mas como todos fazem logo a gente se acostuma e acha até que é natural.
 
Quando estávamos entrando em Santiago, em uma avenida, passou por nós uma Eletra com placa branca e números verdes. No semáforo conversamos e soube que o cara era da Inglaterra e que estava viajando a 8 meses e que estava indo na Loja da Harley para uma revisão e seguiria em direção a Ushuaia. Que inveja, um dia chego lá.
 
Seguimos o GPS e fomos direto até o Hotel Regal Pacific, que já havíamos nos hospedado anos atrás, quando fomos a Santiago. Entramos no hotel e fiquei feliz por não ter feito a reserva pela internet no dia anterior, o preço ficou muito menor no balcão do hotel, economizamos US$ 60,00 na diária.
 
Depois de dar entrada no hotel e descarregar a moto, comemos um sanduiche no hotel mesmo e fomos até a Loja da Harley que estava excepcionalmente aberta naquela segunda-feira, conforme o inglês nos contou. Deixamos a moto lá para fazer a revisão dos 8.000 km e retornamos ao hotel. Nem jantamos. Tomamos banho e desmaiamos na cama.


Dia 8. Santiago - La Serena: 29/12/2009 - 480 km
 

Trecho percorrido no Dia 8 - Ao longo do Pacífico

Nosso quarto no Regal Pacific - Uma beleza
No dia seguinte tomamos o café maravilhoso do hotel e saímos pela Av. Apoquindo em Las Condes e fomos até o Shoping Apumanque, podem ver que são palavras muito comuns aqui no nosso vocabulário, hehe. Aí compramos uma blusa para a Bê, tomamos um café, para variar, comprei um óculos escuro para ajudar nas estradas, pois o capacete que eu levei, era emprestado do Conrado, meu filho, e não tinha óculos escuros e, principalmente um par de alianças que a algum tempo estava adiando para comprar e colocar em nossos dedos, já que estamos morando junto a um ano e meio depois de um relacionamento de quase 9 anos. Acho que paguei mais caro que aqui no Brasil a aliança mas não tem preço que pague a representação do fato.
Que beleza de café da manhã

Voltamos ao hotel para recolher as bagagens e ir buscar a moto na loja às 3 da tarde. Aproveitamos para almoçar no restaurante do hotel, um peixe com purê de "garbanzo", que é ervilha madura e seca, como feijão ou lentilha, muito bom por sinal.

As lojas da Harley Davidson, em todo o mundo, pelo que me disseram, fazem prioritáriamente as revisões para viajantes, evitando assim atrasos nas viagens. Que conceito bacana este, no meu caso, e no do Inglês, este conceito funcionou muito bem.

Nosso peixe com garbanzo. Muito bem arrumado o prato.
 
Pegamos as bagagens um táxi e fomos buscar a moto. Aproveitei para comprar uma jaqueta de couro, uma capa de chuva para a Bê, para mim não tinha e, é claro, algumas camisetas de Santiago-Chile da Harley Davidson, uma para mim, outra para ela, uma para cada um dos companheiros que iam junto na viagem e que cada um devido a seus problemas não puderam ir.
 

A Loja da HD em Santiago. A Bê e a moto.
Acabamos saindo da loja apenas às 5 da tarde com destino a La Serena, no litoral, pois a moto estava muito suja e o cara ficou muito tempo limpando. Nesta época do ano, mesmo com uma hora de diferença entre o horário deles e o nosso, amanhece muito mais tarde, por Santiago estar mais ao sul que Curitiba e mais a oeste também, dois motivos que se somam, logo, nestes dias, havia luz do dia até lá pelas 9:30h. Isso foi muito bom pois podíamos andar até mais tarde. Chegamos em La Serena lá pelas 10 da noite.

O trecho de estrada entre Santiago e La Serena foi cheio de surpresas para nós. Por exemplo a paisagem.



A nossa bandeira não poderia faltar.


Ah!!!!  Que saudade!!!!!

Vale salientar que quando chegamos em Coquimbo e La Serena, que ficam conurbadas, levamos um susto com o tamanho das cidades. Eu esperava encontrar um lugar pequeno, mas não é pequeno não. Fomos em direção à praia para procurar um hotel à beira mar. No primeiro hotel, localizado ao lado do farol de La Serena, não tinha vaga. seguimos em frente e no hotel seguinte, chamado Hotel Mar Ensueño, tinha vaga.
Imagem do Farol de La Serena à noite Quando chegamos


 Um hotel muito bom. Com calefação em todos os ambientes ao invés de ar condicionado, achamos meio estranho, mas era igual avião, para ficar fresco, tem que esquentar o ambiente. O Pacífico naquela região funciona como um sistema de ar condicionado, gelando o ar e com o vento a cidade toda tem um grande aparelho de ar condicionado natural.
 
Já na chegada acabamos encontrando uma turma de brasileiros em 4 caminhonetes. Casais, crianças e jovens. Acho que eram 18 pessoas, pessoas muito simpáticas e que já tinham ido muitas vezes para aquelas bandas, se não me falha a memória 10 anos. Eles disseram que já haviam cruzado os Andes por muitos passos diferentes, utilizando-se de estradas de terra. Já que o Paris-Dacar, que agora é Buenos Aires - Buenos Aires, mas continua com o nome de Dacar, ia passar pelo deserto alguns dias depois, eles iriam voltar para algum lugar do deserto para ver a passagem do rally.
 
Fiquei pensando se conseguiríamos hotel em San Pedro de Atacama, na verdade o único lugar com o qual eu estava preocupado em encontrar alojamento era lá. Nos demais locais eu não tinha tanta preocupação com isso. Mas San Pedro é um patrimônio da humanidade e muito visitado por pessoas do mundo todo.


A Bê jantando Machas Parmegiana - Uma delícia...


À noite fomos até uma pizzaria que estava servindo ainda e comemos machas gratinadas (que infelizmente não eram frescas e acabamos passando mal no dia seguinte), e peixe. Voltamos sentindo frio para o hotel vestidos com jaqueta de couro, calça e botas. Dormimos sem ligar a calefação, embora eu tenha chegado a falar isso para a Bê acabamos não ligando, que erro, durante a noite fez frio e tivemos que usar mais cobertas que o confortável par a ocasião.
 
 



Dia 9. La serena - Taltal: 30/12/2009 - 642 km
Trecho percorrido no Dia 9 - E o deserto chegando
 
La Serena - Vista da sacada do nosso quarto
 No dia seguinte acordamos cedo, 9h como sempre, e fomos tomar um banho e o café da manhã. Encontramos um casal, ela brasileira e ele inglês e mais o grupo de brasileiros, além de uma família de holandeses, alemães, peruanos. Até que estava bem movimentado o local. 
 No dia seguinte acordamos cedo, 9h como sempre, e fomos tomar um banho e o café da manhã. Encontramos um casal, ela brasileira e ele inglês e mais o grupo de brasileiros, além de uma família de holandeses, alemães, peruanos. Até que estava bem movimentado o local.

Depois do café fomos até a praia para dar um mergulho no pacífico, já que na vez anterior que fomos ao Chile não tivemos coragem de entrar no Pacífico. Muito bem, camisetas, bermudas e roupas de banho por baixo, sandálias havaianas e vamos lá, corajosamente. Fomos chegando perto do mar e vimos que não tinha ninguém na praia. Na verdade, tinha um grupo de umas 6 pessoas, todas de moleton, gorro e japona.
 



Fomos chegando e cada vez sentindo mais frio, coloquei os pés na água e o frio começou a complicar além da conta. A Bê que é calorenta já estava completamente arrepiada. Acho que o vento devia dar a sensação térmica de uns 10oC e a temperatura devia estar lá pelos 18 graus. Isso tudo em um dia maravilhoso com o céu azul do deserto e um sol de rachar. Foi fácil de entender porque ninguém vai à praia, não dá para ir, só se não tiver vento, não sei se tem alguma época que não venta naquele local.
 
Depois de rirmos muito da situação, fomos juntar as bagagens, carregar a moto, fechar a conta e seguirmos rumo a Taltal em direção ao norte, cada vez mais para dentro do deserto.
 

Trecho entre La Serena e Tal Tal


Parada estratégica para uma mijada no meio do nada


Estavamos a 148 km de Copiapó - Notar como a vegetação vai sumindo
O que nos chamou muito a atenção foi novamente o pouco movimento das rodovias e a excelente qualidade das mesmas, como os chilenos respeitam as leis de trânsito, e por consequência eu também, e como foi ficando seco o clima à medida que íamos para o norte cada vez mais dentro do deserto mais seco do mundo.

Muitas capelinhas na beira da estradas, algumas somente com uma cruz, outras maiores, algumas até com construções simples. Depois descobrimos que eles chamam estas capelinhas de santuários.

Capelas ao lado da estrada. Esta era uma Catedral.
 
E foi ficando seco e seco, a vegetação foi sumindo e até mesmo aqueles buxinhos que víamos desde antes dos Andes na Argentina, foram sumindo, até que ficou apenas areia e pedras até onde a vista podia alcaçar, e olha que no deserto, com o ar muito seco a vista alcança muito mais longe, isto também não pude precisar, o quanto mais longe podíamos enxergar, acho que era muito mais longe do que estamos acostumados aqui, desta forma, calculamos errado as distâncias.
 
Ora beirando o mar por paisagens muito bonitas, ora mais longe do litoral em altitudes até uns 1.000m, fomos seguindo para o norte, passando por Copiapó, Chañaral, onde abastecemos, El Barquito, que não sei se teríamos podido dormir como havia planejado uma vez, e fomos indo. Teve neste trecho a maior distância entre dois postos de gasolina da viagem, cerca de 215km de distância sem posto. Neste local coloquei 12,8 litros. Foi o ponto em que mais litros abasteci, uma sportster 883, se consumisse a mesma quantidade de combustível que a minha, teria ficado sem combustível. Como a Ultra tem capacidade de 23 litros no tanque, em nenhum local passei sequer perto de ficar sem combustível, quer dizer, na Argentina, teve trechos em que eu andei a velocidades muito altas (140 a 160) e nestes locais a moto chegou a fazer 11,5 km/l, aí minha autonomia era de menos de 250km e cheguei a ficar com 1/4 de tanque com 160km de deslocamento entre 2 postos.

Estradas boas e com pouco movimento e vegetação
Hoje não faria mais a loucura de andar tão rápido, pois quando os guardas pegam é duro de resolver a questão, pois é obrigatório pagar a multa na hora, à vista e em dinheiro. Se não tiver recursos para pagar, você pode ter o veículo apreendido e depois ter que ir sabe Deus onde para pagar a multa e retirar a moto.
 
As recomendações são para que não se passe posto sem abastecer, pois nunca sabemos onde estará o próximo, isso vale tanto no Chile como na Argentina. Neste ponto o GPS ajuda muito também, pois ele indica onde tem posto e, por vezes ele não sabe que tem um posto mas o contrário não aconteceu, comigo pelo menos.
 
Já era noite quando chegamos a Taltal, novamente fiquei impressionado com o tamanho da cidade, era muito maior e bem organizada, limpa, casas de boa qualidade, do que eu poderia imaginar. Olhando no google earth não parece ser tão boa como de fato se apresentou.
 

Club de Taltal - Diretor do Clube mostrando a Ata de fundação do Clube

Meu amor na porta do Club Taltal
Era ante véspera de ano novo e chegamos até a avenida beira mar e fomos direto ao Hotel Plaza, cuja foto havíamos visto no google. Conseguimos um quarto sem problemas e fomos jantar no Club de Taltal. Comemos peixe e o clube é realmente muito antigo, coisa de 200 anos.
 
Voltamos até o hotel e fomos dormir pois já era muito tarde, mais de 1 da manhã.
 

Dia 10. Taltal: 31/12/2009
  
Hotel Plaza em Taltal
Acordamos cedo, umas 8 da manhã para tomar café e seguir em frente rumo a San Pedro de Atacama. Eu me sentia meio estranho, com o estômago cheio. Atribuí o fato ao jantar da noite anterior, pois como tenho uma hérnia de hiato, minha digestão, quando como à noite, é sempre complexa.

Tomei café da manhã, me sentindo bem mais ou menos. Voltamos ao quarto para arrumar as coisas e partir. Como eu não estava muito bem, resolvi tomar uma dose de bicarbonato de sódio. Foi virar o copo e o estômago respondeu na mesma velocidade, mandou tudo de volta. me senti melhor por um momento, até que, 1 minuto depois tive que sentar no vaso e comecei a ficar em dúvida sobre se deveria sentar ou emborcar. Sabe do que estou falando?
 
Rapidinho deu para ver que naquele dia não daria para continuar, pelo menos não pela manhã. Deitei, dormi um pouco, fui ao banheiro, dormi, fui.., dormi, fui.. Até que a Bê me trouxe o famoso soro da Zilda Arns, água, sal e açúcar. Comecei a melhorar muito rapidamente. Fomos dar uma voltinha na frente do hotel, diante da praia e a Bê começou a falar que não queria se afastar muito do hotel, pois poderia dar vontade de ir ao banheiro. Depois de algum tempo, voltamos correndo para o hotel e ela é quem foi visitar o banheiro. Ela ficou com inveja e resolveu sentar no trono. Como ela não vomitou ficou até pior do que eu. depois de umas horas, fiz para ela o mesmo soro. aí ela começou a melhorar e dormiu.

A Bê sentada na mureta da praia em Taltal


A Bê na praça da orla em Taltal. Ainda estava bem


Praça da orla marítima em Taltal
 
A Marielle e o Mohamed, bem como a mãe da Marielle, uma senhora muito simpática (peço desculpas a ela pois não lembro o nome) nos convidaram para ceiar com eles na noite do ano novo. Convidados deles, foi frisado, ou seja, sem nenhum custo para nós. Poxa, fiquei muito honrado de receber este convite. Como a Bê estava querendo dormir e não quis se levantar. Acabei ficando com ela e com eles, meio dividido, mas depois de um dia inteiro sem comer, eu já estava com fome, embora soubesse que não podia comer nada pesado.
 
Pois não é que a Marielle fez um peito de frango cozido com um espagueti bem fininho somente para nós? A Bê não se levantou, mas tenho certeza de que a Marielle fez para ela também. O mais interessante foi que ela arrumou a mesa de forma muito bonita e com 4 pratos servidos sobre a mesa. Uma salada simplesmente maravilhosa, não entendi porque ninguém se serviu da salada e não me senti muito à vontade para perguntar. Tinha ainda mais um prato servido que da mesma forma ninguém mexeu. Um arroz árabe, este sim a Marielle serviu para o Mohamed, para a mãe e finalmente para ela mesmo e uma carne vermelha assada, que parecia muito boa, serviu na mesma sequência. Eu fui o primeiro a ser servido e fiquei esperando que ela servisse a todos para começarmos a ceia.
 
De repente o relógio da sala tocou as badaladas da meia noite e todos nos levantamos, cumprimentamos e desejamos feliz ano novo. Aí segui o Mohamed e a Marielle para fora de casa, atravessamos a rua, alguns transeuntes passaram, cumprimentaram a eles e seguiram seu caminho ruidosamente, e então começaram os fogos de artifício, que de forma singela embelezavam os céus de Taltal. Interessante foi passar este ano novo num local tão distante, esquecido, perdido no meio do deserto e assim tão integrado, aculturado, de alguma forma foi um momento muito especial. A Bê, que eu fui acordar para desejar feliz ano novo, fez falta naquele momento.
 
Como a Marielle havia pedido para confirmar se era verdade que aqui no Brasil a gente se vestia de branco e pulava sete ondas, fazendo para cada uma um pedido, e nós confirmamos que era assim mesmo que fazíamos. Uma tradição nossa. Ela não teve dúvida, enquanto eu e o Mohamed olhávamos os fogos ela desceu a escadaria até a areia da praia, próximo ao pier, e foi pular as suas 7 ondas, no final ela só não estava de branco, na verdade estava de preto.
     
Depois de terminados os fogos, eles cumprimentaram mais alguns vizinhos e voltamos para dentro do hotel a fim de ceiarmos, pois nem haviamos começado a comer quando soou meia noite. O peito de frango cozido e o macarrão fino estavam simplesmente deliciosos.
 
Valeu passar mau e ficar mais um dia em Taltal, local que encontrei na Internet procurando por algum lugar para dormir e que, quando cheguei lá, já sentia um certo amor pela cidade. Gostei de Taltal e voltarei lá algum dia, com certeza.
 
Dia 11. Taltal - San Pedro de Atacama: 01/01/2010 - 536 km

Trecho do Dia 11 - Aqui o deserto é deserto mesmo...
Na manhã seguinte acordamos relativamente recuperados, tomamos o café da manhã, com certo cuidado, buscando respeitar a nossa condição visando não estender o mau estar. Tanto eu como ela, embora ainda estivéssemos sentindo medo, pois ao longo do caminho não tem lugares para parar e nem sequer moitas para se esconder, hehe. Consultamos as bases, um ao outro e decidimos que daria para continuar.

Mohamed, eu, a mãe da Marielle e a Marielle


Morro ao lado da baia - Foto de Taltal (mais ou menos)


Casarão na beira mar


Uma escola de Taltal


Entrada da cidade de Taltal
Fui buscar a moto no estacionamento, a umas 5 quadras de distância, desta vez o Mohamed me levou de carro, pois quando cheguei ele quis ir de carona na moto, para dar uma voltinha. Carregamos a moto, acertei a conta, lá eles não aceitavam cartão, paguei parte em US$ e parte em pesos chilenos, e lá fomos nós com nossa decisão acertada de seguir em frente rumo ao norte, bem cedinho (às 11:30h) com o GPS apontando para a lendária San Pedro de Atacama.
 
Saímos do Hotel Plaza e fomos até o morro na lateral da baía de Taltal tiramos uma foto que eu pretendia que fosse da cidade, mas depois que chegamos e vi a foto, descobri que a Bê tirou praticamente só de mim. hehe.
 
Demos uma volta pela praça principal, achei um caixa eletrônico - "Cajero de extracion" ao lado da praça, tentei sacar e novamente não consegui de jeito nenhum, acho que era do mesmo tipo daquele da argentina que encontrei em Bernardo de Irigoyen.
 
Demos mais umas voltinhas por Taltal, sacamos algumas fotos e fomos embora.
 
O tanque estava cheio e fomos indo, primeiro pelo trecho que liga Taltal à Ruta 5, depois pela Ruta 5 rumo norte. Nos afastamos um pouco do litoral e passamos pelo entroncamento que indicava Antofagasta, a tal da cidade portuária mais importante do norte do Chile, e tomamos o rumo de Calama.

A mão do Deserto


Pessoal de Santa Catarina que encontramos no caminho


Secura total. Placa de Antofagasta e Calama.


Chegando em Calama, de cara errei a estrada no trevo e acabei entrando um pouco em uma avenida da cidade, tivemos que andar um bocado pois o próximo retorno era muito mais longe do que eu imaginava. Voltamos e tomamos o caminho certo. O pior é que o erro foi meu mesmo, pois o GPS indicou a entrada e eu entrei errado. Nada de novo, fiz isso algumas outras vezes.



Capelinhas ao longo da estrada. Tudo muito seco.
Lá fomos nós pelo meio do deserto, pra lá de seco, sem nenhuma vegetação mesmo... A preocupação era se teríamos onde ficar em San Pedro, lá nós havíamos tentado reserva, uns 20 dias antes e não tinha vagas em nenhum hotel, daqueles que nós consultamos na internet.
 
Quando fomos chegando, passando por uma serrinha, a mais de 2500m de altitude, já eram 7,5 da tarde, porque lá fica noite muito mais tarde, somente lá pelas 9,5 - 10 horas, passamos a ponte, sobre mais um caudaloso rio seco, quando saímos da ponte.. puff.. cadê o calçamento? Uma buraqueira do cão. Seguimos por uma rua principal, também sem calçamento, cheia de buracos, acabamos por sair do outro lado da cidade e encontramos a alfândega de San Pedro. Lá estavam 3 motos carregadíssimas e sujas... uma alemãzona bem zona mesmo, mas muito simpática e cansada, de uns 30 anos, um senhor de uns 65 - pelo menos - e um rapaz de uns 35. Eles estavam vindo da Bolívia, com pó até atrás dos olhos.



O interessante é que eles estavam viajando a 13 meses (queeee invejaaaaa!!!!!!!!!!), saíram da Alemanha, passaram pela Islândia, Canadá, Alasca, USA, Caribe - América Central, agora estavam chegando no Chile. Perguntei para onde estavam indo e ela me respondeu que iam até Ushuaia e retornariam para Buenos Aires para despachar as motos de volta para a Alemanha. Confesso que fiquei chateado por eles não terem planejado conhecer o Brasil. Tentei convencê-la, mas não tive sucesso. Bem, eu já estava me acostumando, pois o inglês que encontramos em Santiago em uma Eletra Road Glide, também não viria conhecer o Brasil.
 
Retornamos para a cidade e começamos a buscar por hotéis. Um mais estranho que o outro. A ignorância é uma beleza mesmo, pois depois de algum tempo, comecei a desconfiar que a cidade é preservada e que não tem calçamento por esta razão, assim como todas as casas são de adobe e telhados de palha (também nunca chove mesmo!), só precisa de teto para proteger do sol, coisa que nós que somos de Curitiba nunca imaginaríamos sozinhos.

Acredita que ISSO é um hotel???
Os primeiros hotéis e pensões que consultamos estavam lotados. Começamos a ficar preocupados. Acabamos por seguir em direção ao maior hotel de lá, um 5 estrelas, só para ver o valor da diária, ver se tinha vaga e voltar para procurar um mais barato. Qual foi nossa surpresa ao vermos um hotel chamado "Altiplanico", é só digitar no google e escolher o de San Pedro para ver as fotos. Depois de muita insistência com uma garota que dizia que estavam lotados, e falar com uma senhora com cabelos sem pintura e pouco penteado, é que conseguimos um quarto, pois ela falou que teria que ver, pois teve um pessoal que havia mudado de quarto mas ela disse não saber se haviam arrumado o quarto. Eu disse a ela que nós arrumaríamos, e assim foi, ela colocou vários empecílios e eu soluções. Uma hora ela resolveu pegar a chave para ver se o quarto estava bem e foi a maior alegria, pois além de arrumado o quarto era um sonho, do tipo "Genie é um gênio".

O Luiz convencendo a recepcionista a arrumar um quarto pra nós.
 
Descarregamos as bagagens no quarto e fomos jantar no hotel mesmo e ver algum passeio para o dia seguinte. Marcamos o passeio para o Geisers - saímos num horário maravilhoso - 4:30 da madrugada. Que feliz ficamos nós com esta informação, mas tínhamos que ir conhecer os geisers além das maravilhas do caminho... quem sabe?.
 


Taboule de quinôa..... uma delícia.

Na janta, pedimos informação sobre qual o prato típico do local. Nos indicaram um taboule de quinôa, não tivemos dúvida, mandamos vir na hora e pedimos também água com canela em pau e vinho. Depois da janta saímos para ver a piscina do hotel e a Bê já estava brigando comigo que queria ir dormir. Fomos dormir pois eu também estava um caco.
 
 
Dia 12. San Pedro de Atacama: 02/01/2010

Claro que das duas camas de solteiro, utilizamos apenas uma.

Quando deu 4:00h de la matina, bateram na porta para nos acordar. Foi de lascar. Levantamos, tomamos um banho para acordar e às 4,5 estávamos animadíssimos esperando pela van. Um casal de italianas de meia idade, chegaram por alí, e foram embora com uma van. Um casal de homens, mesma coisa. Até os casais normais - do tipo um homem e uma mulher, assim que nem nós, caretas pra caramba, foram embora e nós dois alí, putos dentro das calças. Os caras vieram nos buscar às 6:30h, ou seja 2 horinhas de sono a menos depois do horário marcado. Depois nos disseram que havia faltado diesel no posto da cidade e que tiveram um trabalhão para conseguir juntar combustível para o passeio.

Lhamas e a lagoa degelando.

Para fazer passeios no deserto é necessário se agasalhar muito bem, pois faz um frio danado. Ao longo do caminho tinham algumas lagoas de degelo e estavam com a superfície congelada, embora fosse verão bravo.
 
Bem, viagem é viagem e só alegrias mesmo, lá fomos nós em direção às montanhas até uma altitude de uns 4.500m. Andamos muito por estradas de terra, passando por dentro de rios de degelo, e subidas que pareciam intermináveis. Eu estava achando que o motor do ônibus era do tipo muito ruim a ruim pacas. Depois, quando fui embora, é que descobri que não era o motor do ônibus que era ruim, mas sim a altitude que deixa qualquer motor muito fraco, pois tem pouco oxigênio logo a injeção não consegue injetar gasolina e a mistura vai ficando cada vez mais rala, assim como a potência do motor.
 
Dizem que o espetáculo dos geisers é mais bonito ao nascer do sol, graças ao atraso da nossa van e micro-ônibus não tivemos a oportunidade de ver o espetáculo ao nascer do sol, mas sim lá pelas 8 da matina, mesmo assim foi muito interessante. Alguns dos geisers fazem um chafaris a cada 3 a 5 minutos e dura, acho, 1 minuto jorrando água a uns 3m de altura.
Que lindo!!!!!

Muita emoção.
 
Lá em cima a Bê pipocou antes de mim e foi ficando com o estômago enjoado. Eu sentia que estava pisando sobre uma tábua apoiada sobre molas. Acabou que fiquei também com o estômago meio enjoado. Como não tomamos nem um chazinho de coca, tivemos que esperar o ônibus descer para as altitudes menores (4200m), pois esta era a altitude do pueblito de Machuca, com estonteantes 7 habitantes, que vivem de artesanatos, criando Vicunha e Lhama e fazendo artesanatos das peles.
Vicunhas
 
Todo o passeio foi muito bonito. Chegamos de volta San Pedro, no Altiplanico lá por 1 da tarde. Aí resolvemos ir à pé até o centro da cidade, quer dizer, até a peatonal (rua para pedestres), onde funciona o comércio de San Pedro. Andamos alguns quilômetros e começamos a procurar por adesivos de San Pedro e do Chile para colar na moto, o que não foi possível encontrar de jeito nenhum em nenhum lugar. Compramos 2 camisetas de lembrança, uma para cada um de nós, tomamos um café e entramos em um restaurante para almoçar.
 
A princípio a visão não agrada, depois que entramos no restaurante já mudamos de opinião. O lugar era muito jeitoso e bem arrumado, com mesas de madeira pesada, tudo muito rústico mas muito limpo. Comemos um prato de carne, que estava bem normal, nada especial que nunca mais se esquece. Tomamos água mesmo, pois estava um calor do cão.
 
Depois fomos até a companhia de turismo que nos levou ao passeio para reclamar do atraso e pagar a conta com um pequeno desconto por este motivo. Depois voltamos à pé para o Hotel, debaixo de um sol que somente no deserto tem, e depois de chegar ao hotel pegamos a moto para ir conhecer o Vale da Lua, que ficava perto da cidade por estradas de boa qualidade.
 
Fomos até a recepção do Parque do Vale, pagamos o ingresso e entramos pela estrada. Fomos direto até o final, passando pelas cavernas, dunas, anfiteatro (este é bem impressionante) chegando nas minas de sal mineral. Quando olhei para os cristais, tive certeza de que era quartzo, mas ao passar o dedo e lamber vi que era sal mesmo. Minhas aulas de geologia pratica não foram muito úteis sem um martelinho. hehe.
 
Depois, quando foi entardecendo, voltamos até a região da duna para ver o por do sol. Aí é que percebi claramente como eu não estava conseguindo ler a paisagem de maneira correta. entramos numa área de estacionamento e haviam vários carros parados. Parei para que a Bê pudesse descer e segui em frente para estacionar a moto ao lado dos carros que estavam lá parados. Eu tinha certeza de que estava com a moto posicionada de frente para a subida, um grupo de cachorros estava a minha esquerda e um deles começou a latir chamando a minha atenção e dei uma rápida olhada nele, voltei a olhar para frente para parar a moto. Quando fui levar o pé esquerdo ao chão descobri que o chão não estava tão próximo quanto eu imaginara, foi um tombo e tanto. Não consegui nem tentar segurar a moto e saí colina abaixo catando cavaco, como se diz, até que aterrisei com as mãos na frente esfolando um pouco a mão esquerda e a direita quase nada.
 
A moto desceu arrastando de lado, com as rodas no ar. Ainda bem que juntou uns 4 ou 5 e levantaram a moto quase que instantaneamente. Eu só pude ficar olhando. A mão estava começando a escorrer sangue e apareceu um monte de gente para me dar guardanapos de papel. Foi interessante como as pessoas estavam prontas para ajudar sem nada perguntar. Este foi o segundo tombo parado da viagem, mas neste eu tinha certeza de que estava de frente para a subida e na verdade estava a 45 graus, ou seja, a descida estava à trás e à esquerda.
 
Aí comecei a me preocupar com calçar as luvas que, se estivesse usando não teria tido o problema do machucado. Ainda bem que foi apenas a mão esquerda. Teria que fazer um curativo para poder calçar as luvas para seguir viagem, afinal estávamos a mais de 3.000km de casa.
 
Protegi a mão com um pedaço de guardanapo que alguém havia me dado, e começamos a subir a duna. Que era muito mais alta do que havíamos julgado inicialmente. Estávamos meio desanimados para chegar lá no topo depois do tombo que eu havia caído. Queria mesmo era procurar uma farmácia para fazer um curativo. Quando a Bê, cansada, sugeriu que deveríamos voltar, lá pelo meio da subida, concordei prontamente. Voltamos e fomos embora para a cidade atrás de um posto de gasolina e de uma farmácia para curativos.
 
Foi bem complicado achar o posto, pois acabamos, sem saber, passando por um local, ao lado da praça central, que não era permitido ir rodando com a moto. Ainda bem que nenhum carabineiro nos pegou, pois eles são duros com a gente, embora não apliquem uma multa imediatamente. Primeiro eles conversam e dão uma bela mijada.
 
Acabamos achando o posto, ao lado de um hotel que também procuramos um monte e não encontramos. Aquele é o único posto que tem em San Pedro. A Farmácia foi pior, pois ficava logo depois da praça e da igreja. Passei pelo caminho e, como não podia estacionar, deixei a Bê na farmácia e fui dar a volta na quadra, pois o carabineiro havia me dito que lá não podia estacionar. Quando dei a volta na quadra para pegar ela, o mesmo carabineiro me pegou e disse que ali não podia transitar veículos. Eu disse que ele havia me dito que não podia estacionar e que por isso deixei a minha mulher na farmácia e estava voltando para buscá-la. Aí ele ficou bravo e me disse que ali não podia trafegar e que já era a segunda vez que eu passava por ali. Mais que depressa pedi desculpas pelo meu erro e disse que não passaria mais por ali e que não havia conseguido compreender a placa que avisava que não podia passar por ali. Aí ele me mandou seguir. Ufa! Acabei saindo ileso.Mas pelo amor de Deus, quem vai ler uma placa que tem umas 10 linhas de letras pequenas?
 
Depois, fui estacionar a moto, umas 3 quadras de distância da farmácia, e fui voltando à pé para me encontrar com a Bê que estava vindo. Aí ela me contou que apanhou um bocado para falar com o cara da farmácia e explicar do que ela necessitava. Queriam  vender remédio para picada de inseto a ela. hehe. Acabou que ela conseguiu comprar um tipo de merthiolate, que ardeu pra caramba! Gaze e esparadrapo para prender a gaze evitando contato do machucado com a luva.
 
Quando chegamos no hotel, lavei a mão sem dó. Pensando que estava usando o sabonete líquido que estava sobre a pia do banheiro e, quando fui tomar banho é que vi que no box haviam 2 potes de sabonete líquido e que eu havia esfregado a mão com o creme rinse, bem, lá fui eu de novo, agora com sabonete esfregando o machucado até que o mesmo amorteceu e nem sentia mais dor, mas que estava limpo estava. Depois do banho fomos passar o tal do merthiolate. Aí eu vi estrelas grande, pequenas e médias. Cheguei a ficar meio tonto de tanto que ardeu. Mas como bom macho(cado) resisti, colocamos a gaze com esparadrapo e fomos jantar.
 
Nesta noite tomamos um belo vinho, chileno é claro, e eu comi um peito de frango com molho de ervas e figos verdes. Uma delícia.
 
Depois fomos dormir, novamente tarde, tendo em vista que sempre acabávamos saindo muito mais tarde do que intencionávamos. Mas no dia seguinte tínhamos que sair na hora certa para poder passar a parte alta da fronteira durante o horário próximo ao meio-dia devido às baixas temperaturas.
 
 
Dia 13. San Pedro de Atacama - Joaquin V. Gonzalez: 03/01/2010 - 815 km  (somados os 72 até Salta ida e volta)

Trecho do Dia 13 - Cruzamos os Andes no Paso de Jama - Como o Google não reconhece o paso ficou a alça
 
Saímos depois do café, eram 9:30h da madrugada e fomos em direção à alfândega em San Pedro para fazer a saída do país. Achei meio estranho fazer a saída tão longe da fronteira, mas tudo bem. Logo que saímos da Aduana, viramos para a esquerda e fomos em direção ao vulcão. Um vulcão bem romântico, com forma de vulcão de desenho mesmo. hehe!!
 
Não demorou para que o motor começasse a grilar e perder potência, em pouco tempo não podia mais manter 110km/h em 6a e passei para 5a, no final estava em 4a marcha a 80km/h. Achei que a moto estava indo mal mas quando passamos por uma fila de caminhonetes e trollers, que estavam a 50 por hora com os motores gemendo é que vimos que estávamos muito bem.
 
A estrada continuava reta, muito poucas curvas, e fomos subindo, subindo, o curioso é que os trechos que pareciam de descida, segundo o GPS eram de subida também, assim, depois de 40km havíamos subido nada menos que outros 2400m, pois San Pedro fica a 2450m de altitude, logo estávamos a 4830m. Mais na frente chegamos ainda a 4866m, que, segundo observei, foi o ponto mais alto da travessia pelo Paso de Jama.
 
Ao longo do caminho, não havia quase nenhuma vegetação a menos de alguns locais onde se via aquelas tocerinhas. Dizem que a umidade relativa do ar, no deserto do Atacama, gira em torno de 5 a 7%, é seco mesmo!!! Nos locais onde havia alguma vegetação se podia ver vicunhas e lhamas, que ficavam em grupos e acredito que se trate de criações de pastores da região, em alguns locais se via casais de pastores, normalmente de idade avançada, cuidando dos rebanhos.
 
Depois deste longo trecho de subida, chagamos a um trecho mais plano, um planalto de verdade, a cerca de 4000m de altitude, andamos por quase 2 horas a esta altitude.
 
Chegamos à Aduana da argentina em Jama. Entramos no prédio e fomos atendidos por um rapaz novo, depois por outro funcionário que mandou a Bê para fora e disse que eu deveria seguir sozinho. Depois que saí do outro lado, após passar pelos documentos pessoais e pelos documentos da moto, carta verde, etc. saí do outro lado e tive que entregar algum papel para o primeiro que me atende. Não entendi o porque, mas nem parei para questionar o assunto.
 
Quando saí para fora, encontrei a Bê que estava tomando um chá de coca. Fui até a barraca de uma senhora de origem indígena, e pedi um chá de coca, também. Fiquei surpreso por ver que se tratava de um chá de saquinho, mas tudo bem. Tomei e achei muito bom. Acabei tomando outro chá e comemos uma empanada, muito boa por sinal.
 
Aí chegou um brasileiro, que viajava de jeep com seu filho adolescente, falando alto, bastante animado e dizendo que sentia o chão mole sob seus pés. Exatamente o mesmo que eu sentira no dia anterior, lá nos geisers, contei para ele que a próxima sensação dele, se acontecesse o mesmo que havia acontecido comigo, seria embrulhar o estômago. Aí ele queria folhas de coca, acabou indo tomar o mesmo chá que havíamos tomado. Tinha ainda um casal bem jovem de Vitória - ES, muito simpáticos e conversamos sobre as experiências já que ele passaria por onde nós já havíamos passado e ele vinha do caminho para onde nós estávamos indo. A moto dele era uma BMW enduro 1100cc, que tinha um tanque de gasolina de 35 litros. Com todo este combustível no tanque, ele realmente podia escolher em quais postos queriam ou não abastecer. O que eles reclamaram mesmo foi do calor que passaram no chaco.
 
Realmente havia um posto de combustíveis em Jama, coisa que um conhecido da loja da Harley de Curitiba, havia comentado. De qualquer forma eu estava com muito combustível no tanque, pois com a altitude e a injeção eletrônica, fizeram com que a moto virasse uma motinho com consumo de motinho também. De qualquer forma, não deixei de abastecer, pois nesta viagem é importante que não se passe por postos, pelo menos de boa qualidade, sem encher o tanque. Depois de Jama seguimos em frente, sempre andando por lugares muito desertos, muito poucas pessoas se podia encontrar ao longo do caminho e nenhuma localidade foi avistada. As excessões ficaram por conta de uma instação de mineração e o grande salar, que digasse de passagem, é grande mesmo, coisa de sumir de vista para os dois lados.
 
Depois disso, passamos a  andar por um trecho de maiores dificuldades topográficas, com subidas e decidas, caracoles, não tão bonitos como aqueles que passamos quando fomos de Mendoza para Santiago, mas não menos impressionantes. Na verdade passamos por muitos locais maravilhosos, com montanhas coloridas, do tipo uma completamente verde, e não é vegetação, ao lado de uma vermelha e outra amarela. Realmente incrível. Passamos também por estradas praticamente dependuradas nas montanhas de onde se podia ver ao longe as curvas e idas e vindas dos caminhos que ainda passaríamos. Como nãoo sabíamos quão longo era o caminho que iríamos passar, cada trecho era uma surpresa muito agradável. Até que chegamos a Susques. Eu não havia entendido se tínhamos que nos apresentar na Aduana de Susques ou não. Chegamos lá na hora do almoço, eu acho, porque a Aduana estava fechada e não encontramos ninguém.
 
Susques é uma localidade bem grande, quando comparada com os locais que vínhamos passando ultimamente, mas muito simples e parecia muito pobre também. Tinha uma quantidade grande de caminhões de carga que deviam estar esperando pelo horário de abertura da Aduana. Aí deu a impressão de que tem que se apresentar em Susques apenas os veículos de carga que se dirigiam em direção ao Chile.
 
Seguimos em frente até que encontramos uma região que foi ficando mais verde aos poucos. Começou a aparecer pousadas e hotéis em uma região de morros amarelos e vermelhos. Aí vimos a placa da entrada de Pumamarca
  
Pumamarca significa "cidade da terra virgem" em língua aimara. É uma linda vila na qual todas as construções são feitas em adobe(tijolos de terra crua, água e palha e algumas vezes outras fibras naturais, moldados em fôrmas por processo artesanal), da mesma forma que San Pedro de Atacama. Acabou que passamos por lá mas decidimos que não daria para entrar pois o nosso tempo estava curto, teríamos que seguir até Joaquin V. Gonzalez, que estava muito longe ainda.
 
À medida que nos aproximávamos de San Salvador de Jujuy, a paisagem foi ficando realmente verde, assim como é aqui no sul do Brasil. E foi incrível ver as paisagens verdes devido à vegetação. Aí percebemos que fazia uns 10 dias que não víamos esta paisagem, o verde da vegetação se apresentava multicolorido, de uma forma que quando estamos acostumados a ele nem chegamos a perceber. Foi uma sensção incrível esta que tivemos além de totalmente inesperada. Talvez da próxima vez a surpresa não seja tão grande.
 
Chegamos a Jujuy, uma cidade grande. Fomos até um posto de combustíveis para colocar gasolina na moto e, uma nova surpresa, a moto fez 27,5 km/l, só pode ter sido devido às altitudes que andamos por grande parte do trecho. Procuramos um local para comer mas acabamos voltando ao mesmo posto, pois era completamente fora de horário e não achamos nenhum lugar razoável para comer. Perdemos um bom tempo nisso, claro que depois de comer um pedoço de pizza de microondas (horrível) e tomar um café para seguir viagem, acabamos par passar por lugares interessantes para se comer, normal esse tipo de coisa que sempre acontece, hehe.
 
Saímos em direção a Salta por uma rodovia da melhor qualidade, inclusive de pista dupla, aí foi que o GPS nos sacaneou, acho que por culpa minha, mas acabamos indo até a entrada da cidade de Salta para fazermos a volta e seguirmos em direção a Joaquin V. Gonzalez. Que sacanagem, acabamos andando 72km a mais do que seria necessário se seguíssemos direto para lá. Aprendemos que mesmo com o GPS temos que ter cuidado com o que pedimos a ele, ou seja, quando se altera o destino é bom eliminar o destino anterior antes de dar o novo destino, senão, de alguma forma, ele mantém o caminho como um destino intermediário.
 
Chegamos em Joaquin V. Gonzalez já era tarde, umas 10 da noite. Mas antes de chegarmos lá pegamos um trecho de uns 10 km que estava cheio de buracos. Mas cheio mesmo, parecia com algumas estradas do Brasil e eu acho que já estava desacostumado de andar procurando buracos. Foi sofrido. Fiquei pensando em seguir para o sul para desviar o caminho caso a estrada estivesse assim ao longo do chaco, pois tratasse de uma distância grande, cerca de 800km e andar esta distância com uma estrada ruim seria o fim do mundo para nós, pois demoraria muito. Solicitamos informação em um posto de combustíveis e ele nos informou que tinham apenas dois trecho ruins. Um era aquele que estávamos passando e um outro um pouco mais para frente, o restante do trecho estava bom.
 
Seguimos por alí mesmo até chegar em nosso destino, e fomos até o hotel Colonial. Muito bom o hotel. Pegamos um quarto e fomos comer uma parrilla, pois ninguém é de ferro, já que estavamos de volta na Argentina. Ao lado da praça tinha uma parrilla da melhor qualidade, simples, como toda cidade de interior, mas de qualidade maravilhosa. Deu até vontade de pedir outro bife de chorizo, mas me contive, pois passaria mal de tanto comer. Saímos da parrilla já era quase meia-noite e a cidade estava muito movimentada. Haviam pessoas andando por todo lado. Na praça tinha um parquinho e estava cheio de crianças brincando por lá com seus pais. Realmente um agito. Tinham barracas de cachorro quente, parrilladas também, sanduiches de todo tipo e de aparência muito boa. Gostamos da cidade, de hábitos muito parecidos com os das cidades do interior que temos aqui no sul do Brasil.
 
A cidade é muito quente, por isso todo o povo na rua até tarde, inclusive com cadeiras nas calçadas e famílias inteiras papeando. Voltamos para o hotel à pé, ligamos o ar condicionado que parecia não dar conta de tanto calor, e dormimos já lá pela uma da manhã.
 
 
Dia 14. Joaquin V. Gonzalez - Posadas: 04/01/2010 - 950 km

Trecho do Dia 14 - Neste dia o odômetro marcou 1080km rodados. Não sei o por que...
Na manhã seguinte, fomos tomar café às 8:30 e encontramos os donos das 2 Harleys que havíamos visto no estacionamento na noite anterior. Tratavasse de dois caras de Guarapuava que estavam seguindo em direção a San Pedro de Atacama. Informei a eles as condições da estrada nas proximidades de Joaquin V. Gonzalez e eles me disseram que tinha um trecho muito ruim, mas que era um trecho curto e que no restante do trecho a estrada estava muito boa.
 
De fato foi o que aconteceu, mas quando olhei uma alteração grande na cor e textura do asfalto não freiei e realmente o asfalto acabou, sendo que caímos em um trecho de pedras apenas, não freiei e deixei que a moto fosse perdendo velocidade até que voltou a ter asfalto. Foi um susto do cão, mas nada aconteceu nem conosco nem com a moto.
 
O rapaz do hotel havia dito para nós que a temperatura no chaco chega fácil acima dos 45oC e que tinha um lugar chamado Pampa del Infierno que tinha este nome devido às altas temperaturas. Jaqueta de couro, luvas e capacete com todo aquele calor é uma experiência ruim de fato, não fosse pelo inusitado da viagem, o que nos vontade de voltar para lá, mesmo para passar calor, quando chegamos em Pampa del Infierno, onde paramos para almoçar e abastecer, realmente cozinhamos. Mas achamos um restaurante que tinha ar condicinado e comemos um comercial de boa qualidade, pena que não tinha bife de chorizo, mas tinha frango.
 
Foi um dia longo este. Passamos por todo o chaco argentino e quando fomos chegando na região de Presidencia Roque Saens Peña, vimos muitos locais com fábricas de móveis, e caminhões carregados de toras de madeira. Tanto os móveis como as toras eram de uma madeira escura muito bonita. Até que chegamos em Resistência e passamos pela ponte sobre o rio Paraná até Corrientes, esta é uma ponte estaiada e é muito alta e bonita. Quando descemos da ponte em Corrientes, adivinha se não errei o caminho e acabei entrando na avenida costaneira. Foi até bom este erro, pois passamos por dentro de Corrientes, que é uma cidade bem interessante, limpa, bonita e cheia de gente passeando ao longo da avenida. Andamos muito até chegarmos novamente na rodovia que nos levaria a Posadas.
 
Ao longo do caminho passamos por Yaciretá, uma usina localizada no rio paraná que foi contruída recentemente. O reservatório que vimos foi realmente impressionante, pois não se podia ver a outra margem. Pena que não deu tempo de fotografar, pois seguimos achando que teriam outros pontos como aquele que passamos e depois de andar muitos quilômetros descobrimos que embora estivéssemos margeando o reservatório, não passamos por mais nenhum ponto como aquele. A mata ciliar não permitia que víssemos o reservatório, até que nos afastamos do mesmo.
 
Ao entardecer, o céu foi ficando muito bonito, a Bê tirou fotos muito bonitas. Quando chegamos em Posadas, já era novamente umas 10:30 da noite. Fomos até o centro da cidade e nos hospedamos no Hotel xxxxxxxxxxxx, pois não quizemos tomar novamente o café da manhã terrível do Hotel Posadas. Este outro hotel ficava ao lado da Parrillada em que havíamos jantado na ida e que jantamos novamente neste dia. O calor era grande novamente, coisa de 35 graus às 11:00 da noite.
 
Depois de jantarmos uma parrillada novamente, já que estávamos na Argentina, a comida é bife de chorizo, hehe, que para quem gosta de carne é bom mesmo, demos uma voltinha e fomos dormir.
 
Dia 15. Posadas - Guarapuava: 05/01/2010 - 636 km

Trecho do Dia 15 - Posadas Guarapuava foi muito cansativo, acho que já estavamos muito cansados. Desconsiderar a alça pois o Google não reconhece a passagem na fronteira

Nesta manhã, acordamos e fomos tomar café, eram 9:00h da manhã e as portas do salão de café estavam abertos, pois estava fresquinho - para eles é claro - nós estávamos com um calor do cão, a Bê foi até o terraço e olhou no termômetro da praça e me chamou, fui até lá e ela me disse que eram 9 horas e já estava 37 graus, eu olhei e mostrei para ela que estavam 38 graus. Caraca, como é quente por lá.
 
Fomos até uma farmácia para comprar mais gase para fazer o curativo em minha mão, que ainda estava machucada e dentro da luva com todo aquele calor, não ajudava muito a recuperar a mão. Mas até que estava indo bem a mão quase não me incomodava, graças a Deus, pois se incomodasse seria realmente duro tocar a moto pelos mais de 3.000km que separavam o local do tombo de minha casa para onde teria que voltar.
 
Vestimos toda a nossa indumentária, peguei a moto na garagem do hotel, arrumamos a bagagem e tomamos o rumo de casa. Demoramos muito tempo para sair de Posadas, pois o movimento estava muito grande. Creio que demoramos mais de 1 hora para conseguir sair de lá. Logo acabamos passando por Eldorado muito tarde também. Acabamos parando para almoçar em uma parrillada localizada na beira da estrada, já perto da fronteira com o Brasil, na região de Misiones, que é pobre para os padrões argentinos, mas estava boa, embora fosse mais parecida com uma churrascaria brasileira do que com uma argentina. Ao menos aceitavam reais e pesos, o que facilitou para pagar a conta, já que não estavam aceitando cartões pois o sistema tinha caído, segundo eles. Depois acabamos parando em uma banca de frutas, que embora fossem muito comuns ao longo do caminho ainda não havíamos parado em nenhuma. Acabamos comendo algumas frutas, que não estavam lá muito especiais não, mas matamos a nossa curiosidade.
 
Acabamos chegando na fronteira, Bernardo de Irigoyen/Barracão às 7 da noite, embora ainda fosse dia até lá pelas 9. Seguimos em direção a Guarapuava, com o GPS meio maluco, devido à falta do mapa TRC Brasil, como já tínhamos visto na ida, chegmos em Guarapuava lá pela 10:30 da noite. Aí perdemos o tesão de seguir em frente até Curitiba, que daria mais 250km ainda para rodar. Paramos lá mesmo e fomos até o Hotel Atalaia, que embora já seja antigo é muito bom. Jantamos e fomos dormir.
 
 
Dia 16. Guarapuava - Curitiba: 06/01/2010 - 247 km
Trecho do Dia 16 - O último dia

Neste dia saímos novamente lá pelas 9:00h da manhã e seguimos em nosso último tracho até Curitiba, sendo que chegamos na hora do almoço. É incrível como a cada dia, neste final, as distâncias eram maiores e mais cansativas. Com certeza por estarmos voltando e não indo, pois confesso que minha vontade era a de fazer meia volta e começar tudo novamente, desta vez no sentido inverso para ver uma paisagem diferente. hehe.


SÓ QUEM JÁ FEZ UMA VIAGEM ASSIM SABE O QUE SE SENTE AO LONGO DO CAMINHO.